Dizem que encontrar o amor verdadeiro nos dias de hoje é mais difícil que encontrar magia. É mais fácil encontrar a rota para Hogwarts do que obter reciprocidade. Não discordo. Sabe, tenho dezessete anos, menos experiência que a maioria dos garotos da minha idade, óbvio. Não estou dizendo que sou inocente, porque não sou. Só digo que não estava preparado para tantas pancadas que a vida podia dar.
Sempre vi casais se dando bem. Sempre vi felicidade e eletricidade nos seus olhares, mas jamais pensei sobre os labirínticos problemas que cada sorriso esconde. Mas quem sorri quando se está triste, não é?
Eu.
Eu, Troye Noah Scott, sorrio quando estou triste. E isso significa quase todos os momentos.
Apesar de não parecer, eu não sou superficial. Mas não era isso que qualquer um pensava ao me ver, bêbado, dançando loucamente naquela pista de dança, beijando qualquer alma que viesse me dar um oi. Independente do sexo.
Eu não estava vendo nada ao meu redor. Minha cabeça eram luzes florescentes, meus olhos caçavam vorazmente qualquer coisa para se apoiar. O copo vermelho pendia da minha mão direita, a vodka pura estourando como refrigerante nos meus lábios.
Bitch the end of your live are near
This shit been mine, mine
What you gone do when I appear?
W-when I premier?
Bitch the end of your live are near
This shit been mine, mine
Eu dançava como se o mundo fosse acabar, ali, com a minha melhor amiga, Savannah Lee Johnson. 212 era definitivamente a nossa música, e a pista era nossa. E por alguns momentos, não estávamos na nossa pacata cidade. Estávamos na mais populosa balada de Los Angeles. A música tomava conta de nós. A dança, que devia ser ridícula ao ver de um sóbrio, era nossa. O mundo era nosso naquela noite. Nossa vida acabaria nos próximos segundos.
“Sav, preciso de mais.” Eu disse, no pé do seu ouvido,
“Let’s go to the bar!” Ela retornara há pouco do seu intercâmbio na Inglaterra, e falava inglês quando bebia. A sorte era que eu entendia.
Ainda dançando, jogando meu cabelo escorrido para o lado, coloquei minha mão em seu ombro e fomos para a fila do bar. Fila que jamais seguimos.
“Duas catuabas, por favor.” Eu disse.
“Roy, isso vai acabar com a gente!” Savannah odiava.
“É o que temos dinheiro.”
O moço colocou os dois copos vermelhos no balcão. Pegamos e voltamos para a pista, de mãos dadas. É inegável como catuaba é ruim. O gosto de vinho barato misturado com gelo não me agradava em nada, mas me deixava louco. Nunca liguei muito para a opinião alheia, então, no meu estado de bêbado irremediável, dancei como se ninguém tivesse me olhando.
Mas alguém estava me olhando.
E esse alguém, era o garoto pelo qual eu estaria condenado a amar pelo resto dos meus dias.
(…)