A vida é frágil. Não só no sentido de morte. Aliás, existem várias maneiras de se morrer. A que lido hoje é a morte camuflada. A morte cuja investida vem da pessoa a qual você menos espera.
A falta de capacidade de seguir em frente parece algo comum, mas se tem uma coisa que aprendi, é que atraímos para nós mesmos o que nós já temos. Não atraímos amor com amargura. Não atraímos amor desacreditando nele.
Foi ali, naquele corredor rodeado de livros estrangeiros, ao som de Owl City que conheci o amor da minha vida entre minha abundância de infinitos numerados e interminados, entre livros do Stephen King e fugas sagazes dos meus próprios eus.
Todo mundo tem medo de alguma coisa. Exceto que o maior dos meus medos era eu mesmo. Prazer, me chamo Otávio. Assumi-me gay em um turbilhão de acontecimentos, litros de lágrimas e misto de sentimentos. Na época, fui tratado bem pelo meu pai. Minha mãe ficou sem falar comigo e me tratou como lixo por alguns dias. Ela dizia que eu era egoísta o suficiente pra não querer a felicidade dela. A felicidade de ter um filho hétero, talvez. Mas a verdade é que eu não podia mais me privar da minha própria felicidade.
As pessoas, na verdade, não se importam com você.
É tudo sobre elas.
Depois de certo tempo, a poeira abaixou. Tudo estava bem, e como o final de Harry Potter, a cicatriz não me incomodava mais. Mas claro, as pessoas vivem de camuflagens. Era tudo uma mentira. A minha vida, por mais autêntica que eu seguisse, era uma mentira pelas minhas costas.
Os seres humanos tem mania de controle.
Cortam as asas dos seus pássaros assim como escondem o lado mais sombrio e vergonhoso de si mesmos.
Talvez você, que me cortou, devesse ter um pingo de amor próprio.
Sem amor próprio você é assim, exatamente como é.
Sim.
Um nada.
Sabe, existe um clichê que diz que não podemos voltar atrás das palavras ditas. Mas graças ao cosmos, eu nunca deixei nada que você disse chegar perto da minha bolha. Porque coisas ruins são inúteis para mim. Você pode alegar que disse sem pensar, mas não pode ir atrás.
Sabe outro clichê que diz isso e você mesmo já me citou ele? Quebre um vaso. Peça desculpas. O dia que ele voltar intacto, você pode ter o mínimo de direito de se arrepender.
Honre cada uma das suas ações.
Um pingo de decência e dignidade, às vezes vem a calhar.
Para de se camuflar, porque você não pode voltar atrás de nada disso mais. Você já machucou tanta gente. Mas continua machucando.
Porque é egoísta o suficiente para achar que o sol é o seu umbigo.
Mas posso te contar um segredinho, aqui?
Ele não é.
Você é um grão de poeira.
Então, se ainda me permite, o que eu duvido, deixo aqui um último conselho:
Vá se amar.