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Rafaela Donadone

Resenhas

Resenha: Entre o Agora e o Nunca, J.A. Redmerski

Camryn Bennett é uma jovem de 20 anos que desistiu do amor desde que Ian, seu namorado, morreu num acidente de carro há um ano. Sua melhor amiga, Natalie, é a única capaz de animá-la. Mas a relação entre as duas fica abalada quando o namorado de Nat revela à Camryn que está apaixonado por ela. Perdida, sem saber o que fazer, Camryn vai para rodoviária e pega o primeiro ônibus interestadual, sem se importar com o destino. Com uma carteira, um celular e uma pequena bolsa com alguns itens indispensáveis, Camryn embarca para Idaho. Mas o que ela não esperava era conhecer Andrew Parrish, um jovem sedutor e misterioso, a caminho para visitar o pai, que está morrendo de câncer. Andrew se aproxima da companheira de viagem, primeiro para protegê-la, mas logo uma conexão irresistível se forma entre os dois. Camryn tenta lutar contra o sentimento, já que jurou nunca mais se apaixonar desde a morte de Ian. Andrew também tenta resistir, motivado pelos próprios segredos. Narrado em capítulos que alternam as vozes de Andrew e Camryn, Entre O Agora e O Nunca é uma história de amor e sexo, na qual os personagens testam seus limites, exploram seus desejos e buscam o caminho que os levará à felicidade.

Adoro começar um livro sem nenhuma expectativa. Sem ler nenhuma resenha, nenhuma crítica, pra não ficar esperando demais e me decepcionar depois. E foi assim, do jeitinho que gosto, que comecei “Entre o agora e o nunca”. Um belo dia estava com uma amiga na livraria, olhei para ele, li a sinopse e levei (na verdade, levamos, minha amiga e eu. Vivian, 1 beijo hahaha).

Eu não conhecia nenhum trabalho da J.A. Redmerski e adorei a escrita fluída que ela tem. Ela conseguiu me prender no primeiro capítulo… E dai foi ladeira abaixo, só larguei o livro pra comer e voltar a ler.

No inicio do livro conhecemos Camryn, uma jovem cheia de problemas: sua mãe tem um lapso de comportamento em relação a sua filha, o que a faz se sentir sempre em segundo plano. Seu irmão está preso. Seu ex namorado (e até então, amor da sua vida) morreu em um acidente de carro. E pra completar (porque desgraça pouca é bobagem) sua melhor amiga, Natálie, a única que esteve ao seu lado durante todos os momentos difíceis, não acredita nela quando Camryn afirma que seu namorado, Damon, tentou agarra-lá e a acusa de tentar acabar com seu relacionamento. Além de tudo isso, ela odeia seu emprego, que não tem previsão de crescer, ela apenas faz alguma coisa para passar o tempo e ganhar dinheiro. Diante de tudo isso, Camyrn resolve ir embora.
Camryn é uma jovem, ao meu ver, corajosa e covarde ao mesmo tempo. Ela é corajosa na sua decisão de largar tudo e sair sem rumo, procurando algum significado em sua vida, coisa que não consigo me imaginar fazendo, e que muitos nunca fariam… Estamos acostumados com a comodidade, com a rotina e preferimos a certeza de uma vida mediana do que a incerteza de uma vida emocionante. Mas acho Camryn extremamente covarde na sua viagem, porque os motivos que a levaram a entrar no ônibus foi para fugir de todos os problemas que a cercavam, e com o tempo, não só ela como todos nós aprendemos, que não importa aonde formos, nossos problemas vão nos acompanhar.

Ao pegar um ônibus qualquer, ela conhece Andrew – e ai está uma peculiaridade maravilhosa desse livro: a narração dos dois personagens principais. Adoro poder ouvir os dois lados da história em uma mesma situação, contada pelo dois separadamente – e depois de fazer um amigo de viagem, a vida de Camryn muda completamente. Andrew é uma pessoa misteriosa a respeito de sua vida, que está viajando para visitar o pai no hospital, nos momentos terminais de um câncer. Andrew é engraçado, corajoso e insistente! Não tem como não rir ou não torcer por ele durante a leitura.

