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The Epic Battle: Sou de Esquerda sim, e você?

O compositor e cantor, Chico Buarque de Holanda, junto a um grupo de amigos, fora surpreendido em uma rua do Rio de Janeiro por senhores bem vestidos e encharcados de sarcasmo barato. Sim, você pode conferir esse vídeo no youtube ou no próprio facebook, está circulando há alguns dias. Chico Buarque, com dezenas de discos e livros nas costas, esse Chico que contribuiu e contribui para a identidade cultural do país, fora agredido verbalmente por conta de suas atitudes e escolhas políticas. Pararam Chico Buarque em uma esquina qualquer, lhe chamaram de santo e ainda por cima se acham no direito de se autonomearem “salvação do Brasil”. Tudo isso porque Chico é apoiador fiel do Partido dos Trabalhadores, filiado e membro ativo da instituição. Chico foi chacoteado em via pública porque não apresenta opinião semelhante a daqueles senhores de bem. Vou lhe dizer o que está acontecendo: É um sentimento fascista que se disfarça na democracia que por tanto tempo fora cultivada. Fascistas sim, esses que defendem uma unificação da ideologia. Eu sou de esquerda, e digo mais, não teria toda a paciência que Chico Buarque teve.

Para começo de conversa, está estampado em todas as vias, em qualquer placa de bom senso, de lei, que intolerância é crime. Agredir pessoas verbalmente e fisicamente por conta de suas escolhas políticas (ou por qualquer motivo) é algo inaceitável e não pode ficar impune por que fulano é filho de tal juiz, ou de um empresário com suas diversas posses. Tenhamos em mente que o exemplo dado aqui, o de Chico Buarque, não é caso isolado, isso ocorre diariamente. Certa vez vi um vídeo de um ato parecido (de proporção gigantesca) no centro do Recife. Um senhor, com camisa vermelha, com a foice e o martelo estampados nesta mesma camisa, foi perseguido por bem mais de cem pessoas. Ele corria enquanto dezenas de pessoas lhe xingavam de “Ladrão” “Comunista safado” “Vai pra Cuba” entre outros adjetivos criados por aqueles que se acham “a direita que vai endireitar” o Brasil. Após esse vídeo tive medo de sair na rua com qualquer que seja o artefato referente ao meu partido (Que faço questão de divulgar aqui, pois não preciso me esconder sob máscaras, assim como o partido do qual faço parte também não precisa. O “Rede Sustentabilidade” sempre buscou o diálogo, divulga diariamente essa fusão de ideias, sejam elas de esquerda ou direta. Mas hoje vou contra à ideologia do Partido, vou porque se faz necessário e digo: Sou de Esquerda sim). Em épocas como essa que vivemos é obrigação de todos defenderem suas bandeiras, dizerem sim: Eu sou de Direita. Eu sou de Esquerda. Mas antes de tudo, essas pessoas devem saber que o respeito entre os lados não machuca, não denigre, não é falta de coragem. Cordialidade na política é algo que está faltando, não só nas ruas, mas até no próprio Congresso.

Você, meu caro leitor, pode ligar a qualquer hora do dia na “TV Câmara” e esperar alguns minutos e verá nem que seja uma ofensa direcionada a qualquer que seja o parlamentar. Não digo que isso seja o fim do mundo, claro que não, as pessoas se exaltam e muitas vezes soltam palavras que naquele momento parecem ser convenientes, mas são essas mesmas palavras que se transformam em discurso de ódio nas ruas (Claro, existe, e como existe, discurso de ódio explícito no senado e na câmara, esses já vão pré-fabricados para a população). O que se deve praticar é o respeito e nada além disso, se encararmos a opinião alheia, opinião essa que não vá de contra à Constituição, com respeito teremos um avanço na política. Como disse, todo esse respeito está para as ideias que buscam o fortalecimento da democracia, que tentam criar um estado de segurança e dignidade. Agora para com os discursos que denigrem as correntes políticas, para os ideais que defendem extermínio, intolerância e soberania de uma determinada classe, bem, para esse tipo de pensamento devemos responder com a lei e a justiça que durante esses vinte e quatro anos de democracia tentamos deixar estável. Para essas pessoas que dizem “Eu sou de Esquerda” e buscam o ódio, respondamos com o que já está escrito, o que consta na legislação. Para os que falam “Eu sou de Direita” e saem nas ruas para ridicularizar os outros, respondamos com esse mesmo peso e medida. Para a intolerância não revidamos, apenas aplicamos a lei e essa irá resolver o problema. Agora fica a pergunta: Qual a eficácia desta tão falada “Lei”? Será que os homens que a representam também não servem à intolerância e ao ódio?

No fim, te respondo: Do jeito que está, do modo que vemos as coisas, ou se defende o seu, ou nada resta. Ou abandonamos esse estado de inércia ou nada acontece, não, pior, acontece sim, mas não quer dizer que seja algo de bom. Acontece, mas não se evolui.

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