Tags

companhia das letras

Resenhas

Resenha: Barba Ensopada de Sangue

Complexidade pode definir bem Barba Ensopada de Sangue, de Daniel Galera. É um livro de leitura agradável, porém trabalhosa. Conta à história de um professor de educação física, que ao visitar seu pai, é informado que o mesmo pretende se matar nos próximos dias, e faz um pedido: que após isso, ele sacrifique sua companheira de anos, a cachorra Beta. No meio desta confissão, o pai conta as aventuras do avô do rapaz no balneário de Garopaba, que acabou sendo “assassinado” pela população local anos atrás. E é aí que começa nossa jornada: com uma pulga atrás da olheira, o jovem resolve se mudar para a cidade com o objetivo de saber mais sobre o avo.

Após a morte de seu pai, o pedido que lhe foi feito não é realizado, e a cachorra Beta se torna a leal escudeira do professor, e nos aproximamos dela e seu atual dono. A forma como ela passa a acompanha-lo em todos os locais e a preocupação que um tem pelo outro, os laços criados de forma tão rápida nos atraí com muita facilidade.

O livro não é investigativo, e o a vida do personagem principal é tão bem contada, com ricos detalhes durante toda a trama, que em determinado momento esquecemos do plot inicial e somos imergidos no seu cotidiano. Seus jeitos, manias, forma de relacionar. Tudo rico em detalhes – ah, os detalhes! São muitos – e até por isso torna “Barba Ensopada de Sangue” um pouco cansativo a certo ponto. Com alguns paralelos dispensáveis, bastante coisa poderia ser resumida em algumas páginas, mas a intenção do autor foi justamente nos mergulhar no universo que ele criou e no fim, você consegue pensar “esse mergulho tão profundo em tudo que foi contato foi necessário”.

Não é uma narrativa que você mata em cinco dias ou duas semanas. Acredito que para ser prazeroso, ela deve ser consumido aos poucos, um pouquinho por dia. Eu demorei cerca de um mês e acho que foi o tempo ideal para absorver tudo. Daniel Galera é um dos mais promissores autores de nossa geração. Nascido em São Paulo, mas gaúcho de tudo tem outros títulos muito elogiados publicados, como “Mãos de Cavalo” e “Até o dia em que o cão morreu”. Barba é seu último lançamento, feito pela Companhia das Letras, em 2012 e não posso esperar pelo próximo. Leitura recomendada e com aviso: vão querer mais.

Livros, Resenhas

Resenha: A Coroa, Kiera Cass

Em A Herdeira, o universo de A Seleção entrou numa nova era. Vinte anos se passaram desde que America Singer e o príncipe Maxon se apaixonaram, e a filha do casal é a primeira princesa a passar por sua própria seleção.
Eadlyn não acreditava que encontraria um companheiro entre os trinta e cinco pretendentes do concurso, muito menos o amor verdadeiro. Mas às vezes o coração prega peças… e agora Eadlyn precisa fazer uma escolha muito mais difícil – e importante – do que esperava.
America Singer e o Príncipe Maxon se apaixonaram, e a filha do casal é a primeira princesa a passar por sua própria seleção.
Eadlyn não acreditava que encontraria um companheiro entre os trinta e cinco pretendentes do concurso, muito menos o amor verdadeiro. Mas às vezes o coração prega peças… e agora Eadlyn precisa fazer uma escolha muito mais difícil – e importante – do que esperava.

Inicialmente criada para ser uma trilogia, A Seleção conquistou milhares de leitores pelo mundo todo. Tantos que, mesmo após o fim da seleção que levaria Maxon a escolher sua noiva, a autora Kiera Cass resolveu nos levar para dentro de mais uma Seleção, agora a da filha de Maxon, Eadlyn Schreave.

Ao iniciarmos A Herdeira nos deparamos com algo totalmente inesperado, a personalidade marcante de Eadlyn. Diferentemente de seu pai, Eadlyn é completamente segura de si, egocêntrica e orgulhosa. É possível vermos muitos traços do seu avô, o falecido Rei Clarkson.

“— (…) Porque, afinal, quem é você?
— Sou Eadlyn Schreave, e nenhuma pessoa no mundo é mais poderosa do que eu.”

