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Resenha: Muito mais que 5inco minutos, Kéfera Buchmann

Com apenas 22 anos, a curitibana Kéfera Buchmann já reúne quase doze milhões de seguidores nas suas mídias sociais (YouTube, Facebook, Twitter e Instagram). São cinco milhões de assinantes só no seu canal no YouTube, “5inco minutos”, o quarto mais visto do Brasil. Ela recebe centenas de mensagens de fãs de todo o país diariamente e é sempre parada na rua. Se o YouTube é de fato a nova televisão, como argumentam alguns estudiosos, hoje Kéfera equivale aos antigos astros globais.

Com algumas diferenças, porém: enquanto aqueles atores e atrizes geralmente cultivavam um discurso de bons moços, Kéfera ficou conhecida por dizer o que pensa. E é daí, dessa sinceridade chocante e muitas vezes desbocada, que se alimenta o seu sucesso enorme. Muito mais que 5inco minutos traz essa Kéfera sem papas na língua, mas não é centrado na sua fase atual de youtubber popstar. O livro joga luz sobre uma Kéfera que nem todos os fãs conhecem, a Kéfera pré-fama.

A menina super sensível que sofreu bullying em quase toda a infância e que, em vez de se dobrar, se tornando uma pessoa amargurada, se reinventou e ressurgiu como uma jovem forte e alegre que serve de exemplo para milhares de meninos e meninas. Kéfera fala desses momentos difíceis e também da sua relação tortuosa com a matemática, do seu primeiro beijo, de moda e de relacionamentos. Não faltam, claro, momentos hilários. E outros de deixar o coração apertado. Ou seja, Kéfera sendo mais Kéfera do que nunca.

Acompanho a Kéfera e o seu canal do Youtube, 5inco Minutos desde os primórdios. Ok, nem tanto. Conheci ela em meados de 2012, quando todos já pareciam conhecê-la, menos eu. Me mostraram um vídeo dela no colégio e eu nunca havia rido tanto na minha vida. Resultado? Passei a madrugada desse dia vendo todos os seus outros vídeos. Sim, zerei o canal dela em uma madrugada e a partir de então, não perdi uma atualização sequer.

É engraçado quando nós acompanhamos alguém assim, do anonimato ao sucesso supremo. Eu me negava a dizer que era fã de uma Youtuber, porque nossa, quem é fã de uma pessoa que faz vídeos na internet? Mas tudo bem. Continuei acompanhando e quando dei por mim, já lutava por uma resposta dela no Twitter e fazia gifs de seus vídeos a rodo no Tumblr.

Quando fiquei sabendo, através do seu Snapchat, que teríamos um livro, já fiquei bastante animado, afinal, disso eu entendia muito. Acompanhei então, toda a saga da escrita, revisão, anúncio do título, capa, autógrafos… E o livro finalmente foi lançado. O primeiro que comprei na Bienal do Rio, para ser exato. E claro, impossível não folhear e ler logo de cara algumas frases.

Lembro que foi difícil de encontrar o livro porque foi um sucesso total de vendas. E quando achei duas cópias escondidas na Saraiva, certeza que alguém voltaria para pegar depois, já comprei sem hesitar. Uma para mim, e outra para minha irmã. E comecei a leitura no mesmo dia, como quem não quer nada. Terminei também. Na madrugada, jogado.

Não dava muito para um livro. A gente tem essa mania de julgar as coisas sem conhecer, mas ainda bem que resolvi lê-lo. Kéfera mostra que é muito mais que um rostinho bonito fazendo graça em frente a uma câmera. A autora mostra, que o buraco é mais embaixo realmente, e que é muito, mas muito mais que 5inco minutos, mesmo.

Com uma maturidade jamais vista, Buchmann expõe assuntos que são vistos por muitos como tabus intocáveis, tais como bullying, depilação íntima, o primeiro amor, o primeiro fora, permeando suas lições de moral com muito bom humor e exemplificando com fatos que aconteceram em sua própria vida. Devo admitir, são poucos os autores que conseguem, com tanta facilidade e delicadeza, tocar nos assuntos que Kéfera tocou, e saírem deles com êxito em demasia.

Além disso, temos algumas fotos exclusivas da atriz, feitas justamente para o livro, assim como da nossa queridíssima Vilma Tereza, o que ajuda a compor essa atmosfera leve em que a narrativa é levada. Leve, mas com profundidade inigualável. É o tipo de livro que eleva sua autoestima às nuvens, não importa se você tem doze ou trinta e poucos anos. Afinal, peguei minha irmã – de doze – e minha mãe – de trinta e poucos – no flagra, lendo o livro, que com certeza passará de mão em mão aqui em casa.

Finalizado com um epílogo que deixa um gosto de quero mais, Kéfera Buchmann mostrou que tem um potencial jamais visto anteriormente e um talento múltiplo, afinal, seu currículo agora ganha o título de autora de algo eterno e que, com certeza, será best-seller em alguns dias. Recomendo para todas as idades, e para todo o tipo de pessoa.

E se você tem preconceito, te convido a deixá-lo só um pouquinho de lado para experimentar o que Kéfera tem a te proporcionar com seu livro. Tenho certeza de que não vai se arrepender em momento algum!

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