Resenhas

Resenha: Eleanor & Park, Rainbow Rowell

Eleanor & Park é engraçado, triste, sarcástico, sincero e, acima de tudo, geek. Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e “grande” (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família. Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de uma certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo.

Eleanor e Park é o romance de Rainbow Rowell, uma autora norte americana desconhecida no Brasil (esse é seu primeiro livro traduzido para o português), que vem sendo aclamado pelas críticas, e eleito um dos melhores livros de 2013 pela Amazon. O livro conta a história (em terceira pessoa) de Eleanor, uma garota de dezesseis anos, independente, que não liga para o que os outros pensam, chegando num novo colégio depois de uma grande mudança de vida. Também conhecemos a história de  Park, um jovem coreano que está nesse colégio há anos e como eles se conhecem/apaixonam/nos fazem ficarmos apaixonados por eles etc.

Não vou negar que fui com um “pé atrás” para a leitura desse livro. Primeiro, por que né… Clichê! Estamos superfaturados com livros de romances adolescentes vencendo barreiras/ quebrando maldições/ interpondo raças, vampiros, lobisomens, zumbis etc (sem preconceitos, amor eterno a Edward Cullen rs) e achei que este seria “apenas mais um” livro bonitinho de romance. Segundo, por ser um livro adolescente que se passa em 1986, imaginei que seria cheio de pudores e eu não ia me identificar com os personagens. Meu Deus, como fico feliz em constatar que estava enganada! Na verdade, quando o livro terminou eu senti saudade de Eleanor em minha vida, dos seus comentários sarcásticos e engraçados.

Acho que isso é uma das coisas que te prendem ao livro: a percepção de como, mesmo em épocas tão diferentes e situações distintas, os conflitos dos jovens são parecidos. A superficialidade que eu achei que ia encontrar no livro (aquela história do Clichê) foi quebrada em poucas páginas. Com o passar da leitura, você vê que Eleanor supera uma família desestruturada, um padrasto violento, uma mãe inerte e que Park convive com o preconceito cultural, e a expectativa que um pai pode colocar sobre um filho.

Pensei que 325 páginas de “como adolescentes se conhecem e se apaixonam” iam ser monótonas e repetitivas, mas não foi o caso! Amei o jeito como eles se aproximaram, como um ajudou o outro em suas dificuldades, e principalmente, em perceber que mesmo em meio ao desespero e a falta de perspectiva, ter alguém que você ama por perto vai te fazer se sentir melhor.

Quanto ao final (muito comentado) – e não se preocupem, não soltarei spoilers! – achei maravilhoso. Afinal, quais as chances do seu primeiro amor ser o primeiro amor da sua vida? (Resposta: às vezes, muitas!).

“Park era como o Sol. E não havia outra maneira de explicar” – Eleanor.

“Eleanor e Park” ganha 5 estrelinhas no meu ranking, e sobe para a categoria de favoritos!

     

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