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Rafaela Donadone

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Resenha: Os segredos de Colin Bridgerton, Julia Quinn

Há muitos anos Penelope Featherington frequenta a casa dos Bridgertons. E há muitos anos alimenta uma paixão secreta por Colin, irmão de sua melhor amiga e um dos solteiros mais encantadores e arredios de Londres. Quando ele retorna de uma de suas longas viagens ao exterior, Penelope descobre seu maior segredo por acaso e chega à conclusão de que tudo o que pensava sobre seu objeto de desejo talvez não seja verdade. Ele, por sua vez, também tem uma surpresa: Penelope se transformou, de uma jovem sem graça ignorada por toda a alta sociedade, numa mulher dona de um senso de humor afiado e de uma beleza incomum. Ao deparar com tamanha mudança, Colin, que sempre a enxergara apenas como uma divertida companhia ocasional, começa a querer passar cada vez mais tempo a seu lado. Quando os dois trocam o primeiro beijo, ele não entende como nunca pôde ver o que sempre esteve bem à sua frente.
No entanto, quando fica sabendo que ela guarda um segredo ainda maior que o seu, precisa decidir se Penelope é sua maior ameaça ou a promessa de um final feliz. Em Os segredos de Colin Bridgerton, quarto livro da série Os Bridgertons, que já vendeu mais de 3,5 milhões de exemplares, Julia Quinn constrói uma linda história que prova que de uma longa amizade pode nascer o amor mais profundo.

Já tinha feito a resenha de “O visconde que me amava” aqui antes, e expliquei que a série “Os Bridgertons” conta a história de todos os filhos da família Bridgerton, e acho ótimo ler um livro e ver um personagem criança, ver traços da sua personalidade crescendo em outro livro, e depois de um tempo, ter uma história centrada nele. Esse crescimento é algo sensacional e não é sempre que temos a oportunidade de vermos nossos personagens favoritos crescerem. Ou então, de ter lido o primeiro livro e adorado, e saber um pouquinho mais de cada um nos livros de seus irmãos: como eles estão, o que fazem da vida, e como a história continuou mesmo depois de ter “acabado”.

Eu tinha muitas expectativas pra “Os segredos de Colin Bridgerton”. Desde o começo da série “Os Bridgertons” Colin era um dos meus favoritos. Sempre engraçado, com um comentário sensacional a ser feito, divertido e conquistando todos ao seu redor, os pequenos trechos que ele ilustrava como plano de fundo para outras histórias, sempre me fizeram ansiar pra que o livro DELE fosse logo lançado, e não me decepcionei!

Começamos o livro conhecendo um pouco mais sobre Penelope Featherington – sim, Penelope, que nos primeiros livros ela aquela gordinha que sempre ficava excluída nas festas, era extremamente subordinada a mãe e completamente esquecida pela sociedade – na verdade, só era lembrada por Lady Whistledown, que criticava suas roupas e sua situação em suas colunas semanais. Penelope era melhor amiga de Elise, irmã de Colin e sempre acompanhou a família , sendo muito querida por todos daquela casa. E quando a sua mãe finalmente se cansou de tentar fazer com que alguém se casasse com Penelope e se concentrou na irmã mais velha dela, Penelope se sentiu livre. Ela lia livros, passeava com Elise, passava tempo na casa dos Bridgertons e não era mais obrigada a ir as festas e permanecer as margens da pista de dança, esperando a pena de alguém para convidá-la a dançar.

E é quando Colin volta de uma das suas muitas viagens, que ele reencontra Penelope muito diferente da Penelope de antigamente. Muito mais magra e mais liberta das obrigações de uma sociedade, ele começa a conviver com a verdadeira Penelope: engraçada, irônica, com comentários sagazes e divertidos sobre a sociedade e extremamente encantadora. Por outro lado, Penelope vê o mesmo Colin que ela se apaixonou quando era menina: gentil, amoroso e divertido.

Quando Colin decide passar mais tempo com sua família, sua amizade com Penelope cresce ainda mais, e ele se vê confuso quando percebe que anseia a companhia de Penelope e seus melhores momentos são ao lado dela. Eles discutem, falam sobre a sociedade e o que as pessoas esperam de ambos. Quando ele finalmente percebe seus sentimentos por Penelope, Colin se pergunta como ele passou tanto tempo sem perceber a mulher maravilhosa que sempre esteve ao lado dele.

” – Mas aonde vai? – quis saber Penelope, levantando-se de repente.

– Preciso pensar.

– Não pode pensar aqui comigo? – sussurrou ela.

A expressão dele suavizou e ele voltou ao seu lado. Murmurou o nome dela e lhe tomou o rosto entre as mãos.

– Eu te amo – falou, com a voz baixa e ardente. – Eu te amo agora e te amarei para sempre.

– Colin…

– Eu te amo mais do que tudo. – Ele se inclinou para a frente e a beijou suavemente nos lábios. – Pelos filhos que teremos, pelos anos que passaremos juntos. Por cada um dos meus sorrisos e ainda mais pelos teus.

Penelope se deixou arriar em uma cadeira próxima.

– Eu amo você – disse ele mais uma vez. – Sabe disso, não sabe?

Ela fez que sim, fechando os olhos enquanto roçava o rosto nas mãos dele.

– Tenho coisas para fazer – decretou Colin -, e não vou poder me concentrar se estiver pensando em você, preocupado se está chorando, me perguntando se está magoada.

– Eu estou bem – sussurrou ela. – Agora que lhe contei, me sinto melhor.

– Vou resolver essa situação – prometeu ele. – Só preciso que confie em mim.

Ela abriu os olhos.

– Com a minha vida.”

O que achei interessante foi como conseguimos nos conectar com Penelope, já que passei todos os livros anteriores a vendo justamente como todos viam: uma menina esquecida, sempre secundária e sem graça. E o mesmo acontece com Colin: a minha visão anterior dele era extremamente superficial: apenas  uma pessoa divertida, incapaz de fazer algo memorável. E é ótimo quando conseguimos entender os motivos dos personagens e suas implicações.

“Os segredos de Colin Bridgerton” é um livro que consegue prender o leitor, nos envolver na história e na época, e embora tenha menos conteúdo emocional do que os livros anteriores, compensa isso em diversão e na linda história de amizade e amor que é construída aos pouquinhos. Só posso dizer que com essa leitura, Julia Quinn consagrou sua fama de ser a Jane Austin contemporânea.

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Resenha: Se eu ficar, Gayle Forman

Depois do acidente, ela ainda consegue ouvir a música. Ela vê o seu corpo sendo tirado dos destroços do carro de seus pais – mas não sente nada. Tudo o que ela pode fazer é assistir ao esforço dos médicos para salvar sua vida, enquanto seus amigos e parentes aguardam na sala de espera… e o seu amor luta para ficar perto dela. Pelas próximas 24 horas, Mia precisa compreender o que aconteceu antes do acidente – e também o que aconteceu depois. Ela sabe que precisa fazer a escolha mais difícil de todas.

