Alicia sabe curtir a vida. Já viajou o mundo, é inconsequente, adora uma balada e é louca pelo avô, um rico empresário, dono de um patrimônio incalculável e sua única família. Após a morte do avô, ela vê sua vida ruir com a abertura do testamento. Vô Narciso a excluiu da herança, alegando que a neta não tem maturidade suficiente para assumir seu império – a não ser, é claro, que esteja devidamente casada. Alicia se recusa a casar, está muito bem solteira e assim pretende permanecer. Então, decide burlar o testamento com um plano maluco e audacioso, colocando um anúncio no jornal em busca de um marido de aluguel. Diversos candidatos respondem ao anúncio, mas apenas um deles será capaz de fazer o coração de Alicia bater mais rápido, transformando sua vida de maneiras que ela jamais imaginou. Cheio de humor, aventura, paixão e emoções intensas, Procura-se um marido vai fisgar você até a última linha.
Quando comprei “Procura-se um marido”, eu já sabia que seria um bom livro. Não só pelas críticas, mas por se tratar da Carina Rissi. Eu sempre gostei muito do trabalho da autora. Em “Perdida” e “Encontrada” ela conseguiu algo que poucos autores conseguem comigo: me fazer ir adiante em uma história que envolve passado/futuro e viagens no tempo. Com “Procura-se um marido” tive a oportunidade de conhecer o trabalho da Carina no mundo real, nos dias de hoje e, olha, ela não me decepcionou!
Conhecemos a história de Alicia, uma jovem extremamente mimada que, após perdeu os pais quando jovem, mora com o avô – um velhinho fofo e podre de rico – que sempre fez de tudo para que sua neta apreciasse o valor das coisas que importam na vida: do amor, do trabalho, da ética e do certo e errado. Posso dizer que ele falhou miseravelmente: Alicia se tornou uma jovem que só quer saber de viagens e festas, que não quer trabalhar, e que gasta dinheiro como se não houvesse amanhã. Embora seja visível a relação próxima e de admiração e amor que Alicia tem com seu avô, ela não consegue entender como um empresário poderoso vive a filosofia do “amor é a coisa mais importante na vida”.
Quando seu avô morre, Alicia se vê sem chão. Não apenas por perder a sua única família, mas também pela surpresa: ao abrir o testamento, seu avô não deixou nada pra ela. Nadinha. Ele alegou que sua neta era muito imatura para dirigir seu patrimônio, e que ela só poderia tomar posse de tudo que é seu por direito após um ano de casada. Alicia, criatura extremamente feminista e audaciosa, acha um absurdo. Diz não a essa condição e passa a ter que trabalhar pra viver.
Uma observação pra Alicia: lendo assim, pode parecer que Alicia é uma protagonista detestável e mimada, mas ela não é! Ela é mimada? Sim, mas de um jeito muito engraçado. Ela não é má, nem arrogante. Ela apenas cresceu sem a noção de dinheiro. Alicia é extremamente bondosa, mas isso não a impede de ter todas as características que protagonistas deveriam ter: ela não engole sapos, não sai por baixo na situação. Ela responde, fala palavrão, luta pelo que é seu e se atrapalha um pouco fazendo tudo isso.
E contrariando todos os filmes que mostram que “trabalhar pra viver valeu a pena, eu consigo me sustentar”, Alicia não consegue. Ela vê com os próprios olhos como os funcionários de uma grande empresa tem seus direitos cortados por besteiras, como um incentivo aos trabalhadores faz toda a diferença na produção, e como seu (pequeno) salário não dá pra bancar nem o tanque de gasolina do seu antigo carro. Então, qual a solução a não ser se casar? É então que ela tem a brilhante ideia: colocar no jornal um anúncio de casamento especial – ela quer um marido, pelo tempo provisório de um ano, sem relações íntimas, emocionais ou sexuais, onde ambas as partes estejam cientes da data de inicio e fim – e então ela encontra Max.
Max é um empresário da empresa do seu avô, que para conseguir o cargo desejado, precisa de uma esposa para parecer “estável” e então aceita de cara a proposta de Alicia. Super pragmático e certinho, Max vê sua vida virada do avesso quando passa a morar com Alicia, ela desorganiza tudo: sua sala, seus horários e seu coração. <3
– Obrigada. Tenho medo de perder, por exemplo. Estou cansada de perder as pessoas que amo – respondi sinceramente, sem saber por que fiz aquilo. Algo no rosto dele me instigava abrir a boca e despejar a primeira coisa que surgisse em minha cabeça.
E eu sei que a partir desse momento você vai dizer: “Rafa, é meio óbvio o que vai acontecer”, mas acredite, Carina Rissi consegue nos surpreender! Eu fiquei muito ansiosa lendo esse livro, brigava com Max, e na outra página lá estava eu, apaixonada por ele de novo. Eu achava que sabia quem era do bem, quem era o ambicioso, mas lá estava eu, errada de novo. E eu achava qual seria o final perfeito pra Alicia e Max, e lá estava eu, me surpreendendo pela escrita da autora, de novo. “Procura-se um marido” é um livro extremamente engraçado e doce, que recomendo para todo mundo.
A cálida ternura que eu sentia por ele ganhou proporções gigantescas naquele momento, até que se tornou insuportável e achei que eu fosse explodir em um milhão de cores.
A edição é muito bem feita e acho a capa maravilhosa! Resumindo: leitura aprovada e com nota máxima! Pra quem se interessou, a Carina Rissi vai estar em turnê do seu novo livro “No mundo da Luna” em várias capitais! Já aguardo ansiosa pra conhecê-la em Salvador!