Você sabe dizer não? Você se sente a vontade dizendo aquilo que te incomoda, que não te agrada, que não está certo pra você? Eu não. Se as coisas estão boas, para mim está tudo bem. Se não estão, vou ficar quieto, ficar na minha e ignorar. Quem sabe passa se eu não pensar por muito tempo? Tipo aquelas lousas mágicas que somem com o que a gente escreveu se a gente sacudir com força.
O fato é que para mim não dá. Eu não consigo me impor, eu fujo do embate. Eu não quero ter que me preocupar com isso. Dou um boi para não brigar e uma boiada para não sair da briga. Tenho o sangue do barraco dentro de mim, mas pra ele aflorar é difícil. Bota difícil nisso. Tem que me tirar do sério mesmo pra eu chegar no ponto de explodir.
Isso me faz ignorar pequenas coisas que não me satisfazem ou que me deixam mal. Com o tempo, as pequenas coisas se tornam coisas médias. As coisas médias se tornam coisas grandes e com o tempo, a gente não fala mais nada e se meteu em situações pelas quais a gente não sabe como sair. Fugindo, passando pelas beiradas, querendo estar despercebido.
E o engraçado é que sempre fui comunicativo. Tímido, mas falo bem. Não tenho vergonha de subir num palco e falar pra setecentas pessoas de uma vez só. Mas não consigo dizer não. Simplesmente travo e aceito. Por quê? Qual é o medo da negação? Qual é o medo de me impor e dizer o que funciona e o que não funciona para mim?
Eu não sei. É engraçado refletir que em um texto sobre o “não”, ele é uma das palavras mais presentes. Não sei, não quero, não posso… A gente fica castrado por muito tempo e depois, quando somos livres, não sabemos lidar com essa suposta liberdade. Eu me sinto desnorteado, me sinto sem rumo, mas quero a liberdade.
Sei que sou livre, mas me castro para parecer que não. Para não ter que lidar com todas as coisas que eu quero. Pelo menos, se der errado, não era isso mesmo que eu queria, afinal, o universo escuta e o invejoso tem sono leve, né? Tento não ser animista, mas isso me leva para o ceticismo. Tento ampliar minha espiritualidade e fico nesse meio termo.
O não me abre muitas portas e me deixa pensar que fecharei muitas outras. E o medo de abrir, me impede de fechar uma porta que eu não quero que esteja aberta. Para que abrir uma nova se essa que já está aberta é tão quentinha, né? Tão conhecida…
No final, quando a gente abre a porta do não, ironicamente, não é tão difícil assim. Vamos falar alguns “nãos” para situações que não sejam do nosso agrado essa semana?
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1 comentário
Aprendi a dizer não recentemente, antes ficava calada e remoendo por dias,agora digo não é fico de consciência limpa.