A primeira coisa que vi sobre “Se eu ficar” foi o trailer do filme. Estava assistindo na maior tranquilidade quando me aparece a cena “Based on the acclaimed novel”. Dei pause na hora e fui procurar o livro pra comprar!

No livro conhecemos a história de Mia: uma adolescente nerd e super na dela, que tem como paixão da vida dela tocar violoncelo. Mia mora com seus pais, que são jovens e extremamente atuais e descolados. Eu preciso falar da família de Mia, porque cada parte dessa família ganhou um lugar no meu coração: seu pai tinha uma banda e largou tudo para se tornar professor quando a responsabilidade bateu à porta, mas permanece daquele jeito largado, cheio de estilo, e é o personagem mais engraçado e sarcástico do livro e possivelmente o pai literário mais perfeito que já tive a honra de ler. Sua mãe, de jovem rebelde se tornou uma “mãe ursa” – palavras de Mia – e faz de tudo pelos seus filhos, mas nunca deixa de largar palavrões pela casa e de dizer que a vida é uma merda. Ambos são engraçados e divertidos mas são acima de tudo, amorosos. Fazem questão que Mia e seu irmão sejam felizes, busquem seus próprios sonhos e tomem suas próprias decisões. O amor desse lar se completa com Teddy, o irmão menor de Mia. A relação deles não é de ciúmes, nem de irmãos que brigam (embora role aquela briga as vezes, cascudos etc): Teddy só dormia ouvindo Mia tocar quando era bebê, e era só Mia que lia pra ele toda noite um capítulo de Harry Potter. A ligação entre os dois é suave e linda, não tem como não se apaixonar. Essa foi a família que me conquistou no primeiro parágrafo, numa cena normal dentro de casa num café da manhã. E foi por essa família que eu chorei.

Mia se sente um pouco deslocada por gostar de música clássica enquanto sua família é punk, por ser introspectiva enquanto todos são engraçados e festeiros, mas nada disso diminui seu amor e sua vontade de estar entre eles. E é assim que ela passa o tempo: tocando, com sua família e com Adam. Mia ainda não entende porque Adam está com ela, como ele – lindo, engraçado, inteligente e integrante da banda Shooting Star, que está ficando cada vez mais popular em Portland – se interessou por ela, mas a questão é que ele é extremamente e intensamente apaixonado por Mia, e juntos eles são responsáveis pelos momentos doces e de romance do livro.

Já nos capítulos iniciais, temos o divisor de águas da vida de Mia: o acidente. Rápido e confuso, uma hora ela estava no carro com sua família indo visitar amigos, e na outra, ela estava parada no asfalto gelado da neve, olhando os corpos dos pais – e o dela própria – estirados no chão. Mia acompanha os paramédicos chegarem e fazerem de tudo para reanimá-la, acompanha a viagem até o hospital, a sua própria cirurgia: tudo como uma observadora externa, vendo a si mesma entubada e cheia de fios. Enquanto presenciamos a angustia de não poder falar, não poder ser vista, não saber como está o próprio irmão, Mia vê seus tios e primos chegarem, vê sua melhor amiga Kim na capela, rezando pela sua volta, vê seus avós desolados e vê Adam. Ela acompanha os Adams: o em estado de choque, o Adam revoltado que tenta invadir a UTI, o Adam em prantos e então, o Adam apaixonado.

 

“Eu ficava brava porque ele nunca escreveu uma música pra mim. Adam mesmo sendo músico alegava que não era muito bom com músicas bobinhas que falam de amor:

– Se quer que eu escreva uma música para você, vai ter que me trair ou alguma coisa desse tipo – dizia ele, já sabendo muito bem que isso não aconteceria.

E agora, fico me perguntando se conseguiria sentir o toque dele. Adam solta a minha mão – a minha mão do corpo desacordado – e dá um passo à frente para me olhar. Ele está tão pertinho de mim que quase consigo sentir seu cheiro (…) Adam começa a murmurar alguma coisa. Com a voz bem baixa. Ele não para de repetir: por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por favor. Por fim, ele para e olha bem para o meu rosto:

– Por favor, Mia – implora. – Não me faça escrever uma música.”

Além de todos os personagens familiares, temos os personagens secundários que se destacam, e a enfermeira Ramirez é uma delas: a única funcionária do hospital que se preocupava com os detalhes de Mia: se preocupava se ela estava vestida, se seu cabelo estava limpo, e em lhe dar “bom dia”, em conversar com ela e lhe desejar melhoras. A enfermeira Ramirez é quem fala algo que muda toda a sua perspectiva: “Você acha que cabe aos médicos, aos medicamentos e as máquinas, mas se você fica ou se você vai, a decisão é sua.” É então que Mia tem que tomar a decisão mais difícil da sua vida: ela vai embora para um lugar sem dor, sem recuperação, sem choros e com sua amada família ou ela fica e enfrenta uma vida solitária, ser órfã e meses de recuperação? Em meio a tudo isso, temos vários momentos de flashbacks de Mia com sua família, seus amigos ou com Adam, e cada parte inocente ou engraçada que ela tem leva um pedacinho do nosso coração.

O livro nos leva a inúmeras reflexões, entre elas, a importância da nossa família e dos nossos amigos. A descoberta do amor de verdade, e a mais importante de todas: o valor que damos a nossa vida e o quão longe estaríamos dispostos a lutar por ela. Não sou eu quem vou contar o final – e a decisão de Mia – nessa resenha, por isso não vou poder comentar o final. Mas digo que esse livro foi emocionante, profundo e lindo! Espero ansiosa pelo filme – dia 22 de agosto nos cinemas!! – e pela continuação dessa história maravilhosa.

 

“Viva para amar”

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Resenha: Quero ser Beth Levitt, Samanta Holtz

Amelie Wood perdeu os pais aos doze anos e, desde então, vive em um abrigo de meninas. Com a chegada do seu décimo oitavo aniversário, ela vive agora o temido e esperado momento de deixar o lugar que a acolheu por toda a adolescência para enfrentar o mundo em busca dos seus sonhos. Seu bem mais precioso é o velho exemplar do romance que sua mãe lia para ela, na infância. “Doce Acaso” contava a história de Beth Levitt, uma jovem que, como ela, amava o balé e tinha a vida transformada ao conhecer o príncipe Edward. Amie suspira ao reler incansavelmente aquelas páginas, imaginando quando o príncipe da vida real baterá em sua porta… Por isso, ao soprar as velas, não tem dúvida quanto ao seu pedido: “Quero ser Beth Levitt!”. Através de grandes coincidências e uma trajetória que ela jamais imaginaria, Amie se vê, de repente, no fascinante mundo do cinema, cara a cara com o príncipe mais lindo que sonharia encontrar e lutando para se esquivar da maldade de muita gente invejosa, contando, para isso, com sua melhor arma: um coração puro.

