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Resenha: Como O Segredo mudou minha vida, Rhonda Byrne

Lançado primeiramente como documentário em 2006 “O Segredo” de Rhonda Byrne se tornou um sucesso no mundo todo e presente na vida de milhões de pessoas até hoje, ganhando meses depois um livro baseado no documentário homônimo. Com grande repercussão do primeiro livro, foram elaboradas com o tempo uma série de títulos que aprofundam a prática da Lei da Atração em livros como “O Poder” e “A Magia”, que venderam juntos milhões de exemplares pelo mundo. Agora, continuando essa série de sucessos a Editora Sextante traz ao Brasil em belíssima edição de capa dura e jacket o mais novo livro de Rhonda Byrne “Como O Segredo mudou minha vida”.

Nesse novo livro, Byrne, tem como projeto realizar um compilado de histórias de pessoas que utilizaram O Segredo em suas vidas ao redor do mundo e mostrar todas as ações e mudanças que a Lei da Atração surtiu na vida dessas pessoas. São mais de 70 histórias que descrevem meios práticos de como executar essa lei que prega a positividade, para cada tema trabalhado em “O Segredo”. Alguns deles são: O Segredo para felicidade, receber riqueza, mudar os relacionamentos, saúde, carreira, vida.

 

Sinto que poderia ter escrito uma dessas histórias, afinal conheço O Segredo há muito tempo e fiquei estasiado quando assisti o filme, parece que tudo é tão simples a princípio, mas é uma missão trabalhosa no começo monitorar os pensamentos para evitar a negatividade e ser agradecido por todas as coisas, o mais legal é que você pode agradecer para quem quiser, para aquilo que você acredita ser maior, é uma lei que é obedecida por você e está sempre em atividade.

Vemos que esse novo livro acrescentou muito, pois nós sempre éramos apresentados aos mesmos pesquisadores e conhecedores da lei, usando exemplos práticos e que poderiam abranger o maior número de pessoas, já nessa nova obra as histórias trazem a emoção e principalmente a diversidade de exemplos para conseguir objetivos totalmente diferentes, as narrativas são enobrecedores e despertam a energia. Seria possível abrir um site só de frases desse livro, porque são experiências reveladoras e que provam que temos chances de alcançar nossos objetivos. Tenho certeza que algum dia em seu facebook você vai abrir uma imagem com a legenda de uma bela história e ela terá sido retirada dessa obra, portanto faça valer a leitura desse livro e coloque em prática o que fizer sentido para você.

No final das contas, sempre vai ser necessário que exista um livro relacionado ao O Segredo perto da gente, porque precisamos ser constantemente motivados e ensinados a melhor forma de usar os ensinamentos que o livro tem a oferecer, esse novo meio que a autora coloca é totalmente instigante, deixa o leitor próximo de uma realidade dele e que com certeza irá atingir outras milhares de pessoas no mundo que vão ver a vida com olhares renovados.

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Resenha: Não pare!, FML Pepper

Não Pare! é o livro 1 da primeira trilogia da queridíssima FML Pepper. Quem já teve o prazer de conhecê-la, sabe do que eu estou falando. Bem na capa do livro, temos a seguinte pergunta: “Para se sentir vivo, você entregaria sua vida nas mãos da morte?” Sentiu o drama? Pois é, eu também senti, por isso, não resisti ao ver esse livro na Bienal e ainda garanti um autógrafo super fofo! Mas, vamos à história…

À primeira vista, Nina é só uma menina extremamente azarada, com uma mãe super protetora e neurótica e uma deficiência peculiar nos olhos que faz suas pupilas parecerem com as de um gato. Estranho, você deve estar pensando, mas nada muito bizarro. Eu também pensei assim, até que a história começa a ficar mais estranha do que o “normal” e você percebe que os surtos de azar de Nina não são tão deliberados assim e começa a parecer que tem alguém tentando matá-la. Aí, você vai me perguntar: tem alguém tentando matar a menina e ela não sabe? Como assim? É, fica meio difícil identificar seu assassino quando ele é o assassino de todos nós: a própria morte.

Bugou geral? Eu sei como é. Fazia tempos que eu não me deparava com uma história tão bugante assim. A trama é totalmente fora do padrão que temos visto por aí, chega a ser viciante de tão boa! É uma trilogia, ou seja, tem muito ainda para acontecer e é meio difícil falar desse livro sem dar spoilers, pois a história flui frenética do início ao fim, mas, tentando dar uma ideia geral, posso dizer que, na história de Pepper, a morte é como mensageiros de um povo que vive em outra dimensão e vêm para a nossa para dar fim à vida daqueles de quem chegou a hora, uma maldição que eles carregam desde o início dos tempos.