Como esperado, Andrew e Cam logo se tornam amigos viajando juntos pelo país, e dessa amizade surgem taaaantas coisas que é impossível falar sem soltar nenhum spoiler, portanto pararei por aqui, rs!

“Entre o Agora e o Nunca” fala sobre libertação. Libertação da dor, de parar de remoer a sua dor e viver o que está pela frente, sobre fazer o que VOCÊ tem vontade, e não sobre o que as pessoas esperam de você. E não falo apenas da libertação de empregos indesejáveis, de sentimentos que não vão embora. Nos ensina a nos divertir, e não apenas a cumprir obrigações. O livro também fala sobre a liberação no sexo (afinal, é um New Adult). Outro ponto que preciso destacar é: palavrões! Não estou acostumada com essa literatura, em que do nada o personagem larga palavras nada bonitas. Mas acho que afinal, eu estava acostumada a conversas formais e educadas e isso não acontece na vida real. E é isso que o livro nos traz: uma sensação de fidelidade, de realidade, e apesar do estranhamento inicial, fui me acostumando (e acabei xingando com eles em inúmeras situações).

São 368 páginas de risos, de surpresas e de amor! E para nossa felicidade, J.A. Redmerski não parou por ai: “Entre o Agora e o Sempre” (já lançado no Brasil e também maravilhoso) é a continuação da história de Andrew e Cam e já já teremos a resenha aqui!

 

 

 

 

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Resenha: Métrica, Colleen Hoover

“O romance de estreia de Colleen Hoover, autora que viria a figurar na lista de best sellers do New York Times, apresenta uma família devastada por uma morte repentina. Após a perda inesperada do pai, Layken, de 18 anos, é obrigada a ser o suporte tanto da mãe quanto do irmão mais novo. Por fora, ela parece resiliente e tenaz; por dentro, entretanto, está perdendo as esperanças. Um rapaz transforma tudo isso: o vizinho de 21 anos, que se identifica com a realidade de Layken e parece entendê-la como ninguém. A atração entre os dois é inevitável, mas talvez o destino não esteja pronto para aceitar esse amor”.

Vamos começar com o título… Logo que vi a primeira crítica sobre este livro, fiquei “Han? Métrica… what?” Pra quem não entende o título, “Métrica” significa, numa linguagem poética, a contagem silábica das palavras em um verso, tornando assim diferenciada a leitura pela entonação que o leitor usa. E é esse tipo de poesia que nos é introduzida no livro. Ai já veio a segunda parte que fiquei preocupada… “Poesia? O livro é de poesia?” Eu tinha um preconceito com isso… Sou uma leitora acomodada aos meus estilos de literários, e ler um livro que me fala de poesia não me empolgava… Mas ouvi tantas críticas positivas que resolvi dar uma chance e não me arrependo de nenhuma página lida em Métrica.

No livro, conhecemos Lake, uma garota que perdeu seu pai há 6 meses, e para que possam conseguir se sustentar financeiramente, sua mãe muda de emprego, levando ela o irmão mais novo a se mudarem do Texas, sua cidade natal que continha todas as lembranças do seu pai para Michigan. Ainda de luto pela perda do pai amado, um pouco revoltada com a mãe pela  decisão da mudança, Lake chega na sua nova casa triste, porém fazendo sua melhor cara de forte, para animar o irmão e a mãe. Mas então tudo muda quando ela conhece Will.

Will é seu vizinho e tem um irmão da idade do seu irmão menor – e eles logo se tornam dois melhores amigos, que vivem brincando juntos e são responsáveis por algumas fofuras do livro – e por causa da amizade dos seus irmãos, Will e Lake se aproximam, e não é nada daquele tipo de aproximação literária forçada: avassaladora e insana a primeira vista. Eles se aproximam com conversas, com olhares, com pequenos encontros na porta de casa, com idas ao supermercado… e quando você percebe, você também já está envolvida na história dos dois.

Na primeira parte do livro, conhecemos a dor de Lake e ficamos logo animados para que ela se relacione com alguém que possa trazer um pouco de felicidade e leveza a sua vida, mas quando conhecemos a verdadeira história de Will, percebemos que a dor dos dois é muito semelhante, e que de leveza a vida de Will não tem nada. Eis outro ponto do livro que me surpreendeu: o livro é direto. Não tenta diminuir a dor, ou nos ensinar a nos acostumarmos com a dor, ou a acreditar que se fizermos coisas boas, só coisas boas vão acontecer com a gente. Por que na realidade, isso não acontece.

