O quarto episódio da terceira temporada de Bates Motel foi muito abaixo de sua média. Centenas de fãs castigaram a direção da série e até mesmo seus atores, mas tudo, quando falamos da psicose apresentada por Norman Bates, tem seu propósito. Ficou claro nas duas temporadas anteriores que a série usaria uma linha principal para movimentar-se entre suas ramificações. Na primeira temporada nos deparamos com o desenrolar dos assassinatos, a revelação de quem seria Norman e as relações que a família Bates manteria com a cidade. Na segunda, o mercado das drogas ganhou destaque e finalmente, nesta terceira temporada vemos o “Arcanum Club” como via, é de lá que escoam os problemas que a matriarca enfrentará e também vem do tal clube o motivo para a existência do drama. A mesma fórmula, o mesmo contexto, mas uma tensão totalmente diferente.
Em “The Deal” vemos Norman o mais calmo possível, pelo menos no início, é de se estranhar que ele possa controlar sua mente em meio a tantos eventos. O garoto acorda de uma apagão, não mostrado no episódio 4, mas que de nenhuma maneira influencia na trama, fora uma acerto dos produtores não incluir o estado de psicose que Norman sofrera após a descoberta sobre Dylan e seu pai, seria uma perda de tempo neste capítulo e só confundiria ainda mais o telespectador. Outro ponto que está sendo bem explorado nesta temporada é a relação de Emma com Norman, o namoro exótico dos adolescentes provoca os fãs, eles vivem sobre uma corda bamba e todos sabem quem despencará no fim, mas tentamos, a cada cena, dispensar este pensamento de que, no fim, Emma sofrerá uma morte típica de “Psycho”.
Ao desenrolar do capítulo, diversos pontos de vistas são inclusos na série. Caleb torna-se um lenhador solitário, em meio a floresta densa do Oregon, em primeira instância tive medo que não desse certo o tal experimento no enredo, mas, sim, funcionou plenamente. O “ex”-estuprador, pai, tio e irmão, meu senhor, às vezes é confuso, produziu um sentimento há muito perdido em Bates Motel. Todo e qualquer telespectador terá pena de Caleb, quando, ao se encontrar com uma amigo mais que inesperado, desabafará. É ai também que uma oferta de emprego acende um alerta na mente do homem, e pelo que vem demonstrando, ele não deixará a companhia da melhor família de todas tão fácil.
O que não vimos nos outros quatro episódios, vem em demasia neste. Ameaças e mais ameaças são atiradas a Norma. A mulher faz uma releitura de todos os acontecimentos. Mortes, sequestros, perdas e conclui que vai lutar contra os poderosos, ou melhor, criar um acordo entre eles, “The Deal”. Dylan está incluso em tudo isso, assim como Romero, os dois apresentam opiniões similares no que se refere ao tal acordo, mas quando Norma Bates coloca algo em sua difícil cabeça, nunca tira. Somos atirados para várias direções quando o assunto é Norma, a mulher teima em querer formar o casal “Normero”, mas um professor da Universidade comunitária também está de olho na dona do estabelecimento. É aqui que surge outra pergunta, quem morrerá? O Xerife ou o professor que não sabe onde está se metendo? Pois no filme original, Psycho (1960), bem no fim da obra, o detetive revela a todos como ocorrerá a transformação de Norma em “Mother”, e confirma que o adolescente matara sua mãe e, wait for it, seu amante. Legendário ou não, fica certo que nos despediremos de mais de um personagem do elenco principal.
Medo, é o que provoca o quinto episódio desta temporada. Medo pelo que está por vir, principalmente no lado de Norma Bates, após este capítulo a psicose de Norman aumentará, graças à ações de sua mãe. Ao assistir você verá uma teia perfeita sendo formada, os detalhes, os santos detalhes, eclodirão quando menos esperarmos. Bates Motel bate a si mesma, repetirei isso nas diversas reviews que surgirem, é algo fantástico acompanhar essa evolução, a renovação é mais que certa. Chegamos no meio da temporada e muito já foi mostrado, o terreno foi perfeitamente planado pela equipe e a partir de agora toda ação, todo terror, toda obscuridade de Bates Motel eclodirá. Nada está plenamente fincado na série, o que no início parecia mais que certo de acontecer, agora simplesmente desaparece.