Foi durante a 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que tive a oportunidade de conhecer Eduardo Cilto, autor de Traços – seu romance de estréia. Eu tinha acabado de comprar meu exemplar, e é claro que não perderia a chance de pedir um autógrafo. Enquanto ele autografava, eu mal podia imaginar que a história escrita por Edu se assimilaria muito com a minha própria história. Aquela que tracei e ainda traço para mim mesmo.
“Ninguém precisa tentar entender ou julgar o que acontece do lado esquerdo do peito de cada um. No fim, nada mais importa se o sentimento é verdadeiro, certo?!” – Eduardo Cilto (Traços)
Sabe aquela amizade da qual você tem certeza de que irá durar para sempre? Simplesmente porque você não se vê sem a outra pessoa. Mal consegue se lembrar de como era sua vida antes disso. Essa é a amizade que Matheus, ou simplesmente Math, cultivava com Beatriz.
Math é aquele cara legal, porém nada popular. Seu fanatismo por quadrinhos e séries americanas, fazem dele um habitante de seu próprio mundo, no qual vive são e salvo de qualquer loucura, comum entre os adolescentes. Bebidas alcoólicas? Nada disso. Sair de casa sem dar satisfação aos pais? Nem pensar. Sair no meio da noite para encontrar uma garota? Isso é loucura!
Já Beatriz, é completamente o oposto do melhor amigo geek. Sem medo de se arriscar, ela simplesmente vai atrás das coisas que quer. E não precisa da aprovação de ninguém para isso. As vezes o excesso de opinião própria e persistência em suas idéias, fazem a garota agir de modo grosseiro em determinadas situações em que é contrariada ou tem seus sentimentos mais profundos postos a prova.
Foi numa festa junina do colégio, que Math e Beatriz viriam suas vidas começarem a mudar radicalmente. Ao começar pela garrafa de bebida que pela primeira vez, havia sido esvaziada por ele e não por ela. Durante toda aquela euforia, os dois foram convencidos por Fernanda, que se dizia bruxa, a irem para sua casa, onde ela poderia provar seus poderes num ritual mistico. E assim, mais uma vez, Math se viu envolvido em uma das loucuras de Beatriz. A garota queria a todo custo ouvir o que a tal bruxa tinha a dizer sobre seu futuro.
A noite se mostrou mais longa do que deveria, e após uma pitada de drama, Beatriz saiu daquele ritual (de origem duvidosa) decidida a encontrar seu destino, que estava a milhares de quilômetros dali. Em São Paulo. E é claro, que mesmo não topando inicialmente, Math não foi capaz de deixar sua melhor amiga partir rumo a maior cidade do Brasil sozinha. Os dois embarcaram nessa viagem juntos!
A viagem para São Paulo durou apenas alguns dias, mas foram tantos os acontecimentos, que esses dias pareceram durar longas e intermináveis semanas. Repleto de drama e reviravoltas, Traços acaba de uma forma inesperada e surpreendente. O destino nem sempre é aquele que nós esperamos que seja. Cada um é responsável por traçar o seu, mas os resultados não dependem simplesmente de nossas vontades.
Repleto de referencias a séries como American Horror Story e filmes como Harry Potter, a leitura de Traços é gostosa e reconfortante. O protagonista não é alguém dotado de qualidades magnificas e está longe de ser super fodão. Math é completamente comum, assim como a maioria de nós, e é isso que o torna tão apaixonante e nos faz identificar-se de alma e coração com ele.