Todo mundo tem uma história trágica de amor. Aquele romance que tinha tudo para dar certo e não deu. Aquele romance que deu certo por muito tempo e algo trágico separou. Alguém, que mesmo com o passar do tempo e das circunstâncias ainda faz seu coração bater mais forte. Nós queremos ouvir a sua história e publicar aqui, no Beco Literário na nossa nova seção: anti-heróis.
Baseado no álbum novo do Jão, Anti-herói, que conta a história de um amor que devastou e foi embora, nós vamos ouvir a sua história e reescrevê-la aqui no Beco Literário para que possa ser eternizada e ressignificada, afinal todo mundo tem o seu the one that got away.
Para estrear em grande estilo, trouxemos a história de Mathias*, que viveu um romance no auge dos seus 18 anos e veio ao fim logo em seguida.
O anjo de Black Butter
Eu estava no primeiro ano de faculdade, tinha 17 anos e tinha começado a morar sozinho. Era tudo muito novo pra mim, manja? Nisso vieram as festas, os amigos de pinga e os encontros do Tinder. Acho que isso durou um ano, mais ou menos. Fiz 18 e comecei a me abrir para algo mais sério, talvez.
Num desses encontros de Tinder conheci o Jonathan.
Ele era lindo como anjo, mas no sentido sem sexo. Lembrava um pouco o anjo do anime “Black Butter”. No primeiro encontro depois de comer um puta lanche gigantesco e falarmos sobre carros voadores, ele me disse que já gostava de mim e me beijou.
Era um manteiga derretida. Mas ele nem tentou me conquistar, eu acho.
Foi a primeira vez que tudo foi muito orgânico pra mim. Embora ele fosse impulsivo, não lembro de ter feito nada que não fosse coerente ou eu não quisesse que tivesse acontecido. E a cada saída uma surpresa nova, um causo novo. Como o dia em que ele dormiu em casa e durante a noite caiu da cama, rolou para debaixo dela e sem acordar. Ou no dia que eu consegui queimar macarrão, fui fritar hambúrguer e também queimei. No final, pedimos comida fora. E nisso, conversávamos sobre dividirmos as contas, viajarmos para o Peru e coisas bem jovens e românticas como “cor de parede” e “sofá cama”.
Ele foi muita luz na minha vida.
E nisso me dei conta que no decorrer da nossa história, nenhum dos dois tinha pedido o outro em namoro. Nem que tínhamos falado de família. E eu, num intuito de formalizar e agradar, o pedi. Ele disse sim, mas depois do entusiamo veio uma expressão tão triste. E eunão consigo tirar essa expressão da minha cabeça um dia se quer.
Pedi para que ele me explicasse, quase implorei, mas ele desviava toda vez. Deixei para lá e esperei ele ficar mais à vontade para contar. Alguns dias depois ele me contou sobre sua família e que esse tipo de coisa deveria ficar entre nós pois nunca aceitariam tal situação. Eu nunca fui otimista, sou um ferrenho pessimista.
Mas com ele… Eu tentava ver cor no mundo.
Disse que as coisas, com o tempo se resolveriam e que um dia poderíamos por pra jogo essa situação. Só que o que pra mim estava parcialmente resolvido. Pra ele não estava. Teve algumas crises de ansiedade, começou a ficar muito inseguro e ao mesmo tempo que me abraçava, tentava me afastar.
Começou a responder minhas mensagens com um intervalo cada vez maior. Não queria vir me ver. Um dia, deixou de falar comigo. Não respondia mais minhas mensagens (embora eu seja uma pessoa que insiste pouco para ter atenção de alguém).
Tudo isso aconteceu num intervalo de 6 meses, de outubro de 2016 até março de 2017.
No final de maio eu descobri através de um post de um amigo em comum no Facebook que ele tinha se matado em Abril.
Ele foi a melhor coisa que podia ter acontecido na minha vida.
Ele foi a pior coisa que podia ter acontecido na minha vida.
Mas eu estraguei tudo, né.
Para enviar sua história, acesse nossa página de contato clicando aqui, ou envie para [email protected]. Ao enviar sua história, você concorda em tê-la publicada no Beco Literário com os nomes devidamente mudados, dentro da seção Anti-heróis.
* Os nomes foram mudados para manter a identidade dos entrevistados preservada.
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