Eu adoro quando leio um livro sem nenhuma expectativa e me surpreendo e me apaixono mais a cada capitulo. Adoro mais ainda quando descubro que a autora é brasileira, e fico cada vez mais orgulhosa da literatura nacional! “Quero ser Beth Levitt” é o título desse livro doce, romântico e cheio de surpresas que me fez feliz durante um final de semana.

A historia é narrada pela terceira pessoa, e conhecemos Amelie Wood, uma garota extremamente doce e inocente, que ao ficar órfã aos 12 anos, vai morar numa casa para garotas, e justamente pela vida que leva no abrigo: apenas estudar, praticar ballet e ficar com suas amigas, Amelie ao completar 18 anos e sair de lá, se depara com um mundo onde ela não sabe se portar. Ela volta para a casa de seus pais e tenta encontrar um emprego, mas se depara com a maldade e a falta de empatia das pessoas, mas nada disso desanima Amie, que tendo uma criação repleta de amor de seus pais, sempre acredita que haja o que houver, seus pais estão cuidando dela e que tudo vai dar certo.

“Mantenha o seu coração puro, era o que sempre dizia, antes de depositar um beijo de boa-noite na testa da filha.”

Amia é extremamente ligada ao livro preferido da sua mãe “Quero ser Beth Levitt” um romance que ela carrega na bolsa para todos os lugares, e sempre que se sente sozinha ou com medo, é a ele que ela recorre, e são aquelas palavras de conforto que trazem uma calma pra ela.

Enquanto procura emprego, Amie é abordada por um conhecido “caça-talentos” que a convida para fazer um teste de um comercial de shampoo, e Amie, sem opções de trabalho, aceita. Mas graças a um feliz incidente, ela acaba na fila para fazer o teste para uma personagem no cinema, nada mais nada menos que o roteiro e adaptação do livro “Quero ser Beth Levitt”. Encantados pelo profundo conhecimento da garota pela obra, pela sua simplicidade e sua sinceridade na atuação – por conhecer extremamente cada pedacinho da história- Amie entra num mundo totalmente novo e o sonho de muitas garotas: Ela se muda para Acton, a cidade cinematográfica das gravações do filme.

Mas nem tudo são flores! O mundo do cinema tem muito mais competitividade do que esperado! Amie vai ter que aprender a lidar com colegas invejosos, a pressão das gravações, a cobrança sobre sua atuação, falsos amigos e muitos contratempos…

“Se fossem fáceis, não seriam sonhos. Nem valeriam a pena.”

Mergulhamos num mundo de ensaios, aula de teatro, de expressão corporal, de dança e de toda uma realidade desconhecida e empolgante, mas que ao contrário do que pensamos, a vida no cinema não é um sonho, existem muitas responsabilidades e pouco tempo para passar com quem amamos. Mas para felicidade dela (e a nossa) ganhamos o presente da companhia de Chris Martin – um famoso ator, que faz o papel principal no filme, e que se mostra a cada momento mais atencioso e simpático, e que aos poucos conquista Amie (e a nós) a cada parágrafo.

“- Uma vez, você me disse que a pior coisa de ser sozinha é não ter ninguém para querer saber como você está, quando acorda…
Amie mordeu os lábios e assentiu, emocionada.
– Pois isso não existe mais – continuou, com uma intensidade quase furiosa na voz. – Porque essa é a primeira coisa na qual eu penso, todas as manhãs. E era só o que eu conseguira pensar, aqui, enquanto esperava você abrir os olhos.
Inclinou-se para mais perto dela, determinado.
– Você nunca mais vai se sentir sozinha, Amie. Porque eu não vou deixar.”

A leitura flui rapidamente, e você se vê cada vez mais encantada pela amizade entre Amie e Chris, pelo esforço da garota e sua capacidade de transformar situações ruins em aprendizado. Também somos agraciados pela presença dos personagens secundários divertidíssimos, como Dalva, a professora de Ballet, ou Mary J. que foi feita para ser odiada e eu a amava!

O livro tem uma publicação impecável, com páginas lindas e em cada novo capítulo temos uma sapatilha de ballet <3 e a capa eu nem preciso comentar: mais perfeita impossível! Por essa publicação maravilhosa, quero passar no stand da Novo Século na Bienal e dar uma olhada nas outras publicações! Sem mais delongas: o livro está recomendadíssimo pra quem gosta de uma história linda e recheada de romances!

Um detalhe (pessoal) que me fez ser conquistada de vez: Amelie conhece como poucos a dor da falta de um pai e/ou mãe. Mas em momento nenhum isso é usado para fazer da personagem como uma “pobre órfã” ou se lamentando por isso. Amie consegue descrever exatamente o tipo de saudade que sentimos quando perdemos um pai – não a saudade dos momentos que vivemos juntos, mas a saudade daqueles momentos que nunca poderemos viver. Eu senti exatamente isso, e ter os meus sentimentos transformados em palavras, criou uma identificação imediata com a personagem. Samanta Holtz conseguiu traduzir tudo que senti durante um momento de dor, e seu texto me fez ansiar por ler mais dos seus trabalhos! “O pássaro” – seu outro livro publicado no brasil –  é o próximo romance da minha lista!

 

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Resenha: O resgate do tigre, Colleen Houck

Kelsey Hayes nunca imaginou que seus 18 anos lhe reservassem experiências tão loucas. Além de lutar contra macacos d’água imortais e se embrenhar pelas selvas indianas, ela se apaixonou por Ren, um príncipe indiano amaldiçoado que já viveu 300 anos. Agora que ameaças terríveis obrigam Kelsey a encarar uma nova busca – dessa vez com Kishan, o irmão bad boy de Ren –, a dupla improvável começa a questionar seu destino. A vida de Ren está por um fio, assim como a verdade no coração de Kelsey. Em O Resgate do Tigre, a aguardada sequência de A Maldição do Tigre, os três personagens dão mais um passo para quebrar a antiga profecia que os une. Com o dobro de ação, aventura e romance, este livro oferece a seus leitores uma experiência arrebatadora da primeira à última página.

O segundo livro da coleção começa com Kelsey seguindo sua vida pós-Ren e toda a aventura na Índia. Por mais que eu ache sua atitude no final do primeiro livro muito exagerada, quase como se ela quisesse fugir da felicidade, eu consigo entender os motivos que a levaram a essa decisão: ela é uma humana comum e Ren é um príncipe maravilhoso, que passou anos aprisionado e ele deveria curtir sua vida de volta, e não se prender a alguém que ele mal conhecia. De volta a Oregon, sua cidade natal, ela tentando sair com outros caras, estuda em todo tempo livre, pratica um curso de artes marciais (afinal, ela teve que lutar muito mais que imaginava e dormia  agarrada a um tigre de pelúcia. Tudo isso, até a aparição de Ren de surpresa no Natal.