Nina é o resultado de quando o encarregado da morte de alguém se apaixona por esse alguém e não o mata, pelo contrário, faz um filho com ele. Agora, ela é vista como uma ameaça a esse equilíbrio e deve ser eliminada antes de seu aniversário de 17 anos, quando terá acesso à dimensão de seu pai. No meio de tudo isso, temos Richard, o encarregado pela morte de Nina, descrito como um bad boy charmoso e sedutor, aiai…

Além de seu próprio resgatador, Nina também tem que se preocupar com os outros resgatadores de Zyrk, planeta desse povo amaldiçoado, formado por 3 clãs que lutam pela sua posse. Afinal, ela é uma híbrida (junção de uma humana com um zirquiniano) e, de acordo com a lenda, é dotada de uns poderes um pouco peculiares, como o poder de fazê-los “sentir”. Sentir? Sim, sentir bons sentimentos, como o prazer sexual. É, minha gente, em um lugar onde ninguém sente nada de bom e só faz sexo para procriação, Nina vale mais do que todo o ouro de todas as dimensões juntas, e isso causa muita confusão.

Não preciso nem dizer que recomendo a leitura e estou ansiosa para ler o resto da série e saber o que acontece com a menina, com o bad boy, com o equilíbrio, se mais alguém morre, enfim, as coisas de sempre. Não pare!, Não olhe! e Não fuja! estão disponíveis em livro físico e e-book em todo o país e, principalmente, na internet, já que foi na Amazon que a autora começou a vender a sua história, sendo publicada depois pela Editora Valentina.

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Resenha: Projeto Manhattan vol. 1, Hickmam e Pitarra

Vocês provavelmente já ouviram falar do Projeto Manhattan. Ele aconteceu nos Estados Unidos, tendo como objetivo o desenvolvimento da bomba atômica. O projeto teve início em 1942 e durou até 1947, tendo apoio de outros países como Canadá e Reino Unido e chegando a ter 130 mil funcionários envolvidos.

No livro Projeto Manhattan Vol. 1, assinado por Hickman e Pitarra e publicado no Brasil em dezembro de 2013 pela editora Devir, a História, com H maiúsculo, é o pano de fundo. O que Hickman faz é contá-la do ponto de vista dos que participaram do Projeto, acrescentando elementos da ficção científica aos dados e podendo, dessa forma, explorar a aura de mistério e desconfiança que sempre o envolveu.

Jonathan Hickman desenvolve histórias em quadrinhos para a Image Comics, por meio da qual lançou Projeto Manhattan e outros trabalhos, e para a Marvel, onde contribuiu com Avengers, The New Avengers e outros. Nick Pitarra, por sua vez, é um desenhista estadunidense que já contribuiu em trabalhos como S.H.I.E.L.D., Teenage Mutant Ninja Turtles e Red Wing. As cores do volume 1 ficaram por conta da brasileira Cris Peter, que tem ganhado cada vez mais espaço no universo das histórias em quadrinhos; ela já desenvolveu trabalhos com a Marvel e com a DC, além de concorrer ao prêmio Eisner em 2012.

O título original da HQ, que é Manhattan Projects, dá a entender que o projeto estadunidense não se limitou a criar armas nucleares. O que a narrativa de Hickman propõe é que as tecnologias desenvolvidas e/ou trancafiadas nos laboratório do projeto seriam tão incríveis, assustadoras e questionáveis que a produção de bombas atômicas funcionou como um disfarce perfeito, algo impressionante o suficiente para que ninguém questionasse se havia algo a mais por trás daquilo.

No começo, duas histórias paralelas são contadas. Primeiro vemos General Leslie Groves entrevistando o Dr. Robert Oppenheimer, candidato a integrar o Projeto Manhattan. Nessa primeira cena já descobrimos que o Dr. tem um irmão, dando a deixa para a história paralela, na qual Joseph Oppenheimer nos é apresentado. A relação entre os irmãos é esclarecida aos poucos, por meio de páginas destoantes que interrompem a narrativa aparentemente central. No decorrer da história percebemos que essa relação é um dos mais interessantes elementos do volume. Tais flashbacks são responsáveis por nos mostrar mais profundamente alguns dos personagem, e em uma leitura mais atenta percebemos que todas as cenas do passado destacadas representam momentos essenciais de suas vidas, que reverberam de forma direta em suas atitudes e posicionamentos no momento atual, 1942. Além disso, esses momentos destacam o trabalho da colorista Cris Peter, que ao delimitar um padrão específico e fixo de cores para flashbacks nos ajuda a diferenciar esses momentos e cria mais um elemento bem bonito.

