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Crítica: Big Little Lies (2017)

(Este texto contém spoilers.)

Baseada no livro de mesmo nome da autora Liane Moriarty. Roteiro por David E. Kelley. Dirigido por Jean-Marc Vallée. Elenco principal: Reese Witherspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, Zoë Kravitz, Laura Dern, Alexander Skarsgård, Adam Scott, James Tupper e Jeffrey Nordling.

Com um olhar superficial, Big Little Lies pode parecer fútil ou até uma versão cult de mulheres ricas, mas não se engane, há uma narrativa poderosa que se revela entre vidas supostamente perfeitas. O plot inicial da minissérie acontece a partir da premissa “alguém morreu”, e o desenrolar dos episódios trazem eventos envolvendo moradores locais da pequena cidade costeira de Monterey, na Califórnia. Dentro desses eventos estão, além de um assassinato misterioso, violência doméstica, estupro e uma sociedade que se alimenta do drama alheio. Na montagem, Jean-Marc Vallée utiliza a investigação policial para traçar o que pode ter desencadeado o homicídio, e ao que todos indicam, tudo começou quando a filha de Renata (Laura Dern), Amabella (Ivy George), aparece com hematomas de estrangulamento após o primeiro dia de aula, começando o processo de culpabilização da criança suspeita de tal ato. Daí em diante tem-se o crescimento individual de cada personagem e que irá levar ao desfecho do conflito principal, o assassinato, criando através dessa espera uma tensão crescente em cada episódio.

Com uma trilha sonora que merece ser ouvida separadamente (já tem playlist no Spotify, inclusive), contando com bandas/artistas como Babe Ruth, Frank Ocean, Alabama Shakes, PJ Harvey e Neil Young, a música em Big Little Lies desempenha um papel de mediadora dos sentimentos e conflitos dos personagens. Não é atoa que as músicas que Jane Chapman (Shailene Woodley) ouve quando sai para correr são Bloody Mother Fucking Asshole da Martha Wainwright e Hands Around My Throat da banda Death In Vegas. Da mesma forma, é de se espantar, por exemplo, que a personagem com o melhor gosto musical da série seja Chloe (Darby Camp) a filha de 6 anos de Madeline (Reese Witherspoon). Sendo que algumas vezes ela mesma introduz as músicas na cena, conferindo uma boa fluidez entre a trilha sonora e a própria narrativa.

É impossível não entrar na discussão feminista ao assistir Big Little Lies, já que cada arco narrativo traz, em diferentes níveis, uma reflexão sobre o papel da mulher na sociedade. Dessa forma, tem-se na personagem de Renata o exemplo das mães que não abdicaram da profissão em prol da família, rejeitando o modelo pronto de que o único trabalho da mãe é cuidar dos filhos/da casa e, em consequência, os olhares enviesados da sociedade a respeito de tal prática; já Madeline apresenta uma imagem de mulher forte que não hesita em expressar seus pontos de vista e brigar por aquilo que acredita, sendo rotulada por muitos como encrenqueira; Bonnie (Zoë Kravitz), ainda que sendo muito jovem, incorpora o papel de uma mulher mais desconstruída a respeito ao mundo; Jane (Shailene Woodley) mostra o trauma psicológico irreparável de uma vítima de estupro; e Celeste (Nicole Kidman) representa o difícil papel da mulher que se encontra em um relacionamento abusivo e o conflito da mulher que é constantemente agredida e abusada por seu parceiro.

