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Review: 3% (Segunda Temporada)

Quando foi lançada em 25 de novembro de 2015, a série 3% – primeira produção nacional da Netflix – dividiu as opiniões do público. Por um lado, a série encontrou um modo pouco convencional – e eficaz – para falar sobre a má distribuição de renda e polaridades presentes atualmente na sociedade brasileira, por outro, as atuações teatrais em momentos chave, figurinos escrachados e um aspecto que deixava claro o orçamento limitado em geral. A segunda temporada chegou ouvindo todas as críticas, fossem elas boas ou ruins e se aperfeiçoou, entregando 10 excelentes episódios.

Talvez a primeira temporada não tenha sido tragada tão facilmente no gosto do público por ter sido focada no processo de seleção (que determina os 3% que irão poder ter uma vida melhor no MarAlto) e não em seus personagens. Tivemos alguns nuances da vida de Michele, Joana, Rafael e Fernando, mas de forma bem superficial. Agora, mergulhamos em suas trajetórias, o que proporcionou aos espectadores uma chance de se conectar com alguns deles.

A maior diferença que podemos sentir entre as temporadas pode ser sentida através do roteiro. Deixando a parte didática de lado, as histórias agora não se arrastam nos episódios, muito pelo contrário. Usando e abusando do uso de flashbacks, somos capazes de entender melhor as motivações de cada personagem em torno do Processo e ver mais da vida que levavam no continente. As evoluções e plow-twists presentes nos entregam uma complexidade muito maior, que nos desperta cada vez mais a vontade de assistir aos episódios seguintes. Cada personagem possui o seu foco narrativo e estes focos se conectam de uma forma mais natural.

Talvez um desafio que a série se auto propôs foi o de incluir novos personagens e dar importância e contexto para estes novos nomes. Uma vez que anteriormente 3% teve dificuldade em explorar as personagens apresentadas, a inclusão de novos nomes poderia representar um novo erro – felizmente estávamos errados. Além dos nomes envolvidos no Processo e do pessoal do MarAlto, tivemos inclusões muito bem-feitas no continente.

A série melhorou muito e esteticamente encontrou um ponto para chamar de seu. É facilmente identificada e bem assimilada. O elenco demonstra estar mais entrosado e isso se refletiu nas telas. Um excelente momento que é preciso citar e não, não é spoiler: o nosso tradicional ‘carnaval’ foi abordado, em uma linda procissão realizada no continente; a cena contou com a talentosa Liniker e foi um dos pontos altos da produção.

A 3ª temporada de 3% – que irônico – irá estrar em 2019. Porém a história pode segurar até 5 temporadas no total. Vamos torcer.