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Pais agressivos em “Caraval”, a nova aposta da Novo Conceito

Há um forte consenso quanto ao papel dos pais no modo que as crianças se desenvolvem, definem seus padrões e condutas morais. Por esse motivo, quando os pais são violentos, estes se tornam fundamentalmente responsáveis por danos que podem perdurar a vida inteira.

No livro Caraval, best-seller de estreia da autora norte-americana Stephanie Garber que chega ao Brasil com exclusividade pela Editora Novo Conceito, Scarlett, personagem principal da obra sofre com um pai abusivo.

“Scarlett sentiu a mão enluvada segurá-la no braço. No momento seguinte, a cabeça dela virou; cada centímetro do couro cabeludo ardeu quando o pai a agarrou pelos cabelos […] Sufocou um gemido, uma lágrima dolorosa escorrendo por seu rosto. Com o pescoço assim inclinado, não conseguia ver o pai, mas podia imaginar a expressão doentia no rosto dele.

A situação só tendia a piorar. […] Scarlett caiu de joelhos e o ar fugiu de seus pulmões. A visão escure­ceu quando ela foi ao chão. Podia apenas sentir a dor, o eco dos punhos do pai e a terra manchando suas mãos enquanto lutava para se erguer.” (p. 247).

Um levantamento das denúncias de maus tratos contra crianças e adolescentes, realizado pela última vez em 2014 e divulgado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos do Governo Federal, revela que a cada dez minutos uma criança é vítima de violência no Brasil.  Ainda segundo a pesquisa, mais de 150 mil crianças e adolescentes são vítimas de algum tipo de violência todos os anos.

É válido lembrar que o termo violência está em sua maioria associado à agressão física, no entanto, é importante não esquecer que palavras e atitudes podem ser tão nocivas quanto um tapa.

A violência, seja física ou psicológica, é algo terrível para os que a vivenciam e não deve ser ignorada. Em caso de qualquer tipo de perturbação, não se cale, denuncie!

A obra Caraval já está disponível em uma edição em capa dura exclusiva para pré-venda no site da Livraria Saraiva.

Confira o Booktrailer abaixo:

Livros, Resenhas

Resenha: Simplesmente Amor, Helena Andrade

Simplesmente Amor. Um amor que nem mesmo a perda da memória foi capaz de apagar.

Imagine encontrar o amor verdadeiro, vivenciá-lo em sua plenitude e depois perdê-lo nas entranhas da mente. Ao realizar uma viagem de férias à Europa, Alicia vive momentos que não só podem mudar seu futuro, mas também lhe trazem revelações do passado. Quando retorna ao Brasil, um acidente a coloca entre a vida e a morte, tendo como consequência a perda das lembranças. Sem consciência de suas experiências, ela retoma sua vida, casa com o antigo namorado e deixa o acaso conduzi-la. Porém, seu corpo começa a mostrar-lhe que existem mistérios por trás da amnésia, algo tão profundo que nem mesmo a perda da memória foi capaz de apagar.

Uma viagem inesquecível, um acidente, perda de memória, essa é receita perfeita!

A protagonista, Alicia está de volta da sua viagem de férias em Londres, cheia de novidades para contar. Quando um acidente muda completamente sua vida. Ela descobre que perdera sua memória recente e não se recorda nada sobre a viagem. Nem sobre o término com o namorado antes de embarcar. Se não bastasse isso, ela recebe uma notícia que vira sua vida de cabeça para baixo. No calor do momento, e por não se lembrar do término, ela aceita se casar com o ex-namorado Caio. E se vê tentando lidar com as lacunas que a falta de memória deixou, com o casamento repentino, com as mudanças na sua vida.

O tempo passa e Alicia percebe que não existem mais sentimentos entre ela e Caio, que cada dia estão mais distantes e infelizes. O sentimento de vazio, de que alguma coisa está faltando a persegue desde do acidente. A separação acontece e ela se vê tendo uma nova chance para recomeçar. Consegue um outro emprego e as coisas começam a dar certo. E num final de semana, em uma viagem a trabalho, seu caminho se cruza com o de Miguel e alguma coisa nela muda. Várias dúvidas, sensações, sentimentos vem à tona e ela se vê mais uma vez enfrentado mudanças e dilemas em sua vida.

Por que magoamos as pessoas que amamos? Será que é por que somos imperfeitos? Ou por julgarmos estar fazendo o melhor? O que sei é que ao buscarmos proteger o outro, também causamos sofrimento, ainda que não tenhamos intenção.

