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Dedo Podre: como se proteger de relacionamentos abusivos e golpes em aplicativos de relacionamento
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Dedo Podre: como se proteger de relacionamentos abusivos e golpes em aplicativos de relacionamento

No universo amoroso, há expressões que ganham popularidade. Entre elas, a expressão “dedo podre” é frequentemente utilizada para descrever a tendência de algumas pessoas em fazer escolhas ruins em relacionamentos. Victor Quintiere, professor de Direito Penal do Centro Universitário de Brasília (CEUB) alerta quanto às relações abusivas e golpes emocionais que vitimizam centenas de pessoas em busca de um relacionamento sério.

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Relacionamentos abusivos são uma realidade preocupante, em que o poder e o controle são exercidos de forma desigual, causando danos emocionais e físicos às vítimas. De acordo com especialistas, a falta de discernimento na escolha de parceiros pode levar a uma vulnerabilidade maior, abrindo espaço para relacionamentos prejudiciais e perigosos, principalmente em mulheres.

Para evitar evitar esse tipo de situação, Victor Quintiere destaca que antes de iniciar um relacionamento, é importante buscar informações sobre o possível parceiro, tanto por meio de buscas em sistemas informatizados, quanto pela educação relacionada às legislação existente no país. “Conhecer as leis, em especial a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), no caso das mulheres, pode auxiliá-las a entender seus direitos e a se protegerem contra violência psicológica, física, financeira e emocional nos relacionamentos abusivos”, ressalta.

Em caso de violência doméstica a partir de relacionamentos abusivos, Quintiere orienta as mulheres a denúnciarem tais crimes nas delegacias de proteção à mulher em seus respectivos estados. Segundo o jurista do CEUB, estas delegacias são responsáveis por apurar esse tipo de delits e, caso sejam identificados indícios suficientes de autoria e materialidade, encaminham um relatório ao Ministério Público, que poderá oferecer denúncia contra a pessoa que praticou a violência ou as ameaças no contexto de uma relação amorosa.

Estelionato de fundo amoroso: cuidados e enquadramento legal

Com o avanço da tecnologia e o surgimento de aplicativos de relacionamento, também surgiram os golpes emocionais. Nestes casos, indivíduos se aproveitam da vulnerabilidade emocional de outras pessoas, conquistando sua confiança para obter vantagens financeiras ou causar danos psicológicos. Esses golpes mostram a importância de estar alerta e conhecer os riscos envolvidos nas interações virtuais.

O professor esclarece que o termo “estelionato amoroso” deve ser restrito a situações em que o autor se aproxima da vítima utilizando meios virtuais e explorando uma eventual vulnerabilidade emocional, conquistando sua confiança e, em seguida, exigindo presentes ou favores financeiros. “É importante diferenciar o estelionato com fundo amoroso do conceito banalizado de estelionato sentimental”, classifica.

Quintiere acrescenta que o estelionato com fundo amoroso ocorre quando o criminoso utiliza estratégias de persuasão amorosa para se aproximar da vítima e obter vantagens ilícitas no âmbito patrimonial. “Além do repasse de dinheiro, os golpistas podem almejar a contemplação em testamentos, transferência de bens e até mesmo a simulação de contratos, tudo com o intuito de obter vantagem econômica ilícita”, completa.

Para as vítimas de golpes em apps de relacionamento, o professor de Direito Penal recomenda procurar imediatamente as autoridades competentes para que os delitos sejam apurados. Segundo ele, é cabível ainda o pedido judicial de indenização por danos morais sofridos. Quintiere reitera que a melhor maneira de combater tais práticas é conhecer os seus direitos: “O conhecimento e a informação são poderosas ferramentas para prevenir e lidar com essas situações. Denuncie relacionamentos abusivos e atenção aos golpes de aplicativo”.

