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Rafaela Donadone

Resenhas

Resenha: Sempre foi você, Carrie Elks

“Richard, nós tivemos um bebê. Londres, 31 de dezembro de 1999. Aos 17 anos, a britânica Hanna Vincent conhece o americano Richard Larsen: um estudante rico, encantador e sedutor que vai virar seu mundo de ponta-cabeça. Um relacionamento entre eles é improvável, já que vivem em mundos completamente diferentes. Mas aos poucos uma grande amizade vai surgindo e leva os dois a uma relação explosiva, cheia de paixão, amor e aventura. Emocionante e comovente, Sempre Foi Você é uma genuína história de amor. Você daria uma segunda chance ao amor da sua vida?”

Quando vi a capa de “Sempre foi você”, o novo lançamento da Universo dos Livros, fiquei encantada. Sou dessas que leva em consideração o título, a capa, o design, o cheiro… E ao ler a sinopse fiquei curiosa e comprei.

Logo de cara, somos apresentados a Hanna: uma adolescente de 17 anos que, filha de um pai extremamente rico e ausente, mora com a mãe, uma simples organizadora de festas, em um pequeno apartamento em Londres. Hanna é completamente diferente de suas meia-irmãs, que foram criadas em pura riqueza e organização. Hanna tem um estilo descolado e rebelde, que deixa sua madrasta furiosa e dificulta ainda mais sua relação com o pai.

Ao ajudar a mãe em uma das suas festas de ano novo na casa de uma rica família em Londres, Hanna conhece Richard, um estudante inteligente, sarcástico e bem criado, filho dos donos da festa. Acostumado a ser bem tratado (até demais, pro seu gosto) pela sociedade rica de Londres, Richard se encanta com essa garçonete engraçada que sai respondendo de modo ácido todos que falam com ela durante a festa. Em meio a organização e limpeza, Hanna conhece também toda a família de Richard, incluindo Ruby, a irmã menor que mais parece uma pequena adulta. Engraçada, irônica e extremamente fofa, Hanna se apega a Ruby, e consegue conquistar a garota, levando a mãe de Ruby a convidá-la para ser babá de Ruby em algumas ocasiões.

Enquanto cuida de Ruby, Hanna passa a conviver cada vez mais com Richard e parece que cada pequena coisinha que ela descobre sobre ele a faz se encantar ainda mais pela personalidade do rapaz. Richard consegue ser sonhador, engraçado e nem parece vir daquele mundo cheio de falsidades e frescura o qual Hanna tanto teme, e o tempo que eles passam juntos é suficiente para estabelecer uma relação forte de amizade.

Em meio aos acontecimentos da vida dos dois, acompanhamos cada passo importante da vida dos melhores amigos Hanna e Richard: a formatura, o primeiro emprego, namorados, casamentos… E ficamos o tempo todo torcendo pra que eles se resolvam logo, assumam seus sentimentos, se beijem, namorem, casem e tenham 7 filhos com saúde. Mas acho que é exatamente isso o que o livro quer nos causar: a sensação de que devemos aproveitar cada minuto da nossa vida, e que cada pequena coisa que fazemos, cada escolha, tem o enorme poder de influenciar o resto das nossas vidas.

O livro tem uma maneira curiosa de contar sua história: narrado em terceira pessoa, ele nos traz a um momento com riqueza de detalhes, e você fica curioso pra saber o que acontece a seguir, mas o outro capitulo começa depois de meses, ou até anos! Sei que essa foi a proposta do livro: focar em partes importantes e deixar o leitor saber dos outros acontecimentos através de memórias dos personagens (afinal, começamos o livro com Hanna aos 17 anos e no final, ela tem 40!) mas ainda assim, gostaria de ter lido muito mais sobre algumas partes da história, e sinto que outras foram deixadas de lado quando poderiam ter sido descritas.

“Ele aproximou-se até que seus corpos estivessem a centímetros de distância, e ela sentiu-se tensa com a proximidade. Um passinho para frente e os peitos se tocariam. Tudo que ela tinha que fazer era inclinar a cabeça e deixar que ele abaixasse a dele, até que seus lábios se encontrassem num beijo explosivo.
E ela tinha certeza que seria incrível. Pelo modo como estavam sem fôlego, eles estavam a segundos de se renderem à tentação.
– Por que não? – a voz dele era tensa, e ela o viu fechar as mãos em punhos, como se estivesse tentando se impedir de tocá-la.
Hanna hesitou. A resposta estava dançando nos seus lábios, brincando na sua língua, mas dizê-la seria revelar exatamente como ela se sentia sobre ele. Ela se viu se inclinando para ele e, embora ambos estivessem vestidos, sentiu-se completamente exposta. Os olhos dele buscaram os dela, e Hanna sentiu a necessidade de ser honesta, de se jogar na frente dele e admiir o que fizera.
– Porque sempre foi você.”