Outro aspecto que também nos ajuda a compreender a história são os trechos da Clavis Aurea, presentes entre os capítulos. Ela seria um diário do cientista Richard Feynman, um físico essencial ao Projeto. No site gringo CBR foi colocado que Projeto Manhattan “‘É um livro de conjunto. Ele apresenta o General Leslie Groves, Oppenheimer, Enrico Fermi, Wernher Von Braun, Einstein, FDR, Truman, Yuri Gagarin’, disse Hickman. ‘Se houver um personagem central, seria Feynman porque toda a coisa é contada a partir de sua perspectiva – de seus diários, Clavis Aurea – The Collected Feynman’”.

 

Personagens de Projeto Manhattan Vol. 1

 

Quase todos os personagens são figuras reais e estiveram envolvidos no desenvolvimento da bomba atômica, tecnologia responsável pela destruição das cidades japonesas Hiroshima e Nagasaki. Suas personalidades são bem exploradas pelo autor, que os coloca em situações que beiram o absurdo. É o caso de quando nos apresenta um portal chamado de Torii Vermelho, alimentado pela energia de monges budistas da morte; através dele saem centenas de soldados-máquina japoneses conhecidos como Máquina Mortífera Kamikaze, criados por Soichiro Honda (o mesmo que fundou a Honda Motor Company, e que chegou a produzir hélices para a Força Aérea Japonesa durante a Guerra). Além disso, o autor explora teorias da conspiração, como quando trata da relação entre humanos e criaturas extraterrestres, deixando claro que tal contato acontece há décadas.

O trabalho dos três, Hickman, Pitarra e Peter, é bem integrado, resultando em um livro de qualidade. Os traços de Pitarra dão mais sinceridade à obra, reforçam características como rugas, marcas de expressão, descuidos com a aparência… elementos que enriquecem a construção dos personagens. Nesse sentido, os trabalhos se conversam, se misturam.

Outro aspecto positivo é que o fato de ser baseado na História mexe com a curiosidade. Enquanto lia, pesquisava todos os nomes que apareciam querendo separar o real do ficcional, e percebi que em Projeto Manhattan Hickman utiliza aqueles elementos que permeiam o imaginário popular, como a relação com os alienígenas, o envolvimento entre americanos e alemães nazistas e tecnologias devastadoras sendo controladas por generais ignorantes, para construir uma ficção que, ainda que absurda, não pareça tão distante de nós e indiretamente nos apresente novos detalhes da própria História. Ele brinca com os limites entre real e fantástico.

Por tudo que mencionei, a leitura de Projeto Manhattan Vol. 1 é indicadíssima. O volume 2 foi lançado há menos de dois meses pela Devir, e já pode ser encontrado em várias livrarias. Em breve publicaremos uma resenha sobre ele. Até lá, leiam! Vale a pena.

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Resenha: The Wicked + The Divine, Gillen e McKelvie

“A cada 90 anos, aproximadamente, doze deuses reencarnam no corpo de jovens adultos. Eles são carismáticos, perspicazes e atraem grandes multidões. São capazes de levar qualquer um ao êxtase. Há rumores de que podem realizar milagres. Eles salvam vidas, seja metafórica ou concretamente. Eles são amados. Eles são odiados. Eles são incríveis. E em menos de dois anos estarão todos mortos. Isso já aconteceu uma vez. E vai acontecer de novo…”

A primeira edição de The Wicked + The Divine foi lançada oficialmente no Brasil graças à Geektopia, selo de quadrinhos da Editora Novo Século. A edição conta com os 5 primeiros capítulos lançados pela Image Comics nos Estados Unidos em 2014; foram publicados lá, até agora, mais de 20 volumes. A HQ, que ganhou o British Comic Awards como Melhor História em Quadrinhos, além de ter sido indicada ao Eisner Awards 2015 nas categorias Melhor Série Inédita, Melhor Artista e Melhor Colorista, foi anunciada como próxima estreia do selo durante a última Comic Con Expierence, que ocorreu em São Paulo no início de dezembro de 2016. A edição é linda, ainda que seja bem curta. E apesar de ser recente o lançamento nacional, alguns sites já disponibilizam a HQ online. Nessa resenha apenas os capítulos recentemente publicados no Brasil serão tratados, mas em breve teremos mais textos dedicados aos outros volumes da saga. Então vamos lá.

A HQ escrita por Kieron Gillen e ilustrada por Jamie McKelvie, que já haviam trabalhado juntos em Young Avengers e em Phonogram, une em seus personagens elementos aparentemente opostos: a juventude contemporânea de uma grande cidade, e deuses mitológicos das mais diversas origens.

O livro retrata, basicamente, a história de 12 deuses que ressurgem a cada 90 anos, assumindo os corpos de jovens com cerca de 17 anos que vivem naquele período; no caso do ressurgimento de 2014, sobre o qual lemos no quadrinho, esses deuses se tornam ídolos pop. Eles vivem 2 anos de fama e luxúria, até que morrem para ressurgir 90 anos depois. Temas como vida e morte e o caráter efêmero da fama perpassam a história, que cria uma metáfora interessante ao dizer que se os deuses voltassem em 2014, eles voltariam como ídolos da indústria musical. Além disso, é inteligente fazer com que a existência mundana desses deuses dure apenas dois anos, ainda que em essência sejam imortais. Vejamos um pouco mais da narrativa.     

