Após mais de um ano esperando a adaptação cinematográfica do livro de E.L. James, Cinquenta Tons de Cinza, eis que chega o meu dia de assistir. Ansiedade atingindo níveis estratosféricos para ver como seria retratada uma obra tão polêmica para os cinemas. Será que mostrariam demais? Será que cortariam muito? E a fidelidade ao livro, como ficaria? Essas e outras perguntas que sempre perambulam pela mente dos leitores quando vão assistir a uma adaptação.
O filme mostra a história da jovem estudante de literatura, Anastasia Steele, que tem a missão de entrevistar o enigmático e extremamente rico empresário, Christian Grey, dono de um império, detentor de um poder digno de um imperador. O enredo se desenrola a partir dessa entrevista, completamente desastrosa, que serve de passo inicial para um relacionamento confuso e atribulado pelos gostos peculiares de Grey.
A maneira que o filme inicia, ao som de I Put a Spell on You de Annie Lennox, contribui bastante para a criação de uma atmosfera ousada, tudo o que seria, de fato, necessário para uma boa adaptação de um romance erótico. A fidelidade para com o livro nessa introdução não é algo que eu possa comentar, já que cumpriu o prometido. Frases marcantes como “O Sr. Grey irá vê-la agora”, e sua queda desastrosa ao adentrar o gabinete do CEO da Grey House foram mantidas para o bem estar geral da comunidade.
Logo depois disso, a história começa a correr de maneira gradual, cada vez mais acelerada. Pode ser apenas impressão, mas no livro, apesar da rapidez com que o relacionamento dos dois protagonistas se consolida, no filme, a velocidade foi muito maior! Não pareceu nada verossímil, tudo acontecendo de maneira extremamente fácil. Mas é algo que podemos relevar facilmente, já que é uma adaptação de duas horas para um livro de trezentas páginas. A velocidade para que se possa manter a maior quantidade de fatos fiéis possível é compreensível. Até certo ponto, porém.
O roteiro não foi algo que me agradou muito. Gostei bastante das frases marcantes que foram mantidas, das cenas e da ambientação, mas acredito que tenha faltado um pouco mais de diálogo real. A realidade não pareceu muito presente no longa-metragem, ao meu ver. Era tudo muito simples, tudo muito comum… E não é bem assim.
Muitos pontos da história (no filme) pareceram avulsos e apresentaram furos, já que não foi explicado exatamente quais circunstâncias levaram àquilo. O passeio de helicóptero é um exemplo disso. No filme, só acontece, numa mudança de cena repentina, com direito a música de Ellie Goulding de fundo. Claro que, avaliado por alguém que leu o livro, a adaptação está perfeita, apesar de baunilha, mas, observando nos olhos de alguém que só assistiu à película, os furos podem representar grandes interrogações.
Como leitor, o longa-metragem está perfeito, dosado perfeitamente com a sensualidade e o romantismo, com muitos momentos dignos de suspiros, conjugados com calafrios de excitação. As cenas de sexo foram minimizadas, obviamente, não explorando muito o fato do sadomasoquismo, no entanto, entendemos que existem pessoas chocadíssimas só com essa introdução, então podemos imaginar como seria caso tudo fosse extremamente como foi escrito por James.
A fotografia está divina, assim como os cenários e ambientações. Gostei muito, mesmo. A atuação de Dakota Johnson como Ana está perfeita, e ao meu ver, a atriz conseguiu dar vida à personagem com extrema fidelidade e clareza. Jamie Dornan, apesar dos apesares, conseguiu interpretar um Christian Grey mais baunilha que o normal, mas sem perder a essência e o caráter principal que conhecemos.
Outro ponto positivo no longa metragem, foi a trilha sonora. Uau! O que dizer daquelas músicas que baixei imediatamente após acabar o filme? Beyoncé, The Weeknd, Frank Sinatra e outros… Não tenho nem o que comentar, se não, deixar aqui expressa minha tamanha satisfação. Souberam mesclar bem o clima das músicas com a atmosfera do livro.
Concluindo, portanto, eu gostei sim, do filme, assim como gostei do livro. Claro que sempre temos um choque de realidade quando assistimos e nossa mente automaticamente compara com cada capítulo do livro. Mas depois, paramos para pensar, comparamos com outras adaptações, e então percebemos que o trabalho foi muito bem feito. Meus sinceros parabéns à diretora Sam Taylor-Johnson, que conseguiu amenizar o romance erótico para donas de casa sem perder sua real essência pelo caminho. E aos reclamões de plantão, alô, Edir Macedo! por favor, só peço que parem de julgar. É algo diferente, sim, é algo que tem sexo, sim, mas nem por isso é algo ruim. Tenho certeza que todos estão loucos para assistir, e eu só digo uma coisa: VÃO! Tenho certeza que arrependimentos não existirão, se você souber apreciar o longa-metragem que foi feito para te satisfazer.