A escritora leva a história de uma forma atraente, sensível e bem romântica. O mistério no começo deu um ritmo ótimo a trama, o fato de nem o leitor saber o que aconteceu em Londres, criou uma empatia com Alicia, o sofrimento por não saber o que aconteceu, foi mútuo até o final. Todos personagens, desde os protagonistas aos secundários, são muito bem desenvolvidos, a leitura é suave e envolvente. O romance, as cenas românticas são definidas pelo título do livro, são simplesmente amor.

Tinha que admitir que algumas escolhas, por mais corretas que pudessem parecer, nem sempre nos levavam ao melhor caminho.

Alicia é uma mulher forte, consciente, uma profissional bem sucedida, apesar de ter vivido tantos altos e baixos. É aquela personagem que a gente se identifica. Ela se torna uma mãe maravilhosa,  mas seu único fracasso é o lado amoroso. Uma parte que gostei muito foram os pais de Alicia, que são um grande exemplo de casamento, de família e estão sempre por perto e são sempre muito compreensivos com ela.

O vazio em minha mente tornou-se o vazio em meu coração.

A mensagem mais importante do livro é sobre o Amor, de um modo geral, pela família, pelo amigos, pela vida. O amor é o que salvou a personagem, de todas essas maneiras, em vários momentos.

Para os apaixonados de plantão Simplesmente Amor  é “o” livro. Daqueles que nos restaura a fé no amor, que faz acreditar no destino e em segundas chances. Ele mostra que quando duas pessoas decidem lutar por um sentimento, a realidade é muito melhor que os contos de fadas.

Lembranças podem ser perdidas, apagadas mas os sentimentos ficam para sempre!

Obs: Para quem ama embalar sua leitura com música, no final do livro a autora deixou de presente uma playlist. Muito boa por sinal!

Sobreviver em SP
Sobreviver em SP
Livros, Novidades

Vlog: Dicas de leitura em parceria com o Sobreviver em SP

Estamos um pouco sumidos do Youtube, mas essa semana lançamos um vídeo em parceria com o projeto SobreViver em SP, com dicas de livros bem legais para quem está precisando daquele empurrãozinho para começar algo novo. Quem apresenta é a Stephanie Ramos e a Luiza Marques, que arrasaram nas escolhas. Olha só:

Curtiu? Aproveita e clica aqui para se inscrever no canal SobreViver em SP e aqui para se inscrever no canal do Beco Literário! Também não esquece de deixar seu comentário dizendo o que achou. Caso queira mais matérias com dicas de livros, você pode dar uma olhadinha nessa aqui.

Os livros indicados no vídeo, para quem quer saber mais, mas esqueceu de marcar os nomes:

  1. Só Garotos, Patti Smith
  2. A Sangue Frio, Truman Capote
Livros

Dicas de livros para quem ama histórias sobre animais

Atire a primeira pedra quem nunca se emocionou lendo ou assistindo uma boa história que envolvia animais. Temos que assumir, é praticamente impossível conter nossa afeição por esses seres tão puros e fiéis, e claro, nas livrarias e cinemas eles são sucesso garantido.

Dentre eles, cachorros e gatos  são os mais populares no mundo literário. Sendo assim, preparamos uma lista com dicas de livros para aqueles que não resistem a uma incrível história envolvendo esses bichinhos adoráveis.

1. Marley & Eu

Marley, um cachorrinho muito agitado e brincalhão, é adquirido pela metade do preço por um casal de recém casados. Mesmo pagando valor inferior, o casal não percebe de imediato nenhum problema em seu novo animal de estimação… Até que este começa a transformar a vida dos dois em uma bagunça, destruindo e comendo tudo que vê pela frente. Assim inicia-se essa história, que no decorrer dela faz com que todos se apaixonem pelo jeito divertido e atrapalhado de Marley. Um livro que vai te fazer rir e chorar, na mesma proporção.

2. Um gato de rua chamado BOB

Essa é a história real de James Bowen, um artista de rua e viciado em drogas, que vivia andarilhando por Londres. Um dia, chegando ao prédio onde morava, encontrou um gato alaranjado e ferido. James, instantaneamente sentiu a necessidade de ajuda-lo. A partir de então, os dois começaram uma linda e emocionante jornada, cheia de aprendizagens, reviravoltas e muito, muito companheirismo.

3. Quatro vidas de um cachorro

De forma diferenciada, esse livro é narrado através da perspectiva do próprio cachorro, que vai contando suas experiências e aprendizagens nas diferentes vidas pelas quais vai passando. Com muito humor e analises profundas, o cachorro tem como objetivo descobrir qual sua verdadeira (e mais importante) missão aqui na Terra.

