Uma única pessoa é encarregada de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis.
Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz idéia de que seu mundo nunca mais será o mesmo.
Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.
O Doador de Memórias é o primeiro livro de uma série escrita por Lois Lowry. A história se passa em um local chamado Comunidade, onde não há pobreza, crime, doença, medo nem dor. Todos seguem regras de conduta, cada um tem sua função na sociedade e a paz e a ordem dominam o ambiente em que Jonas vive.
Ao completar doze anos, toda criança passa pela cerimônia dos doze. Em tal cerimônia, o grupo de anciãos escolhe qual profissão a criança ocupará. Jonas é escolhido para o ofício de Recebedor de Memórias, um dos mais importantes cargos da Comunidade. Ao ter seu primeiro encontro com o Doador, o garoto começa a ver o mundo onde vive de uma forma completamente diferente.
Com uma premissa bastante atraente, O Doador de Memórias nos apresenta uma sociedade perfeita, porém, as pessoas são privadas de sentimentos e escolhas. Apesar de viverem em paz, sem fome e sem violência, os moradores do local vivem na mesmice, não mudam e, muito menos, querem mudar. São conformadas com aquela vida que seguem porque é o que foi designado a elas.
Repleto de críticas ao conformismo das pessoas, o livro mostra que nenhuma sociedade é perfeita. Chega a ser um alerta ao leitor que se conforma com tudo que está sendo-lhe dado. O Doador de Memórias abre a mente e os horizontes da pessoa que lê a jornada de Jonas. Sem sombra de dúvidas, a sociedade que nos é apresentada é a parte mais interessante da trama. Cheio de limitações, o governo, aparentemente perfeito, é tão controlador quanto um regime ditatorial.
Uma coisa que não me entrou muito bem foi a falta de sentimentos durante a narrativa, o livro não me passou nenhuma emoção ou algo do tipo. A narração mais lembra um texto informativo, tão inexpressiva quanto os membros da Comunidade, portanto o livro falha no quesito “passar qualquer sensação ao leitor”, seja ela de angústia ou de amor.
Apesar de possuir ser uma leitura rápida, a história peca nos detalhes. Não sabemos o que aconteceu para a situação chegar aonde chegou e isso me desagradou. Sei que como se trata de uma série, haverá explicações nos próximos volumes, mas eu precisava de pelo menos uma justificativa para a situação que eu estava lendo.
Um fator que pode desagradar muita gente é como as coisas acontecem. São rápidas e sem pausas. Particularmente, esse fator me agradou bastante, pois não houve tempo para a autora prolongar-se e acabar colocando fatos que não contribuiriam para a evolução da trama. O clímax é tão rápido que quando vemos já terminamos o livro. O final faz com que o leitor deseje descobrir o que vem depois, apesar de não acabar com grandes fatos.
O Doador de Memórias é um livro que deve ser lido por todos. Apesar dos seus pontos baixos, a história é recheada de uma critica social importantíssima, leva o leitor a pensar sobre o local onde vive e, além disso, questioná-lo. Isso supera qualquer defeito que o livro tenha tido. Com momentos de tirar o fôlego, a obra de Lois mostra que livros são muito mais que passatempos, livros são uma arma importante para que as pessoas possam questionar e começar a abrir os olhos para o que lhes rodeia. Muito mais do que recomendado.