Confira dicas para prevenir golpes em apps de relacionamento:

• Verifique a existência da pessoa com quem se está se comunicando, realizando pesquisas na internet;
• Não forneça dados pessoais, como CPF, informações bancárias, detalhes sobre veículos ou imóveis, especialmente nos primeiros contatos;
• Observe como se dão as primeiras comunicações, ficando atenta ao chamado “bombing”, em que o golpista envia mensagens em excesso para conquistar a confiança rapidamente;
• Desconfie de pessoas estrangeiras que prometem enviar presentes do exterior e, posteriormente, solicitam pagamento de taxas;
• Marque encontros em locais públicos com movimento e segurança, como shopping centers, evitando fornecer o endereço residencial;
• Comunique-se com amigos próximos ou familiares sobre o encontro e, se possível, manter contato durante o encontro por meio de aplicativos de conversação.

Resenha: Além do princípio de prazer, Sigmund Freud
Livros, Resenhas

Resenha: Além do princípio de prazer, Sigmund Freud

Além do princípio de prazer é um livro de Sigmund Freud, criador da psicanálise, que trata de um assunto que me interessa bastante, enquanto psicanalista e enquanto analisado. A compulsão pela repetição. Calma, vou explicar mais adiante nesse texto e você vai ver como ela faz bastante sentido.

De leitura curta, mas não rápida ou tampouco fácil, em Além do princípio de prazer, Freud investiga os nossos padrões inconscientes e nos mostra que tendemos a repetir comportamentos, mesmo sem perceber. Sabe aquela pessoa que só cai de relacionamento abusivo em relacionamento abusivo e dizem que tem dedo podre? Então, eis um exemplo da compulsão pela repetição. A gente repete tudo aquilo que ainda não foi elaborado conscientemente. Mas, o que a gente repete?

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+ Um olhar sobre a pulsão de morte: o famoso dedo podre

A gente repete tudo. A forma como aprendemos a nos relacionar na infância. A forma como nossos pais nos criaram. A forma como reagimos aos nossos sintomas. Tudo na nossa vida é uma repetição inconsciente. Sabe aquela pessoa que você odeia? Provavelmente, ela te faz lembrar (conscientemente ou não) alguém que te fez mal, você não gosta e que te causa os mesmos sentimentos. A nossa repetição normalmente tem raízes na infância e chegam até a vida adulta. E nós continuamos a repetir, repetir, repetir…

Para Freud, precisamos traduzir em palavras tudo aquilo que encenamos e repetimos no ato, por meio do processo psicanalítico. Precisamos rastrear e compreender nossas repetições, para que elas sejam acessíveis à consciência e assim, possamos falar várias vezes, até elaborar e racionalizar o que falamos, para poder então, perlaborar, isto é, substituir um sintoma pela palavra. Claro que, nada é tão fácil quanto parece.

Um comportamento repetido por várias vezes durante uma vida é um sintoma forte. E o sintoma não vai embora, ele não desaparece. Por isso, ao tornar acessível à consciência a nossa repetição, passamos a ter ciência de que ela acontece, quando ela acontece. E nesse ponto, passamos a ter escolha: vamos repetir ou vamos tentar mudar a rota? Sim, precisamos parar, respirar e agir. Nunca de imediato. A repetição faz parte de nós como seres humanos e possivelmente sempre continuará fazendo, mesmo que ela esteja além do princípio de prazer que internalizamos.

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Atualizações

Um olhar sobre a pulsão de morte: o famoso “dedo podre”

A famosa expressão “fulano tem o dedo podre” ganhou a boca do povo e não é de hoje. Tanto na vida real, quanto na ficção, pessoas vem dizendo que outras tem o “dedo podre” quando escolhem parceiros aparentemente incompatíveis com quem elas se mostram para o mundo. Um grande exemplo disso, é a personagem Marilda, no seriado “A Grande Família”, exibido pela Rede Globo nos anos de 2001 a 2014.

Na trama, a cabeleireira vivia em busca do namorado perfeito e acabava sempre por se relacionar com “cafajestes”, como ela mesmo chamava. Sua busca era incessante e em vários episódios, era comum de ver ela contando para Nenê, sua melhor amiga e protagonista do seriado, que iria cortar o seu dedo fora, porque ele era “podre” para escolher parceiros. O fim do seriado se deu com a personagem indo embora com um grande amor que ela conheceu em uma fazenda do interior e nunca mais retomando contato com a família Silva.

Esse exemplo, conhecido por quase todos os brasileiros expressa bem uma visão psicanalítica da pulsão de morte, isto é, o contrário daquela pulsão de vida, de prazer.