A partir dai, o livro assume um romance fora do normal: temos Ren, mais maravilhoso o que nunca tentando conquistá-la, aprendendo a conviver com os humanos e sendo cada dia mais doce. As cenas e Kelsey e Ren no começo de “O Resgate do Tigre” eram tão lindas que eu não conseguia ler o livro em locais como: no ônibus ou na cozinha enquanto limpavam a pia. Eu tinha que ler cada trecho dito por Ren em um lugar tranquilo, onde todas as atenções eram para aquelas palavras.

Ei, você nunca me disse o que significa chittaharini.
Ele beijou meus dedos.
– Significa “a que cativa a minha mente.”
– E iadala?
– Querida.
– Como se diz “eu te amo”?
– Mujhe tumse pyarhai.
– E “estou apaixonada”?
Ele riu.
– Você pode dizer anurakta, que significa que você “está se afeiçoando a” alguém. Ou pode dizer que é kaamaart, que significa que é uma “jovem intoxicada com amor ou perdida de amor”. Prefiro a segunda forma.
Sorri, de modo afetado.

Finalmente posso falar sobre a melhor parte do livro: Ren! Gente, que protagonista é esse? Acho que ele consegue juntar um pouquinho de cada parte dos protagonistas que tanto amamos (plus ser um tigre e te defender) e temos Ren.  Me segurei muito na primeira resenha pra que não falar dele, mas eu não queria dizer que Ren era o tigre antes da hora certa. Graças a batalha travada no primeiro livro, Ren agora pode passar 6 horas como homem, e ele faz bom proveito desse tempo.

 

Existem muitos tipos de beijos. Há o beijo apaixonado de adeus – como o que Rhett deu em Scarlett ao partir para guerra. O beijo de “não posso ficar com você, mas quero ficar” – como o de Super-Homem e Lois Lane. Tem o primeiro beijo – delicado e hesitante, cálido e vulnerável. E tem também o beijo de posse – que era como Ren me beijava naquele momento.

Enquanto eles estão na faculdade, a sombra e Lokesh ainda ronda todos eles: procurando por Kelsey a qualquer custo. Para aumentar a segurança da garota, Ren chama seu irmão, Kishan, que não perde uma oportunidade de dar em cima de Kelsey. Em um determinado momento, Lokesh consegue achá-los (afinal, o livro estava bom demais pra ser verdade), e para salvar Kelsey de ser capturada, Ren se sacrifica e fica para trás, e Kelsey é levada por Kishan em segurança para casa;

Juntos, Kishan, Kelsey e Sr. Kadam tentam desvendar os enigmas da próxima profecia: aquela que dará aos tigres 12 horas como humanos, e a todo o momento procuram por Ren. Enquanto Sr. Kadam se encarrega das buscas, ele convence Kelsey e Kisham a partirem na jornada para acabarem com mais essa etapa da Maldição do Tigre, e é ai que eu comecei a não gostar. Como já era esperado, Kishan e Kelsey se aproximam cada vez mais, e Kishan se declara para a garota, mesmo sabendo que ela é namorada do seu irmão.

Não sou o tipo de homem que reprime os sentimentos, Kells. Não fico sentado no quarto me consumindo de tristeza, escrevendo poemas de amor. Não sou um sonhador. Sou um lutador. Sou um homem de ação e vou precisar de todo meu autocontrole para não lutar por isso. Quando é preciso fazer alguma coisa, eu faço. Quando eu sinto alguma coisa, eu tomo uma atitude. Não vejo nenhum motivo para que Ren mereça ter a garota dos seus sonhos e eu não. Não me parece justo isso acontecer comigo duas vezes.

Kelsey permanece fiel a Ren, mas começa a duvidar de seus sentimentos e a gostar da presença de Kishan e foi ai que eu parei de me identificar com ela. Sim, eu acredito que alguém possa amar duas pessoas ao mesmo tempo, mas não acredito que alguém possa estar apaixonado por duas pessoas ao mesmo tempo. Nunca consegui me solidarizar com triângulos amorosos, por mais bem feitos que eles sejam. Nunca na minha história de vida/história literária consegui acreditar em alguma história desse tipo – a ÚNICA exceção a essa regra e o único triangulo amoroso que eu consegui compreender, aceitar e até sofrer com eles, foi o de Will, Tessa e Jem <3 em “As peças infernais”- mas pra quem gosta de triângulos amorosos, essa é uma história de mão cheia.

Entre buscas pelos presentes da deusa Durga, mais vilões e mais etapas afim de conseguir deter a maldição do Tigre e ainda as aventuras para resgatar Ren, o livro consegue prender o leitor, com emoções a todo o momento. O livro consegue ainda sua dose de cenas fofas e percebemos a forte ligação familiar que se estabelece entre Kelsey, Nilima, Sr. Kadam, Ren e Kishan.

A publicação continua impecável, a capa continua maravilhosa e a leitura continua sendo indicada!

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Resenha: Entre o agora e o sempre, J. A. Redmerski

Camryn Bennett e Andrew Parrish nunca foram tão felizes. Cinco meses depois de se conhecerem num ônibus interestadual, os dois estão noivos e prestes a ter um bebê. Nervosa, mas empolgada, Camryn mal pode esperar para viver o resto de sua vida com Andrew, o homem que ela sabe que vai amá-la para sempre. O futuro só lhes reserva felicidade… até que uma tragédia os surpreende. Andrew não consegue entender como algo tão terrivelmente triste pôde acontecer. Ele tenta superar o trauma — e acredita que Camryn esteja fazendo o mesmo. Mas, quando descobre que Camryn busca sufocar uma dor imensa de uma forma perigosa, fará de tudo para salvá-la. Determinado a provar que o amor dos dois é indestrutível, Andrew decide levar Camryn numa nova jornada carregada de esperança e paixão. O mais difícil será convencê-la a ir junto… Com Entre o agora e o sempre, a aguardada continuação de Entre o agora e o nunca, J. A. Redmerski concluiu a história de amor que encantou milhares de leitores.

Não vou mentir que eu estava morrendo de medo de ler esse livro. “Entre o agora e o nunca” foi um livro excelente, brilhando em todos os seus objetivos! E  pra mim, ele teve um ótimo desfecho. Quando descobri que o livro teria uma continuação, fiquei muito receosa. Medo da autora mudar aquele final lindo, medo de que os personagens se perdessem numa continuação, mas gente, é tão bom ser surpreendida positivamente!

Começando com sua dedicatória, que já conquista o leitor antes mesmo de começarmos a história…

“Para todos que tiveram um momento de fraqueza. Não vai doer para sempre, então não deixe isso afetar o que há de melhor em você.”

