Talvez seja eu que esteja cansada das tramas mocinha atrapalhada + galã perfeito ou a minha sensação de estar lendo uma versão de Procura-se um marido inferior que a original, mas me decepcionei um pouco com Mentira Perfeita. Não me entendam mal, o livro é divertido, tem uma narrativa fluída e consistente, tem personagens cativantes e um romance que faz seu coração bater mais rápido. Mas houveram alguns fatores que tirou Mentira Perfeita da minha lista de favoritos… Vamos descobrir porque?
Em Mentira Perfeita conhecemos Júlia, uma jovem batalhadora que, desde que foi abandonada pela mãe, vive com sua tia Berenice, uma senhora alegre e divertida cujo sonho é ver a sobrinha se casar. Conhecemos também Marcus (o irmão de Max, do livro Procura-se um Marido), um rapaz que desde que ficou paraplégico em um acidente de moto, luta diariamente para reconquistar sua independência e mostrar pra sua família super protetora que ele pode levar uma vida normal. Após um acidente doméstico, a família de Marcus acredita que o jovem tentou se matar, e só permite que ele se mude de casa se ele encontrar uma babá.
“[…] eu descobri que poucas coisas na vida estão sob o meu controle, Júlia. E as poucas que posso controlar, mesmo as menores e que pareçam insignificantes para outras pessoas, eu quero sob o meu domínio.”
Quando tia Berenice, que sofre de um grave problema do coração, tem um piora e é internada no hospital, o médico diz a Júlia que é crucial que Berenice não se aborreça e que neste momento o ideal é apenas lhe trazer boas notícias, Júlia então inventa que conheceu um rapaz e está noiva e apaixonada. Berenice melhora inexplicavelmente e disposta a lutar pela vida para ver a sobrinha casar. Júlia se vê numa situação complicada e com medo de aborrecer a tia, aceita o acordo de Marcus que traria vantagens para os dois: Marcus iria fingir ser o noivo perfeito de Júlia, que se passaria por sua babá.
“As vezes você se sente tão sozinho que parece estar á deriva no meio do oceano. Nada á frente, nada atrás, nada em lugar nenhum exceto as ondas que quebram sobre você, ameaçando engoli-lo. Mas algumas vezes – raras vezes – um ponto negro surge no horizonte e vai crescendo até se tornar a silhueta de um barco, até uma mão se esticar em sua direção e você sair do inferno. Júlia era o meu barco, a mão estendida, o ponto negro do meu nada.”
A história é bem divertida, mas todos que já leram Procura-se um Marido notam as similaridades. Talvez por ter lido sempre comparando essas duas obras eu tenha me decepcionado um pouco com a leitura. Uma outra coisa que me incomodou foi que o livro abordou muitos temas diferentes, raramente vistos em romances new adults como a deficiência física, abandono familiar e abuso sexual, o que seriam ótimos temas para serem aprofundados e levar o leitor a reflexão. No entanto, Carina falou desses temas de uma maneira muito superficial, nunca dando enfoque nas dificuldades ou consequências deles, mas literalmente romantizando todas as situações.
Independentemente dos clichês e dos muitos exageros (principalmente nas cenas relacionadas a tia Berenice), os livros da Carina Rissi sempre conseguem prender o leitor e seus casais protagonistas conquistam todos os leitores. Se você procura uma leitura leve, divertida e apaixonada, esta é a sua escolha!