Embora eu ficasse frustrada em passar a página e perceber que lá se foram dois anos da história desse casal maravilhoso, eu conseguia esquecer isso lendo um novo capítulo de um novo momento da vida deles, e é isso que nos conquista na leitura: a capacidade de nos situar no mesmo tempo que eles, e de sermos envolvidos pelos personagens, que mudam ao longo do tempo, como todos nós iremos mudar um dia. Consigo amar a rocha imutável que foi Richard, sempre amoroso e que nunca nos decepciona. Consegui amar também Hanna, que era minha personagem preferida por ser engraçada e irônica, mas que com os obstáculos da vida, se tornou uma pessoa insegura , confusa e (na minha humilde opinião) extremamente precipitada. Tenho a sensação de que a primeira parte do livro foi muito bem desenvolvida e engraçada, e no final, senti que foi um pouco forçado a quantidade de situações em que nossos protagonistas eram obrigados a superar, como que para tornar a história mais dramática.

“Sempre foi você” é um romance clichê, mas recheado de bons momentos que nos levam a refletir sobre o que estamos fazendo da nossa vida nesse exato momento e para onde nossas ações estão nos levando. Leitura recomendada!

Atualizações

Grupo "Beco Literário" no Viber!

Tem novidade pros leitores do Beco Literário! Você é daqueles que estão sempre com uma mão no livro e a outra no celular? Então venha descobrir o seu novo vício!

O Viber – aplicativo mais lindo da história- além das habituais ligações gratuitas e das conversas instantâneas desenvolveu uma ferramenta sensacional: os grupos abertos! Agora você pode seguir as conversas dos grupos que mais te interessam: tem grupo de moda, de bandas, de seriados, de humor e de… livros! Somos o primeiro grupo de discussão literária sem fins comerciais e totalmente dedicado a você, leitor!

Pra se atualizar sobre os lançamentos, resenhas, novidades e ouvir as opiniões em primeira mão é muito fácil. É só baixar o aplicativo Viber, ir na opção “Grupos abertos” e procurar a gente por lá: “Beco Literário”. Quer mais fácil ainda? É só clicar aqui: http://chats.viber.com/becoliterario

Depois é só seguir e ficar ligado em tudo que tá rolando no nosso universo dos livros!

Atualizações

Vazou o teaser de Insurgente!

É isso mesmo, leitores! Segurem seus forninhos que vazou o primeiro teaser de Insurgente!!! Antes do esperado a atriz Ashley Judd divulgou em seu twitter o primeiro teaser da continuação de “Divergente” e a internet parou de respirar durante um minuto pra acompanhar as primeiras cenas de Tris divulgadas no novo filme! “Insurgente” estreia dia 19 de março de 2015 nos cinemas!

E você, o que achou? 😀

Resenhas

Resenha: Para Onde Ela Foi, Gayle Forman

Já se passaram três anos desde que Mia saiu da vida de Adam. E três anos ele passou se perguntando por que. Quando seus caminhos se cruzam novamente em Nova York, Adam e Mia são trazidos de volta para uma noite que poderá mudar suas vidas. Adam finalmente tem a oportunidade de fazer a Mia as perguntas que assombraram ele. Mas será que algumas horas nesta cidade mágica serão o suficiente para colocar o passado para trás? – Você pode realmente ter uma segunda chance no primeiro amor?

Atenção: Essa resenha contém spoilers do livro #1, “Se eu ficar”.

Quando comecei “Para onde ela foi” tive muito medo. E não é aquele medo comum que você tem ao ler a continuação de uma história muito boa: aquele medo de que ela não vai ser boa o suficiente para segurar o enredo, ou que o fim não fará jus a toda a trama. Foi um medo maior… “Se eu ficar” (confira a resenha clicando aqui) foi um livro muito forte pra mim, em todos os sentidos. Ele abordou temas que mexeram com o fundo do meu coração, me fizeram repensar toda a minha existência e o valor que eu atribuo às coisas que tenho, mas acima de tudo, para mim ele foi um livro real.

No primeiro livro não tivemos historinhas fofas, Gayle Forman não pegou leve com os leitores e eu adorava isso. Essa sensação de que, mesmo abordando temas polêmicos como vida após a morte, Gayle conseguia me prender na veracidade dos fatos e não em uma realidade paralela/história espírita/faz de conta. Meu maior medo era esse: “Tá, então se Mia voltar vai ser tudo lindo, ela vai voltar feliz e tocando violoncelo, casar com Adam e ter 3 filhos”. Mas onde estaria a realidade nisso? Onde estarão as pesadas sessões de fisioterapia para recuperar seus movimentos, o choque ao descobrir que perdeu toda sua família, o desespero de se sentir sem rumo e a depressão ao tentar lidar com a morte? Aí pensei: “Tá, mas se tiver tudo isso o livro vai ser uma merda e vou precisar de acompanhamento psicológico depois de ler”. Então decidi parar de criar possíveis continuações e me abrir ao que Gayle Forman tinha preparado pra mim: uma obra-prima!

Para os leitores, terminar “Se eu ficar” foi um verdadeiro desespero: o livro acaba do nada, com Mia abrindo os olhos e nós, ansiosos pelo próximo capitulo, passamos a página para descobrir… os agradecimentos!

E só depois de muita espera, começamos a continuação da nossa história com muitas surpresas. O livro dessa vez é narrado por Adam, e temos um salto no tempo de 3 anos após o acidente com a família de Mia. Adam é um músico famoso e sua banda – Shooting Star, está no topo do iTunes, enquanto Mia é uma violoncelista de sucesso que acaba de entrar em turnê. Eles não estão mais juntos.