“Entre o agora e o sempre” consegue ser mais doce que “Entre o agora e o nunca” e deixa em nós a impressão de que, por mais que J.A. Redmerski poderia escrever cinco livros sobre Andrew e Camryn e todos eles seriam excelentes!

O primeiro livro terminou de forma bastante corrida, pelo menos tive essa sensação: de que a autora queria colocar em prática todas aquelas idéias, mas o livro já estava terminando e por isso ela teve que correr, e eu acho que aquele final ficaria muito mais detalhado e aproveitado numa segunda edição. Mas naquela época, ninguém imaginava o sucesso que “Entre o agora e o nunca” seria, então ela concluiu todos os arcos no primeiro livro. Já no segundo, começamos a história exatamente onde ela havia parado.

Cam e Andrew estão felizes e juntos, em sua situação pós-roadtrip e arrumando os preparativos para a chegada do bebê. Mas (como era de se esperar) uma tragédia acontece e Camryn perde a criança, a deixando num estado devastado, se sentindo culpada por ter perdido seu filho e arrasada e desanimada com a vida. Para tentar parecer forte e superar esse momento, ela começa a tomar analgésicos e remédios da mãe, para se sentir entorpecida e não sentir tanta dor (emocional). Ao descobrir isso, Andrew – que vale ressaltar, está ainda mais atencioso e apaixonante nesse livro – faz de tudo para tirar esse peso das costas de Cam, e novamente acompanhamos o que esse casal faz de melhor: viajar.

Numa segunda viagem de carro pelo país, Andrew e Camryn se divertem, relembram dos seus primeiros momentos no ônibus e aos poucos, Andrew consegue fazer Cam enfrentar todos os seus medos e culpas, não apenas a perda do bebê, como a perda de Ian.

O livro em si não tem muito arcos novos ou histórias criadas. Não conhecemos novos personagens, ele trata unicamente disso: J.A. Redmerski dar aos fans um pouco mais do casal que aprendemos a amar. É um livro sobre o amor de Andrew e sobre aprender a perdoar. Mas mesmo sem histórias mirabolantes ou novidades, ele consegue ser extremamente doce, engraçado em seus momentos, picante em outros e principalmente: nos mostra o tempo todo a diferença que o amor pode fazer na vida de qualquer um de nós.

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Resenha: A Maldição do Tigre, Colleen Houck

(Modificada) Kelsey Hayes perdeu os pais recentemente e precisa arranjar um emprego para custear a faculdade. Contratada por um circo, ela é arrebatada pela principal atração: um lindo tigre branco. Kelsey sente uma forte conexão com o misterioso animal de olhos azuis e, tocada por sua solidão, passa a maior parte do seu tempo livre ao lado dele. Para trabalhar, Kelsey embarca em uma perigosa jornada pela Índia, onde enfrenta forças sombrias, criaturas imortais e mundos místicos, tentando decifrar uma antiga profecia. Ao mesmo tempo, se apaixona perdidamente tanto por um tigre quanto por um homem.

O que dizer sobre essa série que conheci agora e já considero pacas? Começo dizendo que, se eu me delongar sobre a história eu vou acabar com a surpresa que descobrimos no finalzinho do capitulo 7, e é por esse mesmo motivo (não estragar a surpresa) que a sinopse do livro que começa todos os posts não é a oficial. E é lindo descobrir sozinho esse pedacinho de mistério que envolve o livro! Por isso essa resenha talvez não fale tudo que eu gostaria de falar (eu gostaria MUITO de falar do romance, e de como me apaixonei pelo herói, de como cada pedacinho da conquista e das birras foram doces, mas para isso eu ia ter que quebrar a surpresa e se tem uma coisa que eu odeio nessa vida são spoilers!). Espero nunca viver pra ter que escrever uma resenha que estrague as surpresas do leitor.

Começamos nossa história conhecendo Kelsey, que terminou o ensino médio e está em busca de trabalhos de verão para poder pagar a faculdade. Kelsey é uma adolescente comum, cabelos e olhos castanhos, nada de fantástico em seu esteriótipo, nunca namorou e mora com seus tutores desde a morte dos seus pais em um acidente de carro. Kelsey até hoje convive com as consequências desse acidente: ela tinha apenas seus pais na vida, e quando os perdeu, perdeu tudo que tinha e todos que amava. Desde então Kelsey se policia, e não se aproxima de ninguém, não se entrega a ninguém, para evitar sentir esse tipo de dor novamente, e logicamente, se tornou uma adolescente muito solitária.

Ao buscar um novo emprego nas férias, Kelsey acaba trabalhando num circo, onde sua tarefa é limpar o local e alimentar os animais. E é lá que ela conhece Ren: o lindo e imenso tigre branco, com olhos azul cobalto e que são capazes de hipnotizá-la. Sem entender o motivo, Kelsey sente uma ligação imediata com o tigre, e passa todo o seu tempo livre do circo ao lado da jaula de Ren, lendo livros ou simplesmente conversando com ele. Ela sente que o tigre que vive isolado de todos é como ela, e os dois gostariam de ser livres.

Quando seu trabalho está no fim, Kelsey recebe um convite inusitado: Ela conhece o Sr. Kadam, um senhor indiano, que aparece no circo e também fica encantado pelo tigre Ren. Ele se apresenta a todos do circo e revela que trabalha para um indiano muito rico, que preza pelos tigres e gostaria de comprar Ren e levá-lo a uma reserva florestal, para que ele possa viver entre os seus. O Sr. Kadam então contrata Kelsey para levá-lo, alimentar e cuidar do tigre durante a viagem (Não é nada estranho do tipo “Meu deus, ela tá indo pra fora do pais com um desconhecido, ela não sabe sobre prostituição? Isso nunca aconteceria.”  Nada disso! A família de Kelsey pesquisa sobre o Sr. Kadam, seu empregador, o sr. Kadam faz questão de se apresentar a todos, compra as passagens de Kelsey, tudo na mais perfeita ordem, o que dá credibilidade a leitura). Alimentada pela vontade de passar mais tempo com seu tigre – e claro, pela quantia gorda que lhe foi oferecida pelo trabalho – Kelsey resolve aceitar… E só digo que: mal sabe ela que bela decisão ela tomou!

Somos levados junto com ela por um mundo de descobertas sobre a índia, e nesse quesito Colleen Houck consegue ser espetacular e descrever tudo maravilhosamente bem! Os cenários, a culinária, as histórias… tudo é fantástico! Nunca nessa vida achei que fosse sentir tanta vontade de conhecer a Índia, mas cá estou eu, já procurando passagens na decolar.com

Também nunca fui fã de histórias mitológicas, mas em “A Maldição do Tigre” a mitologia consegue ser a cereja que faltava do bolo: o livro consegue ser doce, engraçado, romântico e cheeeio de aventuras! Sei que venho aqui toda semana e falo “leia esse” “leia aquele” mas gente, agora o assunto é sério: vocês tem que ler “A maldição do tigre”.

