A segunda temporada de Bates Motel surgiu com várias promessas. Traria tudo que lançou em sua primeira e muito mais, ficamos loucos: aquelas artes, aqueles teasers. No mais, a segunda temporada não conseguiu superar sua antecessora. A terceira, esta que iremos comentar abaixo, não fez alarde. Um teaser aqui, um trailer ali, pouca coisa para o que é Bates Motel. De mansinho, nasceu a melhor “season” da série. Do nada, como se Hitchcock tivesse descido de seu céu do terror e viesse para a produção, a história de Norman Bates atinge um ponto invejável para qualquer enredo do tipo. Hoje, a psicose regressou.
No segundo episódio da terceira temporada uma teia foi estendida, em um ponto o mistério “Annika” é colocado sob observação, já em outro podemos ver Dylan e seu pai forçando laços. No episódio desta segunda tudo mudou. O que estava faltando de ação e tensão foi bem mais que adicionado. Começamos com Norma desesperadamente tentando identificar um corpo. Sua desconfiança do filho só aumenta (não deveria existir confiança alguma). Com a ajuda de Romero, ela pode ter acesso ao cadáver, e, bem, não só Norma como os telespectadores sentem alívio ao descobrir que aquela não era Annika. Não sinta raiva de mim, não é spoiler, isso ocorre em seus primeiros minutos de episódio. Já era de se esperar que não fosse ela, por hora. Mas algo me diz que em Bates Motel um morto não aparece em vão, sempre temos uma história por trás de tudo aquilo.
Assim como a mãe de Norman, Romero insiste em saber de toda a verdade. Os dois juntam-se para extrair as entrelinhas do adolescente, esse entra em estado de colapso. A interpretação de Highmore é impecável, seu olhar desconfiado, sua malícia expressa nos lábios. O Norman que conhecemos atuava, pois era marcado por uma doença. O que vemos agora é um assassino, um real assassino sem medo, sem ressentimento. Como falei na coluna que antecedeu a estreia desta temporada (confira aqui!), a hora de Norma Bates se aproxima. Em breve Farmiga deixará o elenco para uma cópia sua. Para uma versão menos aperfeiçoada.
Arrisco também em afirmar que se Norma Bates não dura muito, Emma Decody pode se despedir prematuramente. A personagem amada por todos os fãs da série está forçando o que não deveria forçar, criando um relacionamento mais íntimo com Norman, ao mesmo tempo que neste episódio o famoso “Cupcake Boy” retorna, e tudo indica que Emma ficará em uma corda bamba, sobre o muro, de um lado o doente Bates, do outro rapaz que muitos julgariam mais que normal (a maconha é um detalhe). Caso Emma reate suas esperanças para com o garoto, tenho pena dos dois, pois estarão na mira de Norman. Bates Motel está nublado, não sabemos o que irá acontecer, podemos até tentar prever, mas não fica claro e isso era marca na primeira temporada. De uma hora para outra lá está a resposta que ninguém sonhava em vir.
As reviravoltas que rodeiam Persuasion são capazes de deixar qualquer Bater estatelado no chão. A forma como Norma Bates se encolheencolhe ao ver seu filho progredindo no caminho da Psicose, o modo como Dylan se distancia de sua real “família” ao encontro do pai, as disputas internas que ocorrem na cidade e apresentam Romero como moderador, tudo consolida finalmente que: Bates returns. Volta com toda a força que um dia poderia ter. Algo a destacar-se também é a melhoria na fotografia, se compararmos com os outros episódios, alguns ângulos foram acrescentados e o colorido toma conta para que em breve o velho e conhecido vermelho manche nossas telas.
Vertentes surgem em Bates Motel. A cada episódio que passa devemos dividir claramente Norma da “Mother”. A “Mother” que oferece tantos conselhos a Norman, que lhe proporciona uma visão “pura” do mundo, esta ainda matará diversos personagens. Ainda transformará o nosso inocente menino em serial killer, e ela está progredindo de forma assustadora. Norma, a mãe preocupada, que faz tudo por seu filho, assim como qualquer mãe do mundo (pelo menos a maioria), despede-se em cada cena, em cada sorriso. Muitos outros caminhos serão explorados, ficou claro neste episódio e resta a nós – telespectadores assíduos – temermos, nos segurarmos em nossas cadeiras, tentarmos prever o que virá, mesmo que seja impossível realizar tal feito quando se fala de Bates Motel.