4. Dewey: Um gato entre livros

Depois de ser encontrado em uma caixa de devolução de livros, em uma biblioteca pública da cidade de Spencer, o gatinho Dewey é acolhido pela diretora do local e inicia uma linda história de gratidão e afeto com os moradores da cidade. Aos poucos, cada um que passa pela biblioteca depois da chegada de Dewey, fica fascinado com o carisma e bondade do gatinho, que acaba tornando-se uma celebridade local.

Livros, Resenhas

RESENHA: A ÚLTIMA CAMÉLIA, SARAH JIO

“Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, o último espécime de uma camélia rara, a Middlebury Pink, esconde mentiras e segredos em uma afastada propriedade rural inglesa.

Flora, uma jovem americana, é contratada por um misterioso homem para se infiltrar na Mansão Livingston e conseguir a flor cobiçada. Sua busca é iluminada por um amor e ameaçada pela descoberta de uma série de crimes.

Mais de meio século depois, a paisagista Addison passa a morar na mansão, agora de propriedade da família do marido dela. A paixão por mistérios é alimentada por um jardim de encantadoras camélias e um velho livro

No entanto, as páginas desse livro insinuam atos obscuros, engenhosamente escondidos. Se o perigo com o qual uma vez Flora fora confrontada continua vivo, será que Addison vai compartilhar do mesmo destino?”

A Última Camélia, de Sarah Jio, começa com uma pequena introdução narrada por uma personagem que não mais aparecerá no livro. Ela conta como uma rara camélia foi parar em suas mãos, uma camponesa que cuidava do jardim de uma nobre família inglesa, os Livingston.

Daí em diante o livro é dividido em capítulos intercalados, um narrado por Addison e outro por Flora. Ele segue essa estrutura narrativa até o fim. A primeira a conhecermos é Addison, uma jovem que vive em Nova York nos anos 2000, trabalha como paisagista e é casada há quase um ano com Rex Sinclair, por quem é apaixonada. O primeiro mistério é inserido logo de cara, quando Addison atende o telefonema de um homem de seu passado, que promete desmascará-la à Rex caso não receba uma quantia em dinheiro. Perturbada, Addison (será esse o seu verdadeiro nome?) decide aceitar um pedido do marido, e os dois vão passar algum tempo na Inglaterra, na mansão que a família Sinclair acabara de adquirir. A mansão Livingston.

Em seguida somos apresentados à Flora, uma jovem estadunidense que vive com os pais na Nova York de 1940. Com a padaria da família indo de mal a pior e o pai afundado em dívidas, a garota resolve aceitar a proposta de um vigarista que, sabendo de seus problemas financeiros, a rodeava insistentemente, prometendo uma grande quantia em dinheiro por um pequeno trabalho realizado em território inglês. Apenas no navio é que Flora, uma apaixonada por botânica, descobre qual a sua função: encontrar uma rara flor escondida há muitos anos nos jardins da mansão Livingston. Para isso, a jovem teria que trabalhar como babá das quatro crianças que lá viviam, enquanto procurava em segredo a Middlebury Pink.

O paradeiro da camélia, no entanto, não é o único mistério do livro. Quando Flora chega à mansão, Lady Anna Livingston havia falecido há pouco tempo, e apesar de a garota ser a responsável por cuidar das crianças, nunca ninguém a contava sobre como a tragédia havia acontecido. Lordes misteriosos, empregados que agem de forma estranha, livros com anotações quase indecifráveis… o clima de toda a narrativa é de mistério. E é bastante interessante a forma como as duas personagens principais, Flora e Addison, separadas no tempo por quase 60 anos, se deparam com as mesmas pistas e vão nos guiando dentro do imenso jardim da mansão.

Achei que não fosse gostar do livro quando iniciei a leitura, mas o ritmo que Sarah Jio deu à história é mesmo cativante, principalmente para alguém que, como eu, não consegue desviar o olhar de um mistério, seja ele uma clássica história de Sir Arthur Conan Doyle ou algo não tão clássico assim, tipo Gossip Girl.

O trabalho de edição da Novo Conceito é também muito bom, sem nenhum erro de digitação ou tradução e uma bela capa.

O que não gostei foi do mistério paralelo envolvendo Addison e Sean; achei muito forçado, exagerado mesmo. Pouco verossímil. Acho, ainda, que Jio se esforça demais para dar detalhes, deixando algumas descrições mastigadas demais. Se tem algo que já ouvi – ou li – muitos escritores falando é a regra do “Show, don’t tell”, ou seja, um escritor deve demonstrar, não simplesmente dizer. Melhor do que utilizar inúmeros adjetivos para descrever uma cena ou um sentimento, é mostrar como ele se dá, através de atitudes das personagens ou de metáforas que enriquecem a escrita e a leitura.

