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Eu Fico Loko – O Filme

Eu Fico Loko
Eu Fico Loko
Críticas de Cinema, Filmes

Crítica de Cinema: Eu Fico Loko – O Filme

“Ninguém chega a lugar nenhum se não for meio louco de vez em quando” – A avó.

O filme que leva o nome do canal que existe há 6 anos é uma adaptação do primeiro e segundo livro de Christian Figueiredo, o “Eu Fico Loko: As Desaventuras de um Adolescente Nada Convencional” e o “Eu Fico Loko 2: As Histórias que Tive Medo de Contar”. Os livros escritos pelo youtuber traz em capítulos as histórias vividas por Chris e, nesse formato, elas são independentes uma da outra. No filme, o diretor Bruno Garotti une os diversos episódios em torno de um enredo e clímax que é a relação de Chris com a Giudirene ou Alice, a garota que quebrou seu coração e mudou sua vida, assim como uniu as diversas pessoas que fizeram parte dos livros em um só ator, como Chris já explicou em um de seus “daily vlogs”. Se você leu os livros, não estranhe ver vários capítulos unidos ou alguns personagens juntos quando no livro não estavam. Ainda assim, a junção dos vários capítulos ficou imperceptível, tomando um enredo natural para o filme.

Tal união de várias desventuras em um longa-metragem é um passo conhecido do diretor. Bruno Garotti, para quem não se lembra, também dirigiu o filme “Confissões de Adolescente” (2013) que trata, como o título denuncia, de primeiras experiências marcantes na adolescência de quatro meninas. O filme “Confissões de Adolescente” também é adaptado de um livro de memórias de Maria Mariana.

Na coletiva de imprensa sobre “Eu Fico Loko – O Filme”, Bruno contou que leu o livro e riu tanto que decidiu embarcar na transformação da vida de Christian de 15 anos do papel ao cinema. O produtor Julio Uchôa, que já trabalhou anteriormente com Bruno, disse: “O Bruno é sensível. Ele vê amor e vende o amor pela história”.

Sem limites para elogiar o diretor – até porque ele merece todo esse reconhecimento/sucesso (tsc) -, Christian relatou o processo de roteirização em que, junto de Bruno e do produtor, foi a um hotel diversas vezes “se isolar” para levar o filme as telas. “Eu não tava em um projeto que eu não via verdade. Eu vi verdade em todos os personagens”, disse Christian.

É quase impossível que, em seus tempos de escola, você não tenha identificado um Christian, uma Gabi, um Ian, uma Alice ou um Mauro pelos corredores. Apesar de serem todos bem estereotípicos, como se tivessem saído de uma novela, suas personalidades estão por todas as escolas. Porém, o mais inspirador é o modo como as garotas são construídas. Apesar de ambas, Gabi e Alice, serem vistas como vilãs na vida de Christian, elas representam a independência e poder de escolha das mulheres que deve ser respeitado.

A personagem da atriz que está concorrendo do Prêmio Contigo pela papel de Gerusa na novela “Êta Mundo Bom!”, Giovanna Grigrio, é uma das mais amadas e polêmicas. A Gabi (ou #Gabisemfreio, como foi promovida nos inúmeros “making of’s” que Christian postou no seu canal) é a namorada de Chris e é excêntrica e dona de seu destino. “Ela é uma personagem diferente de tudo que eu já fiz. Descobri coisas que não conhecia sobre mim”, disse Giovanna. Por ser conhecida por personagens certinhas e boazinhas, Giovanna descreve ser libertador fazer uma personagem “diferentona e que faz a história acontecer”. Ela e Isabella Moreira, que dá vida a Alice, levarão aos fãs de Christian o lado não contado das mulheres da sua vida, a independência. E então, apesar de rejeitar Christian ou se aproveitar dele, é possível se apaixonar por personagens tão únicas e fortes. “Todo mundo odeia ela, mas eu amo”, disse Isabella Moreira sobre sua personagem na coletiva de imprensa.

Filipe Bragança, que faz Christian, representa toda a dedicação e paixão que os atores colocaram na criação de seus personagens. O ator de 15 anos e aparência mais velha leu os três livros de Christian, assistiu os sete anos inteiros do canal, emagreceu 4 quilos, colocou aplique e teve de fazer preparação vocal para interpretar o papel de uma personalidade admirada por mais de 7 milhões de pessoas. Sobre a pressão de tal desafio logo em seu primeiro filme, Filipe diz: “Foi um medo gostoso, de saber se as pessoas iam gostar”. Com toda a sua confiança inerente, Filipe tornou-se o adolescente desengonçado e tímido na tela. Ele foi todos os dias no set, mesmo quando não era necessário, e provocou uma das cenas mais emocionantes para Chris em que Filipe, como Chris de 15 anos, treina sua frase inicial dos vídeos: “E aí, meus lokões e lokonas deste Brasil? Tudo bem com vocês? Hum?!”

Confira uma parte da nossa entrevista com Filipe Bragança aqui:

De maneira geral, o filme é muito inspirador. Nele, os atores, a trilha sonora e as imagens estão em sintonia e trazem uma das mais marcantes características de Christian Figueiredo: ser sonhador. Os atores, atenciosos preocupados com sua performance no filme durante a coletiva e as entrevistas, pareciam que pertencentes aos seus papéis na tela, como José Victor Pires, o Ian do “Eu Fico Loko – O Filme” disse: “foi muito fácil ser o melhor amigo do Filipe”. Apesar de denunciar muito do longa logo no trailer, o suspense continua mantido para o cinema, pois há coisas no filme que não estão no livro, e essas são imperdíveis. Mesmo expondo muito da sua vida na internet, inclusive o que acontece nos bastidores, quem for assistir perceberá outro Christian.

A adolescência é uma fase tão conturbada, com diversas experiências novas levadas para o resto de nossas vidas, e ela está representada com risadas e lições para todos os públicos, pois todos foram adolescentes um dia, certo? Todos os membros da equipe aparentavam dedicados e crentes na produção do longa que superou nossas expectativas. Assistir ao filme e conversar com os atores tão talentosos nos fez repensar o quanto falta apreciação ao cinema nacional, principalmente por parte da nossa geração. E estamos esperançosos para que tal apreço tome força não só com o “Eu Fico Loko – O Filme”, mas também com “Internet – O Filme”, assim como fez o filme “É Fada” da Kéfera.