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Autoria: Cicatrizes eternas, por Milênia Aquino

Ariel morava com os pais e irmãos numa pequena cidade de Santa Catarina. Como os irmãos já trabalhavam e passavam o dia todo fora, o seu papel era ajudar a mãe na realização das tarefas domésticas e quando acabava corria para ler seus livros.

O hábito da leitura, de ler, consumia a maior parte do tempo e sempre foi um dos meios para enfrentar os problemas na adolescência. Relacionados às mudanças corporais, das novas descobertas e de relacionamento com outros adolescentes.

Certo dia, interrompendo uma das leituras, sua mãe pediu para que fosse levar alguns objetos para sua tia avó que morava na mesma rua, cinco ou seis casas abaixo. Obediente a sua mãe, o fez.

Chegando na casa da tia avó, encontrou seu tio avô e o filho do casal. Não demoraria, porém sua tia convidou para tomar um chá. Enquanto esperava, reparou o primo saindo da casa, aparentava-se inquieto e não parava de olhar para trás. A princípio Ariel achou estranho, mas como não convivia com o primo, não sabia decifrar suas ações e logo esqueceu aquilo.

Conversa vai, conversa vem, já havia se passado uma hora. Estava ficando tarde e precisava ir embora, despediu-se dos tios e seguiu rumo a sua casa.

Ao passar por um lote vazio, ouviu uma voz conhecida. Era o primo, não havia entendido direito o que queria e por curiosidade foi ver o que estava acontecendo. Mal sabia que era a pior decisão a ser tomada e que carregaria as marcas daquela decisão pelo restante da vida.

Saiu dali com as feridas abertas. Quis gritar, mas perdeu a voz. Sentia vergonha em ter acreditado. Além disso, sentia culpa, medo, perdera sua inocência. Jamais voltaria a acreditar nas pessoas. Após o ocorrido seu primo fora preso, mas as feridas abertas jamais cicatrizariam por completo.