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Até o Dia Em Que o Cão Morreu

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Resenha: Até O Dia Em Que O Cão Morreu

Até o Dia Em Que O Cão Morreu é quase uma biografia do autor Daniel Galera (Barba Ensopada de Sangue) pelas semelhanças entre o protagonista e quem o escreve. O personagem principal sem nome não tem sua identidade revelada em nenhum momento da história, o que torna toda tudo mais interessante, pois você passa a imagina-lo como qualquer pessoa do seu cotidiano (ou no meu caso, como Daniel).

O rapaz que trabalha como freelancer como tradutor e intérprete de russo, vivendo de uns bicos aqui e ali. Vive do dinheiro dos pais que o ajudam no final do mês pois não tem trabalho fixo e não vê necessidade de ter um, já que sempre conta com esse impulso quando necessário. A descrição do apartamento em que ele vive já nos remete a vida de uma pessoa triste e solitária, pois ele vive sem móveis, com um colchão no chão e está ok com isso.

Somos levados e guiados por uma vida básica, sem muitos acontecimentos, até o dia em que ele encontra com um cão na rua, que passa a acompanha-lo até seu apartamento diariamente. Em nenhum momento ele toma a atitude de adotar o cão. Ele trata a relação dos dois como “se quiser vir, venha”. Nessa idas e vindas com o cão, em uma balada ele conhece uma jovem modelo chamada Marcela. Rapidamente eles entram em sintonia, e ambos começam a se apaixonar, porém ele enfatiza que não quer relacionamento sério e isso os faz arrastar essa situação até o dia em que, por obra do destino, são obrigados a se separar.

O sexo sem cerimonia, a interação dos personagens, os diálogos que não são indicados por pontos e travessões são um chamariz e diferencial que torna tudo mais simples, assim como tudo que permeia a história, transforma a leitura em algo agradável, de modo que o desejo é terminar aquilo de uma tacada só. É uma obra madura e convidativa. A parte mais triste é começar a se identificar em alguns pontos, pois a realidade está tão crua e direta que dá um calafrio só de se imaginar tendo aquela vida.

Falar deste livro é um pouco difícil, pois são apenas 104 páginas, e caso eu entre em maiores detalhes, acabarei estragando a experiência de muita gente, por isso, apenas digo que é uma leitura extremamente prazerosa, detalhada – como já é característico de Daniel Galera – e pautada em nos mostrar o quanto uma vida aparentemente vazia tem suas cores e fatos marcantes. Após a leitura, eu recomendo também o filme Cão Sem Dono, que é inspirado neste livro e tem a incrível atriz Taina Müller interpretando Marcela.