A história se passa em Londres, na Inglaterra, e nos é contada por Laura, uma garota de 17 anos que se mostra logo nas primeiras páginas como uma fangirl. Após a primeira parte do livro, que funciona como uma introdução mostrando o momento em que os deuses do panteão encerram sua jornada, em 31 de dezembro de 1923, voltamos à 2014 para encontrar Laura no banheiro de uma boate, se preparando para ir a um show. Tudo parece bem usual, até percebermos que as emoções e sensações provocadas pelo show de Amaterasu, uma das deusas do Panteão, não são exatamente as mais comuns ou esperadas. A partir daí, e até o fim do volume, temos uma sequência frenética de acontecimentos, com direito a tiroteio, incêndios e cabeças explodindo, tudo sempre envolvido por um ar de sensualidade. Tudo isso é desencadeado após o show já mencionado, quando Laura conhece uma jovem deusa andrógina e arrogante que se apresenta como Lúci. Por estar presente no que se tornou uma cena de crime envolvendo deuses e pessoas comuns, e pelo laço quase imediatamente estabelecido com Lúci, Laura se vê do outro lado, conhecendo e convivendo com os seres que idolatra e com os quais se identifica, intensificando o seu desejo de se tornar um deles.

Em uma de suas primeiras falas, ao ser questionada quanto a tranquilidade que aparenta ter mesmo sabendo que por se tornar uma Deusa seu corpo morrerá antes de completar 20 anos, Amaterasu coloca que “você passa a vida desejando ser especial. E um dia você descobre que é. Mas tudo tem um preço” (p. 27). Em outro momento, podemos acompanhar os pensamentos de Laura, que deixam claro o seu desejo e a sua profunda identificação com os jovens do Panteão: “pra quê perder tempo planejando meu futuro quando não quero um? Meu futuro é futuro nenhum. Meu futuro é este ou meu futuro é nada” (pág. 50). Nesses dois momentos a metáfora fica especialmente clara. Gillen evidencia aqui, sendo esse seu desejo ou não, os princípios que marcam  a juventude contemporânea. Não se pode generalizar, é claro, mas os valores mais facilmente observáveis nessa geração nascida na segunda metade da década de noventa ou no começo dos anos 2000 são a supervalorização da aparência, a intensificação do consumo de produtos culturais, a necessidade de atenção e a impaciência. O “ser especial” e a própria felicidade aparecem ligados as ideias de intensidade, efemeridade, prazer a qualquer custo, que se opõem à perenidade, à tradição, à valorização da própria vida e das relações humanas. Não há um fundo de caretice nisso, por mais que possa parecer. Essa valorização da vida vai no sentido de simplesmente respeitar a si mesmo e aos outros indivíduos.

O primeiro volume da história lançado no Brasil não nos permite dizer o que Gillen fará dessa metáfora. Ainda assim, parece bastante pertinente ao que o autor trabalha na história a reflexão quanto ao estilo de vida predominante atualmente, formado a partir daqueles valores já citados e que não é exclusivo da juventude, ainda que nela fique mais intenso e evidente. É possível, portanto, ler The Wicked + The Divine e ver ali apenas uma narrativa interessante e atual, de leitura fluida e grande qualidade gráfica. Para além desses elementos, no entanto, podemos refletir sobre nossa forma de vida e sobre como gastaremos nosso tempo aqui.

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Resenha: Meia Noite e Vinte, Daniel Galera

Uma grande revelação da literatura brasileira, Daniel Galera vem nos presenteando ao decorrer dos anos com romances intensos e que nos colocam dentro da cabeça das personagens de uma forma que muitos tentam e não conseguem. Seu último sucesso, Barba Ensopada de Sangue foi enorme sucesso e tem resenha aqui no Beco, que você pode conferir clicando aqui. Dando seguimento aos seus romances imperdíveis, ele lançou no último o mês “Meia Noite e Vinte”.

 

O livro se passa no final dos anos 90 e logo nos trás uma nostalgia enorme ao falar do começo da revolução na comunicação, com o boom da internet, os comunicadores instantâneos e como isso começava a atingir lentamente o nosso cotidiano. Três amigos escreviam juntos e se publicava na internet, Aurora, Emiliano e Antero. O mais interessante é que aparentemente iríamos ver as histórias todas juntas, mas não. Cada personagem tem a sua linha, tem a sua história separada e acompanhamos elas detalhadamente.

