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Livros, Resenhas

Resenha: Um capricho dos deuses, Sidney Sheldon

“Não sou mais a mesma pessoa que era quando cheguei aqui, pensou Mary. Eu era uma inocente. Amadureci da maneira mais árdua, mas amadureci.”

Nesse livro, Sidney Sheldon nos leva a adentrar no mundo da política, da Guerra Fria e dos países da Cortina de Ferro. A protagonista do livro, Mary Ashley, não é nem de longe uma Jenniffer Parker ou uma Tracy Whitney, outras protagonistas do autor que possuem personalidades fortes e envolventes, mas nos envolve e desperta as emoções típicas de Sheldon: suspense, amor, medo, ansiedade.

Mary é uma professora universitária, casada, mãe de dois filhos e leva uma vida pacata em uma pequena cidade do Kansas. Seu avô era romeno e, por isso, ela se especializou sobre países do Leste Europeu. Mary é convidada a ser embaixadora dos Estados Unidos na Romênia para convencer o atual presidente romeno, Alexandros Ionescu, a estabelecer uma relação de aproximação com os EUA. Mary não aceita o convite, pois seu marido é médico e muito ligado ao hospital em que trabalha, entretanto ele morre em um misterioso acidente de carro e, a partir daí, Mary decide aceitar o convite para tentar amenizar sua dor.

Mary é, então, levada por um caminho político cheio de intrigas, corrupção e o pior: uma conspiração para matá-la. Ela se vê atraída por dois homens: o médico da embaixada francesa, Louis Deforges, e seu subchefe, Mike Slade. Um deles está por trás dessa conspiração para acabar com a vida de Mary. Mas qual?

“- Não mesmo? – Stickley recostou-se e sua cadeira. – Você é mulher e está sozinha. Pode estar certa de que já a classificaram como um alvo fácil. Vão jogar com a sua solidão. Cada movimento que fizer será observado e registrado. Haverá microfones secretos na embaixada e na residência. (…)”

Além deles, Mary também está na mira de Angel, um assassino que nunca fracassou ao tentar tirar a vida de alguém:

“Nunca fracassei, pensou Angel. Sou Angel. O anjo da morte.”

Durante a narrativa, Mary se mostra um pouco desorientada ao buscar uma cura para seu sofrimento e uma maneira de lidar com os filhos que não queriam mudar de país, o que faz com que ela apresente mudanças de humor, deixando o leitor, muitas vezes, perdido. Todavia, aos poucos, ela vai se tornando forte e uma grande protetora de seus princípios e ideais, com isso vai ganhando a simpatia do leitor e sua personalidade de uma mulher guerreira fica mais evidente.

Típico de Sheldon, a trama tem um desfecho inusitado e um pano de fundo como a Guerra Fria que faz a trama misturar ficção e realidade. Aqui, faço um pedido: ao ler esta obra, caros leitores, reflitam sobre algumas questões que Sheldon aborda na narrativa: até que ponto temos nossa vida determinada por nossos governantes e outras autoridades? Até que ponto somos um mero capricho para aqueles que se consideram deuses?

Boa leitura!

Atualizações, Livros, Resenhas

Resenha: A Ira dos Anjos, Sidney Sheldon

“Mas estava olhando para o passado, tentando compreender quando foi que o riso morrera.”

Indignação, raiva, medo, dor, admiração, surpresa. Estas palavras definem o que você poderá sentir ao ler esta obra de Sidney Sheldon. Aliás, a mistura de sensações é emoções é uma marca registrada do autor. Em A Ira dos Anjos, Sheldon nos apresenta Jennifer Parker, uma advogada recém-formada que tinha tudo para se tornar uma profissional espetacular, todavia vê seus sonhos e planos irem por água abaixo em seu primeiro julgamento como assistente do promotor distrital de Nova York, ao cair em uma cilada.

O início do livro nos traz o julgamento de Michael Moretti, genro do chefe da maior família da máfia americana, Antonio Granelli. Robert Di Silva, promotor distrital de Nova York, reuniu provas contundentes para incriminar Moretti e mandá-lo para a cadeira elétrica. Tudo foi cuidadosamente preparada para que não houvesse nenhum risco de erros, mas, no dia em que uma testemunha, Camilo Stella, iria depor contra Moretti, Jennifer estava em seu primeiro dia de trabalho e, vítima de uma cilada, acaba por fazer com que o processo fosse anulado. Ela é acusada e passa por investigações e tem o risco de ser sua licença cassada, mas Adam Warner, advogado, acredita na integridade e a declara inocente, reacendendo na jovem a chama da esperança.

A forma como a protagonista consegue se reerguer é impressionante e inspiradora. Cada processo pequeno que chega em suas mãos, ela não mede esforços e empenha todo o seu conhecimento para ganhar. Assim, chega em um momento em que ela se torna uma referência e ninguém mais é capaz de desconfiar do seu potencial. Para aqueles casos grandes e difíceis, todos sabem que só havia uma pessoa capaz de resolver: Jennifer Parker. Mas não pense que ela ficou livre de Moretti e Di Silva: eles ainda irão se cruzar várias vezes e a trajetória de Jennifer nos trará reviravoltas inimagináveis.

Bem longe de ser uma história de superação, o livro já nos traz um título bem sugestivo: A Ira dos Anjos. Jennifer, mesmo ingênua e lutando diariamente para se reerguer, não esconde a raiva que sente. Ainda que não estejam descritos na trama, através das atitudes e palavras da protagonista é possível sentir sua ira.

Mais um clássico de Sheldon, cheio de emoção e que irá te prender do início ao fim.  Um livro que joga com a verdade, sem piedade.

“Ela estava sozinha. Ao final, todos ficavam sozinhos.”

Até aonde um ser humano é capaz de chegar por dinheiro, poder e status social? Neste livro, Sheldon nos trará, de forma brilhante, a resposta para essa pergunta.