As luzes piscavam lá em baixo e da minha pequena varanda eu tinha uma boa visão para os carros que na avenida passavam.
Na correria de um e outro eu pensava em como minha vida havia mudado de julho para agosto num piscar de olhos.
Adeus. Abraços. Lágrimas. Carro. Algumas horas depois. Prazer, São Paulo.
Antes o que iluminavam minhas noites eram as estrelas, hoje eram os postes de luz.
Antes os sons que adentravam aos meus ouvidos eram das cigarras cantando, cachorros latindo e zumbidos aos quais nunca consegui identificar, hoje eram os freios dos automóveis.
Antes as cores que cintilavam aos meus olhos eram o verde das árvores, o colorido das frutas e o azul do céu, hoje eram as inúmeras aquarelas dos outdoors e seus devidos piscas-piscas.
Antes as pessoas me cumprimentavam a cada passo em que eu dava na rua, hoje até mesmo me xingavam se eu permanece muito tempo parada no mesmo lugar.
Dentre essas haviam outras milhares mudanças e por mais difícil que tenha parecido essa troca repentina de vida, nada preenchia mais meu coração do que deitar a cabeça no travesseiro e dizer: obrigada, cidade nova.