De qualquer forma, devorei o livro. Indico principalmente para quem gosta de mistério, e pode ser um bom começo para quem não tem ainda um hábito mais intenso de leitura.

Resenhas

Resenha: Boa Noite, Pam Gonçalves

Alina quer deixar seu passado para trás. Boa aluna, boa filha, boa menina. Não que tudo isso seja ruim, mas também não faz dela a mais popular da escola. Agora, na universidade, ela quer finalmente ser legal, pertencer, começar de novo. O curso de Engenharia da Computação – em uma turma repleta de garotos que não acreditam que mulheres podem entender de números -, a vida em uma república e novos amigos parecem oferecer tudo que Alina quer. Ela só não contava que os desafios estariam muito além da sua vida social. Quando Alina decide deixar de vez o rótulo de nerd esquisitona para trás, tudo se complica. Além de festas, bebida e azaração, uma página de fofocas é criada na internet, e mensagens sobre abusos e drogas começam a pipocar. Alina não tinha como prever que seria tragada para o meio de tudo aquilo nem que teria a chance de fazer alguma diferença. De uma hora para outra, parece que o que ela mais quer é voltar para casa

Boa Noite é o primeiro livro solo publicado pela publicitária e booktuber Pam Gonçalves que já havia publicado antes juntamente com mais três booktubers, Bel Rodrigues e os meninos do canal Pedrugo, o livro O Amor nos Tempos de #Likes.

Boa Noite irá trazer até nós a vida de Alina, uma jovem tímida e nerd que acabou de sair da casa dos pais pela primeira vez para morar em outro lugar, a República das Loucuras, uma república próxima a Universidade onde Alina irá estudar Engenharia da Computação. A partir daí a vida de Alina muda completamente, algo que ela já esperava, afinal de contas foi por isso que ela escolheu uma universidade longe de casa, por ter a esperança de que longe dali ela poderia ser quem quisesse, que poderia ser alguém totalmente diferente.

“Muita gente fala que a faculdade é a oportunidade ideal para escolher quem você quer ser. E não é que já estou vendo alguma verdade nessa afirmação?”

Ao chegar na república onde vai morar ela conhece seus novos colegas de moradia, Manu, Gustavo, Talita e Bernardo. O grupo que é bem diferente entre si logo se mostra cativante e aceita Alina de braços abertos fazendo de tudo para que ela passe pelas melhores experiências que uma caloura pode passar, conhecendo festas e caras pela universidade. É nessas festas que acontecem coisas que acabam mudando a vida de Alina não tão positivamente quanto ela esperava. Ao descobrir que várias garotas estão sendo abusadas durante as festas e que drogas estão sendo usadas para que todo o abuso seja realizado Alina se ver em um momento difícil da sua vida ao querer ajudar, mas sem saber o que fazer .

No meio de tudo isso Alina ainda precisa enfrentar o machismo em sua turma, composta quase que completamente por homens, que jorra piadas machistas e misóginas todos os dias com o intuito de fazer Alina e suas outras 3 amigas, as únicas mulheres da sala, desistirem do curso. Entretanto, ao se depararem com um desafio estabelecido por um professor, as garotas encontram não apenas uma oportunidade de provar para toda a turma que são sim dignas de está ali, mas também de ajudar as garotas que estão sendo abusadas na Universidade.

Confesso que Boa Noite foi uma grande surpresa para mim. Mesmo eu já tendo lido e amado o conto da Pam publicado em O Amor nos Tempos de #Likes antes de ler Boa Noite e também já ser um grande fã do seu trabalho, inicialmente com o blog Garota It e depois com o seu canal no youtube, peguei o livro para ler sem muitas expectativas, acho que por ser o primeiro livro solo dela acabei tendo um certo receio de criar muitas expectativas e no final não ter meus anseios satisfeitos. Mas foi aí que a Pam me surpreendeu.

Ao ver que o livro trataria de estupro e assédios dentro das universidades já comecei a me preparar psicologicamente pra enfrentar O drama, imaginei que fosse ser aquele tipo de livro que me faria mergulhar em melancolia e que acabaria de ler com aquele aperto forte no peito, porém a autora conseguiu retratar um tema forte de forma delicada. Por mais que seja uma discussão totalmente séria ela conseguiu trata-la com uma leveza que nos mostrou que isso pode sim ser um assunto debatido em qualquer momento, não apenas em rodas de discussões mais sérias, a cultura do estupro e o machismo pode e deve ser discutido no bar entre amigos, no intervalo da faculdade ou enquanto come uma pizza com os amigos.

