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CRÍTICA: Animais fantásticos: Os crimes de Grindelwald (2018)

Animais fantásticos: Os crimes de Grindelwald chega hoje aos cinemas. Algumas sessões foram disponibilizadas entre os dias 13 e 14 e foi em uma delas em que o Beco esteve e traz tudo o mais rápido possível para vocês. Depois de 2 anos, o que esperar da continuação da nova franquia de J.K. Rowling?

Começamos o filme com Grindelwald preso no MACUSA, a espera de sua transferência para o Reino Unido, onde será julgado e enviado para Askaban. Claro que ele consegue fugir ou não teríamos mais filmes e a Segunda Grande Guerra Bruxa teria terminado por aí. Porém, como bem já sabemos pelos livros e filmes de Harry Potter, a franquia original, Grindelwald e Dumbledore têm sua grande luta, onde o futuro diretor de Hogwarts se torna o dono da Varinha das varinhas, então, não sabemos em qual dos próximos filmes isso vai acontecer, mas vai.

Voltando a Animais Fantásticos 2, Newt Scamander continua sendo o nosso herói lufano que, acusado de tentar salvar o Obscurial em Nova Iorque durante o primeiro filme, está impedido de sair de Londres. Vamos aqui dar uma atenção especial a pitoresca casa do Newt: um sobrado tipicamente britânico até você chegar no porão, onde um imenso santuário para criaturas mágicas contendo vários habitats diferentes nos mostra que nosso magizoologista não desistiu de sua missão.

Jacob, Tina e Queenie estão de volta junto com uma gama de novos personagens. Conhecemos Teseu, o irmão de Newt, e Leta, seu antigo amor que agora está noiva de seu irmão (tenso!). Viajamos para Paris atrás de Credence e temos a primeira grande revelação do filme: Nagini. Ela já apareceu no trailer e não há mais surpresa na sua maldição sanguínea que a condenará um dia a ser uma cobra para sempre (como sabemos bem). Ainda não há traços de maldade na jovem Nagini, então não tem como saber como ela virou aliada de Voldemort no futuro, mas talvez, isso será esclarecido mais para frente.

Como já foi especulado, nesse segundo filme fica mais provado que cada um se passará em um lugar diferente. Nova Iorque, Paris… Será que o próximo será no Brasil? Infelizmente, não apareceu nada sobre Beauxbatons como eu estava esperando, e o Ministério da Magia francês só passa rapidamente em uma cena, então, não tem como vermos muito a respeito. O ano é 1927 e a cidade não parece muito diferente da Nova Iorque do primeiro filme, não aparece nem a Torre Eiffel. O máximo de diferente vai ser o equivalente ao Beco Diagonal francês, onde fica o circo em que Credence e Nagini estão presos até conseguirem fugir no início do filme.

Em geral, o filme é ótimo, levando em conta o roteiro original, os efeitos especiais, trilha sonora, ação, romance, e claro, o universo de Harry Potter que nunca deixa de surpreender. Porém, comparado com o primeiro filme, pecou um pouco na falta de conteúdo. A impressão que temos é que Animais fantásticos: Os crimes de Grindelwald é um filme intermediário que está ali somente para nos introduzir aos próximos episódios.

Muitas apresentações de personagens novos, histórias de famílias e uma preocupação enorme com cenas de ação tiraram a fluidez e dinâmica tão presente em Animais fantásticos e onde habitam. Tudo se resume a “onde está Credence?” Os crimes de Grindelwald que é bom, nada. Depois de assistir o filme, o título fica meio sem sentido e nos perguntamos que crimes foram esses? Ele fugiu do Ministério, claro. Matou alguns aurores… Mas, fora isso, vemos um Grindelwald político tentando recrutar bruxos através de uma boa argumentação e um grande poder de persuasão, o que fez o MACUSA até retirar sua língua durante a custódia devido a sua facilidade em recrutar os guardas. Grindelwald realmente acredita que está certo e que tudo está sendo feito para um bem maior e consegue convencer muita gente disso. Nada muito diferente do que já vimos acontecer durante a nossa História.

