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2012

Livros, Resenhas

Resenha: A Escolha, Nicholas Sparks

“Às vezes, as pessoas não têm noção das promessas que estão fazendo no momento em que as fazem”

Travis Parker possui tudo o que um homem poderia ter: a profissão que desejava, amigos leais, e uma linda casa beira-mar na pequena cidade de Beaufort, Carolina do Norte. Com uma vida boa, seus relacionamentos amorosos são apenas passageiros e para ele, isso é o suficiente. Até o dia em que sua nova vizinha, Gabby, aparece na porta.
Apesar de suas tentativas de ser gentil, a ruiva atraente parece ter raiva dele. Ainda sim, Travis não consegue evitar se engraçar com Gabby e seus esforços persistentes o levam a uma jornada que ninguém poderia prever.
Abrangendo os anos agitados do primeiro amor, casamento e família, A Escolha nos faz confrontar a questão mais cruel de todas: Até onde você iria manter o amor de sua vida?

Este não foi, nem de perto, o primeiro livro de Nicholas Sparks que peguei para ler. É sempre bom pegar um de seus livros para ler pois ele faz jus à fama que tem no quesito de “livros que te fazem chorar baldes d’água”. Obviamente, peguei uns lencinhos e me preparei psicologicamente para as lágrimas que deveriam aparecer no decorrer dessa leitura.

O livro é contado em terceira pessoa, de modo que temos a visão dos dois personagens principais: Travis e Gabby.

Gabby é uma assistente médica que trabalha incansavelmente numa clínica pediátrica. Ela muda-se de Savannah na companhia de sua cadela Molly para Beautford, uma pequena cidade do interior, para ficar mais perto de seu namorado perfeito, porém enrolado, Kevin. Tirando o fato de que ele vinha se esquivando há quase cinco anos de um evidente matrimônio, Gabby ficou feliz em poder estar ao lado dele e achava que, dessa forma, o relacionamento poderia atingir um novo patamar.
Já Kevin não tinha os mesmos planos. Era o tipo de cara que não pensava muito no futuro, e estava mais interessado em seu trabalho com seu pai, no ramo comercial.
Dessa forma, Gabby foi se sentindo cada vez mais sozinha nessa nova cidade, afinal, não tinha ali mais nada que ela conhecesse e pudesse passar o tempo, além de sua cadela Molly. Até que ela percebe que a cadela vem agindo de forma estranha, começa a ganhar peso e bom… ela estava grávida, algo que deixou Gabby extremamente furiosa. Tão furiosa que, sem nem pensar, ela toma a decisão de atravessar o gramado e a cerca que divide seu terreno com o de Travis, dono de Moby, um cachorro que ela havia visto rondando por ali e acreditava ter engravidado sua cadela, para tirar satisfações e fazer com que ele arque com a sua parte na responsabilidade do que houve.

Travis é vizinho de Gabby. Um solteirão bonito e apaixonado por esportes radicais. Todos os seus amigos de infância se casaram, formaram família e esperam que ele faça o mesmo.
Ele gostava de levar uma vida livre e radical. Até queria formar uma família algum dia, mas isso não era algo em que ele pensasse muito… até a noite em que Gabby atravessa seu gramado acusando Moby, seu cachorro, de ter engravidado a sua cadela.
Ela chega como um furacão. Num momento de extrema loucura e abalada por tantos problemas na cabeça, Gabby faz um escândalo por acreditar que o cachorro dele tinha algo a ver com o incidente com sua cadela.

Mas a partir daí, o rumo de suas vidas muda completamente.

A atração foi instantânea. Travis não teve como se defender, mas de alguma forma, ela tomou seu coração com todo aquele jeito louco e meio impulsivo. Ele tentou se desculpar, mas Gabby não permitiu que ele falasse de maneira nenhuma.
No dia seguinte, ela levou sua cadela numa clínica e, para seu espanto, Travis era o veterinário. E para piorar sua situação, apesar de Molly estar grávida, Moby não podia ser o pai, pois ele era castrado.
Depois de muito se desculpar por suas gafes, os dois acabam se tornando amigos. Em um final de semana em que Kevin não estava na cidade, Gabby aceitou um convite de Travis para um passeio de barco com ele e seus amigos, como forma de esquecerem o que houve anteriormente. E embora fique bastante claro que os dois não se parecem em nada, é inevitável que eles se apaixonem durante o tempo que passaram juntos.

Então Gabby precisa decidir se continua com Kevin que, apesar de se esquivar do matrimonio que ela tanto deseja, ela já o conhece e sabe como ele é, ou se deve abandoná-lo para ficar com Travis, que tem um jeito muito diferente do dela.

A essa altura da história, pensei que essa era a tal escolha a que se refere o título do livro e, para falar a verdade, fiquei bem desanimada, pois achei que o restante da história era só “encheção de linguiça”, pois se a história é sobre os dois, é óbvio que ela escolheria o Travis e fim do romance, certo?

Bem, eu estava enganada. Não sobre Gabby escolher Travis, pois isso realmente acontece, como já era de se esperar. Mas a tal escolha não era essa.
Considero Nicholas Sparks um bom autor, ele sabe como envolver e tem uma narrativa muito gostosa de se ler, mas ele não seria quem é se não introduzisse em suas histórias uma boa dose de drama ou tragédias.

Depois de alguns anos de casamento e duas lindas filhas, Gabby vai trabalhar no hospital da cidade e se depara com o caso de um senhor cuja esposa está em coma há alguns anos e acompanha o sofrimento do homem, e como todo o seu amor e devoção a esposa acabaram se tornando ressentimento devido ao seu quadro clínico que nunca mudara. Esse caso deixou Gabby tão chocada que ela chega a ter uma séria conversa com Travis exigindo que, caso ela se encontrasse nas mesmas condições, e seu quadro não mudasse em 3 meses, ele deveria prometer que desligaria os aparelhos e a deixaria morrer.

E como um bom clichê, isso realmente acontece. Gabby sofre um acidente e está há 3 meses em coma, sem sinais de melhora. Travis se vê obrigado a tomar uma decisão. Mas como prosseguir? Honrar com sua promessa e realizar o pedido de sua esposa? Permitir que ela morra e o deixe sozinho, junto de suas duas filhas? Impedir que ela parta, ignorando sua promessa e o testamento (que o obriga, por lei, a seguir o que foi escrito) deixado por ela?
Durante essa segunda fase acompanhamos todo o drama envolto a decisão que Travis deve tomar, mergulhando direto em suas emoções e sentindo sua angustia crescente a cada frase lida, conforme a história vai avançando.

Até onde devemos ir em nome do amor? Isso eu vou deixar que vocês descubram durante a leitura.
Uma conclusão surpreendente e uma história que nos faz refletir sobre nossas escolhas, como tudo o que fazemos gera consequências e como elas afetam a vida de outras pessoas.