Uma Questão de Vida e Morte foi um livro que me tocou profundamente. Eu já havia lido O Carrasco do Amor, do Dr. Irvin Yalom, então já conhecia seu trabalho e estava familiarizado com seu estilo. Embora aquele fosse um livro sobre seus casos clínicos, a narrativa nos envolvia em seus gatilhos, medos, erros e acertos como terapeuta. Mas Uma Questão de Vida e Morte é diferente.
NOSSO TEMPO JUNTOS É LIMITADO E EXTREMAMENTE PRECIOSO! Depois de passar uma vida inteira juntos, Irvin e Marilyn Yalom escrevem a realidade do diagnóstico de um câncer terminal de Marilyn, neste livro de memórias profundamente comovente, terno e amoroso. Com base no trabalho de Irvin em psicoterapia a respeito de nosso medo da morte, aliado à sua experiência pessoal, Uma questão de vida e morte busca responder às perguntas que todos nós temos sobre o fim de nossas vidas: Quanto estamos dispostos a suportar para permanecermos vivos? Como podemos terminar nossos dias da forma mais indolor possível? De que forma podemos deixar este mundo para a próxima geração? Contado a princípio em capítulos alternados entre os dois autores, e concluído após a morte de Marilyn, este livro é um retrato inesquecível de amor e examina com firmeza o que significa viver e morrer bem.
Neste livro, conhecemos não apenas Irvin, mas também sua esposa, Marilyn. Eles sabem que viveram uma longa vida juntos: casamento, criação dos filhos, momentos de alegria e tristeza. Agora, porém, enfrentam o inevitável – a morte. Marilyn foi diagnosticada com um câncer terminal e considera a possibilidade de uma morte assistida. As dores são intensas, sua qualidade de vida está comprometida, e ela se sente pronta… Mas como Irvin lida com essas questões? Afinal, até que ponto estamos dispostos a suportar a dor para continuar vivendo?
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A narrativa acompanha as últimas memórias do casal, alternando entre capítulos escritos por ele e por ela. Nos trechos de Irvin, vemos seu medo da morte, o temor da solidão que a perda traz, e os sentimentos mais egoístas e humanos – como Marilyn pode simplesmente deixá-lo após tanto tempo juntos? Por outro lado, nos capítulos de Marilyn, entendemos o quanto sua vida se tornou limitada, sua reflexão sobre a morte assistida e como ela explica sua decisão ao marido, aos filhos, aos netos… O livro todo é permeado pela sombra da morte.
Irvin, terapeuta renomado, tenta lidar com essa questão de forma racional. Ele já ajudou pacientes a enfrentar o luto, respondeu a inúmeras cartas de leitores em sofrimento, mas como fazer quando se trata de Marilyn? Até que chega o dia. Marilyn, agora extremamente debilitada, após doar seus livros, roupas, pertences e despedir-se de suas amigas, decide que a morte assistida é a única maneira de partir sem dor. Ela não suporta mais o sofrimento, e se vai.
Mas o livro continua. Irvin, então, se vê tendo que reconstruir uma nova vida. Como seguir adiante sabendo que a pessoa por quem foi apaixonado a vida inteira, com quem esteve casado por décadas (não me recordo se foram 40, 50 ou 60 anos), já não existe mais? Ele não consegue olhar para as fotos, não consegue perdoar completamente Marilyn, embora saiba que ela fez o que era melhor. A ambiguidade dos sentimentos o atinge como um furacão.
Este é um livro sobre o luto e a árdua tarefa de reconstruir uma vida depois que uma pessoa amada parte. É uma história crua e direta, que fala sobre como a vida continua após a perda. Como lidar com a ausência de alguém que, até ontem, você não conseguia imaginar viver sem? A pessoa cuja ausência sequer era cogitada, e de repente… puff, ela não existe mais. Agora, seu corpo descansa metros abaixo da terra.
Uma Questão de Vida e Morte é como o abraço de um ente querido que entende a dor do luto. Eu o li durante meu próprio processo de luto, após a perda de minha avó, e posso dizer que a forma como Irvin expõe seus sentimentos de maneira tão crua, sem vergonha de senti-los, me fez sentir acolhido, humano, compreendido. É uma leitura magnífica!
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