Esse foi um dos principais pontos que fez muita gente detestar essa nova parte da história de Illéa. No entanto, A Coroa que viria a ser a sequência que encerraria a história veio para nos mostrar uma nova Eadlyn completamente diferente da que conhecemos no inicio de A Herdeira.

Totalmente abalada pelo estado grave em que sua mãe se encontra, Eadlyn agora se encontra ainda mais em um momento decisivo de sua vida. Antes sob a pressão de ter que participar de uma Seleção e escolher seu marido, agora ela terá que fazer isso e muito mais. A jovem princesa agora terá que ficar momentaneamente governando o país enquanto seu pai permanece do lado de America.

Como se não bastassem todos esses conflitos, uma ameaça ao governo de Eadlyn surge e ela precisa mais do que nunca buscar uma forma para ser aceita e amada pelo seu povo que a rejeita. Com isso, ela precisa encerrar o mais rápido a Seleção, mas como ela fará isso e ainda assim conseguir escolher a pessoa certa para passar o resto da vida ao seu lado?

A autora Kiera Cass nos jogou no meio de um drama como nunca havia feito antes. Foi surpreendente como ela construiu a evolução pessoal da jovem Eadlyn. Nós acompanhamos enquanto ela deixava de ser uma princesa mimada e se tornava a jovem Rainha Eadlyn Schreave e, claro, pudemos ver também ela descobrir que poderia sim ser uma grande Rainha e ter o amor de um marido.

Infelizmente, a autora cometeu alguns erros, o principal deles foi a pressa para terminar o livro. Talvez ela estivesse sob pressão para concluir e publicar logo ele, isso acontece com muitos autores, mas o caso é que ao nos aproximarmos do fim da história ficou perceptível que ficou tudo muito corrido. Vimos Eadlyn fazer sua escolha, encerrar a Seleção, ser coroada rainha e ainda apresentar uma solução para os conflitos de um país pós-castas em pouquíssimas páginas.

Entretanto, mesmo com essa falha, o final foi imensamente satisfatório para mim. Kiera nos surpreendeu completamente com a escolha feita por Eadlyn e isso foi maravilhoso, mesmo sabendo que muitos fãs da saga a odiariam por ela não ter escolhido aquele que todos queriam. Isso só fez aumentar ainda mais minha admiração pela autora, pois ela encerrou da forma que ELA achava correto, ela não se deixou influenciar pelos fãs e deu o final que todos queriam. Ela seguiu seu coração e concluiu da forma que achava correto. É claro que os fãs merecem ser ouvidos também, mas uma coisa é você dar sugestões de como deveria terminar, outra totalmente diferente é você querer impor a sua decisão de como a história deveria acabar sobre a escritora.

No mais, a história iniciada lá em 2012 com A Seleção não poderia receber um final melhor. O livro me rendeu uns bons momentos de risadas, mas também me tirou muitas lágrimas. Foi difícil chegar ao fim, mas o momento chegou e só nos restou fechar o livro com um aperto no coração e dar nosso adeus para Illéa.

Atualizações, Livros

Autores da Cosac Naify agora estão na Companhia das Letras

A Companhia das Letras emitiu um comunicado na tarde dessa segunda-feira (21) onde anuncia que os autores da editora Cosac Naify, que encerrou suas atividades esse ano, publicarão pelo selo da Companhia das Letras. Leia abaixo:

Cosac Naify e Companhia das Letras comunicam que chegaram a um acordo que visa perpetuar importante parcela do catálogo da Cosac Naify, sobretudo nas áreas da ficção literária, clássicos, antropologia e literatura infanto-juvenil. A lista final dos livros que serão transmitidos à Companhia das Letras será divulgada oportunamente, uma vez que, em muitos casos, depende da anuência de autores e detentores de direitos autorais, processo este ainda em curso. O restante do catálogo será negociado com outras editoras. A editora Cosac Naify somente usará este nome até dezembro de 2016 para a edição de cinco livros de arte (monografias de artistas) já em progresso. Nós da Companhia das Letras agradecemos a Charles Cosac e Michael Naify pelo voto de confiança e generosidade.

Fonte: Companhia das Letras | Adaptado por Thaís Pizzinatto. Beco Literário.