Animais fantásticos: Os crimes de Grindelwald chega aos cinemas hoje (15/11) com aproximadamente 2 horas de filme e trazendo uma produção excelente, mas nada tão demais como se era esperado depois de 2 anos de expectativa.

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Crítica de Cinema: Millennium: A Garota na Teia de Aranha

Há sete anos, chegava aos cinemas a versão de David Fincher (diretor de Se7en e Clube da Luta) para a saga Millennium, concebida por Stieg Larsson (1954-2004). Com Rooney Mara (Carol) e Daniel Craig (007 contra Spectre) no elenco e roteiro de Steven Zaillian (A Lista de Schindler), Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres foi aclamado pela crítica e, naturalmente, se esperava uma sequência pelas mãos de Fincher. Porém ela não veio.

Após a morte de Stieg Larsson, David Lagercrantz foi escolhido para dar continuidade à série, escrevendo até o momento mais dois volumes. Pois bem, após três filmes suecos que lançaram a atriz Noomi Rapace (Prometheus) ao estrelato e a versão americana de Fincher, chega aos cinemas Millennium: A Garota na Teia de Aranha, inspirado no livro homônimo de Lagercrantz

Na direção, sai David Fincher e entra Fede Alvarez (diretor de O Homem nas Trevas e da nova versão de A Morte do Demônio). Claire Foy (The Crown) assume o papel da hacker justiceira Lisbeth Salander no lugar de Rooney Mara, e Sverrir Gudnason (Borg vs. McEnroe) substitui Daniel Craig como o jornalista Mikael Blomkvist. Diante de tamanha responsabilidade, a nova equipe não faz feio.

Sem deixar claro se é um reboot ou uma sequência, Millennium: A Garota na Teia de Aranha funciona bem como ambos. Na trama, Salander é contratada por um analista da NSA, Frans Balder (Stephen Merchant, de Logan), para recuperar um programa capaz de controlar todo o arsenal nuclear do mundo. Poderia ser uma missão simples, se um perigoso grupo criminoso, denominado “Os Aranhas”, não estivesse em busca do mesmo software.

(Divulgação/Sony Pictures)

(Divulgação/Sony Pictures)

É evidente a mudança no tom entre os filmes de Fincher e Alvarez. Se no primeiro Millennium a história se desenrolava lentamente, com mais profundidade, o novo filme abraça uma trama mais ágil, enxuta e menos subversiva. A estratégia funciona, e tem tudo pra agradar uma parcela do público mais acostumada com filmes de ação, mas tem seu preço. Os personagens secundários não passam de meros coadjuvantes. E o principal prejudicado é Mikael Blomkvist. Se antes o jornalista dividia o posto de protagonista ao lado de Salander, agora o personagem é apenas um assistente da hacker.

Em contrapartida, Claire Foy não decepciona com sua versão de Lisbeth Salander. É um risco enorme assumir uma figura tão emblemática, ainda mais depois de Rooney Mara ter sido indicada ao Oscar pelo mesmo papel. Porém, com seu olhar expressivo e encarnando o sotaque e os trejeitos da personagem, Claire Foy surpreende e entrega uma Salander com nuances diferentes das exploradas por Mara e Rapace, sem deixar de ser fiel aos livros.

O uruguaio Fede Alvarez entrega uma direção segura, que reverencia na medida o trabalho de David Fincher, como no contraste de luz e sombra e na fotografia de cores mais frias, por exemplo. Mas também dá seu toque autoral, com movimentos de câmera mais subjetivos, cortes rápidos nas cenas de ação e uma atmosfera de suspense e tensão muito bem construída.

Como filme de ação e investigação, Millennium: A Garota na Teia de Aranha cumpre o seu papel. Mesmo deixando pra trás parte do seu viés erudito e abraçando o cinema de entretenimento, o saldo é positivo. Mais acessível, o filme promete conquistar novos fãs. E se o desempenho nas bilheterias for satisfatório, é provável que Lisbeth Salander retorne para uma nova missão em breve.

