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Livros, Resenhas

Resenha: Mister, E. L. James

Mister – E.L.James

Sinopse:
Maxim Trevelyan é inglês, bonito, rico, nunca precisou trabalhar e quase nunca dorme sozinho. Essa vida fácil muda quando uma tragédia acontece e Maxim herda um título de nobreza, as propriedades da família e toda a responsabilidade que vem com isso. É um papel para o qual ele não está preparado, e que agora deve se esforçar para desempenhar.
Mas o maior desafio de Maxim vai ser lutar contra a atração por uma jovem enigmática que conheceu recentemente e que guarda um segredo do passado. Discreta, Alessia é misteriosa e sedutora, e logo o desejo de Maxim por ela se transforma em algo que ele nunca experimentou e não ousa nomear. Mas, afinal, quem é Alessia Demachi? O que ela esconde? Maxim será capaz de protegê-la do mal que a ameaça? E o que ela fará quando souber que ele também tem seus segredos?

Vamos ao início de tudo. Mister é, na minha opinião, um livro muito bom! Mas, se você o ler na intenção de estar no universo de Cinquenta Tons de Cinza, pode ir tirando seu cavalinho da chuva. Então, abra sua mente e deixe a estória ser individual, não é porque é da mesma autora (E.L.James) que seria igual ao que já estamos acostumados.

Então vamos lá, o livro é narrado por seus dois personagens principais, Maxim Trevelyan, um recém Conde da Inglaterra que está em 1ª pessoa e Alessia Demachi, sua então diarista, uma albanesa, que suas partes são narradas em 3ª pessoa.

Maxim Trevelyan é um rapaz de 28 anos que sempre teve tudo e nunca precisou fazer nada, um bon-vivant, cada noite com uma mulher diferente e é assim que ele vive a vida. Inglês vindo de uma família nobre, e como irmão do meio nunca precisou se preocupar com cargos e tarefas uma vez que seu irmão mais velho assumiria toda a responsabilidade.

Até que isso muda quando seu irmão vem a falecer e o deixa como herdeiro, tornando-se assim o 13° Conde de Trevethick.

“Kit foi o filho preferido desde que nasceu, sobretudo para a minha mãe, afinal ele era o herdeiro, não o reserva.”

Alessia Demachi tem 23 anos, é Albanesa e sua chegada na Inglaterra é muito difícil e conturbada. Ao decorrer da narrativa vamos conhecendo sua história e o porquê dela ter fugido de seu país e de sua família. Mas ela é forte e não se deixa abalar facilmente, sempre se atendo a esperança de ter um futuro melhor.

É ai que o destino cruza Alessia e Maxim, quando ela vai trabalhar de diarista em seu apartamento em Londres.

Maxim está sofrendo um choque de realidade ao ter que assumir o papel do irmão nas empresas e tomar conta do império Trevethick lhe parece um pesadelo. Ele está mais perdido que cego em tiroteio até que sua vida muda de rumo ao cruzar com Alessia, sua tímida e linda nova diarista.

Quando a vê pela primeira vez ele fica encantado, e sem nem entender o que está acontecendo ele muda, já não tem vontade de sair e voltar com uma mulher diferente toda noite e ainda por cima consegue terminar de compor uma música em seu piano que a muito tempo estava travada.

“Quero voltar para Londres. Quero voltar par perto dela. Meus pensamentos insistem em focar na minha doce diarista, com seus olhos escuros, seu rosto lindo e um talento musical extraordinário.”

Alessia é uma mulher tímida mas que tem muitos talentos, um deles é tocar piano extraordinariamente bem e sem precisar de uma partitura, ela enxerga a música através de cores.

Bom, então ai começa a trama, quando Alessia entra em apuros e Maxim não pensa um segundo antes de largar tudo e ajuda-la. Ele a leva para a Cornualha, uma de suas muitas casas no interior de Londres e é ali, naquele cenário rural ao lado do mar que eles viverão um amor e uma paixão intensa.

Nesse livro conhecemos um pouco sobre como é a Albânia e Alessia sendo mulher albanesa conta um pouco sobre como são as tradições em seu país, e ela sofre para se livrar de hábitos e preconceitos que lhe foram impostos a vida toda, como sair de mãos dadas ou demonstrar afeto em público, dormir com um homem que não é seu marido e até mesmo sentir prazer nas relações sexuais.

O fato de estarmos em pleno século XXI e existirem países com tradições tão ‘antiquadas’ e retrógradas é chocante. O fato de uma mulher não poder escolher com quem vai casar, ou não poder beber, nem falar enquanto o marido está falando e muito menos discutir com o mesmo.

“Mas você não pode fugir sempre que tivermos um problema. Fale comigo. Pergunte. Sobre o que for. Eu estou aqui. Vou escutar. Discuta comigo. Grite comigo. Vou discutir com você. Vou gritar com você. Vou entender errado as coisas. Você vai entender errado também. Tudo isso acontece. Mas, para resolvermos nossas diferenças, precisamos conversar.”

Outra coisa também é que Alessia tem muito medo do escuro, e aos poucos conforme vai ganhando auto confiança ela conta a Maxim como chegou a Inglaterra.

“Não. Não. Não. O escuro, não. A escuridão sufocante, não. O saco plástico, não. O pânico toma conta dela, tirando o ar de seus pulmões. Não consigo respirar. Não consigo respirar. O gosto metálico do medo surge em sua garganta. Preciso fazer isso. É o único jeito. Fique parada. Fique quieta. Respire devagar. Respire de leve. Como ele disse. Vai acabar logo. Vai acabar logo e então eu estarei livre. Livre. Livre.”