Perdida nesse mundo novo, fiquei super tensa e revoltada porque a história começou assim. Eu queria saber os pormenores da recuperação de Mia, o passo a passo de Adam virar uma estrela do rock e uma pessoa depressiva e revoltada e comecei a me irritar com o livro! Mas como é mais fácil eu virar uma girafa do que Gayle Forman me decepcionar, lá está seu brilhantismo de novo: ela vai nos contando aos poucos, pela narração de Adam, como Mia deixou a música trazer sua vida de volta, como ele foi abandonado por Mia, como ele sofreu, como ele canalizou toda sua raiva e decepção em músicas, como sua banda estourou, tudo em flashback com a realidade temporal.

“Meu primeiro impulso não é agarrá-la nem beijá-la. Eu só quero tocar sua bochecha, ainda corada pela apresentação desta noite. Eu quero atravessar o espaço que nos separa, medido em passos – não em milhas, não em continentes, não em anos –, e acariciar seu rosto com um dedo calejado. Mas eu não posso tocá-la. Esse é um privilégio que me foi tirado.”

Confesso que senti muita raiva de Mia por ter deixado Adam, mas quando eles se reencontram no concerto de Mia (e aqui meu coração parte um pouquinho) e ela explica tudo o que passou, tudo que ela lembrava, ouvi-la falar sobre sua família, como ela ainda sente um pouquinho deles dentro dela e sobre os motivos que a fizeram se afastar (aí meu coração quebra mais um tiquinho) eu compreendi todas as ações de Mia. E depois desse “fechamento”, Adam – que tanto lutou para ajudar Mia, que acompanhou toda a sua melhora e que pediu para que ela ficasse –  consegue finalmente ter um pouco de paz.

“Fiz a coisa certa. Sei disso agora. Sempre soube, mas parece tão difícil enxergar atrás da minha raiva. E tudo bem se ela tiver raiva. Tudo bem, até, se ela me odeia. E foi egoísta o que eu pedi que ela fizesse, mesmo que terminasse sendo a coisa menos egoísta que eu já fiz. A coisa menos egoísta que eu tenho de continuar fazendo. Mas eu faria de novo. Faria aquela promessa milhares de vezes e a perderia milhares de vezes para tê-la ouvido tocar a noite passada ou vê-la esta manhã à luz do sol. Ou mesmo sem isso. Só para saber que ela estava em algum lugar aí fora. Viva.”

(Aí meu coração, já dilacerado, vira pó). Mas que bom que consegui me recuperar a tempo de ler o final. Aaaaah o final! Eu nunca imaginaria, com toda a minha fértil imaginação, algo tão puro, tão simples e tão a cara deles. Gayle nos deu de novo mais uma lição sobre amor e sobre recomeços da forma mais singela e real que eu poderia imaginar. Só posso dizer que “Para Onde Ela Foi” conseguiu se equiparar a “Se eu ficar” e isso pra mim não é pouco elogio.

 (plus: )

Não se apega, não, Isabela Freitas - Sol em Escorpião
Livros, Resenhas

Resenha: Não se apega, não, Isabela Freitas

Desapegar: remover da sua vida tudo que torne o seu coração mais pesado. Loucos são os que mantêm relacionamentos ruins por medo da solidão. Qual é o problema de ficar sozinha? Que me desculpe o criador da frase “você deve encontrar a metade da sua laranja”. Calma lá, amigo. Eu nem gosto de laranja. O amor vem pros distraídos.Tudo começa com um ponto final: a decisão de terminar um namoro de dois anos com Gustavo, o namorado dos sonhos de toda garota. As amigas acharam que Isabela tinha enlouquecido, porque, afinal de contas, eles formavam um casal PER-FEI-TO! Mas por trás das aparências existia uma menina infeliz, disposta a assumir as consequências pela decisão de ficar sozinha. Estava na hora de resgatar o amor próprio, a autoconfiança e entrar em contato com seus próprios desejos.Parece fácil, mas atrapalhada do jeito que é, Isabela precisa primeiro lidar com o assédio de um primo gostosão, das tentações da balada e, principalmente, entender que o príncipe encantado é artigo em falta no mercado.

Isabela Freitas, em seu primeiro livro, Não se apega, não, narra os percalços vividos por sua personagem para encarar a vida e não se apegar ao que não presta, ainda assim, preservando seu lado romântico.

Confesso que tinha preconceito com “Não se apega, não”. Achava que era mais um livro de autoajuda do que qualquer outra coisa. Até agora, muito tempo depois de ter terminado a leitura, ainda não sei classificar o livro. Não é autoajuda, nem um romance, nem ficção, semibaseado na realidade… E olha, rotular pra quê? Acho que é justamente o fato de o livro ser uma mistura que o torna especial.

Conhecemos a história de Isabela, uma garota que, aos 22 anos, termina um namoro de 2 anos com o cara que todas as suas amigas achavam ser “o príncipe”, mas que passava longe de ser um bom namorado. Depois de passar pelo julgamento de todas as pessoas que conhecia, que achavam que ela tinha terminado um relacionamento perfeito, Isabela começa a questionar os motivos de ter insistido tanto tempo e de como um casal que – para os outros eram maravilhosos – pode ser por dentro algo tão infeliz.