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Crítica: Os invisíveis (2018)

Estreia hoje em alguns cinemas pelo país Os invisíveis, um filme alemão que fala sobre o nazismo. Depois de algum tempo, já se sabe que muitos alemães não concordavam com as decisões de Hitler e, uma delas, era o genocídio judeu. Este filme fala sobre um assunto que pouco foi tratado até então, os judeus que permaneceram escondidos em Berlim durante o massacre e tiveram que se tornar invisíveis.

Em junho de 1943, o governo declarou Berlim livre de judeus, porém, 7 mil continuaram escondidos, e destes, 1,5 mil se salvaram. Entre eles, conhecemos a história de quatro jovens que, com muita coragem, esperteza e ajuda de alemães que eram contra o regime, viveram até o fim da guerra escondidos no meio da multidão.

O filme intercala dramatização e depoimentos dos quatro judeus já idosos dando detalhes do que viveram e sentiram enquanto lutavam por suas vidas, o que dá mais emoção quando assistimos as cenas. É quase como se pudéssemos sentir o cheiro das ruas, a dor da fome no estômago, o medo…

Paramos para pensar pela primeira vez naqueles que conseguiram fugir das câmaras de gás, mas, apesar disso, não estavam seguros. Eram obrigados a se esconder como ratos, colocando todos ao redor em perigo. Separados de suas famílias e sozinhos, caçados como animais a serem mandados para o matadouro.

Outra parte também muito interessante do filme é conhecermos essa outra face da história, o que nos faz ver que, apesar de sabermos tanto sobre o nazismo e o holocausto, ainda há muito a aprender. Como a história dos judeus que se aliaram aos alemães e entregaram outros judeus, tentando assim poupar suas próprias vidas, mas acabaram também capturados no final.

Porém, o melhor de tudo é ver que, mesmo no meio de um dos capítulos mais sombrios da História, também havia luz. Pessoas boas e dispostas a ajudar dando abrigo e comida, mesmo correndo risco de serem também mandadas aos campos de concentração como traidoras. Quando pensamos em nazismo, logo pensamos nos alemães e em como mataram milhões de pessoas inocentes, mas não pensamos em todos os outros alemães que eram contra isso e fizeram coisas para ajudar.

No filme, vemos um alemão rico que distribuía documentos falsos para judeus escondidos. Vemos um oficial do exército que ajuda duas moças judias as empregando em sua casa como babás de seus filhos. Vemos uma senhora que pinta o cabelo de uma das personagens principais para que ela possa se misturar melhor. Enfim, ao mesmo tempo em que vemos muita dor com todos os perigos e privações, também vemos esperança.

Para mim, a parte mais impactante no filme foi o final quando um dos personagens, o Cioma, já idoso, olha para a câmera com os olhos marejados e nos questiona: Por que eles fizeram isso com tantas pessoas inocentes? Isso é algo que eu nunca vou entender.

Ninguém pensava que aquilo um dia poderia acontecer. Ninguém esperava e, se isso fosse questionado alguns anos antes, seria visto como uma loucura. Mas aconteceu. E isso deve ser lembrado, estudado e questionado infinitas vezes para que o mundo não corra o risco de que algo assim aconteça de novo.

Se pensarmos em todo o contexto histórico, a Alemanha se encontrava em um colapso econômico após a derrota na Primeira Guerra. O povo estava desesperado e Hitler surgiu prometendo resolver todos os problemas e tornar a Alemanha uma potência próspera e bem sucedida, mas claro que alguém deveria ser culpado, o “bode expiatório”. Hitler conseguiu convencer toda uma nação de que esse “culpado” eram os judeus. Os alemães pensavam que Hitler poderia salvá-los. E nós conhecemos o resto da história.

Estima-se que 6 milhões de judeus foram mortos na Europa durante a Segunda Guerra Mundial. Seis milhões de pessoas inocentes foram torturadas, queimadas, sufocadas em câmaras de gás até a morte, fuziladas, expostas a experimentos científicos grotescos, estupradas… Por serem consideradas inferiores e impuras só por serem judias. O Cioma não sabe por que isso aconteceu. E eu também não.

