No entanto, quando fica sabendo que ela guarda um segredo ainda maior que o seu, precisa decidir se Penelope é sua maior ameaça ou a promessa de um final feliz. Em Os segredos de Colin Bridgerton, quarto livro da série Os Bridgertons, que já vendeu mais de 3,5 milhões de exemplares, Julia Quinn constrói uma linda história que prova que de uma longa amizade pode nascer o amor mais profundo.
Já tinha feito a resenha de “O visconde que me amava” aqui antes, e expliquei que a série “Os Bridgertons” conta a história de todos os filhos da família Bridgerton, e acho ótimo ler um livro e ver um personagem criança, ver traços da sua personalidade crescendo em outro livro, e depois de um tempo, ter uma história centrada nele. Esse crescimento é algo sensacional e não é sempre que temos a oportunidade de vermos nossos personagens favoritos crescerem. Ou então, de ter lido o primeiro livro e adorado, e saber um pouquinho mais de cada um nos livros de seus irmãos: como eles estão, o que fazem da vida, e como a história continuou mesmo depois de ter “acabado”.
Eu tinha muitas expectativas pra “Os segredos de Colin Bridgerton”. Desde o começo da série “Os Bridgertons” Colin era um dos meus favoritos. Sempre engraçado, com um comentário sensacional a ser feito, divertido e conquistando todos ao seu redor, os pequenos trechos que ele ilustrava como plano de fundo para outras histórias, sempre me fizeram ansiar pra que o livro DELE fosse logo lançado, e não me decepcionei!
Começamos o livro conhecendo um pouco mais sobre Penelope Featherington – sim, Penelope, que nos primeiros livros ela aquela gordinha que sempre ficava excluída nas festas, era extremamente subordinada a mãe e completamente esquecida pela sociedade – na verdade, só era lembrada por Lady Whistledown, que criticava suas roupas e sua situação em suas colunas semanais. Penelope era melhor amiga de Elise, irmã de Colin e sempre acompanhou a família , sendo muito querida por todos daquela casa. E quando a sua mãe finalmente se cansou de tentar fazer com que alguém se casasse com Penelope e se concentrou na irmã mais velha dela, Penelope se sentiu livre. Ela lia livros, passeava com Elise, passava tempo na casa dos Bridgertons e não era mais obrigada a ir as festas e permanecer as margens da pista de dança, esperando a pena de alguém para convidá-la a dançar.
E é quando Colin volta de uma das suas muitas viagens, que ele reencontra Penelope muito diferente da Penelope de antigamente. Muito mais magra e mais liberta das obrigações de uma sociedade, ele começa a conviver com a verdadeira Penelope: engraçada, irônica, com comentários sagazes e divertidos sobre a sociedade e extremamente encantadora. Por outro lado, Penelope vê o mesmo Colin que ela se apaixonou quando era menina: gentil, amoroso e divertido.
Quando Colin decide passar mais tempo com sua família, sua amizade com Penelope cresce ainda mais, e ele se vê confuso quando percebe que anseia a companhia de Penelope e seus melhores momentos são ao lado dela. Eles discutem, falam sobre a sociedade e o que as pessoas esperam de ambos. Quando ele finalmente percebe seus sentimentos por Penelope, Colin se pergunta como ele passou tanto tempo sem perceber a mulher maravilhosa que sempre esteve ao lado dele.
” – Mas aonde vai? – quis saber Penelope, levantando-se de repente.
– Preciso pensar.
– Não pode pensar aqui comigo? – sussurrou ela.
A expressão dele suavizou e ele voltou ao seu lado. Murmurou o nome dela e lhe tomou o rosto entre as mãos.
– Eu te amo – falou, com a voz baixa e ardente. – Eu te amo agora e te amarei para sempre.
– Colin…
– Eu te amo mais do que tudo. – Ele se inclinou para a frente e a beijou suavemente nos lábios. – Pelos filhos que teremos, pelos anos que passaremos juntos. Por cada um dos meus sorrisos e ainda mais pelos teus.
Penelope se deixou arriar em uma cadeira próxima.
– Eu amo você – disse ele mais uma vez. – Sabe disso, não sabe?
Ela fez que sim, fechando os olhos enquanto roçava o rosto nas mãos dele.
– Tenho coisas para fazer – decretou Colin -, e não vou poder me concentrar se estiver pensando em você, preocupado se está chorando, me perguntando se está magoada.
– Eu estou bem – sussurrou ela. – Agora que lhe contei, me sinto melhor.
– Vou resolver essa situação – prometeu ele. – Só preciso que confie em mim.
Ela abriu os olhos.
– Com a minha vida.”
O que achei interessante foi como conseguimos nos conectar com Penelope, já que passei todos os livros anteriores a vendo justamente como todos viam: uma menina esquecida, sempre secundária e sem graça. E o mesmo acontece com Colin: a minha visão anterior dele era extremamente superficial: apenas uma pessoa divertida, incapaz de fazer algo memorável. E é ótimo quando conseguimos entender os motivos dos personagens e suas implicações.
“Os segredos de Colin Bridgerton” é um livro que consegue prender o leitor, nos envolver na história e na época, e embora tenha menos conteúdo emocional do que os livros anteriores, compensa isso em diversão e na linda história de amizade e amor que é construída aos pouquinhos. Só posso dizer que com essa leitura, Julia Quinn consagrou sua fama de ser a Jane Austin contemporânea.