O livro, pautado pela ciranda inexata e infinita que torna as mulheres uníssonas e capazes de seguir adiante, a despeito do não, nasceu corajosamente de um projeto que Flavia já faz há dois anos, chamado #TodoMundoéPoesia. Nele, mulheres do Brasil inteiro contam suas histórias de vida e de luta, as quais são transformadas em poemas pela autora.
A primeira parte da obra aborda a capacidade inesgotável de amar, de arder e de saltar de alturas incalculáveis para chegar às profundezas de cada abismo. A segunda explora a coragem necessária para lutar por tudo que é direito da mulher e que, mesmo em tempos atuais, ainda encontra barreiras.
“Escrevi ‘Coragem – Substantivo Feminino’ porque não tive escolha. Aos 43 anos, os poemas me tiraram para dançar sem direito de recusa. Todo o material foi escrito silenciosamente aos gritos. Não era mais possível conter as palavras depois que elas tornaram-se o meu maior desejo. Tive medo de escrever e escrevi para não ter medo. As palavras, plantadas em cada página, anunciam que a jornada feminina será cumprida, apesar dos muros, das fronteiras invadidas, do machismo, dos desalmados, dos covardes e fingidores”, afirma a autora do livro.
Flavia faz questão de enaltecer e agradecer a poetisa pernambucana Luna Vitrolira, responsável pelo prefácio de seu livro. Luna começou a recitar poesias aos 15 anos, depois passou a divulgar seus próprios escritos e, em 2018, lançou “Aquenda, o amor às vezes é isso”, indicado ao Prêmio Jabuti 2019.
“É apaziguador quando alguém nos olha, nos ouve e nos transforma em poesia. Tudo acontece com muito amor e empatia e sem custo algum para todas as mulheres envolvidas no projeto. Nós, mulheres, falamos um idioma que só domina quem precisa de coragem para sobreviver”, afirma Flavia, que também se considera uma mulher forte, assim como outras milhares que admira, mesmo de longe.
Flavia Campos nasceu em Bom Despacho, interior de Minas Gerais, em 1975. Usa sua poesia como ferramenta de luta contra o machismo, o racismo, a misoginia, a opressão e os preconceitos enraizados numa sociedade patriarcal. Acredita na cultura como um dos mais poderosos agentes de (r)evolução da sociedade.
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