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Crítica: Marvin (2018)

Martin Clement, nascido Marvin Bijou, escapou. Ele escapou de uma pequena aldeia no campo. Ele escapou de sua família, da tirania de seu pai e da renúncia de sua mãe. Ele escapou da intolerância, da rejeição e do bullying que sofreu por ser apontado como “diferente”. Contra todas as probabilidades, ele encontrou aliados.

Primeiro, Madeleine Clement, a diretora do ensino médio que o apresentou ao teatro e cujo nome ele adotará mais tarde como símbolo de sua salvação. Em seguida, Abel Pinto, seu mentor e modelo, que irá encorajá-lo a contar sua história no palco. Finalmente, Isabelle Huppert irá ajudá-lo a produzir seu show e trazê-lo para a vida. Marvin/Martin arriscará tudo para criar esse show que representa muito mais do que sucesso: é o caminho para a reinvenção.

Marvin (Marvin ou La Belle Éducation), da diretora Anne Fontaine (Agnus Dei e Coco antes de Chanel), é um filme francês que chega hoje aos cinemas. Estrelado por Finnegan Oldfield, sua principal missão é chocar. Há um tema específico, mas, ao mesmo tempo, não há. É um filme sobre tudo e todos, expondo a hipocrisia humana e essa necessidade quase visceral que temos de estabelecer um padrão e permanecer nesse padrão, não importa o que aconteça. E eu não estou só falando sobre a homossexualidade de Marvin. Este não é nem de longe o choque da história.

Em uma aldeia no interior da França, um menino frágil comparado aos outros de sua idade sofre bullying na escola. Ele é perseguido e assediado porque decidiram que ele era diferente. Quando este menino chega em casa, ele encontra uma mãe que não queria muito estar ali e ser mãe, mas teve que ser para cumprir o que era esperado dela. Ele encontra um pai infeliz e insatisfeito. Ele encontra um irmão mais velho que pensa igual àqueles garotos que o perseguem na escola. Ele está sozinho. Durante quase todas as cenas do filme, vemos Marvin sozinho. Ou melhor, não totalmente sozinho, mas acompanhado de sua tristeza, sofrimento e incompreensão. Cenas silenciosas onde a dor nos olhos do pequeno Marvin diz tudo.

O filme começa com Marvin, agora chamado Martin Clement, como um ator de sucesso com uma peça de sucesso, aparecendo em vários programas de televisão, lançando um livro, enfim, ele chegou lá. Porém, com o decorrer das cenas, alguns flashbacks começam a aparecer, mostrando tudo o que ele passou para “chegar lá”. Definiram quem ele era antes que ele mesmo soubesse e decidisse o que ser. Estigmatizaram, julgaram, perseguiram… E ele estava sempre sozinho.

Até que a diretora do colégio, notando essa solidão, o indicou para o grupo de teatro da escola. E foi no teatro que Marvin encontrou sua válvula de escape, externando tudo o que estava guardado em seu interior por tanto tempo. Encenando seus pais, seu irmão, suas impressões de cada cena que ele havia presenciado. Aliás, a tão famosa peça de teatro que leva Marvin ao estrelato, a qual foi escrita, estrelada e dirigida por ele, nada mais é do que o retrato de sua família e sua vida, dotada de comentários e impressões pessoais, os quais, na época, ele não pôde expressar e, agora, usa o palco e sua arte para colocar para fora quem ele é.

Marvin é um filme intenso devido à sua verdade. Uma verdade nua e crua que choca e incomoda, assim como a maioria das verdades fazem. Quantos Marvins estão por aí vivendo a mesma coisa? Quantas crianças são perseguidas e humilhadas por não se encaixarem em determinado padrão social que definiram para elas? Quem definiu? Por quê? Quem tem a autoridade de definir como a vida de outra pessoa deve ser?

