Seis anos depois, a tão esperada continuação de “Tô Ryca!” chegou aos cinemas (pelo menos por mim, que assisto ao filme um milhão de vezes e morro de rir em todas elas, como se estivesse assistindo pela primeira vez). Para quem não conhece, o primeiro filme conta a história de Selminha Oléria Silva, mais conhecida como S.O.S., uma frentista que tem a chance de deixar para trás seus dias de pobreza depois de descobrir que um tio desconhecido, que estava no final da vida, deixou uma fortuna de R$ 300 milhões para ela. No entanto, para chegar ao dinheiro, ela precisa cumprir o desafio de gastar R$ 30 milhões em 30 dias, sem poder comprar nada, acumular nada e nem contar para ninguém.
+ “Tô Ryca!” tem trailer divulgado
O que parece fácil em uma primeira vista, acaba sendo mais difícil do que Selminha imaginou. Podendo doar apenas uma parte dos R$ 30 milhões e com pessoas querendo puxar o seu tapete a todo momento, ela encabeça uma campanha política para a prefeitura do Rio de Janeiro, ajuda muitas pessoas, tira um candidato ruim da disputa e de quebra, ganha o desafio e fatura os R$ 300 milhões. Tudo isso com um humor genuíno e uma pitada de crítica social dignas da Samantha Schmütz para tornar a história ainda mais verossímil.
Em Tô Ryca! 2, alguns anos se passaram e Selminha está morando em uma mansão enorme, com vista para o Cristo Redentor e milhares de funcionários que fazem a casa funcionar bem. Namorando com Rubens, ela não esqueceu suas raízes e ainda vai fazer as unhas no salão da Nilze e até fundou um programa na sua comunidade, o “S.O.S. Dignidade”, que ajuda os comerciantes locais, os autônomos e até os artistas. Selminha ostenta como se não houvesse amanhã, não fazendo questão de trocos ou de trocados, já que, segundo ela, “R$ 900 é dinheiro desde quando?”
Luane, por sua vez, está trabalhando em mais de um emprego para juntar economias para seu casamento com Nico, mesmo após Selminha insistir para que ela largue tudo e viva com ela. Até que, ao mesmo tempo, Luana decide largar tudo e Selminha recebe uma intimação judicial: houve um engano e era outra Selminha Oléria Silva que devia ter ganhado a herança e não ela. Sem conseguir fazer teste de DNA para provar que de fato, ela é sobrinha do tio distante, a multimilionária tem seus bens bloqueados pela justiça e agora precisa viver com um salário mínimo e sob o mesmo teto que a nova Selminha.
Claro que isso não dá certo por muito tempo e Selminha precisa se retirar da casa, voltar para sua comunidade e dormir em um sofá na casa do Nico e de Luane. Esperando o resultado do processo, ela diz “Tô Pobre!” e precisa arrumar um emprego em casa de família para sobreviver.
A trama de “Tô Ryca! 2” conseguiu dar uma boa continuidade ao que “Tô Ryca!” tinha iniciado, mantendo as doses de humor necessárias para manter as pessoas gargalhando em muitos momentos, de forma a não ficar desconectado do roteiro inicial, como acontece com muitas continuações. A trilha sonora é impecável e as cenas sem falas, em câmera lenta, com música de fundo deram um ar de “vídeo de humor do Youtube”, e fez parecer que o tempo nem passou. Quando o filme acabou, ouvi muitas pessoas dizendo “ué, mas já? se passou quanto tempo?”
Não vou dar spoilers da forma com a qual a trama de “Tô Ryca! 2” se encaminha depois disso, mas digo que vale muito a pena assistir, tanto pelo humor, quanto pelo roteiro muito bem construído com críticas sociais seríssimas e acessíveis, ou seja, até mesmo uma pessoa que não é ligada em pautas sociais, vai parar, entender e refletir. Queria muito uma terceira continuação porque gosto muito do universo de Selminha e Luane, mas acho que a franquia teve um final digno e que fechou muito bem a trama.
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