Além de tudo isso, encontramos uma sociedade de aparências que revela, embaixo de vidas lindas e perfeitas, um oceano profundo e escuro que esconde mentiras e problemas sociais. Nesse sentido, há cenas que Celeste – apesar de ainda ter hematomas da violência do marido em seu corpo – é vista colocando várias fotos da família no Facebook, em uma tentativa de sustentar a aparência de vida feliz e completa com uma família linda e um marido atencioso e cheio de amor. Mas relacionamentos abusivos não são baseados em amor, há controle, há violência, há machismo na sua forma mais comum, mas não há amor, de forma alguma. Perry (Alexander Skarsgård) pode ser extremamente carinhoso, gentil e atencioso com Celeste, mas somente após deixá-la com vários hematomas. Isso não é amor, isso é tortura. Mesmo quando Jane confessa às amigas o seu caso de abuso, Celeste mantém a máscara, muito embora tenha sido um ponto catalisador para reconhecer que, assim como Jane, também é uma vítima. A partir daí temos uma sequência complexa, apresentando a parte mais difícil de se estar em um relacionamento abusivo: reconhecer que se está nele. Assistimos pouco a pouco, episódio a episódio, a evolução de Celeste, o reconhecimento da sua posição nessa relação e a sua possível influência na criação de seus filhos.

Em oposição ao clima de hipocrisia da sociedade de Monterey, Jane Chapman entra na história para romper com o padrão: jovem, solteira, um filho pequeno e uma vida simples (financeiramente falando). O contraste da personagem pode ser percebido através das cores do seu figurino, enquanto as outras mulheres usam roupas coloridas ou em tons claros, Jane varia entre preto, cinza ou tons escuros. Há um ar de mistério carregado pela personagem, que acaba revelando mais tarde que seu filho Ziggy (Iain Armitage) é fruto de um estupro. Sem tempo de processar o que aconteceu, um dia Jane era vítima, no outro ela já era mãe. Sem procurar as autoridades, nem ajuda psicológica, a personagem tenta enterrar a memória e os sentimentos provenientes desse abuso, e sua forma de lidar com a situação é dormir com uma arma embaixo do travesseiro. Desde o primeiro episódio, durante sua rotineira corrida, já são introduzidas cenas de flashback em que Jane corre na praia, perseguindo pegadas na areia. Mais tarde esses flashbacks serão mesclados com cenas imaginadas, Jane passa a perseguir um homem, e quando o alcança, pega sua arma e atira. Os cortes secos na transição entre as cenas reais e imaginadas conferem um tom de pensamento incontrolável. Essas sequências aparecem [quase] sempre quando a personagem sai para correr ou a noite antes de dormir, momentos em que deixa o pensamento se soltar e vagar livre, e é compreensível que o único lugar onde a mente de Jane a leva é até o seu agressor.

Ao som de You Can’t Always Get What You Want dos Rolling Stones, o último episódio, intitulado “You Get What You Need”, traz o triunfo das mulheres. A revelação de que Bonnie matou Perry apresenta, de forma metafórica, que o modo de ultrapassarmos as barreiras da sociedade patriarcal é através da sororidade. Nossa melhor defesa contra o machismo se encontra na relação que nutrimos entre nós mesmas. Nós nem sempre conseguimos o que queremos, mas o que precisamos, definitivamente, é reconhecer que juntas somos mais fortes.

(Apesar de falar de temas importantes na pauta do movimento feminista e ser baseada em um livro escrito por uma mulher, tanto o diretor quanto o escritor da série são homens. Vale a pena a reflexão a respeito de uma obra audiovisual que prega o empoderamento e a sororidade não usar a oportunidade para fazer o mesmo. É sabido que há um aumento no número de mulheres no audiovisual, sobretudo na área de direção e roteiro, mas ainda assim, este número continua pequeno. Na produção nacional, por exemplo, segundo levantamento da Ancine, das 2.583 obras audiovisuais registradas ano passado na agência apenas 17% foram dirigidas e 21% roteirizadas por mulheres.)

(E falando em feminismo, Big Little Lies passa no Bechdel Test.)

guardiões da galáxia 2
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Utilidade Pública: “Guardiões da Galáxia Vol. 2” tem cinco cenas pós-créditos

Tá chegando a hora de conferir a nova missão dos Guardiões da Galáxia nos cinemas. E, como já é lei nos filmes da Marvel, o filme terá não só uma, mas CINCO CENAS pós-créditos! A informação foi confirmada no Twitter do diretor James Gunn. São quatro cenas extras e um easter egg de Thor: Ragnarok, que estreia em novembro.

Além disso, o diretor anunciou nas redes sociais que também estará no comando da sequência, Guardiões da Galáxia Vol. 3.

