Livros

Nem homem, nem mulher: protagonista de livro de ficção rompe estruturas e normas sociais

O que você faria se as estruturas de poder estivessem contra você? Você seguiria em frente, recusando-se a se encaixar em qualquer categoria que lhe foi imposta, ou você se adaptaria aos padrões estabelecidos para sobreviver? No segundo volume da série Não Branco Não Homem, escrito por Toni Grado, a protagonista escolhe a primeira opção.

A personagem principal é Chris, uma professora universitária que pesquisa filosofia da ciência. Formada em uma prestigiosa universidade, ela se firmou na carreira acadêmica, apesar de parte da comunidade de pesquisadores recusar a tese que defende. Com opiniões fortes, não se identifica com nenhuma orientação sexual e tem gênero indefinido, mesmo que esteja habituada a utilizar os pronomes femininos.

Durante sua jornada, ela passará por vários problemas que colocarão em risco os ideais que defende. Será, por exemplo, acusada de plágio sem que ninguém fique ao seu lado, exceto por um professor. Também enfrentará violências e se questionará sobre as normas sociais que as pessoas são, muitas vezes, obrigadas a cumprir.

 

Sinto as mãos grossas apertarem meu pescoço, com vontade,
agora, de quebrá-lo como um graveto. Meus sentidos me fogem,
e o céu, que nem está aí para o que me acontece,
falha em se aproximar terna e calidamente para me confortar
com seus braços de comprimento sem fim.
Por isso, ele não me diz o que eu gostaria de ouvir.
Que, no fim, ficará tudo bem. E não ficará.
(Não Branco Não Homem, p. 308)

 

Somado aos conflitos pessoais da protagonista, Não Branco Não Homem também revela os impasses envolvendo a disputa eleitoral na cidade. Em meio a uma campanha política acirrada, a narrativa evidencia que, entre alianças inesperadas e reviravoltas eleitorais, o que menos importa é o bem-estar da população. Toni Grado discute, assim, temas caros aos brasileiros, como as consequências da violência e da polarização política.

 Divulgação / Toni Grado

Divulgação / Toni Grado

Sobre o autor: Toni Grado de 60 anos, é autor, músico e arquiteto, nascido e morador de São Paulo capital a vida toda. Lançou o CD Desoriente em 2009, em companhia do compositor e maestro Alexandre Guerra, e o álbum “Trilhas para lugar nenhum”, em 2021.  Escreveu “A Saga de Félix Farsa”, peça premiada com 3º lugar no I concurso de dramaturgia do SESI em 1995. Teve a peça “Vida Besta” montada em 1997. Em 2021, lançou seu primeiro romance Não Branco Não Homem e este é a tão aguardada continuação da obra.

Anterior Seguinte

Você também pode gostar de...

Comentários do Facebook







Sem comentários

Deixar um comentário