Boa Noite nos mostrou também a força da sororidade, mostrou o quanto a união feminina trás benefícios. Vemos a força da mulher representada no despertar da Alina para a luta feminina dentro das universidades contra o machismo, a luta por poder ir em uma festa sem ser assediada, por poder dançar simplesmente porque gosta de dançar e não porque está se oferecendo para alguém. Vemos a força da mulher também representada na Manu que enfrenta fantasmas de um passado com abusos e preconceitos. Vemos a força da mulher em várias outras personagens marcantes criadas por Pam Gonçalves que nos mostram o quanto as mulheres necessitam ser fortes para colocarem os pés fora de casa ainda hoje e enfrentarem esse mundo que ainda tem muito o que melhorar. O livro trás, muito além dessas questões femininas, discussões sobre preconceito, homofobia e bullying, tudo isso com uma leveza que eu não imaginava que fosse encontrar ali.

A escrita de Pam é totalmente fluída e leve, ela aborda temas pesados de forma mais delicada entremeada de momentos divertidos para que possamos ver o avanço e o crescimento de Alina dentro dessa nova vida longe da família e em um lugar totalmente novo tendo que enfrentar os problemas do dia a dia de um universitário e as dificuldades de uma mulher em um mundo machista sem toda aquela carga pesada de uma drama que, apesar de trazer boas reflexões sobre o tema, não nos deixaria tão feliz com o final do livro como Boa Noite deixou.

No mais, o livro nos apresenta personagens cativantes, empolgantes e que nos fazem pensar sobre o que aconteceu com eles antes e depois de Boa Noite e torcer para que a Pam volte a escrever sobre eles um dia, não como uma continuação de Boa Noite, mas com seus próprios livros e histórias.

Se você quiser conhecer o canal da Pam deixo um vídeo dela abaixo pra vocês:

https://www.youtube.com/watch?v=-W4rRgbBm44

Filmes, Livros, Música

Estudos + mundo geek: é possível conciliar?

Na atualidade, torna-se um desafio conciliar a correria do colégio ou faculdade às series, filmes e livros que se acumulam gradativamente. Seguem abaixo algumas formas de se organizar e adequar os seus estudos ao fantástico mundo geek.

Estudar enquanto ouve músicas?

Um estudo britânico apontou que a música melhora o desempenho dos estudantes. As recomendações são músicas clássicas, como Mozart e Beethoven, mas como o objetivo é estudar e ser geek, simultaneamente, que tal transformar as músicas pop em clássicas? É esse o objetivo de grupos como o The Piano Guys. Você é um daqueles que chora ao receber as notas de matemática e sequer sabe quantos pontos precisa para não ser reprovado, pois faz confusões ao somar, segue a playlist para aumentar em 12% suas notas:

Séries/filmes como objetos de estudo?

Parece um sonho, mas você não leu errado. Existem uma infinidade de séries e filmes que resgatam ou complementam conteúdos estudados em sala de aula.

Reign, série da The CW com 4 temporadas e disponível na Netflix, é um fabuloso objeto de estudo. A produção cinematográfica nos permite entender conteúdos de História, como: a formação dos estados nacionais europeus, as relações de dominação da Igreja Católica no período de transição entre o medievo e modernismo, as relações de poder existentes entre a nobreza e o rei, as junções políticas entre dinastias (famílias), entre outros tantos assuntos.

Breaking Bad é uma ótima opção para tentar entender a Química, como quando o Sr. White deduz as proporções dos compostos químicos constituintes do corpo humano; ou quando usa conceitos de eletroquímica na produção de uma bateria de mercúrio, usando metais como parafuso e moedas.

Para entender mais sobre conceitos físicos, como tempo e espaço, Cosmos: A Spacetime Odyssey é uma boa sugestão. Pretende cursar ou cursa direito? Que tal umas aulas com Annalise Keating em How to Get Away with Murder? Caso você almeja ser um cirurgião de sucesso, comece a preparar-se psicologicamente com Grey’s Anatomy.

Alguns filmes também são ótimos para visualizar conceitos escolares. Lincoln e A cor púrpura são excelentes opções para visualizar a luta acerca do abolicionismo nos Estados Unidos, a Guerra Civil e a consequente segregação racial no país. Invasão à Casa Branca retrata as rixas políticas e ideológicas existentes entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte, assunto que, inclusive, tem tido bastante repercussão na mídia na atualidade. Interestelar é uma produção fantástica para entender o espaço-tempo, gravidade, entre outros conceitos da Física.

