Amani Al’Hiza é as três coisas. Apesar de ser uma atiradora talentosa, dona de uma mira perfeita, ela não consegue escapar da Vila da Poeira, uma cidadezinha isolada que lhe oferece como futuro um casamento forçado e a vida submissa que virá depois dele.
Para Amani, ir embora dali é mais do que um desejo — é uma necessidade. Mas ela nunca imaginou que fugiria galopando num cavalo mágico com o exército do sultão na sua cola, nem que um forasteiro misterioso seria responsável por revelar a ela o deserto que ela achava que conhecia e uma força que ela nem imaginava possuir.
Todos os dias, nós, leitores, somos bombardeados por uma infinidade de novas sagas adolescentes. Até o início de 2015, toda semana minha lista de livros aumentava. Cada série que aparecia, eu corria para o skoob. Era inevitável. Mas hoje, quando leio a sinopse de mais uma história voltada para o público de 12-16 anos, percebo que já li aquilo em algum outro lugar, o que acaba gerando um certo desconforto. Porém, isso não faz com que eu deixe de ler. Aí é que mora o problema. Ao me submeter a ler mais um YA, sei que estarei exposto à diversos problemas durante a leitura. E antes de mais nada, não, não estou julgando o gênero, até porque é o que eu mais gosto. Só que, ultimamente, só estou tendo aborrecimentos.
Quando surgiu a oportunidade de ler A Rebelde do Deserto, fiquei bem curioso, aliás, a sinopse promete uma história sobre aventura e poder feminino. Além disso, a capa também me chamou bastante atenção. Como as aparências enganam…
Vejam bem, vocês provavelmente já devem ter lido a história de uma garota de dezesseis anos (sempre bom ressaltar essa idade) que acaba entrando em uma jornada junto com um menino (prestem bem atenção nisso) para fugir da cidade onde mora (outro ponto para ser marcado) e, nisso, acaba entrando em uma missão para salvar o país do cruel regime (!!!). Depois de ter lido em torno de 45 sagas, posso afirmar com clareza que já vi isso em 70% delas. E, estou cansado dessa fórmula. Antes que vocês pensem que estou dizendo que o livro é ruim, não estou. Mas, critico veemente a falta de histórias novas, inovadoras.
A forma como Alwyn vai tecendo a sua trama é bem interessante, porque ela não entrega a história de uma vez. Ela começa acanhada e, aos poucos, vai expandindo sua mitologia. Isso foi um dos pontos positivos do livro. Depois, a sua narrativa que, apesar de ser em primeira pessoa (algo que eu não estou gostando ultimamente), eu gostei bastante. É super leve, divertida e fluída chegando a se assemelhar com a de livros infantis. Porém, essa semelhança acabou se tornando um problema para mim. Em muitos momentos, fiquei em dúvida se Hamilton queria contar a história por uma perspectiva mais infantil ou mais adolescentes. Houve momentos que claramente ela estava com uma pegada juvenil, mas em outros parecia que ela tava escrevendo para crianças de 10 anos.
Uma coisa interessante que vale a pena ser ressaltada de A Rebelde do Deserto é a cultura e o ambiente de onde se passa a história. Todo o cenário do deserto mesclado à magia, deu um tom especial à história de Amani.
Agora, o que mais me chateou no livro foi como a protagonista foi desenvolvida. A autora tinha até a intenção de transforma-la em uma personagem forte e marcante, mas pecou feio ao desenvolver o romance principal da história, o que acabou tornando Amani uma protagonista insossa.
Sob uma visão geral, eu diria a vocês que A Rebelde do Deserto é um livro bom para um determinado público. Por quê? Se você já leu a maioria dessas sagas adolescentes, provavelmente irá se sentir saturado do tema. Mas agora, se você quer presentear alguém entre 10-14 anos que não tem muito contato com a literatura, A Rebelde do Deserto será um prato cheio para essa pessoa. É um livro curto, com linguagem fácil e recheado de romance. Além disso, tem fantasia (algo que chama muito a atenção). Eu arrisco até dizer que se você, um dia, não estiver nada pra fazer e quiser um passatempo, por que não pegar A Rebelde do Deserto para ler?