Eu particularmente amei o livro.

Fiquei com um pouco de dificuldade quando a narrativa do ponto de vista da Alessia estava em 3ª pessoa e acabei não entendendo muito bem o porquê, mas gosto é gosto.

Mister é um livro que traz tradições do Ocidente, dificuldades de vida, também traz histórias sobre tráfico sexual e violência de género.

Acontece que a autora deixou muitas pontas soltas, o que se pode esperar por uma continuação. Uma dessas pontas foi que ela não explorou e desenvolveu o fato de Alessia ter sido traficada, foi citado várias vezes e também vemos o trauma que a menina tem e o quanto foi forte por ter conseguido fugir mas na minha opinião ela poderia ter explorado bem mais esse tema, o que acho que vai acontecer numa futura continuação.

“Mas parece que a luta contra sua criação, para ser dona do próprio nariz desde antes de eu tê-la conhecido. E conseguiu. Além disso, ela me levou junto nessa jornada épica de autodescoberta. Quero passar o resto da minha vida com essa mulher. Eu a amo tanto, e quero lhe dar o mundo. Ela não merece menos que isso.”

O livro foi focado no amor e desenvolvimento entre Maxim e Alessia e me deixou com aquele gostinho de quero mais.

Quero saber mais sobre a família de Maxim, quero que desenvolva mais a morte de seu irmão Kit, quero saber como e onde estão as amigas da Alessia e como vai continuar a história de amor do casal.

Eu recomendo o livro e o amei!! Me apaixonei pelos personagens e quero mais. Mas como eu já disse logo no início, se você ler Mister procurando que tenha algo a ver com Cinquenta Tons você irá se decepcionar.

É uma outra história, um outro universo, um outro continente e outros personagens.

Colunas

Meus quase 20 anos

Se você está no final da adolescência e, principalmente, se já terminou o Ensino Médio, encontra-se na mesma fase difícil em que eu estou. Não somos considerados adolescentes e nem adultos, estamos nesse meio termo chato, que pelo menos eu, não gosto nem um pouco.

Vou te explicar o porquê de eu estar falando isso. Esses dias, minha mãe estava conversando com uma conhecida dela sobre a família, filhos e tudo mais e falou que além da minha irmã, ela tinha uma “bebê” de quase 20 anos (que no caso sou eu). E na hora eu entrei em choque, parece que ouvir isso de outra pessoa faz parecer que sou muito mais velha do que me sinto ser.

Muitos não veem a hora de completar 18 anos, como se por magia, tudo ficasse melhor, finalmente a tão esperada liberdade, não é mesmo? Bom, eu não acho lá aquelas coisas, não sinto que tenho quase 20 anos de jeito nenhum e não estou pronta para ser adulta.

Há um tempo, ter 20 anos para mim era algo extremamente distante, imaginava-me madura, esperta, responsável por todos os aspectos da minha vida, mais sociável e até com mais dinheiro. E adivinha? Não sou nada disso. Por dentro continuo aquela menina que gostaria de entrar na sala do médico acompanhada pela minha mãe e que ela falasse todos os meus sintomas e não eu, sozinha, perdida.

Não tenho a mínima ideia de como faz para pagar contas, INSS, não me imagino em filas de banco, fazendo transferências, não sei que rumo quero dar na minha vida, nem como estarei daqui a 5 anos. Mercado de trabalho é uma palavra que me dá arrepios. “Já escolheu uma profissão?”, “Isso não dá dinheiro!”, “Você precisa ter estabilidade”, “Você pensa em casar?” “Pensa em fazer pós, mestrado?”, “Nossa, você não vai crescer, não?”. CALMA! Muitas perguntas para respostas que eu não posso e não sei te dar. Pode ser que daqui um tempo eu saiba o que responder, pode ser que não. Mas pensar um dia de cada vez já alivia bastante.

Às vezes gostaria de voltar no tempo. Minha única preocupação na vida era com a escola, uma apresentação que se aproximava e me deixava ansiosa, uma prova difícil que me exigiria mais estudo, ou seja, olhando para trás, eram problemas muito simples de serem resolvidos.

Sinto falta de chegar da escola e assistir “O Pequeno Urso”, “Castelo Rá-tim-bum”, tomar um achocolatado de tarde e uma pipoquinha que minha mãe fazia com o maior carinho. Pensar em quem eu iria chamar para brincar na minha casa e qual seria a brincadeira. Até as brigas eram mais fáceis, no dia seguinte já estavam todos “de bem” novamente. Comprar material escolar e decidir qual seria a capa dos cadernos que usaria naquele ano. Não se preocupar com as responsabilidades do amanhã, porque sabia que seria mais um dia normal na escola e meus pais dariam um “jeitinho” para tudo. Quer segurança maior que essa?

Pois é, mas esses anos maravilhosos passaram e as responsabilidades chegaram, quer estejamos preparados ou não. Por mais que nossos pais tenham nos preparado para a vida adulta, sempre será difícil se virar sozinho, porque só aprenderemos de verdade com a prática e com os erros, que serão muitos, pode ter certeza. Mas aos poucos vamos nos adaptando e aprendendo a resolver os problemas sozinhos. E como tudo tem uma lado positivo, gosto de pensar que não sou a única que está meio perdida e que meus quase 20 anos irão me trazer experiências e lembranças incríveis.