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Entre na hype para IT, o novo filme de Stephen King

“Do que você tem medo?”

Essa é a pergunta que o trailer de “It” (2017) deixou na cabeça dos espectadores. O filme, adaptação do livro de Stephen King lançado em 1986, tem tudo a ver com os medos de cada um: a Coisa, como It é traduzido em português, é uma criatura que pode se mostrar como seu maior medo, mas normalmente aparece na forma do assustador palhaço Pennywise.

Na trama, acompanhamos um grupo de crianças que se veem perseguidas pela misteriosa entidade metamorfa e juntam-se para enfrentá-la.

O livro tornou-se um clássico do terror pouco tempo após ser lançado, com personagens cheios de vida e temas relevantes, além de deixar as gerações futuras com um gostinho de Coulrofobia (medo de palhaços). Quatro anos depois, uma minissérie de TV em dois episódios foi lançada. Muita gente conheceu Pennywise nessa versão, que divide opiniões até hoje. Em setembro desse ano, uma nova adaptação chegará ao cinema numa versão muito mais assustadora. Confira agora uma análise da minissérie original e do trailer do filme (a minha resenha do livro você encontra aqui, e a do Rodrigo Batista aqui) e saiba o que esperar.

It (1990)

A primeira adaptação segue a linha narrativa do livro, que vai e volta nas memórias dos protagonistas. Acompanhamos Bill, Eddie, Richie, Michael, Stan, Bev e Ben como crianças e como adultos, nas décadas de 50 e 90 respectivamente. Mesmo sem utilizar recursos comuns na filmografia atual, como alternar entre temperatura de cores para separar passado e presente (visto em “13 Reasons Why”), as distinções entre passado e presente são claras por mais do que só a mudança de elenco. Toda a cenografia, com carros antigos e figurino adequado, deixa a transição bem natural.

O roteiro adapta várias cenas marcantes do livro, mas ainda assim muita coisa fica de fora. Apesar disso, ainda é possível se apegar aos personagens; Richie Tozier, meu personagem favorito, foi maravilhosamente representado por Seth Green (criança) e Harry Anderson (adulto). Não é o caso, porém, de outros atores do elenco. Muito embora todos tenham histórias comoventes e sejam bastante amáveis, as atuações não são sempre boas. Em geral, as crianças convencem mais em seus papéis do que os adultos, com exceção de Berverlie, que tem Annete O’Toole no papel adulto em um ótimo desempenho.

Os efeitos especiais, mesmo para a época, poderiam ser muito melhores. Filmes como “Star Wars” (1977) ou “De Volta Para o Futuro” (1985) mostram como. Apesar disso, a maquiagem de Pennywise (Tim Curry) transforma o ator e o deixa pronto para qualquer cena. Curry mostra ser um mestre das expressões faciais — o que é essencial, já que elas são o recurso mais utilizado para criar a atmosfera tenebrosa ao redor do personagem.

Em geral, é uma boa adaptação com alguns problemas técnicos. A maior questão é: seja pela produção ser antiga ou por opção do diretor, vários elementos popularizados pelo terror moderno não são utilizados. Jumpscares, antecipação, o silêncio estratégico: nenhum desse elementos está presente. Mesmo assim, o filme consegue passar uma atmosfera tenebrosa, que deixou muita gente com receio de palhaços (e bueiros) por um bom tempo.

It (2017)

Adaptado para uma geração muito mais exigente em termos técnicos, o novo IT parece sombrio. Se você não viu o trailer ainda, dá uma olhada aí embaixo.

MA-CA-BRO. A cena em que Pennywise aparece no projetor, surgindo a partir da mãe de Bill é sinistra, e se o filme tiver esse tom, os fãs estão em boas mãos.

Para essa adaptação, foi decidido reformular a narrativa. A história será dividia em dois filmes; O primeiro contando apenas o primeiro encontro do “Clube dos Perdedores” com a Coisa, e o segundo filme mostrando o seu retorno. A produção vai trazer a história de 50/90 para 80/presente, numa vibe bem “ET” e “Stranger Things”.

Apesar de detalhes estéticos alterados, o mais notório sendo o visual de Pennywise, o escopo maior da adaptação parece satisfatório; algumas formas da Coisa que foram cortadas na minissérie de 1990 retornarão, como “o leproso”. Essa forma é o maior medo de Eddie, que tem uma mãe paranoica com saúde. Uma dúvida é se o filme mostrará a relação das crianças com seus pais; no livro esse é um tema importantíssimo, e a adaptação deixou-o de lado (inclusive fazendo uma adaptação bizarra onde a mãe de Eddie faz o breve papel que, no livro, é de sua esposa).