É um amante de livros?

Se a resposta foi sim, ótimo! Os livros ainda são considerados um dos maiores mecanismos transmissores de conhecimento. Existe uma infinidade de livros que podem ser usados como objeto de estudo, claro, com exceção dos didáticos.

As Veias Abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, é uma obra riquíssima de detalhes sobre a exploração nos países latino-americanos, abrangendo o período colonial, os regimes ditatoriais, e os acontecimentos marcantes nas nações até o momento da publicação do livro (1971).

A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak, contextualiza bem o período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) na Alemanha através do pensamento de que os arianos eram uma raça superior a judaica. Sendo assim, as crianças deviam se afastar de literaturas “inferiores”, que eram queimadas em fogueiras pelos oficiais nazistas. O segundo livro que a protagonista rouba em sua vida foi o que restou de uma dessas fogueiras.

1808, de Laurentino Gomes, é uma obra de leitura leve que torna a história algo gostoso de se (re)viver. O tema do livro se pauta na vinda da corte portuguesa para o Brasil, de modo a explicar os motivos que levaram à construção da nação brasileira que conhecemos hoje.

Portanto, é possível conciliar o mundo dos estudos e o geek. Para tal, devemos despertar nosso lado dionisíaco e reinventar os estudos, sem deixar, claro, de absorver os conteúdos abordados na música, série, filme ou livro. Existem infinitas outras opções geek que podem ser adequadas aos estudos e você pode deixar outras sugestões nos comentários. Agora é só pegar o notebook, os fones de ouvido, o livro, uns postites, um caderninho de anotações e uma caneca de café e mergulhar nos estudos de forma divertida e proveitosa!

Atualizações, Livros

Rick Riordan lançará mais livros de mitologias diferentes

Mas calma lá! Não é exatamente da forma que você deve estar pensando.

Dessa vez Rick Riordan não está escrevendo os três novos livros, mas sim os lançando sobre o novo selo editorial da Disney Hyperion que será administrado pelo autor, o “Rick Riordan Presents”. O novo selo trará novos livros que devem seguir a mesma linha de Riordan com heróis das mais variadas mitologias pelo mundo.

O primeiro livro a ser publicado em abril de 2018 será o da autora Roshani Chokshi que retratará uma menina de 12 anos de família indiana nascida na América que acidentalmente libertará um demônio com a intenção de despertar o Deus da Destruição. Ainda em setembro de 2018 teremos o livro de Yoon Ha Lee que irá tratar do folclore coreano e também o livro de Jennifer Cervantes que nos mostrará um garoto de 13 anos que deverá salvar o mundo e desvendar uma antiga profecia maia.

Yoon Ha Lee, Jennifer Cervantes e Roshani Chokshi

Toda a ideia de um novo selo por Rick Riordan surgiu a partir da grande quantidade de pedidos que Riordan recebe para escrever sobre novas mitologias que o autor não podia atender devido aos seus vários livros que ainda estão sendo escritos e publicados atualmente, “As Provações de Apolo” que tem seu segundo livro lançado em breve no dia 02 de maio (Confira aqui 10 Coisas que você precisa saber antes de ler As Provações de Apolo) e o terceiro e último livro de Magnus Chase e os deuses de Asgard” que será lançado em outubro, cuja capa foi divulgada recentemente e você pode conferir abaixo:

Fonte: Publishers Weekly 

it
Livros, Resenhas

Resenha: IT, Stephen King

“Todos flutuam aqui em baixo”… É assim que é conhecido It.

Essas são as últimas palavras que George Demborough ouve antes de morrer, mutilado por uma… Coisa. Uma coisa horrivel, metamorfa, que é também um palhaço chamado Pennywise.
30 anos depois, o estereótipo do palhaço monstruoso é um elemento comum nas obras de terror, mas na época foi uma novidade — e um grande susto pra quem leu e hoje diz que não consegue passar perto de um bueiro sem sentir calafrios.

“Quer um balão, Georgie?”

O livro conta a história de 7 amigos que enfrentam essa criatura macabra e quase onipotente não uma, mas DUAS vezes. São duas narrativas intercaladas: uma retrata a infância do “Clube dos Perdedores” como eles chamam a si mesmos; outra conta a história deles adultos, num segundo encontro com Pennywise, que está de volta na tenebrosa Derry.

