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Cristina Fibe

As melhores frases de "João de Deus - O abuso da fé"
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Frases, Livros

As melhores frases de “João de Deus – O abuso da fé”

Em setembro de 2018, Cristina Fibe, jornalista que fez carreira nas principais redações do país, deu início a uma apuração que revelaria, três meses depois, os estupros cometidos pelo autoproclamado médium João de Deus.

+ Resenha: João de Deus – O abuso da fé, Cristina Fibe

João de Deus: o abuso da fé é um livro-reportagem com informações apuradas e checadas em viagens a Abadiânia, visitas a IMLs, delegacias e tribunais, além de um mergulho em mais de mil páginas de processos criminais. Dentre as centenas de entrevistas, há depoimentos exclusivos de figuras públicas próximas de João, como o ex-governador de Goiás Marconi Perillo e o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso.

Com a sensibilidade e as ferramentas de quem se especializou na cobertura dos direitos das mulheres, Cristina Fibe dá voz também a algumas das mais de trezentas sobreviventes dos abusos, em relatos muitas vezes chocantes, mas necessários para interromper o silêncio que leva à impunidade.

Em um livro-reportagem investigativo, Cristina Fibe desconstrói o mito em torno do garimpeiro goiano desde a fundação de seu centro espiritual, na década de 1970, até a descoberta da rede de crimes que ele liderou por quase cinquenta anos.

As melhores (mais fortes/mais pesadas) frases de “João de Deus – O abuso da fé”

“João Teixeira de Faria é um homem que gosta de controlar a narrativa sobre si mesmo.”

“João tentava se proteger do enquadramento em um dos artigos do Código Penal brasileiro que poderiam levá-lo à cadeia pelos tratamentos que fazia.”

“Sem dinheiro, passou a usar drogas, ‘por desespero, mágoa, sofrimento, porque o pai que conheci com quase dez anos não foi um pai, foi minha destruição’.”

“‘Não é possível estabelecer, de forma estatística, quantos por cento recebem os benefícios pretendidos’, escreve Ismar Estulano. ‘Todavia, uma coisa é possível afirmar: se não for curado do mal físico, com certeza a pessoa receberá benefícios espirituais. Nada de negativo acontece com quem vai à Casa de Dom Inácio. Somente resultados positivos.'”

“Ele falou: ‘Sempre te deixo por último para ver teu sofrimento.'”

“A confiança, a sugestão dos doentes, o ambiente, a música, as orações, os remédios naturais, os alimentos, a água e o silêncio constituem circunstâncias importantes para se conseguir a cura.”

“Questionada sobre quais depoimentos mais a chocaram, ela lembra de uma mulher com tetraplegia: ‘Ela só mexia a cabeça. E João botava o pênis em sua boca’. Outra, grávida de oito meses, sofreu penetração anal, entrou em trabalho de parto prematuro, e seu casamento acabou quando o marido soube. Uma mulher escondeu o estupro do companheiro, mas pegou uma doença sexualmente transmissível e precisou se tratar em silêncio. Uma paciente com câncer foi abusada numa fase em que não tinha unhas, nem cabelo, nem mamas.”

“Mas, para os defensores de João Teixeira, era tudo bobagem.”

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Resenha: João de Deus - O abuso da fé, Cristina Fibe
Beco Literário
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Resenha: João de Deus – O abuso da fé, Cristina Fibe

Fazia muito tempo que eu queria ler João de Deus – O abuso da fé, da jornalista Cristina Fibe. Dessa vez, a Globo Livros não quis me encaminhar o livro ou o e-book para ler, então demorou um pouquinho até que eu conseguisse comprar e escrever a resenha (então me valorizem comprando o livro pelos links do Beco no final do post, viu?).

+ Crítica: João Sem Deus – A Queda de Abadiânia (2023)

Ao contrário de outros livros do caso João de Deus, esse da Cristina Fibe traz um jornalismo mais denso. Eu já li “A Casa”, do Chico Felitti, já vi todos os documentários disponíveis e li bastante sobre o caso na internet e nenhum deles me trouxe o material que esse me forneceu. Mas, antes que você me ache maluco, deixe-me explicar: eu amo livros sobre crimes reais brasileiros e o interesse só cresce quando o assunto é seita ou religião.

João de Deus – O abuso da fé é um livro-reportagem, isso significa que ele não traz a autora contando a história em primeira pessoa sobre suas investigações. É como se fosse uma grande reportagem de um jornal ou de uma revista, escrita de forma seca e crua, com depoimentos, falas e registros documentais que baseiam a apuração. E disso eu gosto muito, como bom jornalista, valorizo uma apuração que me mostra de onde veio aquilo ali, mais do que só o jornalista se colocando como personagem de um caso que ele não é.

Dividido em 15 capítulos, o livro fala sobre como o castelo de João de Deus começou a ruir em Abadiânia, como sua imagem mítica foi construída há mais de 40 anos, como era a relação abusiva com a filha Dalva e até mesmo como João de Deus virou John Of God.

Muitos dos casos apurados por Cristina Fibe neste livro, não foram apurados ou tratados pela mídia em outros materiais. A gente sabe que os casos contra o autoproclamado médium João de Deus só crescem e é humanamente impossível para a mídia apurar todos, mas gostei da forma como ela deu atenção para pessoas que gostariam de falar e passaram despercebidas pela mídia tradicional.

Um ponto forte de Cristina Fibe no livro é que você precisa ler com cuidado e com estômago. Como livro-reportagem, ela não poupa a gente dos detalhes sórdidos de alguns casos e conta na íntegra com o depoimento das vítimas. É um livro que deveria ter um alerta de gatilho enorme logo na capa, porque é de dar ânsia.

Para mim, o ponto negativo também faz parte do ponto positivo. Por ser um livro mais seco, muitas vezes nos perdemos na história que está sendo retratada, já que são muitos nomes envolvidos, muitos acontecimentos entrelaçados que a autora nem sempre consegue esclarecer (e nem conseguiria, como um livro narrativo faria). Então, alguns pontos você precisa ler, reler, voltar algumas páginas e então, seguir adiante.

Quando terminei, fiquei sabendo que era o livro de estreia de Cristina Fibe, o que me deixou boquiaberto pela qualidade do material. Normalmente, autores estreantes deixam muitas pontas soltas, mas Cristina costura a maioria delas e por isso, merece cinco estrelas.

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