Por mais que o tema principal da história seja um garoto descobrindo sua sexualidade, Marvin vai muito além. Ele nos faz questionar sobre nós mesmos. Somos quem realmente gostaríamos de ser ou o que disseram que deveríamos ser? Somos como a mãe de Marvin que exercia um papel que não a deixava feliz, mas, nascida mulher, era o que “tinha para hoje”? Ou somos como aquela diretora que foi sensível o bastante para notar o sofrimento de um aluno no meio de tantos outros? Enxergamos os Marvins ou fingimos que eles não estão ali em pró do padrão maior? Assista ao filme, encare os olhos de Marvin e responda para si mesmo.

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Adaptação de Hush Hush é confirmada!

Esse momento é nosso, leitor!!!

Publicado em 2010 pela Intrínseca, a série Hush Hush é composta de quatro livros e faz sucesso em nossos corações desde que foi lançada. Ultimamente surgiram rumores sobre a adaptação da primeira obra (Sussurro) para as telonas, mas só agora com as atualizações da autora Becca Fitzpatrick em seu twitter que nossa alma fica tranquila! O filme vai sair sim!

Em sua página no Twitter, a autora contou que o filme será rodado na Cidade do Cabo, África do Sul e que o elenco deve ser anunciado muito em breve! A diretora será Kellie Cyrus, conhecida da TV americana que já atuou em produções como Diários de Um VampiroO.C. e Dexter. 

 

“Está confirmado: O filme de HUSH, HUSH vai ser rodado na Cidado do Cabo. Sim, eu vou estar no set. Sim, eu estou pulando e gritando. Cidade do Cabo, sabe? ♥♥♥”

 

“Acredito que eu vá anunciar esta semana o elenco! Para mais novidades, siga @kelcyrus, que é a diretora do filme.”

 

“Só digo uma coisa: O ator que vai ser o Patch é ♥”

 

Estamos ou não MUITO ansiosos pelo que tá vindo por ai?

Fonte: Instrínseca

Fonte: divulgação.
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica: Anomalisa (2015)

Anomalisa (2015), de Charlie Kaufman, passava pela minha página inicial da Netflix com frequência já há um tempo. E toda vez eu clicava, lia a sinopse e voltava. Por ser uma animação em stop motion, a vontade de ver o filme era grande. Mas eu sempre terminava pensando “não, hoje eu não tô preparada pra esse filme”.

Depois de um tempo lendo a sinopse

“O palestrante motivacional Michael se sente desanimado e isolado, até que ele conhece uma mulher extraordinária que reacende sua paixão pela vida”,

decidi que era hora.

Anomalisa se mostrou exatamente o que eu previa: um filme que precisa de tempo para ser digerido. Fiquei uma semana com ele na cabeça, pensando em cada detalhe, nas emoções que experimentei. Agora acho que consegui reunir algumas partes desse quebra-cabeça e falar em voz alta o que pensei por esses dias.

REALISMO MÁGICO      

Mais uma vez, vou recorrer primeiro à literatura. Também conhecido como realismo fantástico ou realismo maravilhoso, o realismo mágico é uma corrente literária que surgiu na América Latina, na segunda metade do século XX, como uma reação aos governos ditatoriais da época.

Essa corrente inclui grandes nomes da literatura como Gabriel García Márquez, Julio Cortázar e Jorge Luis Borges.

A principal característica dessa literatura é construir histórias por um viés realista, mas incorporar situações mágicas no cotidiano. O mais interessante é como as personagens reagem àquilo, ou melhor, não reagem. O maravilhoso é tratado como algo banal que faz parte da realidade e não é digno de espanto.

MAS E O FILME?

Fonte: divulgação.

Bom, passada uma semana de reflexão, é exatamente dessa forma que eu definiria Anomalisa – uma excelente expressão de realismo mágico no cinema.

– ALERTA DE SPOILER –

Um dos primeiros elementos a chamar a atenção são as vozes dos personagens. Exceto Michael e Lisa, TODAS as outras vozes (homens e mulheres) foram gravadas pelo ator Tom Noonan. Logo no começo, tal fato causa uma sensação de estranhamento. Depois de alguns minutos, concluí que era exatamente esse o propósito: causar estranhamento.

Olha, eu estava errada. Passados os 90 min de filme, só conseguia pensar em uma frase que um grande amigo sempre diz: “Essa é a magia do cinema!”.