É engraçado como isso acontece tantas vezes! Vejo muitos casais que parecem ser perfeitos, almas gêmeas, que posam fotos felizes, declarações de amor e que me dão a impressão que foram feitos um pro outro. No outro dia, o namoro termina. A que ponto as relações chegaram? Até que ponto precisamos de uma pessoa para nos sentirmos felizes? E até que pontos estamos dispostos a aceitar qualquer um só para ter uma “pessoa” mas não ter “amor”?

Foram muitos questionamentos ao longo da leitura, todos me levaram a reflexão. Enquanto acompanhamos a personagem passar por todas as fases pós-término: tristeza, solidão, a vontade de sair pra ficar com qualquer um, e finalmente, aquele momento que você sente o peso sair das suas costas e começa a se sentir feliz outra vez.

“A vida é uma eterna roda gigante. Ora estamos em cima, ora estamos embaixo.Tudo na vida é mutável, tudo mesmo, inclusive nós. Por isso precisamos aprender a “deixar ir”. Nada é para sempre, por mais que queiramos que seja.”

Todos esses momentos são narrados pela personagem com muito humor. Todas as situações – engraçadas ou trágicas – em que Isabela se mete são muito bem escritas, e a leitura flui muito fácil. Apesar de abordar temas pesados como solidão e términos, o livro consegue ser extremamente leve. E é aqui que preciso parabenizar a autora, que em seu primeiro livro consegue um enorme sucesso no cenário nacional, e já nos faz aguardar por sequências! Resumindo minha opinião em uma palavra: Leia!

Outra observação é sobre a publicação: o livro é lindo e super caprichado nos detalhes! Desde a capa até o começo de cada capítulo, com frases reflexivas e engraçadas. A Intrínseca está de parabéns!

E quanto às coisas que mais ouço quando falo de “Não se apega, não”:
1) A história da personagem Isabela e da autora Isabela: não sei até que ponto ela é real. Temos sim o mesmo nome, a mesma cidade, o mesmo melhor amigo, a mesma faculdade, mas a autora diz que seu livro não é uma “biografia”. Acho ótimo não saber se tudo que li realmente aconteceu, caso contrário eu – e umas milhares de pessoas – conhecemos muito da vida e da intimidade da autora, e não acho que seja legal tamanha exposição.

2)Não, o livro da Isabela não dá dicas de relacionamentos, nem a fórmula mágica para superar um término. Ele vai nos passando, a cada capítulo, a cada história vivida pela personagem, algum aprendizado. Lemos sobre amor, recomeços, desilusões, amadurecimento, mas acima de tudo, aprendemos muito sobre o amor próprio.

“Desapego não é desamor”

Resenhas

Resenha: Carta de Amor aos Mortos, Eva Dellaira

Tudo começa com uma tarefa para a escola: escrever uma carta para alguém que já morreu. Logo o caderno de Laurel está repleto de mensagens para Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Heath Ledger, Judy Garland, Elizabeth Bishop… apesar de ela jamais entregá-las à professora. Nessas cartas, ela analisa a história de cada uma dessas personalidades e tenta desvendar os mistérios que envolvem suas mortes. Ao mesmo tempo, conta sobre sua própria vida, como as amizades no novo colégio e seu primeiro amor: um garoto misterioso chamado Sky. Mas Laurel não pode escapar de seu passado. Só quando ela escrever a verdade sobre o que se passou com ela e com a irmã é que poderá aceitar o que aconteceu e perdoar May e a si mesma. E só quando enxergar a irmã como realmente era — encantadora e incrível, mas imperfeita como qualquer um — é que poderá seguir em frente e descobrir seu próprio caminho.

Ao receber uma tarefa de inglês – escrever uma carta para alguém que já morreu – Laurel não imagina que na verdade vai escrever umas mil. Desde que perdeu sua irmã mais velha, May, Laurel vê sua família ser destruída e sua vida se desestruturar. Enquanto tenta levar uma vida normal e lidar com a saudade de sua irmã (e melhor amiga), Laurel começa o ensino médio e tenta fazer novos amigos, mas na verdade, ela não conhece novas pessoas, ela conhece a si mesma.

É muito estranho lidar com a morte. Existem dois grupos de pessoas com diferentes reações: quem nunca perdeu alguém se encaixa na primeira categoria. Eu não digo alguém que conhecia, digo alguém “de verdade”, alguém que participava da sua vida, que sabia das suas manias, alguém cuja voz você consegue, mesmo depois de tanto tempo, ouvir quando fecha os olhos. Essa categoria acha que a melhor forma de lidar com a morte é não tocando no assunto. É esquecendo, perguntando sobre novas coisas pra pessoa superar. “Superar” também é uma palavra estranha. Não existe superar a morte. Você não supera uma pessoa que estava ali do seu lado e que de repente não está mais. Você não supera as lições que ela te ensinou. Você não supera todos os momentos e as risadas que passaram juntos. Não existe superar a morte.
Da mesma forma que não existe falar sobre outros assuntos e tentar distrair quem perdeu uma pessoa querida. Não há distração, porque na verdade, nós precisamos falar sobre a morte.  E essa é a segunda categoria de pessoas: As pessoas que falam sobre a perda. As que precisam saber que outros também sentem falta daquela pessoa que tanto amavam, precisam saber que ninguém vai esquecer ou substituir sua irmã, sua mãe ou seu pai.