Em Guardiões da Galáxia Vol. 2, a recém-formada equipe de mercenários parte numa jornada para desvendar a verdadeira ascendência do Senhor das Estrelas, Peter Quill. No elenco, Kurt Russell e Sylvester Stallone se juntam aos veteranos Chris Pratt, Zoe Saldana, Dave Bautista, Bradley Cooper e Vin Diesel.

As sessões para imprensa já começaram ao redor do mundo e as reações têm sido bastante favoráveis. O filme estreia nos cinemas brasileiros em 27 de abril.

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Girlboss, nova série da Netflix

Girlboss, é a nova série que estréia na Netflix neste mês de abril. Se você já estava com saudade de uma série que fala de moda, lifestyle com uma pitada de romance e muita inspiração, prepare -se para virar fã.

Se você ainda não conhece “Girlsboss”, vem comigo: prometo não dar spoilers. Inspirado no livro de mesmo nome, “Girlboss” é a autobiografia de Sophia Amoruso.

Sem rumo, sem dinheiro e com um emprego que não a deixava feliz. Sophia sabia que algo precisava mudar. Aos 22 anos começou a vender roupas vintage no eBay, e pouco tempo depois migrou para seu próprio site de e-commerce. A marca de roupas de Sophia, a Nasty Gal, cresceu tanto que chegou a valer 100 milhões de dólares, e a empregar mais de 350 funcionários.

Apesar da série ter uma pegada voltada para moda, ela também passeia por outros assuntos. Prova como ser bem-sucedido não tem nada a ver com popularidade; e sim sobre como seguir seus próprios instintos.

Cuide das coisinhas pequenas – até as que você odeia- e as trate como promessas para o seu próprio futuro. Logo, você vai ver que o destino favorece os audaciosos que põem a mão na massa. – Sophia Amoruso.

Além de muita inspiração fashion, a série  promete ser uma história inspiradora e envolvente para quem está em busca do caminho para o seu próprio sucesso.

https://www.youtube.com/watch?v=WOUAKDHZtZY

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Shadowhunters pode ter sido renovada secretamente

Segundo o site SpoilerTV a série Shadowhunters pode já ter sido renovada para a sua 3ª temporada secretamente pela Freeform. Veja o anúncio a baixo:

SpoilerTV teve o conhecimento que a Freeform silenciosamente renovou Shadowhunters para uma terceira temporada e já temos as supostas datas de produção.

Esperamos um anúncio oficial seja feito nos próximos dias.

Início da produção: 14 de agosto de 2017
Final da produção: 18 de maio de 2018

Vale lembrar a todos que até o presente momento nenhum anúncio oficial foi feito com a confirmação da renovação da série, no entanto, o site SpoilerTV é um site de confiança, o que nos leva a crer que muito em breve teremos a confirmação.

Atualmente a série encontra-se em fase de filmagens da sua Season 2B que chegará aos fãs no dia 05 de julho no canal Freeform e no dia 06 na Netflix. Confira abaixo a sinopse da S2B:

Shadowhunters” retornará para a segunda metade da 2ª temporada com os caçadores de sombras e seres do submundo lidando com os desdobramentos do que aconteceu no Instituto de New York na finale da S2A. À medida que a distância entre os dois lados cresce, a equipe e seus amigos e amantes seres do submundo são colocados no meio da perigosa divisão. Divididos entre as regras da Clave e o que eles acham que é o certo, Clary, Jace, Alec e Isabelle lutam para ajudar a forjar um novo começo. Os relacionamentos serão testados, um novo caçador de sombras chamado Sebastian se juntará a luta e a Rainha Seelie sairá das sombras na S2B de “Shadowhunters”.

Atualizaremos o post com a confirmação oficial assim que possível.

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Confira o trailer da segunda temporada de Sense8

Depois de uma primeira temporada maravilhosa e um especial de natal pra matar a saudade, finalmente está chegando a hora da segunda temporada de Sense8! Confira o trailer:

No trailer para a segunda temporada da série das irmãs Wachowski, percebemos que o grupo irá encontrar desafios mais complexos pela frente, mas lembrando do ponto principal da narrativa, que é a união de pessoas completamente diferentes (e distantes) com o objetivo de vencer confrontos internos e externos. Também podemos ver cenas dos protagonistas na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, o que torna Sense8 ainda mais especial pra gente, né?