Michael Stone é um personagem melancólico que aparenta estar desanimado de tudo em sua vida: do casamento, do trabalho, das relações. Michael passa por um momento de profunda monotonia. Imagino que sua frase preferida seria “o inferno são os outros”. E é aí que o bagulho fica loco! As vozes! As vozes causam monotonia! Elas causam também estranhamento, mas é exatamente assim que Michael enxerga a vida: como se todos fossem a mesma pessoa, nada de novo, tudo sempre igual.

 

No final, Michael retorna para casa e é surpreendido por uma festa de aniversário. Sua esposa diz que “todo mundo veio vê-lo”, as pessoas o cumprimentam, mas Michael não reconhece ninguém.

O filme é todo pontuado por esses momentos em que o extraordinário se insere no banal. A única questão que me incomodou um pouco foi o fato de o filme, em alguns momentos, tentar explicá-los. Seria interessante deixar todo o enigma para o espectador.

Em uma cena, Michael sai do banho e seu rosto se contorce em várias expressões, a música fica mais tensa, e as coisas voltam à normalidade quando ele ouve vozes no corredor. Mais para frente, em um diálogo, Michael diz que não consegue chorar, que seu rosto se contorce, mas ele não consegue chorar.

 

O ponto alto do filme é a relação do protagonista com Lisa Hesselman. Naquele mundo de vozes (e rostos) iguais, Lisa se destaca. Sua voz é diferente e doce. Os dois vivem uma noite agradável, bebem, se divertem e transam. Ao acordar, Michael decide que deixará sua esposa por aquela mulher. Durante o café da manhã, ao propor a Lisa que os dois fiquem juntos, enquanto a personagem concorda em ficar com Michael, sua voz vai se transformando até ficar igual a dos outros personagens.

O inferno não são os outros, mas está dentro de Michael. A partir do momento que algo pode se tornar rotineiro, ele se cansa e cai em monotonia.

 

Anomalisa segue a tendência dos filmes de Kaufman, como Brilho eterno de uma mente sem lembranças (2004): é um olhar para dentro em que o estado psicológico dos personagens pode ter representações no mundo exterior mas, ainda assim, é o interior o que mais intriga.

Uma das poucas críticas negativas que encontrei falava que Kaufman não apresenta soluções, só mostra o problema. Mas não é esse um dos papéis da arte?

Fazer com que lancemos um olhar para nós mesmos enquanto vemos, na tela, a dor do outro?

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Começam as filmagens de “Star Wars: Episódio IX”

Através de sua conta no Twitter, o diretor J.J. Abrams (Star Wars: O Despertar da Força) anunciou o início das filmagens de Star Wars: Episódio IX.

“Um começo agridoce desse novo capítulo sem Carrie, mas graças ao elenco e equipes extraordinários, estamos prontos. Grato a Rian Johnson e um agradecimento especial a George Lucas por criar esse mundo incrível e iniciar uma história da qual temos sorte de participar.”

No mês passado, a Lucasfilm Ltd. anunciou que vai usar cenas inéditas de Carrie Fisher (1956-2016) para o Episódio IX. As cenas foram gravadas durante a produção de O Despertar da Força (2015), e serão usadas com autorização de Billie Lourd, filha de Carrie.

Outro anúncio feito em julho confirma o retorno de Billy Dee Williams ao elenco, interpretando Lando Calrissian. Mark Hammil e todo o elenco principal também voltam para reprisar seus papéis.

Billy Dee Williams (Getty Images/Divulgação)

Além de dirigir, J.J. Abrams divide o roteiro com Chris Terrio (Argo). Ainda sem título definido, Star Wars: Episódio IX estreia nos cinemas em 20 de dezembro de 2019.

james gunn demitido
james gunn demitido
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BOMBA! Disney demite James Gunn após polêmica com tweets ofensivos

A Disney demitiu James Gunn (Guardiões da Galáxia) após vários tweets antigos do diretor ressurgirem na mídia.  Em uma sequência de prints, um usuário do Twitter trouxe à tona mensagens polêmicas, satirizando temas como estupro, pedofilia e AIDS.

tweet james gunn

Imagem: Divulgação

“Rir é o melhor remedio. É por isso que eu rio de pessoas com AIDS.”

