Volto de Fortaleza, logo o avião pousa no aeroporto de Guarulhos. Adoro esse aeroporto porque ele joga na cara de paulistano e de quem mais desembarcar, a realidade da selva de pedra. Dura realidade. Dura mesmo. Dura de dar dó. Talvez seja por estas bandas que o absurdo tomou formato literal, um absurdo destruidor de essências humanas. Mulheres de salto em calçadas desniveladas. Homens de terno e gravata sobre o calor do asfalto. Gente sofrendo de falta de vitamina D e excesso de ansiedade. Tá certo isso? Alguém me responda, por favor! Tá certo esse troço todo?
E se a gente combinasse de abrir a janela para deixar o sol entrar? E se a gente combinasse de dar uma volta no parque, podemos até dar as mãos, se você quiser. Quanto tempo faz que você não alonga seu olhar até a linha do horizonte? Maior tempão, aposto. E se a gente entrasse no mar de roupa? Estava pensando em raspar meu cabelo, raspado de máquina… sei lá… só pensando.
Sabe aquela fila enorme que a gente pega para tomar café? Então, eu decidi que não pego mais filas para commodities, quero fila de gente feliz, quero fila para pegar dedicatórias em livros e não para tratar de problemas bancários. Decidi também que eu tiro os sapatos em baixo da mesa, decidi que repito o prato se estiver com fome. Decidi também que não escondo mais minhas tatuagens em entrevistas de emprego, não escondo tatuagens e não escondo lágrimas de tristeza. Dou gargalhadas, desculpe, mas tenho acesso de riso, indelicado é ficar com cara de marra. Tem aquela cicatriz enorme na minha mão, também ficará a mostra, sinto se te incomoda, mas hoje ela é mais eu do que qualquer parte de você. Decidi que não me acostumo mais com o que não deveria.
E se a gente voltasse a dizer “eu te amo”? Quero dizer, falar olhando no olho, nada de <3
Topa? Acho que seria legal a gente se reencontrar.