A segunda temporada promete reforçar uma das mensagens mais importantes da série, como um chamado aos espectadores diante de acontecimentos tão controversos da nossa realidade, Nomi diz: “sua vida é definida pelo sistema ou pelo modo como desafia o sistema”. É hora de resistir.

A segunda temporada de Sense8 estará disponível para streaming no dia 5 de maio.

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Trailer de Thor: Ragnarok surpreende com visual retro

ACHAMOS O HULK! O primeiro trailer de Thor: Ragnarok chegou com tudo, e nele a gente vê rostos novos e alguns bem familiares. Se você ainda não viu, dá uma olhada:

http://https://www.youtube.com/watch?v=evNPs9jhaz0

Aparentemente, a viagem do gigante esmeralda acabou com ele capturado e usado como gladiador num tipo de torneio em Asgard. Isso alguns fãs já haviam teorizado, mas aqui vemos Hulk em armadura e pronto para lutar pela primeira vez. Para quem estava na expectativa de um embate entre ele e Thor, isso deixa as expectativas lá em cima!

Sem dúvida, o visual e o tom do filme tão bem diferentes dos filmes anteriores do deus do trovão. Quem assistiu “Guardiões da Galáxia” vai reparar nas semelhanças na estética dos dois filmes. Dá pra perceber que o trailer exala uma vibe retro até na trilha sonora ao som de “Immigrant Song“, do Led Zeppelin; quem curte reparar na parte artística dos filmes vai reparar que o design das naves e das criaturas também tem um quê oitentista. Além disso tudo temos rostos novos: o Grandmaster e Hella, dois personagens já conhecidos dos quadrinhos que entram agora para o universo cinematográfico da Marvel.

O Grandmaster é um vilão do universo Marvel conhecido por organizar torneios onde diversos personagens do universo se enfrentam. Ele já apareceu em HQ’s, animações e videogames, e agora parece que terá um papel importante no torneio mostrado no trailer.

Hella, assim como o próprio Thor, é uma asgardiana que os quadrinhos trouxeram da mitologia nórdica; ambos se enfrentaram diversas vezes nos quadrinhos desde sua primeira primeira aparição em 1964. Ela é a “rainha do inferno”, e na mitologia é também a filha de Loki. Ainda não se sabe se esse último detalhe será adicionado à trama do filme.

Thor: Ragnarok estréia nos cinemas em 2 de Novembro.

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Primeiro documentário original da Netflix no Brasil será sobre Laerte

Laerte-se será o primeiro documentário original da Netlix no Brasil e estará disponível para streaming em 19 de maio. Segundo a Netflix, a obra pretende abordar questionamentos a respeito da vida, da carreira e da transformação da cartunista Laerte Coutinho, uma das figuras mais criativas do país.

Laerte viveu quase 60 anos como homem, com três filhos e três casamentos, para então se redescobrir como mulher. Partindo de questionamentos de Laerte sobre o mundo feminino por meio do registro de intimidades e do cotidiano da cartunista, o documentário promete desenrolar uma série de discussões sobre o que é, afinal, ser mulher.

Produzido pela Tru3Lab para a Netflix, Lygia Barbosa da Silva e Eliane Brum assinam a direção do documentário, com roteiro da dupla junto a Raphael Scire. A produção executiva é de Alessandra Côrte e Lygia Barbosa da Silva.

Quem ficou ansioso pra conferir Laerte-se, uma boa dica é assistir outro documentário que a cartunista já participou e que aborda um tema semelhante, Lampião da Esquina (2016). Dirigido por Lívia Perez e Noel Carvalho, o documentário conta a história do jornal “O Lampião”, inspirado no jornal norte-americano “Gay Sunshine, que surgiu no Brasil em abril de 1978, em plena ditadura, retratando o ponto de vista dos homossexuais sobre diversas questões, inclusive a sexualidade.