“A maldição do tigre” é o primeiro livro de uma série de 5, onde quatro já estão publicados no Brasil, e em breve vocês terão a resenha de todos aqui. Ao terminar a leitura, fiquei com duas sensações: a imediata era de: eu PRECISO do livro dois para sobreviver. A segunda foi: eu vou reler esse livro pro resto da minha vida!

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Resenha: Música do Coração, Katie Ashley

Para Abby Renard, o plano era para ser simples, se juntar a banda de seus irmãos na última etapa da sua turnê de verão, e decidir se ela está finalmente pronta para a ribalta, tornando-se o seu quarto membro. É claro que ela nunca imaginou que tropeçar no ônibus de turnê errado na Rock Nation, teria acidentalmente pousado-a na cama de Jake Slater, o notório vocalista mulherengo da Runaway Train. Quando ele a confunde com uma de suas groupies, Abby rapidamente esclarece que ela com certeza não está na sua cama de propósito.
Jake Slater nunca imaginou que o anjo que caiu na sua cama iria resistir a seus encantos, no mesmo instante o deixou de joelhos. Naturalmente, o fato de que ela parece uma menina certinha do coro poderia ser qualquer coisa, menos o tipo dele. Então, ele esta mais do que surpreso quando, depois de apostar com Abby que ela não duraria uma semana no seu ônibus de turnê, ela esta mais do que disposta a provar que ele estava errado. Com a vida pessoal de Jake implodindo a sua volta, ele encontra uma improvável aliada em Abby. Ele nunca conheceu uma mulher que pudesse conversar, brincar, ou o mais importante fazer música com ela.
Quando a semana começa a chegar ao fim, nem Abby, nem Jake estão prontos para seguir em frente. Pode uma cantora de Country querida e um bad boy do rockn’roll, de verdade, terem um futuro juntos?

Peguei “Música do Coração” na fila para pagar outros livros e enquanto lia a contra-capa, resolvi levar… Não posso dizer que me apaixonei pelo livro ou que não consegui parar de ler, mas foi uma leitura gostosa. “Runaway Train” é o primeiro livro de uma trilogia que tem potencial para se tornar um novo sucesso new adult.

Nos deparamos com uma história clichê, de Abby, uma garota virgem e com valores fieis, que cresceu com seus irmãos, e por isso sabe bem como lidar com os homens e a responder os rapazes a altura. Seus irmãos tem uma banda de rock gospel, e ela vai encontrá-los ao fim de um grande encontro musical com várias bandas, afim de terminar a turnê com eles e quem sabe, se tornar uma das vocalistas da banda em breve. Mas devido a uma confusão na hora do embarque, ela acaba entrando no ônibus errado, e não percebe isso. Ao imaginar que seus irmãos estão dormindo, ela também vai tirar um cochilo, e quando acorda, já está no meio da estrada do ônibus de uma banda extremamente famosa de rock pesado, e ao achar que vai acordar o irmão, acaba acordando Jake Slater, o vocalista badboy e mulherengo da banda.

Jake logo fica encantando pela aparição desse “anjo” em sua cama, mas cai na real quando ela lhe dá um chute nas suas “partes íntimas” e empurra ele. A partir desse momento, Jake sente mais prazer ainda em pirraçá-la. Ao ligar para seus irmãos e tentar resolver a situação, Jake usa da sua sedução e pirraça Abby novamente, dizendo que ela, uma menina “mimada” não conseguiria passar uma semana no ônibus com homens de verdade, e Abby resolve aceitar a aposta e só voltar para casa depois de uma semana.

Ai está o motivo que tive descrença na história do livro… Porquê isso, meu Deus? Porque uma aposta com uma pessoa aleatória? Acho que a história teria sido muito mais convincente se, devido aos shows e as turnês das bandas (tanto da banda de Jake, quanto da banda dos irmãos de Abby) eles só pudessem se encontrar depois de uma semana. Acho que seria mais verídico e passaria ao leitor a impressão que a autora provavelmente queria dar: que Abby não estava ali porque queria, estava ali por um erro.

Enfim, superado (ou não) esse incidente, Abby acompanha os meninos da banda e se demonstra uma companhia prazerosa para todos os companheiros da banda. Abby consegue ser engaçada e colocar Jake em seu lugar todas as vezes que ele tenta fazer uma gracinha pra ela. O que ela não sabe, é que Jake está passando por um momento muito difícil com a doença de sua mãe, e isso afeta todo seu comportamento e sua agressividade.

A história se torna um pouco previsível, como todo new adult, mas é um livro muito divertido. Você consegue se afeiçoar a Abby e suas respostas atrevidas, consegue se afeiçoar a Jake, quando passa a conhecê-lo e até os personagens secundários, os caras da banda… Todos conseguiram me fazer rir. Temos comédia, temos romance e temos muito drama nas últimas páginas. O livro consegue ser satisfatório em seu objetivo, e acho que contém arcos suficientes para os próximos dois que virão pela frente… vamos aguardar!

 

Resenhas

Resenha: Memórias de uma Gueixa, Arthur Golden

“Memórias de uma Gueixa” é um romance fascinante, para ser lido de várias maneiras: como um mergulho na tradicional cultura japonesa, ou um romance sobre a sexualidade, e ainda, como uma descrição minuciosa da alma de uma mulher já apresentada por um homem. Seu relato tem início numa vila pobre de pescadores, em 1929, onde a menina de nove anos é tirada de casa e vendida como escrava. Pouco a pouco, vamos acompanhar sua transformação pelas artes da dança e da música, do vestuário e da maquilagem; e a educação para detalhes como a maneira de servir saquê revelando apenas um ponto do lado interno do pulso – armas e mais armas para as batalhas pela atenção dos homens. Mas a Segunda Guerra Mundial força o fechamento das casas de gueixas e Sayuri vê-se forçada a se reinventar em outros termos, em outras paisagens.

Memórias de uma Gueixa é um livro no mínimo, diferente. Diferente de tudo que já li. Peguei o livro com bastante expectativa e com receio de me decepcionar, mas a cada capítulo que passava minhas expectativas só eram superadas. O livro é narrado por Sayuri, que uma gueixa já muito idosa e morando nos EUA, que concorda em contar sua história a um amigo jornalista. Com uma condição: que sua história só fosse publicada após a sua morte.

Mergulhamos (sim, literalmente mergulhamos) na cultura japonesa e em todo um universo antes desconhecido. Conhecemos a história de Chiyo, uma linda garotinha japonesa, com olhos azuis acinzentados extremamente raros e muito bonita, que foi retirada da sua família e vendida a um okyia, que era como se chamavam as casas das gueixas no Japão. Elas chegavam lá como crianças, frequentavam a escola onde deveriam aprender tudo que uma Gueixa deve saber: a dançar com leveza, tocar instrumentos musicais, servir chá, entreter os convidados com conversas interessantes, saber se maquiar, seduzir… e acredite quando eu digo, nunca imaginei que ser uma gueixa fosse tão difícil. Mais difícil que passar em Medicina ou ser Dançarina do Faustão.