Bill, Eddie, Ben, Richie, Stan, Bev e Michael desenvolvem uma amizade tão forte e verdadeira ao longo da história que você quase deseja ser amigo deles também. Cada um dos personagens tem personalidades marcantes e são essenciais não só para a história, mas para a construção de personagem de cada um dos outros. Eles literalmente não seriam os mesmos se não estivessem juntos.

“Talvez, pensou ele, não existam coisas como amigos bons ou ruins. Talvez existam só amigos, pessoas que ficam ao seu lado quando você se machuca e que ajudam você a não se sentir muito sozinho. Talvez valha a pena sentir medo por eles, sentir esperança por eles e viver por eles. Talvez valha a pena morrer por eles também, se chegar a isso. Não amigos bons. Não amigos ruins. Só pessoas com quem você quer e precisa estar; pessoas que constroem casas no seu coração.”

Da esquerda para a direita: Stan, Richie, Michael (atrás), Bill, Bev, Ben.

Vale a pena mencionar: Derry é maligna. Você vai aproveitar a obra bem mais se souber disso desde a primeira linha, desconfiando de tudo e todos que encontrar ao longo de suas 1104 páginas (sim, é monumental). Os protagonistas vão sentir isso na pele, ao sofrerem bullying e negligência, desde o valentão Henry Bowers até o farmacêutico Sr. Kleene. O que torna IT diferente da maioria das histórias de terror é justamente tratar de tais temas (inclusive a homofobia, o que é bastante corajoso para a época).

Outro tema da obra é o quanto você é definido pela sua infância — e principalmente pelos seus pais. Muitos medos e problemáticas dos personagens derivam de suas experiências nas suas casas, com pais controladores, ausentes, paranóicos ou até agressivos. E claro, também existe todo o lado metafórico da Coisa ( 😉 ). Um palhaço que assume a forma do que mais te assusta é uma forma genial de se tratar dos medos da infância, e como nós crescemos ao enfrentá-los. O “Clube dos Perdedores” são 7 crianças que enfrentam seus maiores medos e tornam-se adultos, seguindo suas vidas até que sejam confrontados novamente pela memória dos traumas que deixaram para trás.

Com uma narrativa envolvente, King não poupa palavras pra contar cada memória e momento crucial na construção de cada personagem central (e as vezes nem tanto) da trama. Diferente de alguns outros livros do autor, não tem muito o que cortar em IT que não fosse fazer falta de alguma maneira. Se no final do livro você estará vibrando pelos personagens e temendo por eles (ou, no caso de Henry Bowers, odiando), é justo pelo tempo que você passa acompanhando eles ao longo de sua jornada.

A esse ponto você já deve ter percebido que IT não ficou famoso por nada. Gostando ou não, é difícil contestar as qualidades técnicas e artísticas da obra, que consegue ser muito mais que um livro de terror: é uma história sobre crescer, e sobre a vitória do amor sobre o medo.

E também sobre um palhaço metamorfo assassino.

Tomando banho com o crush

Se você gostou, confere aqui o trailer do filme baseado na obra que vai sair em setembro de 2017, e o da adaptação original para a TV de 1990 aqui. Não esquece de compartilhar o texto! 😉

Imagem retirada do acervo: AmeopoemA
Colunas, Livros

Poesia Marginal: da Geração do Mimeógrafo dos anos 70, aos Zines xerocados de hoje – Estação AmeopoemA

O que você anda lendo? Gosta de Poesia? Vou além… você sabe o que é Poesia Marginal? Sabia que o grande cenário poético atual não figura nas grandes editoras, não está nas prateleiras das grandes livrarias e você pode ter acesso a esse material riquíssimo nos perfis e páginas das mídias sociais, saraus, bares, esquinas e que o Fanzine, ou, mais precisamente o Zine, na maioria das vezes, é a primeira publicação desses poetas e poetisas? Perguntas, perguntas e mais perguntas. Calma! Se você já sabe de tudo isso, sei que tem lido muita coisa boa, já você que não sabe, agora vai ficar sabendo e te garanto que vai curtir a coluna, pois um dos meus propósitos aqui no Beco Literário é tratar sobre a Literatura Marginal e seus agentes mais contemporâneos e atuantes, portanto já que vamos tratar de poesias e zines, adianto que esta publicação artesanal perde o prefixo “fã” quando não há objetivo de homenagear um determinado “ídolo” e passa a ser uma publicação autoral, ou que trate de um tema que não tem a ver com homenagem a uma determinada figura pública, por isso, aqui trataremos dos Zines.