“- Não foi a morte que deu um murro em você, Layken. Foi a vida. A vida acontece. Merda acontece. E acontece muito. Com muita gente.”

O que posso dizer sobre Métrica, é que é um livro cheio de surpresas, com muitas lições maravilhosas e que eu recomendo a todos que conheço! Quando você pensa que já sabe o que vai acontecer, uma reviravolta muda toda a nossa percepção sobre a vida, e isso é outra coisa que amo nessa leitura: assim como a vida, ela também não é previsível.

“Ela me ensinou a questionar.
A nunca me arrepender.
Ela me ensinou a ampliar meus limites,
Porque é para isso que eles existem.”

E o melhor é que Métrica não para por ai! A série “Slammed” (nome original) é uma trilogia, e já temos o segundo livro, “Pausa” – tão maravilhoso quanto o primeiro – e que em breve vocês terão a resenha aqui!

 

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Resenha: O Chamado do Cuco – Robert Gailbraith (J.K. Rowling)

Sinopse: Quando uma modelo problemática cai para a morte de uma varanda coberta de neve, presume-se que ela tenha cometido suicídio. No entanto, seu irmão tem suas dúvidas e decide chamar o detetive particular Cormoran Strike para investigar o caso. Strike é um veterano de guerra, ferido física e psicologicamente, e sua vida está em desordem. O caso lhe garante uma sobrevida financeira, mas tem um custo pessoal: quanto mais ele mergulha no mundo complexo da jovem modelo, mais sombrias ficam as coisas e mais perto do perigo ele chega. Um emocionante mistério mergulhado na atmosfera de Londres, das abafadas ruas de Mayfair e bares clandestinos do East End para a agitação do Soho. O chamado do Cuco é um livro maravilhoso. Apresentando Cormoran Strike, este é um romance policial clássico na tradição de P. D. James e Ruth Rendell, e marca o início de uma série única de mistérios.

Quando descobri que J.K. tinha lançado mais um livro (usando o pseudônimo Robert Gailbraith, não vou negar que fiquei tensa. Tensa porque não importa o que essa mulher lançar, eu sei que terei a obrigação de ler, seja bom ou ruim! Tensa porque ela sempre vai sofrer de uma enorme cobrança em seus trabalhos pós-era Harry Potter. E tensa porque me decepcionei com “Morte Súbita” e estava com medo de que não gostasse mais de nenhuma obra de J.K. Mas felizmente estava enganada!

O livro começa com a morte da supermodelo Lula Landry, que cai da varanda do seu prédio em uma rua em Londres, deixando uma multidão de fotógrafos, fans e curiosos na calçada, na expectativa de novas notícias. Após sua morte ser declarada como suicídio pela polícia, o irmão de Lula, John Bristow, não se conforma. Mesmo depois de 3 meses, ele não acredita que sua irmã tenha tirado a própria vida, ela procura o detetive particular, Cormoran Strike, para investigar o caso. Strike é um veterano de guerra que sobrevive de bicos investigativos. Ferido fisicamente e psicologicamente, abandonado pela sua mulher e vendo seus negócios se afundarem em dívidas, ele se contenta a trabalhar em um minusculo escritório, onde não ganha nem o suficiente para pagar o aluguel, e vê na proposta de John Bristow uma alternativa de ganhar dinheiro, mesmo sem muita perspectiva de encontrar um assassino, afinal a polícia já havia decretado o suicídio. Mas como negar um caso que vem com uma bolada de dinheiro, milhares de documentos obsessivamente arrumados, gravações de entrevistas e cópias de documentos (tudo investigação pessoal do irmão de Lula)?

Em meio a entrevistas de amigos, familiares, policiais, porteiros, seguranças e conhecidos da vida de Lula, Strike vai descobrindo que o irmão dela não poderia estar mais certo: há muito mais por trás da morte da modelo do que ele imaginava. Contando com a ajuda de uma super-eficiente secretária temporária (que se apaixona pelo trabalho e não consegue se imaginar sendo temporária por muito mais tempo) Robin, Strike mergulha cada vez mais fundo na vida de Lula, e descobre uma trama repleta de traições, armações e ilusões que acobertam a morte da modelo.

