Um é Pouco, Dois é Bom
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Versão inédita restaurada em 4K de “Um é Pouco, Dois é Bom” estreia no dia 13 de junho no Olhar de Cinema, em Curitiba

Após mais de 50 anos de seu lançamento, “Um É Pouco, Dois É Bom” retorna ao público brasileiro numa versão restaurada digitalmente em 4K. A primeira exibição da nova cópia do filme de Odilon Lopez, longa-metragem que traz novos contornos para as discussões em torno da historiografia do cinema negro e brasileiro, está marcada para o dia 13 de junho, durante a programação do 13º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Cinema de Curitiba. A exibição será realizada às 19h45 no Cine Passeio Ritz, e reprisada no dia 16 de junho, às 16h30, no Cinemark Mueller 2.

Com “Um é Pouco, Dois é Bom”, primeiro longa do diretor e um dos primeiros filmes urbanos da cidade de Porto Alegre, Odilon Lopez tornou-se um dos poucos realizadores negros em atividade durante a década de 1970. O feito o coloca ao lado de cineastas como Antonio Pitanga e Zózimo Bulbul, entre alguns poucos outros anteriores como Cajado Filho e Haroldo Costa, cujas filmografias vêm sendo reinvestigadas nos últimos anos.

Dividido em dois episódios, “Com Um Pouquinho… De Sorte” e “Vida Nova… Por Acaso”, o filme de Lopez seguiu desconhecido e pouco estudado — assim como o restante de sua obra, que inclui ainda curtas-metragens, materiais no formato Super 8 e atuações nos anos 1950 e 1960. A única cópia disponível para exibição está depositada na Cinemateca Capitólio, instituição de Porto Alegre dedicada à preservação e difusão do audiovisual brasileiro.

Reprodução – “Um é Pouco, Dois é Bom”

A restauração digital em 4K, além de ter sido realizada com os negativos originais de som e imagem do filme, preservados desde 1989 na Cinemateca Brasileira, revelará cenas que não estavam presentes na cópia remanescente. “As cores estão absolutamente íntegras e toda sua potencialidade estética, presente tanto na fotografia quanto na cenografia e nos figurinos, poderá ser vista em todo seu esplendor”, ressalta Débora Butruce, coordenadora de preservação do projeto.

Ainda está sendo averiguado qual teria sido a motivação dos cortes na cópia, e se realmente foram feitos pelo próprio diretor, mas esse fato pode trazer elementos importantes para se pensar o contexto histórico da época e o cinema feito por um realizador negro.

Para a cofundadora da INDETERMINAÇÕES e pesquisadora da obra de Odilon Lopez, Lorenna Rocha, “a restauração do longa-metragem de Odilon Lopez poderá contribuir para a construção de novas perspectivas sobre o cinema brasileiro, sobretudo às pesquisas dedicadas à filmografia dirigida por pessoas negras, ainda mais uma obra que dedicou-se, não apenas a construir representação negra, mas também a própria branquitude”.

Em 2006, “Um É Pouco, Dois É Bom” havia sido telecinado parcialmente dentro da coletânea Obras Raras – O Cinema Negro da Década de 70, organizada pela Fundação Palmares e pelo Centro Afrocarioca de Cinema. Entretanto, o projeto priorizou a preservação do segundo episódio do filme, o qual aborda temáticas raciais mais explícitas. A decisão acabou contribuindo para que o longa passasse a ser erroneamente lembrado como um média-metragem. No ano passado, para fins de preservação da cópia única de exibição do filme, foi realizada uma digitalização no âmbito de uma parceria entre a Cinemateca Capitólio e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

A fim de reposicionar a presença do diretor nas discussões em torno da história do cinema brasileiro, o Olhar de Cinema também recebe uma mesa que discute preservação audiovisual e cinema negro no Brasil. A ideia é discutir alguns aspectos técnicos e impactos políticos e históricos para o campo do cinema nacional. Como a recirculação de uma obra dirigida por um cineasta negro na década de 1970 pode reorientar a forma de escrever a história do cinema brasileiro? Como esse projeto poderá nos auxiliar nas articulações de políticas de preservação audiovisual focadas nas autorias negras?

A mesa, que será realizada no dia 14 de junho, contará com as presenças da coordenadora técnica do processo de digitalização Débora Butruce, do jornalista, crítico e curador de cinema Gabriel Araújo, da historiadora, crítica e programadora de cinema Lorenna Rocha, ambos da INDETERMINAÇÕES, e de Marcus Mello, técnico em cultura da Cinemateca Capitólio. Vanessa Lopez, filha de Odilon, também compõe a discussão.

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