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As visões da Raven: mais informações sobre o spin off

 

As visões da Raven foi uma série cômica de TV, produzida entre 2003 e 2007 pela Disney Channel. A história contava sobre a vida de Raven Baxter, uma jovem com poderes de prever o futuro. Junto com seus amigos, Chelsea e Eddie, ela vivia muitas aventuras nas quais suas visões sempre geravam grandes confusões.

Aqui no Brasil, a série foi transmitida pelo SBT, sendo um dos seriados da Disney com maior número de telespectadores e melhores avaliações.

Nove anos após o fim da quarta e última temporada, o retorno da série foi anunciado pela atriz Raven Symoné, depois de uma foto postada em seu twitter. A atriz, que apresenta o talkshow “The View”, terá que deixar a apresentação do programa para retornar as gravações. Sobre isso, ela assumiu:

Estou feliz e triste, mas acima de tudo animada.

A continuação da série ganhará o nome de “Raven’s Home”, algo como “Casa da Raven”. Na qual, Raven já divorciada e mãe de gêmeos, 11, dividirá a casa com sua melhor amiga Chelsea e o filho dela de 9 anos. Ao que parece, um dos gêmeos herdará o dom da mãe e começará a ter visões do futuro. Retomando assim a linha de comédia e aventuras que a série possuía.

A estréia está prevista para o segundo semestre desse ano, pela Disney Channel.

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Confira o trailer de Chasing Trane: The John Coltrane Documentary

Chasing Trane: The John Coltrane Documentary, escrito e dirigido por John Scheinfeld, pretende trazer uma boa discussão a respeito da grandiosidade de Coltrane na música. Confira o trailer:

O comentário de Carlos Santana ao final do trailer resume em palavras o legado da música de Coltrane: some people play jazz, some people play reggae or blues, he played lifeJohn William Coltrane, além de saxofonista e compositor, foi um ser capaz de iluminar os caminhos do jazz e da expressividade musical, deixando uma marca tão forte na música que 50 anos após sua morte ainda podemos sentir sua presença de forma vívida no jazz contemporâneo.

O documentário irá explorar a vida e carreira do ícone do jazz através de entrevistas com nomes bem conhecidos do público, tais como os representantes do jazz Wayne Shorter, Sonny Rollins e Reggie Workman; lendas do rock como Carlos Santana e John Densmore; jovens artistas como Common e Kamasi Washington; o crítico Ben Ratliff e o filósofo Cornel West. Em vida, Coltrane fez pouquíssimas entrevistas de rádio e nunca foi entrevistado na televisão, por isso Denzel Washington empresta sua voz para interpretar alguns escritos do próprio Coltrane.

Chasing Trane: The John Coltrane Documentary estreia em abril nos Estados Unidos e ainda não tem datas de estreia para o Brasil.

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Entre na hype para IT, o novo filme de Stephen King

“Do que você tem medo?”

Essa é a pergunta que o trailer de “It” (2017) deixou na cabeça dos espectadores. O filme, adaptação do livro de Stephen King lançado em 1986, tem tudo a ver com os medos de cada um: a Coisa, como It é traduzido em português, é uma criatura que pode se mostrar como seu maior medo, mas normalmente aparece na forma do assustador palhaço Pennywise.

Na trama, acompanhamos um grupo de crianças que se veem perseguidas pela misteriosa entidade metamorfa e juntam-se para enfrentá-la.

O livro tornou-se um clássico do terror pouco tempo após ser lançado, com personagens cheios de vida e temas relevantes, além de deixar as gerações futuras com um gostinho de Coulrofobia (medo de palhaços). Quatro anos depois, uma minissérie de TV em dois episódios foi lançada. Muita gente conheceu Pennywise nessa versão, que divide opiniões até hoje. Em setembro desse ano, uma nova adaptação chegará ao cinema numa versão muito mais assustadora. Confira agora uma análise da minissérie original e do trailer do filme (a minha resenha do livro você encontra aqui, e a do Rodrigo Batista aqui) e saiba o que esperar.