O chamado do cuco não decepciona em sua história policial, sendo um livro afiado com intrincadas tramas, personagens interessantes e um mistério que consome o leitor até o final da leitura.Em um ritmo rápido, nos vemos cercados pela investigativa e sempre ávidos a continuar a leitura em busca do assassino. A história de Cormoran Strike fez sucesso antes mesmo de ter sido divulgado seu verdadeiro autor, e com razão!

Não leia esse livro porque é mais um de J.K., leia este livro porque ele é realmente bom! Tão bom que afinal terá continuação: “The Silkworm”, previsto para lançamento no dia 24 de junho! Vamos aguardar!

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Resenha: Easy, Tammara Webber

Quando Jacqueline segue o namorado de longa data para a faculdade que ele escolheu, a última coisa que ela espera é levar um fora no segundo ano. Depois de duas semanas em estado de choque, ela acorda para sua nova realidade: ela está solteira, frequentando uma universidade que nunca quis, ignorada por seu antigo círculo de amigos e, pela primeira vez na vida, quase repetindo em uma matéria. Ao sair de uma festa sozinha, Jacqueline é atacada por um colega de seu ex. Salva por um cara lindo e misterioso que parece estar no lugar certo na hora certa, ela só quer esquecer aquela noite — mas Lucas, o cara que a ajudou, agora parece estar em todos os lugares. A atração entre eles é intensa. No entanto, os segredos que Lucas esconde ameaçam separá-los. Mas eles vão ter de descobrir que somente juntos podem lutar contra a dor e a culpa, enfrentar a verdade — e encontrar o poder inesperado do amor.

Fiquei meio tensa ao começar a leitura de “Easy”. Primeiro por que era minha primeira leitura “new adult”, sabia muito pouco do gênero e tinha a cabeça cheia de preconceitos, então eu já peguei o livro esperando aquela coisa meio 50 tons de cinza… Em segundo lugar, a capa não me atraí! Sim, eu sei, nunca julgue um livro pela capa, mas não tem como não observar! É a primeira coisa que vemos quando olhamos para o livro. E em terceiro lugar, vi na indicação para leitores: “Easy – para quem gostou de ‘Belo Desastre’ ” e eu ODIEI “Belo Desastre” (essa é a parte que vocês me julgam, me processam etc, sei que sou uma das únicas, mas enfim rs). Mas mesmo assim, os deuses da leitura (ou a promoção da Saraiva) me fizeram comprar “Easy” e eu afirmo, foi uma ótima compra!

Acompanhamos a história de Jacqueline, recém chegada na faculdade (que não era a faculdade de sua escolha, mas ela preferiu seguir o namorado a terminar o relacionamento e ir para longe) e imaginem a sua surpresa quando seu namorado resolve terminar com ela pra ficar com outras garotas. Depois de duas semanas de fossa, perdendo aulas e vivendo no limbo pós-termino, Jacqueline tenta retomar sua vida normal e vai com sua colega de quarto para uma festa de fraternidade. Após ver seu ex com outra menina, ela volta pro carro, afim de ir pra casa e esquecer a festa (e o ex) da sua vida, quando é atacada por um colega da faculdade, que tenta estupra-lá no estacionamento deserto (nesse momento fiquei realmente em choque, porque nunca imaginei que um livro de teor juvenil teria uma cena assim) mas graças aos céus, o ataque é impedido por Lucas, um jovem com fama de badboy, com piercings e tatuagens e que defende Jacqueline e faz questão de levá-la pra casa em segurança.

Depois desse dia, Jacqueline resolve retomar sua vida de vez e esquecer o ex e todos os problemas que ele trouxe, trazendo seu foco para os estudos. Mas, devido as semanas que faltou, perdeu uma prova, e o professor, simpatizando com sua situação, indica para ela um monitor para auxilia-lá nos estudos das aulas perdidas, o qual Jacqueline troca e-mails diariamente.