 

Como sempre, a áurea gaúcha está presente na narrativa, e é muito bom ler algo que fuja desse eixo Rio-São Paulo tão presente na literatura nacional. Galera é mestre em não fazer algo comum e nos transportar para lugares diferentes de nosso país. O que é mais difícil em falar deste seu último lançamento é que o enredo em si não chama a atenção, e sim a forma que ele desenrola. Falar muito sobre acaba estragando a experiência que ele proporciona, pois em tese, poderia ser resumida em poucas linhas.
Para os estudantes de humanas, um prato cheio: acompanhar as evoluções tecnológicas no desenrolar dos 15 anos em que a trama se passa é um deleite. “A fragilidade do homem era tocante. Milhões de anos de evolução desembocando em seres incrivelmente não adaptados ao ambiente do planeta, como demonstrava nosso sofrimento diante de mínimas alterações de temperatura”.

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Resenha: Jantar Secreto, Raphael Montes

Um grupo de jovens deixa uma pequena cidade no Paraná para viver no Rio de Janeiro. Eles alugam um apartamento em Copacabana e fazem o possível para pagar a faculdade e manter vivos seus sonhos de sucesso na capital fluminense. Mas o dinheiro está curto e o aluguel está vencido. Para sair do buraco e manter o apartamento, os amigos adotam uma estratégia heterodoxa: arrecadar fundos por meio de jantares secretos, divulgados pela internet para uma clientela exclusiva da elite carioca. No cardápio: carne humana. A partir daí, eles se envolvem numa espiral de crimes, descobrem uma rede de contrabando de corpos, matadouros clandestinos, grã-finos excêntricos e levam ao limite uma índole perversa que jamais imaginaram existir em cada um deles.

Eu não sei de onde saiu a indicação de que Jantar Secreto seria um livro com “humor”, porque a única coisa que senti durante essa leitura, que foi relativamente rápida, foi um misto de nojo com pavor e medo. Sim, muito medo.

Nunca gostei de livros de terror, talvez seja por isso que eu nunca tivesse lido algo do Raphael Montes anteriormente, apesar de já ter ouvido falar bastante nesse nome. Adiei leituras porque sempre me descreviam como “o autor que escreve coisas policiais que dão muito medo”, ai já viu. Provavelmente, eu nem teria lido Jantar Secreto se não fosse a multidão de pessoas me indicando o livro. Era no trabalho, na faculdade, por mensagens aqui… E ele mal tinha lançado! Como esse povo já tinha lido? Entendi assim que finalizei a leitura.

Jantar Secreto conta a história de Dante, o típico adolescente que sai do interior do Paraná, para fazer faculdade na cidade grande, Rio de Janeiro, e dividir um apê com os amigos. Nessa época, nenhum de nós tem um real no bolso, mas para eles, continuou assim mesmo após se formarem. Continuaram ali por anos, morando juntos. Leitão, um deles, sequer terminou a faculdade e passa o dia todo na cama, jogando, vendo seu pornô e arrumando dinheiro com golpes online. Miguel, ainda termina sua residência de Medicina. Hugo, é chef de cozinha e tem um ego do tamanho do mundo. E Dante, ah, Dante… Trabalha numa livraria e se diverte entre um crush e outro no Tinder ou Grindr.

Bom, tudo segue nos eixos, cada um buscando melhores oportunidades de emprego, para manter o apartamento, que é localizado em Copacabana e grande o bastante para os quatro. Mas nada é tão fácil assim. E tudo piora quando Dante recebe uma ligação da imobiliária dizendo que estão com seis meses de aluguel atrasado. Mas como pode? Todos depositaram sua parte para Leitão corretamente…

Acontece que Leitão se apaixonou por Cora, uma garota de programa. E o dinheiro foi investido em presentinhos. Como pagar o atraso em um prazo tão pequeno? A dívida passa de dez mil reais, e com o país em crise ainda, nenhuma solução parece ser cabível. Até que Hugo, nosso chef, tem uma ideia: por que não se cadastrarem no site JantarSecreto.com e servirem pratos típicos para turistas? Poderiam levantar uma grana a mais. Maravilha, mãos à massa. Leitão, publica nosso cardápio no site.

E ele faz. Mas em vez de servir cordeiro, Leitão mudou um pouquinho as coisas. Bem pouquinho. Que tal servir carne humana? O resultado: mais de 30 mil reais na conta em menos de uma hora. Parece que as pessoas tem sede do perigo.

Eu sabia que nunca mais esqueceria aquele rosto. Era a mulher que tínhamos servido no último jantar.

E é aí que você começa a perder o fôlego. Onde arrumar um corpo? Como cozinhar um corpo? Incrivelmente, isso tudo dá certo. E muito. O jantar fez sucesso. Tanto sucesso que, o negócio começou a crescer, e as proporções foram se tornando inimagináveis. Jantares de carne humana uma vez por semana. Duas vezes por semana. Três vezes por semana. Todos os dias.

