Vocês querem o resultado. Aí está o resultado. Em 1988 quando nossa vigente constituição nasceu, após um turbulento período chamado “Ditadura Militar” (que hoje parece ser adorado por muitos…), a idade penal era suficiente para satisfazer as massas. Mas o tempo passa e cá estamos nós, debatendo uma situação que já deveria ter sido excluída das pautas. Prender uma criança em qualquer masmorra não modificará nosso cenário. Enjaular um adolescente não surtirá os efeitos desejados por nossos protetores dos “bons costumes”. Da sociedade ideal.
“Bandido bom é bandido preso” (já ouvi morto também, mas não vem ao caso). Bandido bom é aquele que após anos em confinamento compreende seu verdadeiro papel. Ser cidadão não é tratar o próximo como animal, é saber que, em devidas circunstâncias o homem transforma-se. É saber que o modo mais capacitado de causar mudanças só é tratado por apenas uma palavra, e nem de longe essa é “genocídio”. Gritem por “educação” e ela responderá alegremente.
Antes de modificarmos o código penal poderíamos repensar atitudes. Inúmeros são os professores que recebem sua licenciatura e desfilam por aí sem o conhecimento adequado, tratando seus alunos como “só mais um”. Digo com convicção, pois já fui vítima de desleixos educacionais. Eles te desmotivam, te obrigam a não oferecer a atenção devida ao âmbito escolar. Educação é chave, e, infelizmente, está sendo tratada como slogan. Paliativo para as pessoas de olhos vendados.
Junto a essa tão sonhada educação estaria o tema principal desta coluna: Literatura. As palavras influenciam, meus amigos parlamentares que votaram a favor desta redução, o castigo corporal e mental, não. Ele só piora o indivíduo. Seria bem mais fácil prevenir, tentar combater a violência bem antes de tal surgir. Uma garota, presa ao mundo literário tem bem menos chances de cometer crimes. Um jovem que coleciona edições variadas de uma mesma obra não perderá tempo com o que, depois de muitos livros, ele chamará de perda de páginas. Acredite, após de uma lavagem de letras as prioridades mudam. Tudo muda.
Um recado para os homens que nós, inocentes eleitores, elegemos. Desistam de querer agradar uma parcela moralista de nossa população. Foquem, em nome de todos os deuses, em fortalecer as esferas educacionais. Investir na formação de profissionais capacitados, isso sim mudará os panoramas. Se tivéssemos mais Potter nas salas de aula ou até mesmo mais Bentinhos, aí, meu amigo, estaríamos mais aliviados quando o assunto é “Criminalidade Juvenil”. Focaríamos na grande parcela de pessoas que trabalham, vivem e respiram a arte e não nos assassinatos, assaltos e até mesmo suicídios.
A criação identitária ocorre nesta faixa etária, entre os rebuliços habituais fica fixa no adolescente uma visão de mundo, diferente de todas as outras, pois não se trata de uma massa, trata-se de singularidades. Não será reduzindo a idade penal que puniremos os erros históricos e políticos de nossa sociedade, longe disso, só estaremos fortalecendo-os. Influenciemos, sim, na abertura educacional, onde autores atuais, junto às vanguardas, tenham vez. Onde se possa captar mensagens de honra, bravura, coragem e solidariedade. Tenhamos medo sim, de jogar ao léu crianças e após isso despejar toda culpa, exigir delas uma maturidade que não existe nem nos adultos que proferem tais palavras. Ousar educar antes de punir, deveria ser essa a missão de uma pátria educadora.