Sou da geração que assistiu à chegada dos primeiros videogames ao mercado. Eles consistiam de uma espécie de quadra de tênis em que precisávamos rebater a bolinha pela movimentação de um cursor na vertical. Tudo em monitor de fósforo verde. Sei que para muitos aqui é meio difícil de acreditar, mas eu cresci jogando em fliperamas. Não sabe o que é isso? No dicionário consta como sendo um estabelecimento destinado ao uso de máquinas do tipo “pinball”, e o nome “flipper” vem das alavancas usadas para controlar a bola de pinball. Bom, chegando aos dias de hoje, devo confessar que nunca parei por mais de 5 minutos para ver meus filhos ou jovens da idade deles, jogando Fortnite, Minecraft, Second Life ou Call of Duty. Hoje me sinto na obrigação de entender, pois grande parte do que se fala e se espera do metaverso tem a origem nessas plataformas de games ou de convivência em um mundo paralelo.
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Mas o que é metaverso?
Quando o Facebook trocou seu nome para “META”, chamou minha atenção para esse movimento que está ocorrendo desde meados dos anos 2000. Metaverso é o nome usado para denominar um espaço virtual compartilhado em 3D em que as pessoas podem fazer o acesso e a imersão com óculos próprios de realidade virtual e fones de ouvido conectados. Você monta seu avatar que pode ser igual a você ou uma versão de você mesmo que considere melhorada. E aí entra um monte de tecnologia embarcada como realidade aumentada, hologramas, realidade virtual e o usuário passa a fazer parte do mundo virtual segundo seu interesse pessoal. Por meio de uma economia própria, onde existe mercado financeiro ativo, os usuários poderão comprar, vender e negociar tanto itens reais como virtuais, como já acontece com o Second Life. Há um caso em que através da plataforma Second Life, foi possível comprar um apartamento no mundo real e, claro, inúmeras transações virtuais dos mais diferentes objetos e serviços ocorrem sem cessar. Para se ter uma ideia, de acordo com a Bloomberg Intelligence, estima-se que estas plataformas de interação em ambiente virtual deverão movimentar US$ 800 bilhões de dólares até 2024.
Metaverso no Brasil e NFTs
NFT’s? QUE BICHO É ESSE? Bom, vou começar voltando para uma outra notícia que me chamou a atenção: foi o fechamento de parceria da The Sandbox com o estúdio brasileiro de jogos Hermit Crab. Desta parceria resultará uma cidade inspirada na cultura brasileira cujo nome será “Sports Land” onde jogadores poderão praticar uma variedade de esportes com outros usuários em tempo real. E mais! A plataforma permitirá que os usuários colecionem NFTs (tokens não fungíveis) ligados ao mundo dos esportes como tênis, camisetas, bolas, raquetes etc. Portanto, NFT’s são tokens únicos que existem em um blockchain* e comprovam a propriedade de um ativo digital ou físico. Segundo especialistas, o metaverso deverá fazer parte de nossas vidas entre cinco e dez anos, pois muito ainda precisa ser desenvolvido e implantado. Por exemplo, a conexão 5G, a tecnologia empregada, precisa cair de preço para ser viável; privacidade e segurança dos usuários precisa ser melhorada, bem como questões sobre direitos autorais, crimes virtuais, questões legais e éticas.
Vamos a mais um dado que me chamou a atenção neste universo. Embora as NFTs tenham se tornado uma tendência crescente, nenhuma coleção ainda se popularizou com sucesso em adaptações literárias, televisivas e cinematográficas. E aí, a série A Contrapartida pode ter uma excelente oportunidade pela sua trama, ambientação e elementos de suspense de tirar o fôlego. A série apresenta elementos da cultura brasileira e traz ambientação na capital de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Amazônia Legal e Floresta Amazônica, cobrindo questões do garimpo e extração de madeira ilegal, exploração indígena, elementos que agem sobre nosso processo de escolhas e decisões, abrindo um leque de oportunidades para desdobramento de histórias que os usuários do metaverso podem escolher e se permitirem experimentar. Além disso, pode proporcionar a coleção de NFTs (tokens não fungíveis) ligados ao mundo indígena, como cocares, arcos e flechas, cumbucas, enfim, todo tipo de artefato indígena e objetos dos personagens do filme e do livro, peça de teatro, enfim, tudo que for construído dentro do universo da série A Contrapartida. Também, todo o turismo da região pode ser alavancado pela experiência prévia no metaverso e movimentar agências e operadoras do país e da região. Essa renda pode e deve ser revertida às comunidades indígenas, levando divisas ao estado da federação, que hoje possui o mais baixo IDH do país, “sentado” em uma reserva vegetal, aquífera e mineral mundialmente reconhecida em seu valor para o mundo. Neste sentido o metaverso, se bem aplicado, é transformador em termos de distribuição de riqueza, tendo como ambiente virtual a série A Contrapartida.
Futuro próximo
Mas é incrível que esse mundo pode realmente alterar nossas vidas em futuro relativamente breve. Por exemplo, viagens de lazer, podem ser experimentadas antes pelo usuário através do metaverso e, se forem de fato o esperado, o usuário poderá fazê-la no mundo real. Isso vale para visita a museus do mundo todo sem sair de casa. Já pensou? E a educação? Crianças podem ter aula de história do Brasil como se estivessem chegando em uma nau à costa brasileira e assim por diante. E uma aula sobre a Amazônia? Sensacional, não é mesmo?
Uma economia completa existirá dentro nesse novo ambiente virtual, oferecendo opções de produtos e serviços, entretenimento, educação e por aí vai. Como dito antes, essa economia estará amparada no blockchain*, – nas criptomoedas e nos NFTs (tokens não fungíveis). Essa nova era tecnológica chegou.
*Blockchain é um sistema que permite rastrear o envio e recebimento de alguns tipos de informação pela internet. São pedaços de código gerados online que carregam informações conectadas — como blocos de dados que formam uma corrente — daí o nome. É esse sistema que permite o funcionamento e transação das chamadas criptomoedas, ou moedas digitais.