A trama de Raphael Montes é sufocante nesse livro. Você começa e fica impossível parar por um segundo até chegar na última página. Tem crítica social travestida de drama adolescente, tem crítica aos seres humanos, tem crítica a tudo! E eu, que li esse livro numa vibe quero parar de comer carne, foi literalmente um prato cheio para tal façanha. O autor nos mostra, tudo o que acontece dentro de matadouros, frigoríficos e açougues, com animais, porém, nos faz sentir na própria pele. Afinal, é muito fácil pensar nos outros. Quando a figura muda de lado, tudo parece cruel, desumano. Mas é tão diferente assim da nossa realidade.

Vladimir encomendou um prato diferente. Vamos servir vitelo de gaivota.

A trama se enrosca em espirais de críticas, crimes quase perfeitos, violência e análises sociais que nos deixam sem rumo 99% do tempo, e que abre nossa mente de uma forma que eu jamais poderia imaginar dentro de um livro de “terror”. Montes consegue descrever suas cenas com tamanha maestria, que faz o leitor criar imagens com perfeição em sua mente, cravando em seus pensamentos um trauma doloroso do retrato social do nosso país atualmente.

Jantar Secreto é de longe, um livro cinco estrelas, mas pesado e denso. Não é recomendável para qualquer um, é preciso ter estômago e força, para ver cenas que você não conseguiria imaginar nem em seus piores pensamentos ou no mais sangrento episódio de uma série médica.  É uma leitura totalmente obrigatória e finalizo essa resenha  dizendo que, assim que eu me recuperar desse livro, embarcarei nos outros do autor, na esperança de encontrar um amparo do vazio que esse me causou.

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Resenha: “Deixe a neve cair”, John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle

Deixe a neve cair reúne três contos com temática natalina escritos por três autores diferentes: John Green, Maureen Johnson e Lauren Myracle. Além das histórias, o interessante desse livro é que, apesar de serem de autores diferentes, elas se relacionam e, no fim, você tem a sensação de ter lido uma história só com vários personagens.

O primeiro conto é O Expresso Jubileu, de Maureen Johnson. Conta a história de Jubileu, uma garota tímida que namora um dos rapazes mais populares da escola e se acha muito sortuda por isso. No primeiro Natal que Jubileu vai passar com a família do namorado, seus pais, viciados em comprar peças de uma coleção natalina, são presos em uma confusão em uma loja de outra cidade, e ela tem que pegar um trem bem na véspera de Natal para ir para a casa de seus avós. Por causa da nevasca, o trem para no meio do caminho e, ao sair para procurar um telefone, ela se perde e acaba sendo acolhida na casa de Stuart, que acabou de passar por um rompimento de namoro muito doloroso.

O segundo conto é O milagre da torcida de Natal, de John Green. Quando J.P., Duke e Tobin, três amigos de infância, se vêem presos na casa de Duke em plena véspera de Natal por causa da nevasca, o tédio os consome. Até que J.P. recebe uma ligação de uma lanchonete da cidade que funciona 24 horas dizendo que um trem havia parado na cidade e um grupo de líderes de torcida estava passando o tempo lá. De tanto insistir, ele convence Duke e Tobin a enfrentar a nevasca para chegar à lanchonete e, juntos, eles encaram a aventura de fazer a velha van da mãe de Tobin passar pelas montanhas de neve rumo às líderes de torcida.

O terceiro conto é O santo padroeiro dos porcos, de Lauren Myracle. Addie ama Jeb e Jeb ama Addie, mas não como ela gostaria. Enquanto a garota é romântica e adora demonstrar isso nos mínimos detalhes, Jeb é seco e distante, a amando só dentro de seu coração. Quando os dois terminam e Jeb viaja para passar o Natal em outra cidade, Addie conhece uma senhora frequentadora da Starbucks em que trabalhava que a dá algumas lições de vida importante, a fazendo refletir sobre suas escolhas e sua vida. Assim, ela envia um email marcando um encontro com Jeb, que não aparece. Mal sabe ela que o garoto havia ficado preso na cidade ao lado, porque seu trem não conseguiu ultrapassar a neve.

O que há em comum nesses três contos? Você vai responder: Natal, adolescentes, amor… E eu te digo: o trem. Tudo acontece porque o trem fica preso na neve. Jubileu conhece Stuart porque desce do trem para procurar um telefone público a fim de tentar ligar para o seu namorado e explicar por que não vai passar o Natal com ele. J.P., Duke e Tobin só saem de casa porque o trem que parou na cidade trazia lindas líderes de torcida que foram para a lanchonete próxima tomar um chocolate quente, e, assim, Tobin descobre que ama Duke (sim, Duke é uma menina). Addie fica arrasada quando pensa que Jeb não quis encontrá-la de propósito, mas sua esperança renasce quando descobre sobre o trem e corre para a cidade vizinha atrás dele, que, por sua vez, está desesperado tentando avisá-la sobre o atraso.