Depois de passar por todos os ensinamentos, a aprendiz de gueixa ainda depende de muita coisa para conseguir sucesso em sua profissão: ela depende que a casa em que ela foi deixada e serviu quando era criança banque seus estudos como gueixa, depende que uma gueixa mais velha se disponha a ser sua “irmã mais velha” e a introduza na sociedade, apresentá-la aos homens mais influentes e principalmente, a ensiná-la com precisão como ser disputada e como seduzir os homens certos, que poderão garantir um futuro estável.

A vida de Chiyo consegue ser ainda mais complicada do que a de uma gueixa normal. Ela sofre tremendamente nas mãos de Hatsumomo, uma gueixa famosa que morava em seu okyia, e que tinha inveja da gueixa que Chiyo poderia se tornar e fazia de tudo para atrapalhar suas conquistas.

Mas mesmo contra todas as investidas de Hatsumomo, Chiyo se dedica como ninguém e se torna uma das gueixas mais famosas no Japão: Sayuri (uma gueixa deve deixar seu nome de criança ao se tornar uma mulher).  Acompanhamos de perto todos os pormenores de seu desenvolvimento: como aprendeu a dançar, seu primeiro musical, a venda do seu mizuage (como é chamada a virgindade de uma gueixa – aquela que  vender seu muziage pelo maior preço, torna-se a gueixa mais popular do ano) e em meio a tudo isso, acompanhamos a relação de amizade de Sayuri com sua irmã mais velha, Mameha e com clientes especiais, como Nobu e o Presidente.

Sayuri ainda encontra em seu caminho a Segunda Guerra Mundial, época em que ela tem que se esconder e onde tudo que tinha conquistado, todo o seu mundo havia sido destruído. (E é ai que percebemos a veracidade do livro, e como seu relato condiz com a época e com a história mundial). Quando finalmente volta a sua rotina, Sayuri tem que lidar com algo que as gueixas nunca deveriam se permitir: apaixonar-se por um homem.

A história da protagonista foi inspirada numa gueixa que realmente existiu no Japão, havendo mudança dos nomes dos personagens para preservar os filhos da protagonista, e eu sempre me perguntava se algumas coisas que aconteciam realmente fizeram parte da vida dela ou foram uma invenção literária. Com Sayuri, aprendi que não importa o que a vida nos proporcione ou o quanto ela possa ser injusta, tudo vai depender da sua resposta: se lamentar e se deixar levar ou se esforçar e ser o seu melhor naquilo que você pode ser.

“Memórias de uma Gueixa” me abriu os olhos. A ressaca literária foi enorme: fiquei pensando se ainda existiam gueixas no Japão, se elas eram realmente vendidas e se ainda eram submetidas a situações constrangedoras e as vezes cruéis para conseguir se tornar uma gueixa. E se tudo isso ainda aconteciam, como elas tinham orgulho de se tornar, de fato, uma Gueixa? Todas essas perguntam ainda estão na minha mente, mas foi algo sensacional poder conhecer um pouco de uma história que eu nem imaginava. Foi sensacional sair um pouco dessa literatura de vampiros, lobisomens, zumbis, amores eternos e cair um pouco na realidade.

PS. Um agradecimento especial a Deia, que não só me fez ler, como me emprestou esse livro maravilhoso!

 

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Resenha: Um caso perdido, Colleen Hoover

Às vezes, descobrir a verdade pode te deixar com menos esperança do que acreditar em mentiras… Em seu último ano de escola, Sky conhece Dean Holder, um rapaz com uma reputação capaz de rivalizar com a dela. Em um único encontro, ele conseguiu amedrontá-la e cativá-la. E algo nele faz com que memórias de seu passado conturbado comecem a voltar, mesmo depois de todo o trabalho que teve para enterrá-las. Mas o misterioso Holder também tem sua parcela de segredos e quando eles são revelados, a vida de Sky muda drasticamente.

Vai ser muito difícil pra mim escrever essa resenha e compartilhar “Um caso perdido” com vocês. Porquê? Por que eu tenho ciumes dos meus livros mais queridos e esse é um deles. Começando com o fato de Colleen Hoover ser uma das minhas autoras preferidas da atualidade, e já conhecendo seu trabalho em “Métrica” e “Pausa”, eu sabia que teria uma leitura crível, um pouco dramática porém cheia de momentos doces nas horas certas e eu não me enganei.

A história é contada do ponto de vista de Sky, uma adolescente de 17 anos que vive com sua mãe adotiva, Karen. Sky sabe que foi adotada e não tem nenhum problema com isso, pois ama Karen e não tem interesse em conhecer os pais que a rejeitaram. Porém Karen tem um estilo bastante “natureba” e não gosta de tecnologias, por causa disso, Sky passou sua vida sem acesso a televisão, celular, computador, facebook e afins. Além disso, recebeu educação doméstica até os 16 anos, quando finalmente bateu o pé e com ajuda da sua vizinha e melhor amiga, Six, Sky consegue convencer Karen a fazer o último ano do ensino médio num colégio regular para conseguir as matérias necessárias para entrar na faculdade.

Ao chegar no colégio, Sky apesar de nunca sair de casa e de ser virgem (na verdade, ela não sente atração nenhuma por nenhum menino… Apenas fica com eles por “falta do que fazer”) tem uma reputação ruim devido a Six, sua melhor amiga que é a maior piriguete (e ainda assim consegue te conquistar). Mas essa falta de atração de Sky desaparece completamente quando ela conhece Holder.

“- Vou lhe avisar uma coisa – disse ele baixinho. – Assim que meus lábios encostarem nos seus, vai ser, sim, o seu primeiro beijo. Porque, se nunca sentiu nada enquanto alguém a beijava, então ninguém jamais a beijou de verdade. Não da maneira como eu planejo beijá-la”.

Vamos abrir aspas para Holder nessa resenha: Holder me conquistou mais que qualquer outro personagem dessas milhões de páginas de livros que já li. Já conheci todos os mocinhos clichês “bad boys”, e Holder conseguiu superar cada um deles, porque na verdade, ele não é nada disso. Ele consegue ser engraçado, charmoso, atencioso e muito, muito misterioso. E todo esse mistério (aliado as covinhas de Holder) conseguem prender Sky e deixá-la encantada.

É ai então amigos leitores que vou parar de falar sobre o livro, senão vou estragar toda a surpresa da leitura. Acredite em mim quando eu digo sobre a surpresa ser uma surpresa. Não é algo previsível, não é nada esperado, é algo ao mesmo tempo forte e muito lindo, porque Sky e Holder estavam predestinados.

