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Foto: Gabu Camacho
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Entrevista: Manu Gavassi nos deixou “muito muito” hipnotizados com seus planos (nada) impossíveis

Manu Gavassi: cantora, compositora, atriz e agora, também, uma excelente escritora. Apaixonada por histórias, tivemos a oportunidade de entrevistá-la após uma sessão de autógrafos de seu novo livro “Olá, Caderno” (Rocco), na livraria Maxsigma, em São José dos Campos.

Nesse primeiro encontro com a Manu, nossa equipe estava animada, já que somos super fãs de seu trabalho e crescemos junto com ela, acompanhando toda sua trajetória, mudanças de estilo e consolidação como referência para diversos assuntos.

A sessão de autógrafos reuniu mais de cem pessoas e começou aproximadamente às 20h30, mas os fãs que queriam ter certeza que conseguiriam um momento com a autora, começaram a chegar na livraria antes das 17h. Em sua chegada, muitos gritos, aplausos e Manu se mostra receptiva desde o início. Acompanho o atendimento aos fãs e fico surpreso com o carinho que ambos se tratam: são presentes, muitas fotos, conversas e, é claro, o autógrafo no livro de estreia de Manu.

Conheça mais do livro “Olá, Caderno”:

É uma ficção adolescente escrita a partir de entradas num diário. Ou melhor, caderno. É ali que Nina, uma garota de 17 anos, despeja seus pensamentos mais nobres e mais frívolos, além de desenhos, letras de música, poesias, e trata um retrato sincero de seus pais ausentes, de seus irmãos problemáticos, mas amorosos, de seus amigos e de outros personagens com quem convive. Como tantos adolescentes, Nina sabe o que quer da vida, mas não tem muita certeza sobre quem é ou como se encaixa no mundo. E a partir de sua perspectiva ácida e bem-humorada, divide com o leitor suas experiências, paixões, alegrias, dúvidas e tristezas.

Depois de todos os fãs devidamente atendidos, chegou a nossa vez de encontrar Manu Gavassi e começar essa entrevista incrível! Chegamos a parabenizando pelo incrível ano que ela teve, por todo o sucesso do álbum e agora com o lançamento do livro, com seu jeitinho todo fofo ela agradece e começamos às perguntas.

Beco Literário: Manu, na fila, nós observamos que você atinge uma faixa de público que vai desde crianças até uma galera mais adulta. Como você se sente tendo toda essa diversidade e como é o seu contato com essas crianças que atualmente te acompanham?

Manu Gavassi: Eu acho demais isso do público ser realmente diferente, tem uma galera que cresceu comigo e era bem novinho na época que comecei e agora tem uma galera mais novinha… Eu acho que a música pop é isso, ela é para todo mundo e eu fico muito feliz de ter essa diversidade de pessoas e de mundos. Amo criança, quero abraçar, quero morder todas, só tenho um pouco de medo delas lerem o meu livro, porque ele não é especificamente para elas, mas tirando isso, tenho um carinho muito grande por todas.

BL: Nós percebemos que você teve um grande amadurecimento neste novo álbum, em relação as músicas, ritmo, composições. Você sentiu a necessidade desse amadurecimento ou foi algo mais natural?

Manu: É natural, porque nós crescemos. Tipo, eu comecei muito novinha com 16 anos e agora vou fazer 25, é um processo de vida de amadurecimento, de mudança de gostos. A gente gostava de escutar uma coisa e passa escutar outra, outro estilo musical, de roupa… Para mim, foi um crescimento muito natural, muito pouco pensado. Não foi algo assim “agora tenho chocar todo mundo, vou tirar minha roupa”, foi tipo “to crescendo, to me sentindo bem comigo mesma, mais mulher, mais sexy”, então tem a ver com meus últimos anos de vida de me descobrir como uma jovem mulher.

BL: E você ta gostando de fazer shows que começam bem mais tarde, tipo às duas da manhã?

Manu: (bem-humorada, rindo) Disso eu não gosto muito, meu amor, porque três da manhã eu gosto de estar na minha caminha, vendo série. Isso para mim é um pouco diferente, estranho, mas ao mesmo tempo, a vibe desses shows é muito incrível, tudo isso é muito gratificante.

BL: Agora vamos falar sobre o que mais interessa hoje: o seu livro! Como foi o momento que você se encontrou e pensou “vou escrever um livro”?

Manu: Esse momento nunca existiu. Eu nunca falei “vou escrever um livro”, aliás, meu pai sempre falava “nossa você gosta muito de contar história, você precisa escrever alguma coisa”. Eu lia muito desde criança, tenho muito respeito por essa profissão e eu pensava que nem tinha capacidade de escrever um livro, não tenho organização para isso. Então foi muito engraçado, eu comecei escrevendo um roteiro de uma série, na época que morava no Rio e fazia novela, e minha intenção nunca foi transformar isso em um livro, acabei mandando o texto que tinha para um amigo roteirista e ele me disse “legal, você não sabe escrever roteiro, isso é uma narrativa, continue escrevendo, porque está super legal”.

BL:  E as histórias do livro? De onde surgiram?

Manu: Muitas histórias do livro são minhas, são coisas que eu vivi e outras são de amigas, da minha irmã, pessoas próximas que eu me envolvi de alguma maneira, mas não sendo protagonista dessa situação. Então, posso falar com propriedade que eu escrevi sobre coisas que eu sinto, que eu sei que são verdade.

BL: Então, a personagem principal, Nina, é uma mistura de várias pessoas?

Manu: Sim, ela tem muito de mim, mas de muitas pessoas que me cercam também.

BL: E a ideia do título? Por que “Olá, caderno” e não “Querido diário”?