A Literatura Marginal foi assim conceituada na década de 70 e tem como principais autores dessa época, Leminski, Torquato Neto, Chacal entre outros. Óbvio que muitos não chegaram sequer a serem conhecidos publicamente. Digamos que, para cada poeta que tem seu trabalho reconhecido, dez moleques saem da várzea para o Futebol profissional, uma estatística exagerada que criei aqui para dar a dimensão da enrascada que era/é se meter a escrever objetivando algum lucro nisso, por menor que seja. No meu caso de maior sucesso, já recebi umas cervejas em troca de um, ou outro livro meu e não há demérito nisso, que fique claro. Voltando ao nosso assunto, a Literatura Marginal influenciou toda uma geração de artistas no Brasil, não só na própria Literatura, mas também na Música, Dança, Artes Plásticas e demais linguagens artísticas, porém como nosso enfoque aqui são os zines de poesia, vamos dizer que esses são netos dos livretos produzidos artesanalmente pela “Geração do Mimeógrafo”, que ficou assim conhecida por conta dos livros produzidos e reproduzidos naquele trambolho em que na década de 70, 80 e 90 rodavam as provas escolares da galera da minha geração e gerações anteriores. No média – metragem “A Lira Pau – Brasília: A Geração do Mimeógrafo e os Poetas Marginais de Brasília na Ditadura Militar”, Nicolas Behr diz: “a Geração do Mimeógrafo tirou o terno e a gravata da poesia”. Talvez eu não tenha ouvido, ou sequer imaginado, uma definição melhor para a poesia marginal e, para você que não sabe do que é,  pergunte aos seus pais o que era esse tal “mimeógrafo” que eles, certamente, vão dar uma risadinha dizendo: “É… na minha época blá… blá… blá.” Eu confesso que quando tive contato com um, cheirei tanto álcool que rolou uma onda, sem exagero.

Como se faz e o que são os Zines?
São diversas as possibilidades de confeccionar Zines. Podem ser manuscritos, digitados, impressos e xerocados. Há uma série de técnicas para estilizar cada livreto, ou folheto, o autor “zineiro”, escolhe como prefere, enfim. Eu conheci o Zine e fiz o meu primeiro no ano de 2007, quando estudava no Centro do Rio de Janeiro e lá mesmo dobrava uma folha de papel A4, escrevia uns poemas e xerocava para vender, ou mesmo trocar pelo que rolasse, geralmente aceitava uma contribuição espontânea só para pagar a xerox mesmo. Hoje, dez anos depois, as coisas mudaram um pouco, porém a essência continua a mesma e cada vez mais os zines vão ganhando modelos, materiais e formatos diferentes, os mais comuns são de poesias, mas também se encontra com contos, quadrinhos e outros gêneros literários e uma das galeras mais resistentes desse cenário é o pessoal do “AmeopoemA”, que tem ponto entre a porta do Centro Cultural Banco do Brasil  e Cinelândia. Nelson Neto, Shaina, Dy Eiterer, Sidney Machado, Paulinho, Rômulo Ferreira, Luiz Silva e outras figurinhas fáceis por ali já ofereceram suas poesias para milhares de pessoas naquele local. Segundo Rômulo Ferreira, o movimento é:

Acervo: AmeopoemA

Grupo de leitura e proliferação poética e artística!

Criado em junho de 2010, a partir de uma forma física que era o  ZINE AMEOPOEMA, veio a vida  este grupo que tem a intenção de facilitar a proposta de ser lido e divulgar os trabalhos de amigos e desafetos!

Temos três formas de espalhar poesia pela cidade:

1-    Zine mensal impresso AMEOPOEMA, que está em sua 47 edição.

2-    Sarau AMEOPOEMA, rede de leitura e troca de ideias em praças públicas de todo o território nacional.

3-    Página em rede social, onde todo autor e leitor podem interagir de forma mais direta.

Criado por Rômulo Ferreira e Bárbara Barroso. O AMEOPOEMA, vem atuando de forma independente e sem ajuda de custos de lei alguma, vivemos basicamente da colaboração de amigos e alguns passantes de onde os eventos acontecem.”

Eu, Guarnier, este humilde poeta, já os considero parte do imaginário poético daquele canto da cidade e um dos patrimônios do Centro do Rio, portanto você que vier dar uns roles por aqui, tem que passar lá, comprar seu zine e beber dessa poesia, já para você que nem pretende pisar estas terras, mas que gostaria de conhecer o trampo, é só dar uma conferida na página do Facebook deles que deixarei no final da coluna.

Link da página do AmeopoemA: https://www.facebook.com/ameopoema/?fref=ts