Importante mencionar que a classificação indicativa foi confirmada como R (+18). Seria difícil contar a história apropriadamente sem isso, e é importante que o filme pegue carona na coragem de filmes como “Logan” (2017), que não se preocupou em segurar a mão para mostrar como o Wolverine realmente é: um reflexo da natureza humana que, apesar de sua violência intrínseca, é capaz de bondade. IT vai mostrar um embate colossal entre a pureza da infância e seus medos mais profundos — e vai fazer isso de um jeito assustador.

IT estréia nos cinemas em 8 de setembro de 2017.

it
Livros, Resenhas

Resenha: IT, Stephen King

“Todos flutuam aqui em baixo”… É assim que é conhecido It.

Essas são as últimas palavras que George Demborough ouve antes de morrer, mutilado por uma… Coisa. Uma coisa horrivel, metamorfa, que é também um palhaço chamado Pennywise.
30 anos depois, o estereótipo do palhaço monstruoso é um elemento comum nas obras de terror, mas na época foi uma novidade — e um grande susto pra quem leu e hoje diz que não consegue passar perto de um bueiro sem sentir calafrios.

“Quer um balão, Georgie?”

O livro conta a história de 7 amigos que enfrentam essa criatura macabra e quase onipotente não uma, mas DUAS vezes. São duas narrativas intercaladas: uma retrata a infância do “Clube dos Perdedores” como eles chamam a si mesmos; outra conta a história deles adultos, num segundo encontro com Pennywise, que está de volta na tenebrosa Derry.

Bill, Eddie, Ben, Richie, Stan, Bev e Michael desenvolvem uma amizade tão forte e verdadeira ao longo da história que você quase deseja ser amigo deles também. Cada um dos personagens tem personalidades marcantes e são essenciais não só para a história, mas para a construção de personagem de cada um dos outros. Eles literalmente não seriam os mesmos se não estivessem juntos.

“Talvez, pensou ele, não existam coisas como amigos bons ou ruins. Talvez existam só amigos, pessoas que ficam ao seu lado quando você se machuca e que ajudam você a não se sentir muito sozinho. Talvez valha a pena sentir medo por eles, sentir esperança por eles e viver por eles. Talvez valha a pena morrer por eles também, se chegar a isso. Não amigos bons. Não amigos ruins. Só pessoas com quem você quer e precisa estar; pessoas que constroem casas no seu coração.”

Da esquerda para a direita: Stan, Richie, Michael (atrás), Bill, Bev, Ben.

Vale a pena mencionar: Derry é maligna. Você vai aproveitar a obra bem mais se souber disso desde a primeira linha, desconfiando de tudo e todos que encontrar ao longo de suas 1104 páginas (sim, é monumental). Os protagonistas vão sentir isso na pele, ao sofrerem bullying e negligência, desde o valentão Henry Bowers até o farmacêutico Sr. Kleene. O que torna IT diferente da maioria das histórias de terror é justamente tratar de tais temas (inclusive a homofobia, o que é bastante corajoso para a época).

Outro tema da obra é o quanto você é definido pela sua infância — e principalmente pelos seus pais. Muitos medos e problemáticas dos personagens derivam de suas experiências nas suas casas, com pais controladores, ausentes, paranóicos ou até agressivos. E claro, também existe todo o lado metafórico da Coisa ( 😉 ). Um palhaço que assume a forma do que mais te assusta é uma forma genial de se tratar dos medos da infância, e como nós crescemos ao enfrentá-los. O “Clube dos Perdedores” são 7 crianças que enfrentam seus maiores medos e tornam-se adultos, seguindo suas vidas até que sejam confrontados novamente pela memória dos traumas que deixaram para trás.

Com uma narrativa envolvente, King não poupa palavras pra contar cada memória e momento crucial na construção de cada personagem central (e as vezes nem tanto) da trama. Diferente de alguns outros livros do autor, não tem muito o que cortar em IT que não fosse fazer falta de alguma maneira. Se no final do livro você estará vibrando pelos personagens e temendo por eles (ou, no caso de Henry Bowers, odiando), é justo pelo tempo que você passa acompanhando eles ao longo de sua jornada.

A esse ponto você já deve ter percebido que IT não ficou famoso por nada. Gostando ou não, é difícil contestar as qualidades técnicas e artísticas da obra, que consegue ser muito mais que um livro de terror: é uma história sobre crescer, e sobre a vitória do amor sobre o medo.

E também sobre um palhaço metamorfo assassino.

Tomando banho com o crush

Se você gostou, confere aqui o trailer do filme baseado na obra que vai sair em setembro de 2017, e o da adaptação original para a TV de 1990 aqui. Não esquece de compartilhar o texto! 😉