“Acabei de fazer uma piada sobre sodomizar a minha amiga quando ela estava dormindo.”

“Eu queria caçar animais de grande porte, mas sei que isso é moralmente questionável. Então estou indo atrás de caçar alguém para estuprar.”

Em um comunicado para a imprensa internacional, a Disney comentou a saída do diretor : “As atitudes e declarações ofensivas descobertas no Twitter de James são injustificáveis e inconsistentes com os valores do estúdio, então nós terminamos nosso relacionamento profissional com ele.” 

Em sua conta pessoal, James Gunn tentou se justificar, dizendo que as mensagens não passavam de brincadeiras provocativas com temas controversos: “Muitas pessoas que acompanham minha carreira desde o início, sabem que eu me via como uma pessoa provocadora, fazendo filmes e contando piadas sobre temas ultrajantes e tabus. Como já falei abertamente antes, eu me desenvolvi como pessoa, assim como meu trabalho e meu humor! Eu sou alguém bem diferente. De qualquer forma, essa é a verdade: eu fazia piadas ofensivas. Não faço mais. Não julgo minhas atitudes passadas, mas me tornei uma pessoa melhor.”

Ainda não se sabe quem irá assumir a direção de Guardiões da Galáxia, Vol. 3. O roteiro escrito por James Gunn já foi entregue e a previsão de estreia do filme é para 2020. As filmagens estão programadas para começar até o fim do ano.

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Discutindo o filme “Eu não sou um homem fácil”

Em minhas andanças pelo mundo da Netflix, me deparei com um filme francês que, pelo nome, já me chamou a atenção. Dei uma chance para o trailer e fui cativada de vez. Eu não sou um homem fácil não é o típico filme com que estamos acostumados. Ele choca, desconstrói, critica e liberta, e você vai entender por que.

De início, temos Damien, um homem que é o estereótipo do mundo machista. Assedia todas as mulheres, as diminui na empresa em que trabalha e só se preocupa em aumentar seus números de quantas mulheres conseguiu dormir no ano e o que fazer para superá-los no ano que vem. Até que, em um belo dia, ele bate a cabeça em uma barra de ferro que sustenta o nome de uma avenida, cai desmaiado na calçada e, quando acorda, todo o seu mundo está literalmente do avesso. Por que “literalmente”?

Bom, Damien acorda em um mundo onde as mulheres são o sexo forte. O matriarcado domina a sociedade, e os homens se tornaram o sexo frágil e sofrem tudo o que as mulheres do nosso mundo sofrem. Junto com seu melhor amigo, Damien passa pelo choque de se ver nesse mundo às avessas e nós rimos com a dificuldade que ele tem para se adaptar. Vemos também as críticas mascaradas de humor e nos chocamos com como as coisas realmente são difíceis para as mulheres.

Para mim, essa é a primeira questão do filme. As mulheres estão acostumadas com sua realidade. Estão acostumadas a andar com medo na rua à noite e a serem assediadas por estarem com determinada roupa ou por terem o azar de estar em pé em um transporte público no lugar errado. Estão acostumadas a terem que lutar por seus direitos todos os dias e já se armam todas as manhãs para enfrentar o machismo e preconceito que as aguardam quando saem de casa. Ou, muitas vezes, quando ainda nem saíram da cama. Porém, quando vemos essas mesmas situações acontecendo com homens, por algum motivo, isso nos choca mais, pois estamos tão acostumadas a vivenciar essas situações que deixamos de perceber como elas são cruéis e absurdas. Mas, quando assistimos, caímos na realidade.

A segunda questão é a necessidade de masculinizar a mulher sempre que ela é colocada em uma posição de domínio. Neste filme, acontece a mesma coisa. As mulheres andam sem camisa na rua, fazem xixi de pé, usam ternos e gravatas, cabelos curtos, etc. Já os homens fazem ioga, usam shorts curtos e echarpes, carregam bolsas e estão sempre chorando por tudo. Basicamente, Eu não sou um homem fácil, literalmente, trocou os homens e as mulheres de lugar. Para mim, em uma mensagem de que, para alcançar o respeito e a liderança, as mulheres devem ser como os homens, ou seja, só sendo como um homem para alcançar a igualdade que nós queremos.