É nesse momento que ela, que antes nunca tinha reparado em seus colegas, vê Lucas em todos os lugares. E resolve então dar uma chance a ele, porque mesmo com a aparência desleixada e o estilo “nem aí pros estudos” – homem que não é seu tipo – ela tem que deixar a fila andar.

“Eu nunca havia notado Lucas antes daquela noite. Era como se ele não existisse, mas de repente parecia que ele estava por toda parte” – Jacqueline

Enquanto isso, Jacqueline vai conhecendo ainda mais Landon (o monitor), e os assuntos deixam de ser apenas sobre a matéria de Economia, e mais sobre a vida dos dois, e ela começa a sentir algo por ele…

“Confiei meu futuro ao meu namorado de escola, como uma idiota. Agora estou presa em um lugar onde não deveria estar. Não sei se simplesmente acreditava demais nele ou muito pouco em mim mesma. De qualquer maneira, é algo bem idiota de se fazer, não é?” – Jacqueline

“Talvez você tenha confiado demais nele, mas isso reflete o quanto ele é indigno de confiança, não alguma falta de inteligência da sua parte” – Landon

 

Confesso que fiquei super dividida. Tinha horas que torcia loucamente por Lucas: o cara lindo, prestativo, que salvou a mocinha do ataque, sexy e engraçado. Mas tinham horas que eu já era team Landon, e queria que Jackie escolhesse o monitor: inteligente, engraçado, sarcástico e atencioso. Sobre a escolha final de Jacqueline? Só digo uma coisa  – sem spoilers!! – não me decepcionou!! Adorei!

“Preciso te desenhar outra vez. Fiz mais alguns desenhos de memória, mas não é a mesma coisa. Não consigo acertar o formato do seu queixo. A linha do pescoço. E os seus lábios. Preciso passar mais tempo observando e menos beijando” – Lucas

“Não posso dizer que concordo” – Jacqueline

“Mais tempo fazendo os dois, então” – Lucas

O ritmo de “Easy” é rápido, uma leitura bem fácil de acompanhar e super fluente. Muitas coisas acontecem nas poucas páginas do livro, mas não de uma maneira ruim – onde os eventos são atropelados e sinto que faltou veracidade nas palavras – de uma forma boa, ágil e que eu me sentia realmente dentro daquela faculdade. Confesso que virei fã da Tammara Webber e já aguardo seu próximo livro “Breakable” – a mesma história contada por outra pessoa…

“Easy” me surpreendeu, não apenas por ser um new adult interessante e que não me deixa com vergonha alheia, mas por conter plots emocionais que eu não esperava: experiências de vítimas de estupro, histórias dramáticas familiares, e como acreditar em si mesmo a ponto de não colocar todas as expectativas da sua vida em cima de uma pessoa. No final, “Easy” me ganhou fácil e virou leitura obrigatória com direito a 5 estrelinhas!

Livros, Resenhas

Resenha: Como eu era antes de você, Jojo Moyes

Aos 26 anos, Louisa Clark não tem muitas ambições. Ela mora com os pais, a irmã mãe solteira, o sobrinho pequeno e um avô que precisa de cuidados constantes desde que sofreu um derrame. Trabalha como garçonete num café, um emprego que não paga muito, mas ajuda nas despesas, e namora Patrick, um triatleta que não parece interessado nela. Não que ela se importe. Quando o café fecha as portas, Lou é obrigada a procurar outro emprego. Sem muitas qualificações, consegue trabalho como cuidadora de um tetraplégico. Will Traynor, de 35 anos, é inteligente, rico e mal-humorado. Preso a uma cadeira de rodas depois de um acidente de moto, o antes ativo e esportivo Will desconta toda a sua amargura em quem estiver por perto. Tudo parece pequeno e sem graça para ele, que sabe exatamente como dar um fim a esse sentimento. O que Will não sabe é que Lou está prestes a trazer cor a sua vida. E nenhum dos dois desconfia de que irá mudar para sempre a história um do outro. Como eu era antes de você é uma história de amor e uma história de família, mas acima de tudo é uma história sobre a coragem e o esforço necessários para retomar a vida quando tudo parece acabado.