“Carta de Amor aos Mortos” foi um livro difícil pra mim, porque me encaixo na segunda categoria de pessoas. Sempre que leio um livro ou vejo um filme que tenha a morte como tema, analiso de uma maneira totalmente diferente, e na maioria das vezes só vejo erros. Vejo como, no final, o protagonista precisa “superar” a perda, como as famílias se reintegram e como todos encontram um par no final, que ajudam a “distrair” a mente de quem está sofrendo. Como, no final, toca uma musiquinha feliz ou uma cena do sol se pondo e as mãos dos mocinhos entrelaçados – para nos dar a certeza de que está tudo bem, e que a morte veio, passou, deixou suas marcas e foi embora. Seria muito legal se fosse assim.

Em “Carta de Amor aos Mortos” eu só li verdades. Teve sim, suas doses de clichê, e de lições como “ame as pessoas enquanto elas estão por perto” que todo livro desse tema parece se sentir obrigado a abordar, mas eu senti que Laurel sentia a morte da irmã em todas as suas faces. Muitos pensam que quando alguém se vai, o maior sentimento que fica é o de saudade. A saudade fica, sim, e ela é enorme. Mas quase tão imensa quanto a saudade é o sentimento de raiva. Raiva de a pessoa ter ido embora, raiva de sentir a solidão, raiva de não ter podido fazer nada, raiva de relembrar os momentos que passaram juntos e a pior das raivas: aquela dos momentos que nunca irão chegar.

Ava Dellaira consegue passar tudo isso na sua escrita: por meio de cartas que Laurel escreve aos mortos que marcaram sua vida: Kurt Cobain, Janis Jopin, Amy Winehouse. É através delas que é narrado tudo que acontece na vida da garota desde que ela perdeu sua irmã, May. Conseguimos sentir, pelas cartas, a raiva, a saudade e a solidão que preenchem Laurel, e como a vida da gente pode mudar de uma hora pra outra. Eu tenho a sensação que a autora perdeu alguém muito especial, porque não imagino “inventar” tanta dor e tanto sofrimento.  Não se assustem,  “Cartas de Amor aos Mortos” não é um livro depressivo, ele é apenas real,  e mesmo lendo tantas coisas tristes, nos enchemos de amor e apreço pela vida. Após a leitura, fiquei bem uns 20 minutos olhando pro epílogo e lembrando de tudo que eu tinha acabado de ler, e sempre que eu precisar, vou pegar o livro na minha estante e ler de novo todas as palavras que me fizeram bem. Espero ansiosa por outros livros de Ava Dellaira, porque ela começou uma carreira melhor do que muita gente termina.

“Você acha que conhece alguém, mas essa pessoa sempre muda, e você também está em transformação. De repente entendi que estar vivo é isso. Nossas próprias placas invisíveis se movem em nosso corpo, e se alinham à pessoa que vamos nos tornar”

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Resenha: Estilhaça-me, Tahereh Mafi

Juliette não toca alguém a exatamente 264 dias. A última vez que ela o fez, que foi por acidente, foi presa por assassinato. Ninguém sabe por que o toque de Juliette é fatal. Enquanto ela não fere ninguém, ninguém realmente se importa. O mundo está ocupado demais se desmoronando para se importar com uma menina de 17 anos de idade. Doenças estão acabando com a população, a comida é difícil de encontrar, os pássaros não voam mais, e as nuvens são da cor errada. O Restabelecimento disse que seu caminho era a única maneira de consertar as coisas, então eles jogaram Juliette em uma célula. Agora muitas pessoas estão mortas, os sobreviventes estão sussurrando guerra – e o Restabelecimento mudou sua mente. Talvez Juliette é mais do que uma alma torturada de pelúcia em um corpo venenoso. Talvez ela seja exatamente o que precisamos agora. Juliette tem que fazer uma escolha: ser uma arma. Ou ser um guerreira.

Sinceridade: Não gostei de Estilhaça-me. Me julguem, me processem, atirem pedras, mas é verdade!

A história tem um potencial incrível, e achei que seria super bem desenvolvida e ia se tornar mais um vício em minha vida. A escrita de Tahereh Mafi é fluida e muito bem feita, e foi ela que me prendeu à leitura mesmo me sentindo perdida e com raiva dos personagens. Talvez tenha sido isso que me estagnou no livro.

O livro se passa numa realidade pós-apocalíptica onde a sociedade é extremamente dominada e pessoas com poderes especiais são exterminadas. Juliette se destaca por ser incrivelmente poderosa, e desde criança sofre com isso. Ela foi abandonada pelos pais por não conseguirem mais lidar com a situação de uma adolescente que matou uma criança. O que ninguém sabia lidar era com a capacidade de Juliette: tudo que ela toca é destruído. Um toque rápido leva a uma dor alucinante. Um toque demorado pode levar a morte.