Eu sabia, pelas leituras anteriores de Colleen Hoover, que esse livro não seria “mamão com açúcar” pois afinal, esse não é seu estilo de escrita, mas não vou negar que eu não estava preparada para o que eu iria ler. As cenas são fortes, apesar de Colleen conseguir suaviza-las ao máximo para o leitor. As descobertas são muitas, e as últimas 100 páginas são eletrizantes e é impossível – isso não é eufemismo, é apenas IMPOSSÍVEL – você parar de ler e continuar a sua vida sem saber o que acontece no final.

“Um caso perdido” – que por sinal, minha única crítica é a tradução do livro, seria muito mais conveniente deixarem o título original: “Hopeless” – entrou na lista de um dos melhores livros que li em 2014, não apenas pela sua história, ou pelos personagens secundários, mas por conseguir me emocionar e me divertir em momentos que achei que não iria conseguir sorrir.

Ganha 5 estrelinhas, quando minha vontade era de dar 5 mil! 

Resenhas

Resenha: O visconde que me amava, Julia Quinn

A temporada de bailes e festas de 1814 acaba de começar em Londres. Como de costume, as mães ambiciosas já estão ávidas por encontrar um marido adequado para suas filhas. Ao que tudo indica, o solteiro mais cobiçado do ano será Anthony Bridgerton, um visconde charmoso, elegante e muito rico que, contrariando as probabilidades, resolve dar um basta na rotina de libertino e arranjar uma noiva. Logo ele decide que Edwina Sheffield, a debutante mais linda da estação, é a candidata ideal. Mas, para levá-la ao altar, primeiro terá que convencer Kate, a irmã mais velha da jovem, de que merece se casar com ela. Não será uma tarefa fácil, porque Kate não acredita que ex-libertinos possam se transformar em bons maridos e não deixará Edwina cair nas garras dele. Enquanto faz de tudo para afastá-lo da irmã, Kate descobre que o visconde devasso é também um homem honesto e gentil. Ao mesmo tempo, Anthony começa a sonhar com ela, apesar de achá-la a criatura mais intrometida e irritante que já pisou nos salões de Londres. Aos poucos, os dois percebem que essa centelha de desejo pode ser mais do que uma simples atração.

A coleção “Os Bridgertons” (até agora com 3 livros publicados) conta a história dos irmãos Bridgertons, irmãos que vivem em harmonia em uma família enorme, porém criada com muito amor, numa época em que casamentos eram firmados sem nem mesmo os noivos se conhecerem e tudo era julgado pela sociedade. Os livros não precisam necessariamente serem lidos na ordem com que foram publicados, pois cada um foca em um irmão ou irmã e sua história. Isso traz uma coisa muito boa: ao começar o próximo livro, você conhece a maioria dos personagens, tem aquela sensação familiar e ainda pode ter a sorte de ver seu personagem favorito de outros livros participar de histórias paralelas!

Neste livro, conhecemos a história de Anthony (pessoalmente, ele é até agora meu Bridgerton favorito, e já li os 3 livros da Julia Quinn) e justamente por isso esperava muito da história dele. Ele é o filho mais velho, e logo assumiu a responsabilidade de cuidar da família após a morte do pai, que com apenas 38 anos faleceu, deixando sua esposa Violet, e seus muitos filhos. Anthony conduz essa tarefa com maestria: cuida do dinheiro da família, da reputação das irmãs e é inteiramente dedicado a família. Porém nas ruas, ele é um libertino. Muito bonito, extremamente charmoso e poderoso, Anthony nem precisa se esforçar para conseguir a atenção das mulheres. Ao chegar perto dos 30 anos, atormentado pelos seus medos infundáveis, Anthony resolve que está na hora de se casar e deixar herdeiros para a família, mas essa decisão é tomada pelos motivos errados.

Anthony idolatrava o pai como seu herói. Para Anthony, seu pai foi a melhor pessoa que já existiu: era dedicado, apaixonado e sempre foi fiel a sua esposa. Era um pai exemplar, sem diferenciar seus filhos e sempre tendo tempo de dar atenção a todos eles. Era um excelente administrador e conseguiu aumentar a fortuna da família, deixando todos muito confortáveis durante a vida. Para ele, não havia como superar seu pai, ele nunca conseguiria ser melhor que ele em nenhuma parte da sua vida, e também na morte. Por acreditar que nunca superaria seu pai, Anthony tinha um medo e uma certeza (completamente infundada, diga-se de passagem) de que ele também iria morrer jovem, antes dos 39. E por isso, resolve que deve escolher uma esposa que seja bonita,  afinal, iria se deitar com ela e era com ela que teria seus filhos, uma esposa inteligente, pois teria de conviver com essa pessoa até o final de seus dias e o principal fator ao escolher uma esposa: ele não deveria se apaixonar por ela, tratá-la com respeito e educação, porém nunca com amor, para que ela também não o amasse e não ficasse triste e desolada como sua mãe Violet ficou, quando seu pai faleceu.

E foi nessa parte que não engoli direito essa explicação do livro. A história toda tem como base uma ideia de Anthony de que ele não seria capaz de ultrapassar a idade de 39 anos anos, e isso me incomodava a cada vez que ele tomava uma atitude baseada nisso ou cada vez que ele afirmava isso com certeza. Achei infundado e meio que mal explicado, e isso me incomodou extremamente. Felizmente, para esquecer esse aborrecimento, conhecemos Kate, a irmã mais velha de Edwina, que é a jovem mais cotada para a época de casar. Edwina é graciosa, delicada, educada e principalmente, a moça mais linda que toda a Londres já viu. Kate se sente muito pouco perto de Edwina, a sua irmã perfeita, mas a ama imensamente, e ela e Edwina são inseparáveis. Para compensar nunca ser cortejada em festas ou nunca ser reparada quando andava com Edwina, Kate se tornou uma mulher extremamente engraçada, forte, sarcástica e muito perspicaz.

Anthony, para conquistar Edwina, deve primeiro conseguir a aprovação de Kate, mas quando ele a conhece, tudo muda… e é por Kate que seu coração acelera, sua vontade de provocá-la aumenta e aumenta mais ainda a vontade de estar perto dela.

O livro é de fato muito bem escrito, tem uma leitura extremamente fluída e não é muito grande, o que faz você acabá-lo em uma sentada numa tarde de domingo. Quando comecei a procurar saber sobre Julia Quinn, me empolguei logo ao ver que ela era considerada a Jane Austen da nova geração. Bom, mais pressão e expectativa que isso é impossível, né? Talvez por isso eu fiquei com aquela sensação de “esperava mais” ao final da leitura.  Mas talvez isso se deva ao fato de que nunca engoli a “explicação” de Anthony para as suas escolhas. Mesmo com tudo isso, “O visconde que me amava” é uma leitura agradável e engraçada – adoro acompanhar como Anthony provoca e pirraça Kate e ela responde a altura – e acabou sendo uma maravilhosa distração