Você quer um livro feliz? Um livro com finais românticos, sobre cura e contos de fadas? Então minha dica inicial é: procure outro livro.

“Como eu era antes de você” conta a história de Louisa Clarck, uma garçonete de 26 anos, que mora com os pais e namora o mesmo cara há sete anos, e está acomodada na vida. Acomodada em tudo: em seu emprego que não tem futuro, mas ela gosta de conversar com os clientes, e é cômodo. Em seu relacionamento, que não faz seu coração bater mais forte, que não se identifica mais pela pessoa que se apaixonou, mas é cômodo. Em viver em um quarto apertado numa casa cheia, por que é cômodo. Tudo muda quando o café que Louisa trabalha é fechado, e ela tem que procurar outro emprego. Depois de muitas buscas e tentativas, ela percebe que não está qualificada para fazer nada e sua única habilidade se resume a: saber lidar com pessoas.

Pela necessidade de ajudar financeiramente sua família, Louisa se vê obrigada a aceitar o último emprego que o Centro de desempregados tem como opção: ser cuidadora de um tetraplégico por seis meses, e é essa a motivação de Louisa “são apenas seis meses”.

Ao chegar na mansão onde vai trabalhar, Louisa (e nós) conhecemos Will (e é ai queridos amigos leitores, que seu coração começa a doer um pouquinho). Will era um advogado respeitado e disputado em Londres, que passava seu tempo livre em viagens longas para praticar esportes radicais com sua namorada. Após sofrer um acidente, Will se vê preso a uma cadeira de rodas, e  se torna uma pessoa amarga, infeliz e mal humorada.

O primeiro (e o segundo, e o terceiro…) contato de Louisa e Will não são nada amigáveis. Enquanto Louisa se esforça para ajudar ao máximo, Will sempre lhe dá cortadas, e diz que sua presença não é necessária ali. Louisa permanece no emprego, onde convive mais com Nathan (enfermeiro que cuida de Will) do que com o próprio Will. E é graças a insistência da mãe de Will  que Louisa permanece no emprego e passa a conviver diariamente com ele e a respondê-lo da mesma maneira que ele : grossa e sarcástica. E então, aos poucos, eles começam a sua relação de amizade (e é ai, amigo leitor, que seu coração começa a doer mais um pouquinho).

Acredito totalmente na veracidade do livro: não é possível que duas pessoas que convivam 12 horas diariamente não criem nenhum tipo de laço. Acredito totalmente que um jovem na sua plena idade de diversão e curtição se torne uma pessoa insuportavelmente grossa e reclusa depois de um acidente. Acredito totalmente em jovens que deixam sua vida ir passando pela comodidade, pela falta de motivação de fazer algo a mais. Quando você percebe isso também, percebe como tudo pode ser verdade, como Will e Lou se parecem com pessoas que convivemos… é um problema: você já não consegue largar o livro.

Louisa e Will começam a fazer atividades juntos como assistir filmes, ou passear no ponto turístico da cidade, e Will começa a se abrir para Louisa, e não consegue entender como uma jovem tão inteligente se contenta em trabalhar em um Café. Em um desses momentos de ligação entre os dois, vemos a visita da ex-namorada de Will, que o olha visivelmente com pena e veio  lhe contar que estava noiva e Will apenas lhe dá os parabéns, mas conseguimos sentir – graças a escrita impecável de Jojo – o que ele está passando de verdade (e nessas horas amigo, nosso coração doi mais).

A cada hora que passa com Will, Louisa aprende mais. Aprende como uma pessoa consegue ser inteligente, e engraçada, e generosa mesmo estando numa situação terrível. Ela percebe como Will lhe dá mais atenção que seu namorado, Patrick, que só quer saber de trabalho e academia. Como Will lembra de detalhes que ela lhe contou há muito tempo, como Will pergunta sobre a sua família, e como eles criaram uma linda amizade. E todos os dias que tem até o fim do seu emprego (6 meses) Louisa passa planejando uma atividade nova e feliz, para fazer com que Will se senta vivo novamente. Enquanto isso, Will mostra a Louisa a sua própria capacidade de fazer coisas novas e experimentar novos ambientes, saindo da sua zona de conforto e desejando o melhor para si mesma.

