“Travesti não é bagunça!” A frase gritada de uma das esquinas da Lapa, quando uma travesti bate num possível cliente, ecoou em milhares de televisores via programa “Profissão Repórter” em 2010. A frase virou bordão, letra de funk e agora será ouvida em som “surround” nas telas de cinema durante a 25a edição do Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, que acontece em São Paulo entre os dias 15 e 26 de novembro. O documentário “Luana Muniz – Filha da Lua” revela os bastidores deste episódio e outras polêmicas na vida da Rainha da Lapa, como era conhecida.
Luana saiu de casa na adolescência para se prostituir, modificou seu corpo durante a ditadura e trabalhou em diversos países da Europa. Ela não tem papas na língua, quando o assunto é drogas, sexo, violência e mercado de prostituição.
Administrava um Casarão na Lapa que hospedava travestis, onde cuidava de comportamento, prevenção e documentação. Sobretudo, se colocava como um exemplo para as outras. E conseguiu impor respeito, num momento em que travestis são eliminadas brutalmente no país. Não é à toa que era Presidente da Associação de Travestis do Rio de Janeiro.
A última temporada da peça “Gisberta” de Luis Lobianco prestou homenagem à Luana Muniz. A autora Gloria Perez a citou na novela “A Força do Querer”. E, até mesmo, o Padre Fabio de Melo fez um famoso sermão inspirado nela. São muitas as histórias curiosas. Desde a aproximação com a cantora Alcione, por conta do trabalho social e do espiritismo, até fofocas engraçadas passadas nos bastidores dos shows, que envolvem atrizes, como Luma de Oliveira e Elke Maravilha.
A direção fica por conta da dupla Rian Córdova e Leonardo Menezes. Ambos saíram da TV para montar filmes mapeando a cena LGBT. O primeira foi sobre a transformista Lorna Washington no filme “Sobrevivendo a Supostas Perdas” em 2016. “Luana é uma daquelas personagens que vivem uma saga de heroína e a gente torce para que ela vire o jogo e vença no final. Ela é uma das pessoas mais humanas e contundentes que conheci. Espero que a fome de viver dela inspire as pessoas”, declara Rian.
Luana se definia como uma “puta atriz”, e conciliava as duas profissões. Ela se dividia entre as performances em cabarés e os programas com clientes. Agora é hora de conhecer sua vida mais de perto.
Entre os entrevistados: Alcione, Luis Lobiano, Padre Fabio de Melo, Felipe Suhre, Lorna Washington e muitos outros. Perucas vão voar!
O filme “Luana Muniz – Filha da Lua” conquistou o prêmio de melhor longa no Festival de Gênero e Sexualidade do Rio no Cinema 2017. Passou pelo festival Maranhão na Tela, em São Luis, e agora será apresentado pela primeira vez em São Paulo, no Festival Mix Brasil, no sábado, 18 de novembro no CineSesc da rua Augusta. A entrada é gratuita.
Apenas reforçando, o documentário sobre a travesti Luana Muniz, aquela do bordão “travesti não é bagunça” e que gerou polêmica quando o Padre Fábio de Melo disse à imprensa que ela era sua amiga, será exibido em São Paulo pela primeira vez dentro do Festival Mix Brasil. O evento acontede entre 15 e 26 de novembro, mas, infelizmente, a agenda de exibições ainda deve demorar um pouquinho para ser divulgada.
Festival Mix Brasil, de 15 a 26 de novembro – Exibição do documentário da Luana Muniz
Data: 18 de novembro (sábado
Local: CineSesc da rua Augusta
Entrada: Gratuita