Outra coisa em comum: a lanchonete. Todos se encontram lá. Uma forma de mostrar que não importa o lugar, o que importa é com quem você está. O Natal não se trata de ceias sofisticadas ou presentes caros, mas sim, refletirmos sobre nós mesmos, nossas relações com quem amamos e nosso desejo de melhorar sempre. Penso no trem como o Expresso Polar, mas, ao invés de ir para o Pólo Norte, leva os personagens para uma cidadezinha desconhecida, onde todos os desejos de Natal se realizam.

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Resenha: Feiticeira Escarlate – A Busca Pelo Visão, John Byrne

“Descubra a história caótica dá Feiticeira Suprema do Universo Marvel. Desde os dias iniciais de Wanda , acompanhe sua primeira aparição como integrante dá maligna Irmandade dos Mutantes de Magneto, antes de mergulhar na versão definitiva da personagem, quando a Feiticeira Escarlate é forçada até seu ponto de ruptura na clássica saga A Busca pelo Visão, de John Byrne.”

Desde seu nascimento, já era possível perceber que a história da Feiticeira Escarlate seria repleta de confusão e loucura. Com um passado repleto de mentiras e manipulações, é fácil entender o porque de Wanda se confinar em seu próprio mundo, fugindo da realidade.

A Feiticeira Escarlate já se deparou com inúmeras forças que tentaram controlar o seu poder, entre elas estão Mefisto, Doutor Destino e até mesmo o seu próprio irmão, Mercúrio. Todos eles se aproveitaram e tiraram vantagem da natureza, muitas vezes frágil, de Wanda, manipulando-a para cometer atos terríveis.

O trabalho de Byrne combina perfeitamente com o estilo da Feiticeira Escarlate, ele é o responsável tanto pelo roteiro, como pela arte. Em ambos os aspectos ele acerta em cheio, o roteiro é bem amarrado e mostra muito bem a interação entre Visão e sua esposa, Wanda. Destaca também a interação entre os Vingadores do leste, do centro e do oeste dos EUA, que estão sempre em alerta para qualquer coisa que tenha acontecido com os seus companheiros.

Wanda está desesperada para ajudar o seu esposo, Visão, que anteriormente teve sua mente apagada. O Pantera Negra e o Homem-Formiga afirmam que não há mais nada que se possa fazer, mas Wanda não acredita, e toma isso como uma recusa em auxiliá-la em recuperar a mente de seu marido. Enquanto a Feiticeira se afasta furiosamente de seus companheiros, ela passa ao lado de Magnum, um membro dos Vingadores da Costa Oeste. Wanda não sabe, mas o único que pode ajudá-la, é Magnum, porém, ele não quer revelar a Feiticeira que seria capaz de trazer a mente de seu esposo de volta, pois assim como Visão, Magnum é apaixonado por Wanda.

Decidida a ajudar o seu marido, a Feiticeira pega a nave dos Vingadores ao lado de Visão e parte a procura de alguém que possa ajudá-la. Sua busca a leva a Universidade de Saunders, uma faculdade de artes que fora recentemente convertida para as chamadas Ciências Exatas, cuja especialidade é robótica. Wanda e seu marido pousam o avião dos Vingadores e logo se encontram com Jeremiah Randômico, o reitor de robótica. O homem assegura a Feiticeira Escarlate que é capaz de recuperar a mente de Visão, assim ele os leva para o interior da faculdade, os heróis não percebem, mas assim que deixam a nave, ela é destruída. Jeremiah seduz Wanda com promessas vagas enganando-a, e logo que consegue separá-la de seu esposo, ele a encurralá-la, o plano de Randômico é o de controlar o poder de Wanda, assim como muitos antes dele.

Feiticeira Escarlate – A Busca pelo Visão é uma ótima HQ, que se aprofunda ainda mais na persona da heroína escarlate, mostrando as dificuldades que ela passa sendo um alvo constante. Muitos querem roubar seu poder a qualquer custo, e isso causa grandes impactos na psique da Feiticeira, uma personagem frágil mentalmente que pode a qualquer momento, estourar. Se você não conhece a Feiticeira Escarlate, essa é uma boa oportunidade de conhecer.

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Resenha: “Nerve”, Jeanne Ryan

“Nerve”, da estreante americana Jeanne Ryan, conta a história de Vee, uma garota tímida que trabalha em uma loja de roupas e ajuda nos bastidores das peças de teatro da escola. Comum, ela é totalmente diferente de sua melhor amiga Sydney, a loira alta e linda, protagonista de todas as peças e acostumada a ser o centro das atenções.

