CONTÉM SPOILERS
Depois de duas semanas polêmicas, Grey’s Anatomy começa a voltar à normalidade. Sim, a morte de Derek continua repercutindo, mas “Time Stops” veio com um ar de recomeço. De mudanças. Justamente o que todos nós estávamos precisando depois de tanto desagrado.
E não havia simbolismo melhor para um reinício do que a chegada de internos. Aquela ideia de novidade, a ansiedade, a inocência, o brilho nos olhos daqueles que passaram longos anos estudando e finalmente abraçam a oportunidade de colocar tudo que aprendeu em prática esteve presente. Mas melhor que isso é ver quem já passou por essa fase recordando e sentindo-se realizado. O tradicional discurso de Richard já é icônico e dá o pontapé inicial nesse jogo que não é feito para qualquer um. O passado de Meredith, Izzie, George, Cristina e Alex está aí e não me deixa mentir.
O 11×23 foi intenso do começo ao fim. Quando acaba, nem parece que se passaram 42 minutos. Toda a dinâmica do episódio funcionou bem e ainda nos agraciou com um ar de nostalgia. Quer dizer, como não lembrar do acidente da barca depois daquelas cenas que mostraram a tragédia em plano geral? Ou do acidente de trem que deixou dois pacientes empalados na segunda temporada? “Time Stops” foi Grey’s em sua originalidade, com a qualidade dos velhos tempos.
Os pacientes da tragédia não apenas distribuíram os personagens em núcleos como criaram diversos atritos entre eles. Richard e Catherine, por exemplo, além de adiar (ou seria cancelar?) o casamento, ficam no meio de uma discussão ética sobre o tratamento que deve ou não ser dado a um paciente. E essa é apenas a ponta do iceberg. Catherine, com seu ar de superioridade, começa a se meter nos assuntos do hospital. Ela simplesmente não consegue aceitar que as coisas não sejam como ela quer, mostrando bastante imaturidade e falta de tato como gestora. Se o hospital tem um conselho, tudo deve ser discutido e votado entre ele.
Claro que a cirurgiã tinha todo o direito de repudiar a atitude de Owen, assim como seu filho. Se o cirurgião de trauma fez ou não uma escolha correta, não cabe discutirmos aqui. Essa é uma daquelas questões médicas que nunca terminariam em unanimidade. Afinal, até onde um profissional da saúde pode ir para salvar uma vida? Quais riscos são considerados aceitáveis? O fato é que ele assumiu uma grande responsabilidade com sua escolha e teve muita sorte por ter funcionado. Caso contrário, ele poderia enfrentar sérios problemas por praticar algo que nunca foi testado em humanos. Aliás, isso ainda pode se voltar contra ele caso seja denunciado e uma investigação se inicie.
April e Jackson também estão passando por uma fase conturbada. Depois da morte do filho, o casal agora precisa enfrentar as mudanças de April após sua ida à zona de guerra. Definitivamente um lugar assim tem um impacto enorme para quem vivencia na prática esse horror. Jackson vai ter que tentar entender esse novo lado da esposa. Nada que um diálogo bem aberto não resolva. Acredito que eles possuam cumplicidade suficiente para que, mesmo estando em pontos distintos na relação, consigam passar por isso.
Drama parecido recai agora sobre Jo e Alex. Como já falei em uma das reviews anteriores, a relação dos dois está intocada há bastante tempo. E isso nunca é bom na série. Essa diferença de opiniões mostra um ponto de rachadura que pode ou não desencadear algo pior. A questão pode ser conversada e resolvida, sim. Mas não enxergo um futuro muito bom para o casal imediatamente, principalmente com a proximidade de uma season finale. É algo que deve ser olhado com cuidado.
Sobre o novo ciclo que se iniciou com a chegada dos estudantes, tivemos o exemplo perfeito de que internos são bebês e não podem sair de vista nunca. Infelizmente, muitas vezes, é com uma imprudência assim que eles acabam aprendendo. Falando nisso, o interno que diz ser um cirurgião já mostrou que é confusão na certa e de início parece ser um forte candidato como par romântico de Edwards.
Enquanto isso, fora do hospital, Maggie, Meredith, Amelia e April lutam para salvar uma vítima em péssimas condições. A decisão que elas tomam sobre o tratamento desse paciente em particular repercute diretamente entre as ex-cunhadas. E, sim, concordo com a neurocirurgiã que a decisão de Meredith foi muito rápida. Não no sentido de uma possível recuperação de Derek, mas no sentido de permitir à irmã uma despedida apropriada. Acho que ela tinha esse direito e isso lhe foi negado. Até entendo as condições de Grey e o quanto as coisas foram repentinas, mas Amelia era muito próxima e merecia esse último ato com o irmão (o que não se aplica, por exemplo, ao restante da família de Derek).
O episódio termina com um ótimo cliffhanger e indica que o último da temporada será tão intenso como esse, com grandes repercussões e muito mais problemas para os médicos.
P.S.: É horrível ver Meredith sofrendo com as lembranças em sua casa, mas não queria que ela vendesse a moradia dos sonhos que foi planejada por seu marido. A não ser, talvez, para a irmã dele.
P.S. 2: Fiquei curioso com o mistério envolvendo a família de Pierce.
P.S. 3: Com o cargo de chefia em jogo, façam suas apostas. Não acredito que Bailey irá conseguí-lo com facilidade.
OBS: Ainda na noite de ontem (07), Grey’s Anatomy foi renovada para sua 12º temporada. O sofrimento (ou não, tudo depende do humor de Shonda) está garantido por mais um ano.
Extra: Confira a promo da season finale que irá ao ar na semana que vem.