It (1990)

A primeira adaptação segue a linha narrativa do livro, que vai e volta nas memórias dos protagonistas. Acompanhamos Bill, Eddie, Richie, Michael, Stan, Bev e Ben como crianças e como adultos, nas décadas de 50 e 90 respectivamente. Mesmo sem utilizar recursos comuns na filmografia atual, como alternar entre temperatura de cores para separar passado e presente (visto em “13 Reasons Why”), as distinções entre passado e presente são claras por mais do que só a mudança de elenco. Toda a cenografia, com carros antigos e figurino adequado, deixa a transição bem natural.

O roteiro adapta várias cenas marcantes do livro, mas ainda assim muita coisa fica de fora. Apesar disso, ainda é possível se apegar aos personagens; Richie Tozier, meu personagem favorito, foi maravilhosamente representado por Seth Green (criança) e Harry Anderson (adulto). Não é o caso, porém, de outros atores do elenco. Muito embora todos tenham histórias comoventes e sejam bastante amáveis, as atuações não são sempre boas. Em geral, as crianças convencem mais em seus papéis do que os adultos, com exceção de Berverlie, que tem Annete O’Toole no papel adulto em um ótimo desempenho.

Os efeitos especiais, mesmo para a época, poderiam ser muito melhores. Filmes como “Star Wars” (1977) ou “De Volta Para o Futuro” (1985) mostram como. Apesar disso, a maquiagem de Pennywise (Tim Curry) transforma o ator e o deixa pronto para qualquer cena. Curry mostra ser um mestre das expressões faciais — o que é essencial, já que elas são o recurso mais utilizado para criar a atmosfera tenebrosa ao redor do personagem.

Em geral, é uma boa adaptação com alguns problemas técnicos. A maior questão é: seja pela produção ser antiga ou por opção do diretor, vários elementos popularizados pelo terror moderno não são utilizados. Jumpscares, antecipação, o silêncio estratégico: nenhum desse elementos está presente. Mesmo assim, o filme consegue passar uma atmosfera tenebrosa, que deixou muita gente com receio de palhaços (e bueiros) por um bom tempo.

It (2017)

Adaptado para uma geração muito mais exigente em termos técnicos, o novo IT parece sombrio. Se você não viu o trailer ainda, dá uma olhada aí embaixo.

https://www.youtube.com/watch?v=Lgvq9RgCKmQ&t=17s

MA-CA-BRO. A cena em que Pennywise aparece no projetor, surgindo a partir da mãe de Bill é sinistra, e se o filme tiver esse tom, os fãs estão em boas mãos.

Para essa adaptação, foi decidido reformular a narrativa. A história será dividia em dois filmes; O primeiro contando apenas o primeiro encontro do “Clube dos Perdedores” com a Coisa, e o segundo filme mostrando o seu retorno. A produção vai trazer a história de 50/90 para 80/presente, numa vibe bem “ET” e “Stranger Things”.

Apesar de detalhes estéticos alterados, o mais notório sendo o visual de Pennywise, o escopo maior da adaptação parece satisfatório; algumas formas da Coisa que foram cortadas na minissérie de 1990 retornarão, como “o leproso”. Essa forma é o maior medo de Eddie, que tem uma mãe paranoica com saúde. Uma dúvida é se o filme mostrará a relação das crianças com seus pais; no livro esse é um tema importantíssimo, e a adaptação deixou-o de lado (inclusive fazendo uma adaptação bizarra onde a mãe de Eddie faz o breve papel que, no livro, é de sua esposa).

Importante mencionar que a classificação indicativa foi confirmada como R (+18). Seria difícil contar a história apropriadamente sem isso, e é importante que o filme pegue carona na coragem de filmes como “Logan” (2017), que não se preocupou em segurar a mão para mostrar como o Wolverine realmente é: um reflexo da natureza humana que, apesar de sua violência intrínseca, é capaz de bondade. IT vai mostrar um embate colossal entre a pureza da infância e seus medos mais profundos — e vai fazer isso de um jeito assustador.

IT estréia nos cinemas em 8 de setembro de 2017.