Desde então, ela é colocada nas mãos da autoridade do governo, onde fica trancada por exatamente 264 dias, e quando começa a enlouquecer com a solidão, se espanta com a chegada de um colega de sala que é colocado de surpresa junto a ela. O novo governo, o Restabelecimento, além de autoritário, possui planos que vão muito além da organização da sociedade e contam com Juliette como parte desse plano, sem a garota saber, e é por isso que eles deixam a personagem  como refém durante tanto tempo.

O livro é narrado pela própria Julliete, e ainda assim achei o livro bastante confuso. Não ficou muito claro o que acontecia, e demorei bastante pra criar alguma conexão com a personagem principal, e acredito que até hoje não criei. Juliette é incrivelmente poderosa e tem do seu lado o apoio de Adam, seu colega de cela, que logo fica bem claro que ele será muito mais que isso. Adam é o clássico mocinho clichê (isso não é uma crítica, clichês sempre são usados por um motivo: porque funcionam, e funcionou comigo também!) que além de lindo, é extremamente atencioso e corajoso.

Acredito que por ser uma trilogia, Juliette ainda vai crescer e se desenvolver bastante durante a história, e usar seus poderes para lutar contra o Restabelecimento e isso me faz querer ler as continuações, até porque me apeguei aos personagens secundários… Mas até então, achei que “Estilhaça-me” veio com muito alarde e pouca profundidade (hatters gonna hate me, sorry!) :/

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Resenha: Perdida, Carina Rissi

Sofia vive em uma metrópole, está habituada com a modernidade e as facilidades que isto lhe proporciona. Ela é independente e tem pavor a menção da palavra casamento. Os únicos romances em sua vida são os que os livros lhe proporcionam. Mas tudo isso muda depois que ela se vê em uma complicada condição. Após comprar um novo aparelho celular, algo misterioso acontece e Sofia descobre que está perdida no século XIX, sem ter ideia de como ou se voltará. Ela é acolhida pela família Clarke, enquanto tenta desesperadamente encontrar um meio de voltar para casa. Com a ajuda de prestativo Ian, Sofia embarca numa procura as cegas e acaba encontrando algumas pistas que talvez possam leva-la de volta para casa. O que ela não sabia era que seu coração tinha outros planos…

Perdida é meu livro de escolha para releituras. Quando eu estou triste, leio “Perdida”. Quando estou estressada, leio “Perdida”. Quando estou feliz e quero passar o tempo, adivinha o que eu leio? “Perdida”. As palavras doces e carinhosas de Ian e as frases hilárias de Sofia são responsáveis por me acalmar quando quase nenhum outro livro acalma. E hoje superei meu ciúme e vim dividir esse livro sensacional com vocês.

Sofia é uma típica garota do século XXI. Completamente viciada em smartphones, ipods, computadores e toda a tecnologia que temos hoje em dia, e ela surta completamente quando seu celular cai no vaso sanitário e ela fica sem o aparelho. Ao chegar na loja para comprar um novo, ela se depara com uma vendedora um pouco estranha. Com umas frases de efeito e uns olhares inusitados, a vendedora convence Sofia a levar um novo aparelho, que segundo as expectativas, iria ser “tudo que você mais precisa”. E é andando na rua, ao tropeçar numa pedra que nunca tinha existido ali, que Sofia cai – em pleno século dezenove!

Sofia pensa em todas as explicações possíveis: uma pegadinha, um mal entendido, uma encenação teatral, mas após esgotar todas as possibilidades ela começa a entender que, aquele rapaz que desceu de um cavalo e usava roupas formais realmente estava falando a verdade e queria ajudá-la a levantar. Que aquelas construções que pareciam um castelo realmente eram casas, e que ela estava realmente perdida!

Eu sempre tive minhas desconfianças com histórias que continham viagens no tempo. Acho complicado manter um raciocínio lógico em uma história que já começa sem explicação, mas “Perdida” conseguiu me fazer superar toda e qualquer desconfiança, e me conquistou com maestria.

O tal rapaz que tentou ajudar Sofia a se levantar, como citei lá em cima, mostra-se extremamente atencioso e solícito, e Sofia logo desconfia de toda aquela boa intenção  “olha, de onde eu venho, ninguém ajuda ninguém sem querer nada em troca”, mas mal sabe ela que acabou de tropeçar no melhor cara de todos os séculos. Ian leva Sofia para casa, chama um médico (não vamos culpá-lo, afinal, a pessoa não para de falar que não é desse século) e se oferece para ajudar no que for preciso. Sofia, sem ter para onde ir e ainda sem entender o que aconteceu, aceita.

Sofia consegue errar em todas as regras da sociedade da época, teima em usar seu all star em festas, e é por sua sinceridade que ela consegue ser tão engraçada e conquistar os leitores. Ela é inteligente, ativa, e não descansa enquanto não encontra respostas pra sua situação.