A expressão dedo podre

A origem da expressão “dedo podre” não é fácil de ser encontrada. Apesar de não constar em nenhum dicionário ou registro formal, ela está na boca do povo. De acordo com o Dicionário Informal, alguém que tem o dedo podre, é alguém que sempre faz as escolhas erradas, que não acerta uma, principalmente em relacionamentos. Aquela pessoa que faz más escolhas em relação ao amor e às amizades.

Psicanalisando a expressão, podemos dizer que alguém que tem dedo podre é alguém que te tem uma compulsão pela repetição. E esse estado, segundo o emprego de Freud em suas obras, denomina quando “[…] o sujeito [está] sendo obrigado, contra sua vontade, a agir de determinada forma” (Hanns, 1996, p. 100). Por isso, podemos observar que a compulsão pela repetição resulta de um conflito pulsional, que impõe ao sujeito algo que ele deve fazer, ao mesmo tempo em que isso o faz sofrer.

Observando pela perspectiva de Lacan, denominamos como o gozo. Aquele prazer, que mesmo sendo um desprazer, satisfaz, alimenta. E essa alimentação não é tudo o que a gente busca dentro de um relacionamento? Pode ter coisas erradas, mas se tem essa alimentação, “está tudo bem”, na grande maioria dos casos.

A pulsão de morte

Quando conceituamos o “dedo podre” como compulsão pela repetição, estamos vinculando o conceito à pulsão de morte.

Pulsão, para Freud, é um “impulso, inerente à vida orgânica, a restaurar um estado anterior de coisas” (Freud, [1920] 1976, p. 54). No começo de sua conceituação, Freud acreditava em duas pulsões, a sexual e a de autoconservação, que se contrapunham. Com o tempo, ele entendeu que o princípio do prazer não era único e não representava o inconsciente como um todo. Tinha um algo a mais, além do prazer.

Foi então que Freud conceituou e introduziu a pulsão de morte. Aquela pulsão desligada, desvinculada de representações, com tendência destruidora, se mantendo estagnada: sem se descarregar e sem se vincular a alguma representação.

Como toda pulsão, ela quer satisfazer o seu desejo, mas não consegue. A tendência que “sobra”, então, é a tendência pela repetição. Enquanto não há uma vinculação, a pulsão de morte se repete, retomando sofrimentos que o sujeito viveu em fases anteriores da vida, ou também, o que chamam popularmente de “repetir padrões”.

A pulsão de morte quer ser satisfeita, como toda pulsão, e quer pela via mais curta, pela descarga imediata. E para isso, ela usa da transferência de alvos – quase uma sublimação, mas uma “sublimação ruim, malvada”.

A problemática da repetição e da pulsão de morte

Como vimos, o “dedo podre” está completamente ligado à pulsão de morte e esta, totalmente ligada a tendência pela repetição. Ao não trabalhar certos traumas, encaminhando essas pulsões que precisam ser realizadas e descarregadas de uma forma saudável (a sublimação, em sua forma verdadeira), a pessoa que “tem o dedo podre”, acaba por transferir inconscientemente suas pulsões para alvos errados e por isso, nunca há uma descarga e uma satisfação plena.

A grande problemática disso tudo são os relacionamentos abusivos. Pessoas que se denominam ou que são denominadas com “dedo podre” acabam se envolvendo em relacionamentos amorosos destrutivos, tal qual observamos, no começo do texto, a personagem Marilda, da ficção. E aqui, neste ponto, podemos questionar esses relacionamentos e vincular com o conceito de gozo de Lacan. Se o gozo é aquele prazer, que mesmo sendo um desprazer, satisfaz, não é muito perverso dizer que há essa “alimentação necessária” para o relacionamento ir adiante, mesmo sendo abusivo? Uma pessoa com pulsões de morte não descarregadas de forma adequada, a portadora do tal “dedo podre” não tem consciência do seu ciclo de autossabotagem e de violência em que pode estar inserida.

Por isso, dizer que ela obtém seu gozo dentro do relacionamento é tão cercado de perversidade. Seria o mesmo que dizer que comer um bolo mofado é bom, porque, pelo menos, o sujeito está inserindo alguma comida.