Manu: Porque a Nina é muito cool para escrever “querido diário”, ela jamais escreveria isso. Também foi uma saída que encontrei para mim, porque quando eu comecei com essa história do livro, tive as primeiras reuniões com a minha editora, a Rocco, eu falei que escrevi diários minha vida inteira e conseguiria escrever bem nesse formato. Então, eu usei esse formato para a escrita e é por isso que o livro se chama “Olá, caderno”.

BL: E os questionamentos que você aborda no livro então são bem pessoais, nós queríamos saber quais são os principais que o público pode encontrar na leitura?

Manu: Muita vivência, se eu contar eu vou acabar estragando a história. Tem muitas coisas que eu vivi, tem muitas coisas eu não vivi. Até pedi permissão para algumas amigas próximas para contar algumas histórias mais fortes de vida que eu não passei com a minha família, mas sei de algumas amigas que passaram. Tem temas muito fortes, mas abordados de uma maneira tranquila, eu acho que é assim a vida, nós passamos e superamos muita coisa.

BL: A edição do livro está maravilhosa. Como foi esse processo de editar, escolher a capa?

Manu: A ilustração é da Nath Araújo, eu conheci o trabalho dela pelo Instagram e achei muito inteligente a forma que ela cria as ilustrações e o texto que ela colocava junto, então, fique de olho nela há um ano. Quando chegou o momento da ilustração falei “precisa ser ela, sou fã dessa menina, tem tudo a ver com meu livro, com a linguagem”, enfim, o jeito que ela faz as ilustrações são muito cute, no primeiro momento, mas quando você vai ver tem sempre uma mensagem por trás, nunca é um desenho bobinho. Isso tem tudo a ver com meu livro que pode parecer um livro bobinho para adolescentes, mas quando você realmente lê e entende a história se torna muito mais do que isso. Fiquei muito feliz que ela topou.

BL: O que você gosta de ler?

Manu: Eu gosto de ler histórias, por exemplo, eu nunca tinha lido um livro de auto-ajuda, mas esse ano eu estou lendo um livro do “Osho”, esse ano eu virei um buda (risos). Eu sempre gostei de ler histórias, desde muito novinha e eu acho que um dos meus livros favoritos que me ajudou a escrever “Olá, caderno” foi “As Vantagens de Ser Invisível” que eu li muito antes de ser filme.

BL: E qual livro você indicaria para os Becudos que vão ler essa entrevista?

Manu: Seria “As Vantagens de Ser Invisível” que é um dos livros que eu mais gostei e que tive a oportunidade de ler na minha adolescência e depois eu reli mais velha. Eu gosto muito desse lance de ser narrado em primeira pessoa e ter somente a visão do protagonista, você não sabe realmente o que aconteceu e tem que entender que aquilo é a história de uma só pessoa.

Imagem: Beco Literário

Entrevista: Manu Gavassi nos deixou “muito muito” hipnotizados com seus planos (nada) impossíveis

Antes de encerrarmos a entrevista, outras pessoas da equipe que me acompanharam tiveram mais um tempinho para a conversar com a cantora e fizerem perguntas super especiais para os fãs, vamos conferir?

BL: Como você se sente fazendo composições que falam sobre coisas que muitas pessoas passam? Além disso, suas letras são muito pessoais, você sempre quis cantar sobre suas vivências? Com isso, suas músicas acabam atingindo muitas pessoas que se identificam com a letra e as fazem relacionar com as fases que estão vivendo.

Manu: Eu consigo entender completamente o que você está me falando, porque eu também tenho um ídolo da mesma maneira, a Taylor, quando eu era muito novinha e eu comecei a tocar violão e a escrever sobre minha vida e vivência de treze, catorze anos e pensava que ninguém nunca vai querer ouvir isso… É tão pessoal, tão meu, porque outra pessoa vai querer ouvir sobre minha vida? Eu pensava muito nisso, muito! Tanto que demorei maior tempão para colocar minha músicas no Youtube, por isso eu fazia os covers no começo. Ai eu comecei a ouvir a Taylor e vi que ela escreve os detalhes da vida dela e é por isso que eu gosto daquilo, eu me identifico. Eu acredito que o mais poderoso quando a gente está crescendo é a identificação, saber que você não está sozinho nisso. O que sempre me encantou nas cantoras que eu gosto sempre foi a letra, então, eu consigo entender isso e sou muito grata, acho que é só porque eu tive esses ídolos que continuei escrevendo e eu gosto disso, é a parte que mais gosto do trabalho.

BL: Já passou para pensar na importância que você tem para os fãs?

Manu: Sobre essa importância minha para os fãs, eu tento não pirar muito nisso, se não você enlouquece, mas eu acho que eu uso muito isso de ser verdadeira, porque eu trabalho com a verdade, por isso que as pessoas recebem dessa maneira positiva… Porque eu realmente passei por aquilo, vivi aquilo, senti aquilo e coloquei em forma de música.

Depois dessa deliciosa entrevista, fizemos algumas fotos e fechamos a livraria, afinal, já beirava às 23h quando tudo terminou. Agora, só resta você conhecer o livro “Olá, Caderno” que Manu se dedicou por dois anos até chegar em seu lançamento, agora em novembro. E já pode ficar animado, em algumas semanas, teremos resenha do livro postada aqui no Beco e se você ainda não garantiu seu exemplar, aproveite para comprar o seu livro utilizando o Beconomize, só conferir as opções aqui em baixo!

Um super obrigado a Manu Gavassi, que ficou um pouquinho a mais só para conversar com a gente, a equipe da Rocco que tornou viável a entrevista e a Livraria Maxsigma do Shopping Colinas pelo super evento! <3