Enquanto tenta se adaptar para não levantar suspeitas sobre de onde (ou quando) realmente é e ajuda no que pode na nova residência, Sofia se aproxima cada vez mais de Ian, que se mostra um amigo fiel, uma companhia engraçada e inteligente, além de tantos outros sentimentos que Sofia ignora, pois seu objetivo é outro: voltar para sua casa. O que Sofia não esperava era que justamente no século errado ela iria se encontrar…

Minha visão ficou turva pelas lágrimas e não pude ver quando sua boca me capturou num beijo desesperado. Respondi com a mesma paixão, como se minha vida dependesse daquele beijo. Ian me apertava tanto que pensei que pudesse quebrar alguma coisa dentro de mim. Era como se tentasse me segurar ali apenas com a força de seus braços. E eu queria, desesperadamente, que ele fosse capaz disso, que não me deixasse voltar, por que eu já estava em casa.

“Perdida” consegue prender o leitor em todos os sentidos: na comédia, no romance, na aventura e no mistério. Além de sua história sensacional, o livro tem uma escrita super bem trabalhada – tanto nos termos do século dezenove, quanto nas gírias de Sofia – e você se vê preso e sem querer fazer outra coisa além de chegar no próximo capítulo!

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Resenha: Pausa, Colleen Hoover

Destinados um ao outro, Layken e Will superaram os obstáculos que ameaçavam seu amor. Mas estão prestes a aprender, no entanto, que aquilo que os uniu pode se transformar, justamente, na razão de sua separação. O amor pode não ser o bastante.
Depois de testado por tragédias, proibições e desencontros, o relacionamento de Layken e Will enfrenta novos desafios. Talvez a poesia desse casal acabe num verão solitário… Sem direito a rimas ou ritmo. A ex-namorada de Will retorna arrependida de ter deixado o rapaz. E está disposta a tudo para reconquistá-lo. Insegura, Layken começa a ler novas reações no comportamento do rapaz. E na insistência para adiar a “primeira vez” de ambos.
Presos em uma ironia cruel do destino, eles precisam descobrir se o que sentem é verdadeiro ou fruto da extraordinária situação que os uniu. Será que é amor? Ou apenas compaixão? Layken passa a questionar a base de seu relacionamento com Will. E ele precisa provar seu amor para uma garota que parece não conseguir parar de “esculpir abóboras”. Mas quando tudo parece resolvido, o casal se depara com um desafio ainda maior – e que talvez mude não só suas vidas, mas também as vidas de todos que dependem deles.

Lá vou eu, mais uma vez, fazer uma resenha de Colleen Hoover. A mulher escreveu meu livro favorito de 2014 – Um caso perdido, resenha aqui – e o primeiro livro de uma das trilogias mais emocionantes que já tive a honra de ler: Métrica – resenha aqui – Então não posso dizer que li “Pausa” tranquila. Não mesmo! Li cheia de expectativas e com medo. Medo de me decepcionar, medo de depois de um final tão singelo e bonito em “Métrica” sentir que a continuação não faria jus a história.  Acho que todos nós quando nos apaixonamos por um livro temos esse medo em relação a sequência: que ela não vai manter o nível e vai botar tudo a perder. Mas o que posso dizer senão que Colleen Hoover é deusa e nunca me decepciona?

No segundo livro da série, começamos no lugar onde paramos. Temos Lake encarando uma difícil tarefa: a de ser mãe após a perda de sua própria mãe. As vezes penso que a autora pegou muito pesado na vida de Lake, sério! A menina perdeu o pai e menos de um ano depois, perdeu a mãe. E ainda carrega a responsabilidade de cuidar do seu irmão menor. Como que para tentar compensar tanta tristeza, Lake tem Will em sua vida: aquele rapaz maravilhoso, que além de ser todos os clichês que mocinhos literários devem ser, consegue compreender suas dores e responsabilidades, uma vez que ele tem tarefas muito semelhantes para si mesmo. Com todos os acontecimentos, termino o primeiro volume achando que Will, Lake e seus irmãos vão formar uma grande família feliz. Mas a vida de Lake não seria fácil assim, né?

Eis ai o motivo do meu segundo pé atrás com a leitura: odeio esse plot de ex-namorados(as) que retornam para perturbar a vida do casal. Acho bobagem, acho sem necessidade. Mas, como que pra provar que consegue me conquistar com qualquer história que ela invente, Colleen Hoover samba na minha cara com uma história linda e só me faz crer que eu leria qualquer coisa que ela postasse. Até mesmo sua lista de supermercado.

“Meu coração dispara no peito. Não por eu estar nervoso. Nem porque nunca a desejei tanto. Ele está disparado porque nunca tive tanta certeza de como vai ser o restante da minha vida. Essa garota é o restante da minha vida.

“Pausa” é narrado por Will e aprovei bastante essa mudança! Achei super necessária para o segundo volume. Will consegue nos conquistar sempre mais ao demonstrar sua maturidade com a situação. É bom conhecermos um pouquinho mais do seu passado durante a leitura, já que o primeiro livro foi muito mais focado em Lake. Além de todos os personagens secundários queridos que adoramos como Kel e Caulder, Eddie e Gavin, temos o aparecimento de Sherry, a nova vizinha que é providencial na vida dos meninos. É muito interessante acompanhar o crescimento de todos eles, suas reações e adaptações as surpresas que a vida os impõe. Assim como o primeiro livro, temos uma lição aprendida a cada capitulo e após finalizar a leitura as reflexões ainda ficam na sua cabeça por muito tempo.

