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Resenha: Aimó – Uma viagem pelo mundo dos orixás, Reginaldo Prandi

Imagine se encontrar, de uma hora para a outra, em um mundo totalmente desconhecido onde você não conhece ninguém e ninguém demonstra saber quem você é. É o que acontece com uma menina nascida na África e levada para o Brasil para ser escrava, e que de repente acorda em um lugar estranho, habitado pelos deuses orixás e pelos espíritos dos mortos que aguardam o momento de seu renascimento. Ela não sabe mais o próprio nome nem lembra de sua família – está sozinha e não tem a quem pedir socorro. Por isso, aliás, ganha o nome Aimó, “a menina que ninguém sabe quem é”. Tudo o que ela quer é retornar ao seu mundo de origem, mas para tornar isso possível, Aimó vai partir em uma longa jornada através dos tempos mitológicos, guiada por Exu e Ifá, e vai acompanhar de perto muitas aventuras vividas pelos orixás. Só assim poderá reunir o conhecimento necessário para fazer uma escolha que lhe permita, enfim, voltar para casa.

A leitura de “Aimó” chegou para mim em um momento bastante interessante, pois estava sedento para me encantar com um uma obra nacional e conhecer um escritor refinado com uma bagagem de conhecimentos a ser compartilhada. Foi nessa obra que conheci a escrita do autor e sociólogo Reginaldo Prandi  que encanta com sua biografia repleta de obras que envolvem as religiões afro-brasileiras, assunto tão importante a ser difundido no Brasil para crianças e adultos.

Nesse livro somos apresentados a Aimó, uma garota africana que foi escrava no Brasil e faleceu antes de virar adulta. Após sua morte, ela acorda em um mundo diferente, habitado pelos deuses orixás e pelos espíritos dos mortos que aguardam o seu renascimento, além disso, a menina não é capaz de lembrar de sua história, tampouco de seu nome e família. Ninguém a conhece, ninguém sabe de onde ela veio, por isso, ganhou o nome de “Aimó”, que significa “a menina que ninguém sabe quem é”.

O maior desejo de Aimó é retornar para o seu lugar de origem, porém para realizar essa difícil missão precisará partir em uma aventura pela mitologia, guiada pelos orixás Exu e Ifá que vão transmitir o conhecimento necessário para que a menina descubra as tradições do candomblé e finalmente escolha uma mãe de cabeça para si, para poder renascer.

Com isso, mergulhamos na história e conhecemos tradições de diversos povos antigos, descobrimos as antigas religiões africanas que originaram o candomblé e acompanhamos o crescimento da relação de Aimó com os orixás que ficam fascinados com o quanto ela é inteligente e interessada nas histórias que estão transmitindo.

Capa do livro “Aimó” lançado pela Editora Companhia das Letras, no selo “SEGUINTE”.

A leitura é repleta de informações e tem a capacidade de nos levar para lugares únicos, além de que, é tão explicativa que não há a necessidade de ter conhecimentos prévios sobre os temas abordados para compreender a história, tudo acaba se tornando tão fascinante e agregador que nos move para terminar o livro e ter a sensação que devemos ainda fazer uma pesquisa sobre os assuntos da obra.

Prandi nos traz uma leitura que surpreende e que provavelmente é diferente do que você está acostumado a ler. É uma obra com um formato incrível e possibilita ao seu leitor conhecer mais da complexa cultura africana e consequentemente de te ligar mais ao Brasil. Durante a leitura, me recordei do livro de Jostein Gaarder, O Mundo de Sofia, que também traz uma narrativa interessante com doses de aprendizado, que pode ser uma outra dica de leitura para você depois que terminar de ler Aimó.