Quando vi esse livro na Cultura (ano passado), foi amor à primeira vista.
Sim, e não foi pelo enredo, foi pela capa mesmo. Tenho problemas em relação a capas e lombadas bem elaboradas, e quando dei de cara com essa belezura, não resisti.
26 reais nessa lindeza e só parei para ler a sinopse em casa. Que atirem a primeira pedra.
Conheço Chris Weitz desde A Bússola de ouro, lógico. Fiquei um tanto temerosa para começar a leitura, não pelo seu trabalho como diretor que “destrói” livros que amo em adaptações cof fronteiras do universo cof, mas por ser um diretor cinematográfico escrevendo seu primeiro livro, e ainda por cima um livro distópico juvenil.
O quão surreal isso poderia ser?
Matei o livro em uma tarde. Fácil de ser lido, com uma linguagem quase que inteiramente coloquial, Mundo Novo me agradou bastante. De zero a dez, dou-lhe um 8.
É aquele tipo de livro que você pode deixar dentro da bolsa, e quando momentos tediosos chegarem, relê-lo.
O enredo a primeira vista me pareceu familiar, como normalmente distopias fazem parecer, mas o livro é bem singular no geral. Cheio de referências (insere capitão América aqui) e sátiras, Mundo Novo entrou para lista de distopias favoritas da tia rhay. Estilhaça-me e 5ª onda tão com ciúmes
O livro se desenrola contando a história de Jefferson, um garoto predisposto a salvar o mundo, que acaba de se tornar líder da “tribo” de adolescentes onde vive, a Washington Square. Assim que seu irmão mais velho – Wash- falece, por causa da “Doença”, Jeff se vê compelido a descobrir um meio de erradicar esse vírus, já que a partir do momento que seu corpo alcançar a maturidade, ele levará o mesmo fim que o seu irmão.
E não digo daqui a 20, 40 anos, mas talvez em um ano.
Não existem adultos há mais de dois anos em todo o planeta. Só crianças e adolescentes, procurando formas de sobreviverem.
Sem internet.
Sem energia.
Bom, não tem baratas mutantes, isso é uma vantagem.
Alimentos praticamente escassos. Nível de consumismo inexistente, juntamente com falta de senso de moda e governo.
Sim novamente, uma distopia sem o governo opressor.
Quando Crânio – o gênio super estranho da tribo, totalmente viciado em tecnologia – descobre um artigo cientifico que fala sobre o surgimento do vírus, eu tenho quase certeza que um anjo e um demônio apareceram sobre os ombros de Jeff, para ajuda-lo a decidir: ficar na tribo ou ir em busca da cura?
Já sabemos que ele escolheu o demônio, pois nenhum anjinho o faria decidir desbravar o novo mundo a procura de algo que pode nem existir.
Com os capítulos divididos entre as narrações de Jeff e Donna, a história se intercala entre momentos de puro idealismo e esperança para de repente despencar em humor negro e ceticismo. Além de conhecermos melhor os personagens que os seguem nessa aventura – Peter, Crânio, Ratso e Minifu- acompanhamos o desenrolar amoroso de Jeff e Donna.
Isso já aconteceu com você? Durante anos um cara está bem debaixo do seu nariz, e então, quando percebe que está louca por ele, há um tiroteio e vocês são separados por inimigos sanguinários?
Outra coisa bacana de avaliar é a estética da narrativa. Até a tipografia muda, dependendo de quem está narrando.
Quando é Jeff, com toda a sua síndrome de príncipe encantado no cavalo branco, a escrita é mais certinha. Já com Donna, as coisas são mais intensas. Narrações recheadas de palavras de baixo calão, raiva descontrolada e frases curtas. As conversações são indicadas por nomes (não todas), e ao invés de se iniciarem com travessão, é utilizado dois pontos.
Ex:
Eu nunca tinha tomado um Martíni. Tem gosto de decadência.
Eu: que nojo. O gosto é pra ser assim mesmo?
Peter (saboreando o seu): É sim.
Talvez para algumas pessoas isso se torne confuso. Pra mim foi bem tranquilo.
Como disse no inicio da resenha, o livro é fácil de levar. Pra quem gosta de tudo em uma coisa só, vai amar. Os personagens são cativantes, espirituosos e divertidos. É drama, suspense, romance sem clichê em cada pedacinho do livro.
Chris Weitz conseguiu unir o útil ao agradável nessa obra: mundo pós-apocalíptico + atualidade de uma forma bem bacana.
Mundo Novo é aquele tipo de livro que quando você termina de lê, quer ficar em posição fetal.
Eu pelo menos quis, por que meu deus, eu odeio qualquer coisa que me deixe ansiosa.
Para quem leu o livro ano passado como eu, foi preciso esperar um ano inteirinho para desvendar os mistérios e dúvidas entre abertas no segundo livro, que graças a deus foi publicado agora no final de novembro.
Que a propósito, meus amigos só digo uma coisa: Mais resenha.
Não há saídas. Nem armas.
É o fim.