Isso me incomodou profundamente porque uma mulher não precisa deixar de ser mulher para ser forte, capaz, líder e respeitável em sua casa, em seu trabalho e diante da sociedade. A mulher não deveria ser obrigada a se prender a nenhum tipo de estereótipo para aparentar ser mais inteligente. Não deveria ter que usar roupas masculinas para ser menos assediada. Ou ter que provar que é tão forte fisicamente quanto um homem para ser respeitada. Essa necessidade de diminuir e hostilizar o mundo feminino pode ser encarada como um tipo de dominação e chega a ser um tiro no pé porque, o que era para ser um filme de crítica contra o machismo, acabou sendo uma exaltação da cultura machista. Pois mostra que, para ser o sexo dominante, a mulher tem que se vestir e se portar como um homem, então, a cultura do homem em si não deixou de ser dominante. Só mudou o sexo que a difunde.

Porém, apesar disso, o filme vale a pena ser visto, ou melhor, deve ser visto. Deve gerar reflexão, discussão e seu choque deve circular pela sociedade, pois, enquanto estivermos discutindo sobre isso, estaremos nos armando de conhecimento e crítica contra a cultura machista, mas também, não contra a cultura feminina. Homens e mulheres são diferentes, porém precisam ser respeitados de forma igual, com os mesmos direitos e deveres diante da sociedade. Eu não sou um homem fácil traz o choque para iniciar essa reflexão e nos proporciona momentos de riso com a tão clichê dificuldade masculina de se adaptar ao mundo feminino, porém, não pode ser levado como uma cartilha, pois, em um mundo igualitário, nenhum dos lados deve ser oprimido.

Confira a crítica do filme feito pela Júlia do BecoLab AQUI

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Netflix: 3 filmes para você ver essa semana antes que saiam do catálogo

Como é de costume, todos os meses a Netflix divulga os filmes que irão estrear e também os que sairão do seu catálogo. Neste mês de Julho não foi diferente e, para que você não seja pego de surpresa, o Beco Literário separou uma pequena lista com 3 filmes que você precisa ver antes de sábado, que é quando sairão da Netflix. Faz a pipoca e toma bastante café, porque se não ver, vai se arrepender. Essa semana, já perdemos três filmes do Piratas no Caribe logo no dia 1. Então corre, né?

3 filmes da Netflix para ver essa semana

1 – Muita calma nessa hora (sai em 05/07)

Tita (Andréia Horta), Mari (Gianni Albertoni) e Aninha (Fernanda Souza) são amigas que enfrentam momentos de decisão em suas vidas. Decididas a relaxar, elas partem para curtir um fim de semana em Búzios. No caminho encontram com Estrella (Débora Lamm), uma hippie a quem dão carona e que está atrás de seu pai desaparecido. Juntas, elas passam por momentos de grande diversão.

2 – Terror nos bastidores (sai em 05/07)

Max (Taissa Farmiga), uma garota do ensino médio, é filha de uma já falecida atriz de filmes B de terror. Em uma sessão especial do grande sucesso de sua mãe, um acidente ocorre na sala de cinema e, sem explicação, ela e seus amigos vão parar dentro da trama. Perseguidos por um brutal assassino, eles precisam encontrar uma maneira de vencer o vilão e retornar ao mundo real.

3 – A lenda da rainha pagã (sai em 06/07)

O filme é baseado na lenda da Rainha tcheca Libuse, que, durante o século VIII, governou algumas tribos. Ela possuía poderes sobrenaturais e conseguia ver o futuro.

E aí, está esperando o que para começar a maratona? Se demorar um pouquinho mais, os filmes vão sumir do catálogo! Vale lembrar que essas são as datas divulgadas pela Netflix, e nada impede que os títulos saiam antes. \o/