Cansada de viver nas sombras, Vee decide fazer um dos desafios preliminares do jogo NERVE. O jogo, que é transmitido ao vivo pela Internet 24 horas, consiste em vários desafios em que, ao ponto que os competidores vão realizando, ganham vários prêmios e muitos fãs. Os desafios variam em grau de dificuldade e devem ser cumpridos no mundo real, transmitidos ao vivo no site do NERVE e ninguém pode saber que aquilo era um desafio do jogo. Depois que você é selecionado nas etapas preliminares, pode ir para uma grande rodada ao vivo e ganhar muito dinheiro.

Na cabeça de Vee, ela só irá cumprir um desafio considerado fácil e bobo, provar que não é uma menina sem graça e ir para casa. Só que não. Vee conquista uma legião de fãs que imploram por mais desafios e, tentada pelos prêmios e por passar mais tempo com seu parceiro de jogo, começa a entrar cada vez mais no mundo de NERVE. A cada rodada, os desafios ficam mais difíceis na mesma proporção em que os prêmios ficam mais atraentes, e começam a envolver questões pessoais mal resolvidas e até seus amigos. Observadores (como são chamados os expectadores do jogo que acompanham os desafios ao vivo ou pela Internet) a seguem por todos os lugares e Vee começa a ver que as coisas não eram tão simples assim.

As questões presentes nesse livro são: Quem criou o jogo? Na história, ninguém sabe se é um criador, vários ou até uma empresa. Será que os prêmios são mesmo reais? Se são, de onde eles tiram tanto dinheiro? E por que se escondem? Não vou entrar em detalhes sobre os desafios, mas alguns são bem perturbadores e a falta de privacidade é intensa, parece um Big Brother. Chegou um momento que até eu tive a sensação de estar sendo observada.

Além dessas questões pertinentes à história, somos levados a pensar na ganância humana, já que os desafios são baseados nos maiores medos e relacionamentos dos jogadores em troca de seus maiores desejos materiais. Até que ponto você iria para ter tudo o que sempre quis? Mentiria? Roubaria? Magoaria sua família? Seus melhores amigos? Mataria? Mas é claro que são só perguntas hipotéticas, afinal, é só um jogo. Será?

Livros, Resenhas

Resenha: A Escola do Bem e do Mal 2, Soman Chainani

ATENÇÃO: “A escola do bem e do mal” é uma trilogia e esta resenha refere-se ao segundo volume. Se você ainda não leu o primeiro volume, cuidado ao ler a resenha, pois há spoilers.

Em “A escola do bem e do mal 2: um mundo sem príncipes”, de Soman Chainani, Sophie e Agatha voltam para casa e tentam retomar a sua vida depois de terem passado meses na Escola do bem e do mal, matado o diretor da escola e descoberto suas verdadeiras inclinações: Sophie é do mal e tem uma bruxa escondida dentro de si, enquanto que Agatha é do bem e se apaixonou por um príncipe.

Depois que a fama passou, a cidade parou de adorá-las por terem acabado com a maldição e suas vidas voltaram a ser comuns, Agatha tem um desejo inesperado: voltar para Tedros. Sim, ninguém nunca esperaria por isso, já que ela era a que mais queria voltar para casa junto com sua melhor amiga, mas, ao contrário de tudo que poderia acontecer, Sophie já não é suficiente para ela e seu príncipe ocupa cada vez mais seus pensamentos.

Esse desejo desencadeia uma série de acontecimentos que as mandam de volta para a escola, que não é mais a mesma. Quando Agatha escolheu Sophie ao invés de Tedros, ela provou que uma princesa não precisa de um príncipe para ter seu final feliz e, agora, todas as princesas estão fazendo a mesma coisa, expulsando seus príncipes de seus reinos e se salvando sozinhas. A Escola do Bem virou a Escola de Meninas e a Escola do Mal, Escola de Meninos, e eles se declararam inimigos mortais. Todas as histórias tiveram seus finais mudados, onde as mulheres não precisam de homens e a única forma de mudar tudo é se Agatha desejar sinceramente voltar para casa com Sophie, como era antes.

A história ainda não chegou ao fim, é uma trilogia e eu nem tenho que dizer como estou ansiosa para o último volume. Esse autor, até então, desconhecido para mim, se revelou uma grande surpresa, pois conseguiu explorar um tema tão batido hoje em dia de forma inédita. Esse segundo livro é mais emotivo, intenso e vemos claramente que não se divide as pessoas, simplesmente, em boas e más. Uma frase bem famosa de uma outra saga notável nos diz que todos temos o bem e o mal dentro de nós, o que nos define são nossas escolhas e isso fica bem claro em “Um mundo sem príncipes”. Até onde você iria pelo seu verdadeiro amor? Uma amizade basta para deixar a vida completa? O amor rejeitado vira ódio? Vale a pena ler e conferir.