“O amor é a coisa mais bela do mundo. Infelizmente, também é uma das coisas mais difíceis de se manter, assim como uma das mais fáceis de se desperdiçar.”

“Pausa”  consegue manter a profundidade de “Métrica” e ainda acrescenta uma pitada a mais de romance.Resumindo, gostei mais desse segundo volume do que até mesmo de “Métrica” e olha, isso não é pouco elogio!  Já no aguardo do terceiro e último volume – This Girl.

Resenhas

Resenha: Morra por mim, Amy Plum

Depois que seus pais morrem em um acidente de carro, Kate e sua irmã, Georgia, vão morar com os avós em Paris. Enquanto Georgia encontra na balada a cura para sua tristeza, Kate é mais introspectiva e se recusa a sair e se divertir, até resolver ir para um café com seus livros para tomar um pouco de sol. Ela conhece Vincent, um belo e misterioso garoto parisiense. Ao se relacionar com o menino e descobrir sua história, Kate tem que escolher entre deixar sua paixão de lado e seguir a vida em segurança, e assumir seus sentimentos e toda a complicação que seria namorar alguém imortal e com inimigos, e mudar para sempre sua vida.
“Eu sabia que existia algo diferente em Vincent. Eu tinha sentido isso, mesmo antes de ver sua foto no obituário. Era algo distante de mim, e muito obscuro para eu conseguir entender. Então eu ignorei. Mas agora vou descobrir quem ele é.”

Li “Morra por mim” dentro de um ônibus engarrafado. Sim, esse foi o nível: em uma sentada eu terminei. Agora me perguntem como: com essa narrativa maravilhosa, sinopse misteriosa e uma forte identificação com a personagem principal. “Morra por mim” foi uma dessas leituras arrebatadoras, que te deixam completamente imerso na história e ansiando pelo capitulo seguinte.

Logo no começo, conhecemos a história de Kate, uma americana de 16 anos, que juntamente com sua irmã mais velha, se muda para a casa dos avós na França, após a trágica morte dos seus pais nos Estados Unidos. Enquanto sua irmã Georgia enfrenta o luto não parando em casa e saindo para todas as festas, Kate fica trancafiada dentro do quarto, lendo um livro atrás do outro, com o único objetivo de não se apegar a mais ninguém e perdê-los de novo. Com a insistente preocupação dos seus avós para ela sair de casa e conhecer pessoas, Kate passa a sair com seus livros na bolsa e sentar em cafés tranquilos para lê-los sem ter que ficar lidando com as interrupções e sermões de sua família sobre a importância de socializar.

E é em um desses cafés que um belo dia, Kate conhece Vincent. Ou melhor, ela vê Vincent, e desde então, o visualiza em todos os lugares. Vincent é o mocinho clássico, um gentleman, inteligente e altruísta, mas o que me ganhou em Vincent foi a sua ironia! Ele é engraçado e divertido e tenta conquistar Kate sem revelar muito sobre seu passado para tentar protege-la de toda a sua história. Como se costume, não vou revelar aqui os mistérios de Vincent, porque acho que quem solta spoiler deveria arder no mármore do inferno, maaaas adianto que na resenha da continuação desse livro, “Até que eu morra” falarei bastante sobre o passado, a família e a história de Vincent.

A relação entre Kate e Vincent logo conquista todos os leitores: sarcásticos e extremamente fofos, não tem como não torcer pelo casal ou como não compreender suas angústias. Ao contrário de muitas mocinhas literárias, Kate me conquistou por não ser cheia de frescuras e indecisões. Ela tem seus valores, tem seus medos e seu passado – que por ser trágico, lhe traz uma desconfiança nas pessoas e uma descrença na vida e em finais felizes, mas tudo muito justificado. Kate não se deixa enrolar, quando tem uma dúvida na cabeça, pesquisa até o fim, invade casas e bibliotecas, faz tudo que for preciso para “resolver” sua situação, e olha, como isso faz falta nessas literaturas com: mocinhas românticas x moreno alto sensual x luta do bem e do mal! Ter uma personagem forte, que mesmo com todos os pesares não é burra, não é enrolada e não é passiva, nos estimula a continuar a leitura e pensar “poxa, eu faria a mesma coisa que ela!”

Outro fator positivo é o histórico: a história se passa em Paris, e é muito minuciosa e detalhada acerca dos pontos turísticos e sua importância histórica, o que fez aumentar (ainda mais) minha vontade de conhecer o lugar. Ao relatar a Primeira e a Segunda Guerras Mundiais, temos a impressão que a autora de fato estudou profundamente os assuntos e temos aquele fundo de veracidade maravilhoso para o desenrolar da história.

Como que para colocar uma cereja no bolo, o livro tem a capa mais linda da minha estante, além de páginas super bem trabalhadas!

Recomendo demais a leitura de “Morra por mim”, livro que li há um tempão mas quis guardá-lo só pra mim durante mais tempo antes de vir compartilhar aqui com vocês. A continuação “Até que eu morra” já está nas lojas e o terceiro e último livro da saga “If I Should Die” ainda não foi lançado no Brasil – estou no aguardo!!