“Como eu era antes de você” me deixou com a maior ressaca literária que já passei. Me apeguei a Lou, pela sua personalidade cativante e que gosta de conversar e animar as pessoas, me apeguei a Will por ser tão rabugento e engraçado, por resmungar pelos cantos e ainda assim fazer você querer ele sempre por perto e me apeguei até a Nathan, personagem terciário que nem sei por que eu gosto dele, apenas gosto. E dar adeus a esses personagens foi muito difícil.

Este não é um livro feliz, mas é um livro lindo. Se você quer ler para se distrair, ou para ver finais felizes, eu não aconselho a leitura. Mas o que posso dizer é que “Como eu era antes de você” me ensinou inúmeras lições (sobre preconceito, sobre ambição, sobre generosidade e sobre como podemos ajudar uns aos outros em todas essas passagens difíceis que sofremos na vida). Terminei a leitura em lágrimas, mas transformada. “Como eu era antes de você” ganha 5 estrelinhas no controle Rafa Donadone de qualidade, e posso dizer que é quase uma terapia, que custa apenas 29,90 na livraria mais próxima de você!

P.S. “Como eu era antes de você” já teve seus direitos autorais comprados pela MGM e vai virar filme o/

Leia nossa resenha sobre a continuação do livro, “Depois de você”, clicando aqui 

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Resenha: Eleanor & Park, Rainbow Rowell

Eleanor & Park é engraçado, triste, sarcástico, sincero e, acima de tudo, geek. Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e “grande” (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família. Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de uma certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo.

Eleanor e Park é o romance de Rainbow Rowell, uma autora norte americana desconhecida no Brasil (esse é seu primeiro livro traduzido para o português), que vem sendo aclamado pelas críticas, e eleito um dos melhores livros de 2013 pela Amazon. O livro conta a história (em terceira pessoa) de Eleanor, uma garota de dezesseis anos, independente, que não liga para o que os outros pensam, chegando num novo colégio depois de uma grande mudança de vida. Também conhecemos a história de  Park, um jovem coreano que está nesse colégio há anos e como eles se conhecem/apaixonam/nos fazem ficarmos apaixonados por eles etc.

Não vou negar que fui com um “pé atrás” para a leitura desse livro. Primeiro, por que né… Clichê! Estamos superfaturados com livros de romances adolescentes vencendo barreiras/ quebrando maldições/ interpondo raças, vampiros, lobisomens, zumbis etc (sem preconceitos, amor eterno a Edward Cullen rs) e achei que este seria “apenas mais um” livro bonitinho de romance. Segundo, por ser um livro adolescente que se passa em 1986, imaginei que seria cheio de pudores e eu não ia me identificar com os personagens. Meu Deus, como fico feliz em constatar que estava enganada! Na verdade, quando o livro terminou eu senti saudade de Eleanor em minha vida, dos seus comentários sarcásticos e engraçados.

Acho que isso é uma das coisas que te prendem ao livro: a percepção de como, mesmo em épocas tão diferentes e situações distintas, os conflitos dos jovens são parecidos. A superficialidade que eu achei que ia encontrar no livro (aquela história do Clichê) foi quebrada em poucas páginas. Com o passar da leitura, você vê que Eleanor supera uma família desestruturada, um padrasto violento, uma mãe inerte e que Park convive com o preconceito cultural, e a expectativa que um pai pode colocar sobre um filho.

Pensei que 325 páginas de “como adolescentes se conhecem e se apaixonam” iam ser monótonas e repetitivas, mas não foi o caso! Amei o jeito como eles se aproximaram, como um ajudou o outro em suas dificuldades, e principalmente, em perceber que mesmo em meio ao desespero e a falta de perspectiva, ter alguém que você ama por perto vai te fazer se sentir melhor.

Quanto ao final (muito comentado) – e não se preocupem, não soltarei spoilers! – achei maravilhoso. Afinal, quais as chances do seu primeiro amor ser o primeiro amor da sua vida? (Resposta: às vezes, muitas!).

“Park era como o Sol. E não havia outra maneira de explicar” – Eleanor.

“Eleanor e Park” ganha 5 estrelinhas no meu ranking, e sobe para a categoria de favoritos!