Os melhores Contos, de Malba Tahan, foi uma surpresa para mim. Peguei para ler emprestado, sem pretensão alguma, só com a vontade de ler algo diferente, e acabou sendo uma experiência incrível.
“Quantos homens há, no mundo, que, preocupados em levar o mal a seus semelhantes, se esquecem do bem que podem trazer a si mesmos?”
Mas antes de contar mais sobre o livro, é interessante conhecer mais sobre o autor.
Malba Tahan nasceu em maio de 1885 na aldeia de Muzalit. Ainda jovem, foi nomeado prefeito de El Medina, quando exerceu o cargo com muita sabedoria. Seguiu seus estudos por Constantinopla e Cairo até receber uma herança de seu pai aos 27 anos e resolver viajar pelo Japão, Rússia e Índia, observando a cultura destes povos e aprendendo com eles. Morreu em 1921, em uma batalha pela liberdade de uma minoria da região da Arábia Central.
Mesmo com uma biografia aparentemente convivente, Malba Tahan nunca existiu. Esse pseudônimo, bem como a biografia, foram criados por Júlio César de Mello e Souza, um professor de matemática, escritor e pedagogo brasileiro, por pensar que não teria tanto destaque um brasileiro escrevendo contos árabes.
Júlio estudou a fundo a civilização árabe, e depois de produzir alguns textos, apresentou eles a Irineu Marinho, um dos fundadores do jornal A noite, quando disse ser um trabalho escrito por Malba Tahan, um escritor árabe, e apenas traduzido por ele. As obras de Malba Tahan se popularizaram pelo Brasil, sendo reconhecidas até pelo então presidente, Getúlio Vargas.
Como o nome já denuncia, se trata de uma antologia com diversos contos, que trazem histórias de diferentes lugares, como: Marrocos, Índia, Síria, Pérsia, Roma, dentre outros, e possuem diferentes vieses culturais e religiosos. Há lendas hindus, cristãs, chinesas, árabes. Em todos os contos, há ao final uma lição muito enriquecedora.
Acostumados com a literatura ocidental, muitas vezes tendemos a ignorar e até mesmo subestimar a cultura oriental, ou lembrar apenas de “As mil e uma noites”, o que limita nossa percepção e de certo modo não ajuda na luta contra a xenofobia (não vamos esquecer dos programas humorísticos que satirizam “o homem bomba”).
Me abrir para conhecer a sabedoria milenar desses povos, conhecer uma cultura tão diferente da minha e aprender essas lições passadas geração após geração foi uma experiência maravilhosa, que eu recomendo fortemente. E também é incrível saber que um brasileiro se preocupou em se aprofundar, e trazer para os livros uma cultura tão rica.
Para saber mais: https://www.malbatahan.com.br/
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