Resenha: A firma, John Grisham
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Resenha: A firma, John Grisham

A Firma foi o primeiro livro que li de John Grisham, por indicação de ninguém menos que Stephen King. Sim, ele mesmo. Em seu livro Sobre a Escrita, King menciona que escritores devem abordar temas que dominam, assim como Grisham fez com A Firma, logo após se formar em Direito.

Quando Mitch McDeere aceita trabalhar na Bendini, Lambert & Locke, em Memphis, tem certeza de que ele e sua linda esposa, Abby, tiraram a sorte grande.

Além de ser uma firma que se orgulha de ter os maiores salários e benefícios do país, ainda lhe oferece um BMW, quita suas dívidas estudantis, arranja um financiamento de imóvel a juros baixos e contrata uma decoradora para sua casa.

Justamente quando começa a achar que tudo parece bom demais para ser verdade, Mitch é procurado por um agente do FBI, que lhe revela informações confidenciais sobre a empresa e lhe diz que ele mesmo está sob investigação.

Ao ser pressionado para se tornar informante, Mitch se vê num beco sem saída. Se não concordar em colaborar, será denunciado à justiça, mas se a firma descobrir seu papel duplo, o preço a pagar pode ser a própria vida.

O livro narra a história de Mitch McDeere, um advogado recém-saído da faculdade, com dezenas de propostas de emprego. Sendo um aluno de destaque, todas as empresas o querem. Ele acaba optando pela enigmática Bendini, Lambert & Locke, em Memphis, que oferece benefícios incomparáveis – como uma BMW para todos os advogados contratados, financiamentos com juros baixíssimos para comprar um imóvel, tudo em troca de dedicação total. Mitch e sua esposa, Abby, acreditam ter encontrado a oportunidade dos sonhos e se mudam para a cidade sem hesitar.

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Em seu novo emprego, Mitch mergulha de cabeça. Chega a trabalhar catorze, dezoito horas por dia, com a promessa de alcançar seu primeiro milhão aos 45 anos e uma aposentadoria tranquila. Vale a pena se sacrificar agora, certo?

Enquanto acompanhamos a história pelo ponto de vista de McDeere, começamos a perceber que a estrutura da Bendini, Lambert & Locke é mais sombria do que aparenta. A pulga atrás da orelha surge com a existência de uma misteriosa central de segurança no último andar, além de sinais de que a casa, o carro e até as conversas de Mitch estão sob vigilância constante. Não é apenas uma firma.

Essa suspeita se confirma quando, em um almoço rotineiro, Mitch é abordado por um agente do FBI, que revela que ele está sendo investigado. Agora, ele tem duas opções: cooperar com o FBI para desmascarar a firma ou fingir que nada aconteceu, correndo o risco de que o esquema não seja desmantelado sem ajuda interna. Preso em uma encruzilhada, Mitch descobre que está trabalhando para a máfia. Sim, isso mesmo. A firma é fachada para os esquemas bilionários de uma família mafiosa. E agora, eles têm provas contra Mitch. Alguns dias antes, dois advogados que decidiram cooperar com o FBI desapareceram sem deixar rastros.

A trama se desenvolve de forma tão envolvente que é difícil largar o livro. A história vai se afunilando, inicialmente sob o ponto de vista de Mitch, e, aos poucos, outros personagens da firma ganham voz, até que, de repente, o leitor também conhece os planos da máfia. A escrita de Grisham prende a atenção. É um livro relativamente longo, com mais de 400 páginas, mas terminei em apenas três dias, mesmo conciliando com trabalho e estudos. Se não fossem essas obrigações, provavelmente não teria parado até o fim.

Em certo ponto, a firma descobre que Mitch está colaborando com o FBI, iniciando uma verdadeira caçada. Algumas informações vazam, e Mitch percebe que não pode confiar em nenhum dos lados. Minha única crítica é a quantidade de personagens, muitos com nomes difíceis, que alternam entre primeiro nome e sobrenome. Não foram poucas as vezes em que me peguei pensando: “Quem é esse mesmo?” ou “Já vi esse personagem antes?”.

Durante essa perseguição, a narrativa acelera bastante. Os capítulos trocam de ponto de vista rapidamente, o que pode ser frustrante para leitores mais detalhistas, como eu. O desfecho, no entanto, me decepcionou. A construção da trama foi desfeita de forma rápida e fácil demais. Mitch fugir com o dinheiro da máfia para uma ilha onde a máfia tinha suas maiores operações, mesmo com boa parte dela desmantelada pelo FBI, me pareceu inverossímil. Esperava um final mais desafiador, considerando o império criminoso meticulosamente descrito ao longo da história.

Ainda assim, eu daria quatro estrelas de cinco. É uma leitura agradável, sobre um tema que me interessa muito (e ao qual eu ainda não havia dado chance na ficção), então recomendo. Só não espere muito do final.

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